novembro 30, 2007

Canto dos Malditos - Teatro

Capa do livro Canto dos Malditos - Teatro
Edições Canto dos Malditos, teatro Satyros, Sebo do Bac & O Autor na Praça

Apresentam

Lançamento dos livros "Canto dos Malditos" e "O Sapatão e a Travesti"

Textos de teatro de Austregésilo Carrano Bueno autor do livro Canto dos Malditos que originou o filme Bicho de sete cabeças

Austregésilo Carrano Bueno ficou conhecido como escritor pelo seu livro autobiográfico "Canto dos Malditos", que originou o filme mais premiado da cinematográfica brasileira: Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodansky. Agora como dramaturgo, Carrano lança em livros dois textos de teatro: "Canto dos Malditos" (uma outra leitura sobre os manicômios) e "O Sapatão e a Travesti". Na época em que viveu a situação representada no filme por Rodrigo Santoro, Carrano fazia curso de ator no Teatro Guaíra e preparava-se para o vestibular de comunicação, teve sua vida e seus objetivos interrompidos. Sobrevivente de um sistema manicomial arcaico e cruel, que lhe deixou seqüelas, Carrano procurou retomar seus caminhos, primeiro denunciando o que se passa dentro dos chiqueiros psiquiátricos no Brasil, através da publicação do livro relatando o que viveu e tornou filme, que junto provocaram uma grande mudança neste cenário, com a promulgação da lei de Reforma Psiquiátrica no Brasil em 2001. Carrano é fundador e militante do Movimento da Luta Antimanicomial e membro representante dos usuários na Comissão de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde.

Retomando seu caminho no teatro, agora como dramaturgo, Carrano apresenta dois textos de uma série de seis escritos nos últimos anos. No primeiro Canto dos malditos ele propõem uma outra leitura sobre a questão manicomial, fazendo com que Freud e Charcot reencarnem no Brasil como assistentes de psiquiatria (veja abaixo texto de apresentação do livro assinado pelo ator Marcos Cesana) e o segundo mostra uma relação cojungal de uma casal formado por um sapatão e a travesti.

SERVIÇO – Lançamento dos livros Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti – Textos de Teatro

Dia 07 de dezembro, Sexta-Feira, 19h.

Teatro Satyros 1 - Praça Roosevelt, 214 – 3258 6345.

Realização: Edições Canto dos Malditos, teatro Satyros, Sebo do Bac e O Autor na Praça.

Informações: Sebo do Bac - 9794 7943 – vendas@sebodobac.com.br / http://www.sebodobac.com.br/

Ass. de Imprensa: Edson Lima 3746 6938 / 9586 5577 – oanp@uol.com.br

Texto de apresentação do livro Canto dos Malditos - Teatro – "Esse Canto dos Malditos trata do mesmo universo tão presente no romance do qual surgiu o filme Bicho de 7 Cabeças que fiz parte como ator e me fez mergulhar no universo da loucura, ou melhor, o universo que a sociedade cria e denomina "loucura". Nesta peça o mergulho questiona o sistema prisional e manicomial, mas com muito humor e um certo surrealismo. Num mesmo tempo, enquanto lia o texto de Carrano me dava conta de quanto são loucos os criadores espanhóis Dalí e, principalmente, Luis Buñuel. A peça que reproduz questionamentos sobre as instituições manicomiais brinca com as teorias de Freud e Charcot, enfermeiros reencarnados e trabalhadores de um manicômio controlado por um Doutor com um aspecto "militar" e, ele mesmo, um doente que não consegue sequer seguir os numerais como são. Fora isso, Carrano cria um paciente com pecha de psicanalista e revolucionário, que critica a necessidade que a sociedade tem em rotular tudo e qualquer coisa, inclusive pessoas. A loucura, é claro, existe por outros limites, mas é, ainda hoje, uma forma de coagir e das famílias marginalizar membros que não agem de acordo com o status quo ou certos preceitos. A peça fala da hipocrisia humana com raro domínio e amplia-se como encenação, aja vista as propostas do dramaturgo Carrano nesse viés mais pungente e menos prolixo que tende ser a dramaturgia. Mais aproxima a hipocrisia social do espectador, ele mesmo, membro de uma sociedade que vira às costas aos assuntos que não lhe interessam. Sem tratamento de choque, mas com um texto elétrico. Carrano se desnuda depois da cortina ser erguida. Agora é ver se alguém pode ficar impassível diante do que é dito aqui." (MARCOS CESANA, interno Bill no filme Bicho de 7 Cabeças, ator do próximo filme da diretora Laís Bodansky Chega de Saudade; ator de peças, como: Ricardo III, direção de Jô Soares e A Festa de Abigaiú , direção Mauro Baptista Vedia. E roteirista premiado Festival de Gramado de 2007, prêmio de melhor roteiro de longa-metragem para o filme Olho de Boi com direção de Hermano Penna).

Sobre AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO - Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Faz parte do MNLA – Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, é representante nacional dos usuários na Comissão Intersetorial de Saúde Mental de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares do MNLA, ocorrido na cidade de Xerém-RJ, em 2004. Atualmente ministra palestras em Faculdades de Psicologia, Assistência Social, Terapia Ocupacional, Enfermagem e até Jornalismo e Direito. Autor de dois livros editados: "Canto dos Malditos" e "Textos – Teatro", são seis peças para Teatro. Com quatro já montadas. Dirigiu sua adaptação para Teatro, à peça "Canto dos Malditos" que estreou na II Semana Afro-brasileira no Paraná, no maior Teatro da América Latina, o Teatro Guaíra em Curitiba, onde o público aplaudiu por mais de cinco minutos as apresentações, que se seguiram de debates sobre a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Participou do Festival de Teatro de Curitiba, em 2006, fazendo segundo melhor público e segunda melhor bilheteria Está à procura de apoio e patrocínio para poder viajar para outras cidades brasileiras. Seu terceiro livro "Vida Fácil" (titulo provisório), que tem como tema as fantasias noturnas de uma grande cidade, focando os personagens da noite. Um dos textos para teatro: "Vamos acabar com a Natureza", foi premiado em primeiro lugar na ECO 92. Este texto foi adaptado para um livro infanto-juvenil e o autor busca patrocínio e parceria para sua publicação e montagem da peça.

O trabalho de Carrano, hoje é reconhecido nacional e internacionalmente, envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Como ele exige e defende: "Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências principalmente com a Eletroconvulsoterapia com cobaias humanas, essas ações são crimes contra o cidadão e a humanidade. Confinar não é tratar, é torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades judiciais e serem pagas indenizações as Vítimas".

Carrano foi homenageado pelo Presidente da República Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de maio de 2003, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica, que está sendo construída em todo o Brasil; Porém, todo esse empenho e reconhecimento, têm-lhe cobrado um grande preço, na sua terra natal. Em Curitiba, um Lobby de Psiquiatras, contrários às ideologias de Carrano, e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, são eles, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Esses Empresários da Loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos, vem lhe fazendo perseguições indecentes, constantes e aviltantes, já há alguns anos, desde que lançou seu livro em 1990, pela Scientia et Labor, Editora da Universidade Federal do Paraná. Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras. Retornando a edição só em 1991, pela Editora Lemos, de São Paulo, onde comprava a Edição e a vendia em seminários, palestras, feiras culturais. Chegou a publicar sete edições independentes, sem ser vendido em livrarias. Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a primeira "Ação Indenizatória" por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro. De lá para cá, uma de suas rotinas tem sido responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exige que ele se cale, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos que foi torturado. Perseguições judiciais que vem recebendo, e ameaças a sua vida, são repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ongs nacionais e internacionais de Direitos Humanos. O livro "Canto dos Malditos" foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional, em abril de 2002, foi um dos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar. Voltou às livrarias em setembro de 2004, após uma batalha jurídica do próprio autor, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos Donos dos Hospícios. Está recorrendo no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Condenado novamente em novembro de 2003, a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa. Sofrendo também ameaças de morte. Está seu direito de livre expressão, proibida com sentença maior, se falar o nome de seus torturadores, a sentença é de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica. Julgado pelo Judiciário Paranaense, de Vítima da Tortura Psiquiátrica hoje é Réu, quase um criminoso por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e matam pessoas em suas casas de extermínios, os chiqueiros psiquiátricos brasileiros. Por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do "Saber Psiquiátrico!", Carrano é constantemente processado.

Leia o Blog do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

.Apresentação

O mais novo espaço para avançarmos na construção da Reforma Sanitária

Conheça e divulgue o novo Portal do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde na Internet e participe do "Blog do Cebes", o mais novo espaço interativo dedicado ao avanço da Reforma Sanitária no Brasil.

Inauguramos uma nova fase em nossa comunicação institucional, voltada a fortalecer e dar visibilidade às diretrizes, estratégias e posicionamentos do Cebes no âmbito do movimento da Reforma sanitária.

Trata-se de um instrumento que ajudará a ampliar nossa agenda e nossas alianças, a dialogar com a comunidade, os movimentos sociais, a opinião pública e a mídia.

É um espaço permanente, democrático, dinâmico e interativo, que tem tudo para contribuir com o debate qualificado, com a diversidade de idéias e com a crítica propositiva capazes de fazer avançar a saúde no Brasil.

Com satisfação, enviamos nosso primeiro boletim eletrônico, que a partir de agora será semanal. Por ora, não deixem de contribuir com nosso Blog, que abriu espaço para um balanço da Conferência Nacional de Saúde.

.BLOG do cebes

Você está satisfeito com o resultado da 13ª Conferência Nacional de Saúde?
O Cebes convida a todos para um balanço da Conferência. Poste no Blog do Cebes sua opinião ou avaliação. Veja só quem já participou: Aristides Neto, Helena Petta, Lenaura Lobato, Lígia Bahia, Nelson Rodrigues dos Santos, Sônia Fleury...

Cebes abre espaço para "Debate Ampliado" sobre a 13ª CNS
Confira também outros comentários e repercussões sobre a Conferência. Já se encontram lá contribuições veiculadas na mídia e em espaço de discussão na internet de instituições e nomes como Alon Feuerwerker, Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde (Ampasa), Carlos Neder, Dom Luiz Carlos Eccel, Flavio Goulart, Luiz Alberto Gomez de Souza...

Financiamento urgente - "Emenda Constitucional 29: qual regulamentação?"
Leia o manifesto e ajude a convencer os senadores para que seja resgatado o texto que fixa 10% da Receita Corrente Bruta como recurso mínimo a ser destinado à saúde pelo governo federal.

__VEJA MAIS________________________________________________

Conheça ainda outras seções que compõem o novo Portal do Cebes
Análise de conjuntura; Fórum de debates sobre a Reforma Sanitária; Publicações do Cebes; Radar da mídia; manifestos e declarações que têm o apoio do Cebes; outras notícias de interesse; os movimentos e as causas sociais; agenda de eventos e muito mais:

.Fórum de debates

Quais os papéis da participação e do controle social na construção da Reforma Sanitária? Encaminhe a sua opinião e contribua com este debate!.

o cebes APÓIA

Direitos reprodutivos: Conheça carta em favor das conquistas das cidadãs brasileiras.

RADAR da mídia

Artigo: CPMF - Por que não na Saúde?

.outras NOTÍCIAS

Fora Corrupção! Dia Internacional Contra a Corrupção será comemorado no próximo 9 de dezembro.

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Llamado del EZLN para auxiliar a poblados zapatistas en Montes Azules

Sub-comandante Marcos - Chiapas-México
*Llamado del EZLN para auxiliar a poblados zapatistas en Montes Azules
Autor(a): CCRI-CG.EZLN Fecha: 10:08pm Miércoles 13 Octobre 2004

* El EZLN pide apoyo a la sociedad para reconcentrar a 8 comunidades hostigadas.
* Paramilitares, priístas y autoridades acosan a poblados de Montes Azules.
* Solicita Marcos a Rosario Ibarra "crear lo necesario" para llevar a cabo esa tarea
********
Comunicado del Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del Ejército Zapatista de Liberación Nacional. México.
Octubre de 2004.

Al pueblo de México:

A la sociedad civil nacional e internacional:

Hermanos y hermanas:

El EZLN se dirige a ustedes para decirles su palabra:

Primero.- Debido al hostigamiento de grupos paramilitares y a la intolerancia alentada en algunas comunidades por el Partido Revolucionario Institucional, decenas de familias indígenas zapatistas se vieron obligadas, hace tiempo, a desplazarse y formar pequeños núcleos de población en la llamada "biosfera de los Montes Azules".

Durante el tiempo en el que han estado en esta terrible situación, lejos de sus tierras originales, los zapatistas desplazados se han esforzado por cumplir nuestras leyes que mandatan el cuidado de los bosques. No obstante, el gobi erno federal, de la mano de las trasnacionales que pretenden apoderarse de las riquezas de la selva lacandona, han amenazado, una y otra vez, con desalojar violentamente a todos los poblados de esa zona, incluyendo a los zapatistas.

Los compañeros y compañeras de diversas comunidades amenazadas de desalojo decidieron resistir mientras el gobierno no cumpla con los llamados "acuerdos de San Andrés". Su decisión es respetada y apoyada por el Ejército Zapatista de Liberación Nacional. En su momento lo señalamos y ahora lo ratificamos: si alguna de nuestras comunidades es desalojada con violencia, responderemos, todos, en el mismo tenor.

Segundo.- Con el avance de las llamadas "juntas de buen gobierno", gran parte de las comunidades indígenas zapatistas se han dotado de medios que mejoran sustancialmente sus condiciones de vida.

Particularmente en salud y educación, las comunidades rebeldes han conseguido logros, sin ningún apoyo gubernamental federal, estatal o municipal oficial, que superan holgadamente los de las comunidades oficialistas.

Esto ha sido posible por el apoyo de hermanos y hermanas de todo México y del mundo. Sin embargo, estos beneficios no alcanzan a cubrir a todas las comunidades rebeldes. Particularmente, las poblaciones desplazadas en Montes Azules no son beneficiadas por estos avances.

Tercero.- Respetando su autonomía, la Comandancia General del EZLN se ha dirigido a la Junta de Buen Gobierno de la zona selva fronteriza, "Hacia la Esperanza", con sede en La Realidad, para pedirle su apoyo en la atención en salud, educación y comercio a estas comunidades desplazadas. La Junta de Buen Gobierno ha respondido que, en la medida de sus posibilidades, hará todo lo necesario para atender a estos hermanos y hermanas zapatistas.

Sin embargo, la lejanía y dispersión de varios de estos poblados representan dificultades importantes, por lo cual el EZLN ha acordado, con el consentimiento expreso de sus habitantes, reconcentrar algunos de los pueblos zapatistas en esa zona, para que así sean cobijados por la Junta de Buen Gobierno de la zona selva fronteriza.

Los pueblos a los que nos referimos son los siguientes:

Primero de Enero.

San Isidro.

12 de Diciembre.

8 de Octubre.

Santa Cruz.

Nuevo Limar.

Agua Dulce.

En total son 50 familias.

Aclaramos que no son los únicos poblados zapatistas en Montes Azules. En esa zona existen más núcleos zapatistas de población que continúan viviendo con la a menaza de desalojo.

Cuarto.- Durante varios meses, la Comandancia General del EZLN ha sostenido pláticas con los compañeros y compañeras de estos poblados, y ha analizado con ellos los caminos para mejorar un poco su difícil situación.

Juntos, se ha llegado a la conclusión de que lo mejor es que algunos pueblos se reconcentren en un lugar, ya que así podrán resistir mejor las amenazas, podrán cuidar mejor la selva, serán partícipes de los avances de las juntas de buen gobierno, y podrán participar mejor en la lucha del EZLN por el respeto y reconocimiento de los derechos y la cultura indígenas.

Quinto.- Con el aval de esos pueblos y de la Junta de Buen Gobierno de la zona selva fronteriza, el EZLN se dirige a la sociedad civil nacional e internacional para que apoye moral y económicamente esta reconcentración, porque, cumpliendo con la resistencia zapatista, estos poblados han declarado que no recibirán apoyo alguno de los gobiernos estatal y federal.

Sexto.- Con el mismo respaldo, la Comandancia General del EZLN se ha dirigido a la luchadora social Rosario Ibarra de Piedra para pedirle respetuosamente que acceda a crear lo necesario para que la sociedad civil nacional e internacional pueda apoyar, económicamente y con su trabajo, en esta tarea, en el entendido de que se presentarán cuentas claras y de que el EZLN se compromete públicamente a vigilar que ese dinero no se use para absolutamente ningún otra cosa que no sea la reconcentración, en condiciones dignas, de los compañeros y compañeras.

Cuando cuente con la aceptación de doña Rosario y así lo decidan las comunidades involucradas, el EZLN dará a conocer los detalles de las etapas y trabajos para esta reconcentración.

Séptimo.- Esperamos sinceramente que la sociedad civil nacional e internacional responda a nuestro llamado para apoyar a estas comunidades y mejorar así sus condiciones de vida zapatista, es decir, de lucha y resistencia.

¡Democracia!
¡Libertad!
¡Justicia!

Desde las montañas del Sureste Mexicano.

Por el Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del Ejército Zapatista de Liberación Nacional.

Subcomandante insurgente Marcos.

México, octubre de 2004, 20 y 10.

http://www.jornada.unam.mx/2004/oct04/041013/01

novembro 29, 2007

Associação Chico Inácio convida

Foto: Rogelio Casado - Cartografia das misses, de Bispo do Rosário: Miss Amazônia, Manaus-AM, out/2007
CONVITE

Conquistamos a sanção da Lei Estadual de Saúde Mental no último dia 10 de outubro de 2007 um importante passo para a saúde mental, ao mesmo tempo nos motiva para enfrentarmos novos desafios pela frente. Um deles é a inclusão social do portador de transtorno mental na cultura e na arte.
Um debate que envolverá várias áreas: Psicologia, Pedagogia, Turismo, Letras, Psiquiatria, Educação Artística, Artistas Plásticos, Artesãos, etc.
Por isso queremos contar com sua honrosa presença no debate:

O evento é promovido pela Ong Associação Chico Inácio e tem apoio da Universidade Estadual do Amazonas e do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro.

REFORMA PSIQUIÁTRICA E CULTURA: um debate necessário

Dia 29/10/2007
Local: auditório da Reitoria da UEA (Universidade Estadual do Amazonas)
End: Av. Djalma Batista, 3578, Flores (próx. ao motel Cobras)
Horário: 15:00 às 18:00 hs.
Gratuito

Mesa: Ricardo Aquino, Dr. em Memória Social, especialista em Museologia, Psiquiatra, Psicanalista, diretor do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro e curador da obra de Arthur Bispo do Rosario; Rogelio Casado, psiquiatra, pró-reitor de extensão comunitária da UEA, militante do movimento de luta antimanicomial; Sr. Nivaldo de Lima, fotógrafo, portador de transtorno mental, militante do movimento de luta antimanicomial no AM, associado da Associação Chico Inácio.

Ao final do debate será feita a proposta de, no dia seguinte, serem realizadas visitas guiadas com os curadores da obra de Arthur Bispo no Palácio da Justiça, local aonde está sendo realizada a exposição “Segunda Pele” de Arthur Bispo do Rosário, e a exposição “Território”, de Nivaldo de Lima.

Diretoria da Associação Chico Inácio
(ong de defesa dos direitos civis, políticos e sociais de cidadãos em sofrimento psíquico, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial)

Manual da Internação Involuntária

Arte de Hieronymus Bosch - A nau dos insensatos

O Grupo de Teatro, Cinema e Terapia para usuários do CAPS apresenta a peça

SuRtoS ou MANUAL DA INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA

Dia 03/12, segunda-feira, 15:00h no CEART/UDESC

"Homem significa pensador: eis onde se esconde a loucura" - Friedrich Nietzsche

A peça pretende ser, digamos, um "besteirol profundo". Busca provocar sorrisos, risos, gargalhadas, mas, ao mesmo tempo, gerar desconforto, espanto, mergulhos nas profundezas de si mesmo. Há, onipresente, uma crítica aos que governam as vidas daqueles que são considerados doentes mentais: psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, familiares, etc. Uma crítica aos hospitais psiquiátricos, mas também aos "manicômios mentais" regados a drogas antipsicóticas. Em termos mais amplos, trata-se de um elogio ao auto-governo, ao direito que todo ser humano tem de governar a própria vida, e um forte Não! aos juízes da normalidade, que estão por todos os lados: lá fora, mas também dentro de cada um de nós.

Trata-se enfim de uma celebração da potência da vida (da alegria, da amizade), como um antídoto contra os venenos do poder, que nos tornam indivíduos obedientes, tristes e burros.

O Grupo de Teatro, Cinema e Terapia para usuários do CAPS é um projeto de extensão do Departamento de Psicologia da UFSC e é patrociando pela Petrobrás e Ministério da Cultura através da Lei de Incentivo à Cultura (edital Proext Cultura 2007).

Mais informações: http://surtos.rizosfera.net

Por qué no te callas?

Hugo Chavez
POR QUÉ NO TE CALLAS?
Edmar Oliveira

Porque invadiste nosso mundo com as caravelas de Colombo semeando doença e discórdia entre nós. Porque a primeira mercadoria mais interessante que roubaste foram alguns dos nossos valorosos guerreiros para serem vendidos em Servilha. Porque mandaste Pizon e depois Cortez dizimarem o império Asteca. Porque confundiste nossas pirâmides com mesquitas e, na tua ignorância e ganância, devastaste nossa cultura. Porque, na tua guerra santa, aniquilaste três mil anos de nossa civilização Maia. Porque, escandalizado com nossos rituais de sacrifício, nos sacrificaste enquanto povo em nome do teu Deus. Porque não respeitaste as nossas cidades e nossos templos, destruindo tudo que não fosse teu espelho. Porque a nós enganaste com espelhos e miçangas querendo nosso ouro. Porque não entendeste nossos observatórios astronômicos e destruíste nossa ciência pensando ser obras de feitiçaria. Porque com o nosso sangue semeado ao chão construíste o que chamas civilização. Porque achaste que a tua civilização era mais importante que a nossa civilização. Porque mesmo quando os teus se misturaram aos nossos foram renegados pela arrogância da coroa de Espanha. Porque nunca aceitaste que podíamos ser independentes e falar no mesmo tom. Porque Bolívar e San Martin não nos queriam obedientes à coroa. Porque és arrogante e enquanto sustentares na cabeça esta coroa, que sempre nos humilhou, não calaremos.

E muito mais deveríamos dizer, mesmo achando Chávez um chato, protótipo de caudilho da Venezuela, com todos os defeitos no passado e no porvir. Não precisamos concordar com Chávez em nada para dizer muito mais. Não é possível ouvirmos calados e, pior, com a concordância de muitos, um reizinho reinventado no trono Espanhol pelo ditador Franco mandar calar, como sempre fizeram todos seus antecessores, um dos nossos. Nós sempre fomos massacrados quando um rei europeu nos mandava calar. É por esta memória que nenhum de nós pode calar quando um rei ordena.

Não entendi os toques telefônicos baixados na Internet com a fala do rei. Vendeu milhões. Que os europeus sintam prazer nessa fala do rei aos mal-educados latinos, tudo bem. Mas virar moda aqui também em Latinoamérica? O prazer masoquista de ouvir um rei nos mandar calar ou ao nosso interlocutor no celular, pra mim é incompreensível. Fiquei impressionado com um fenômeno que não entendi. Com certeza, não compartilho com esta maioria e permaneço teimoso na minha solidão. Falo sozinho, nem que me perguntes porque não me calo também. Porque alguém tem que discordar do pensamento único celebrado na mídia. Principalmente quando este pensamento único foi posto, feito ordem, na boca de um rei espanhol...

15/11/2007

A For da Palavra e a Assembléia Indígena de Tefé

Indígena de Tefé-Amazonas

Nova Jornada Flor da Palavra começa em Assembléia indígena de Tefé
Por TEFÉ - AMAZONAS 28/11/2007 às 08:16

Este ano a Flor de Tefé aconteceu durante a Assembléia da Associação Cultural dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (ACPIMSA), realizada nos dias 14 e 15 de novembro de 2007. Estiveram presentes na Assembléia 178 pessoas, entre as quais 15 tuxauas das etnias ticuna, kambeba, miranha, kokama e mayuruna. Estavam ainda as organizações indígenas OPIMSA, UNI-Tefé, OPIMIMSA e AEPIMSA; a FUNAI, FUNASA, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), SEDUC, SEMED, CIMI, CMI-Tefé e rádio Xibé.

O objetivo da ACPIMSA é fortalecer a cultura e a organização dos povos indígenas do Médio Solimões. Esta assembléia marca um momento de fortalecimento do movimento indígena, após um período de grandes reveses e casos de corrupção envolvendo as políticas públicas indigenistas. A presença de representantes de órgãos públicos na assembléia fez com que ela servisse também como mecanismo de participação direta informal: as autoridades puderam ser questionadas e cobradas nos vários assuntos que concernem aos povos indígenas. A assembléia ocorreu bem ao lado do local onde está sendo construído o novo porto de Tefé, que ameaça trazer os conflitos da urbanização para a área indígena.

A Flor da Palavra é organizada colaborativamente e procura, a partir da inspiração no zapatismo, conectar pesquisas, movimentos sociais, mídias livres e artes, criando laços de comunicação e solidariedade que já são a construção de um "mundo onde caibam muitos mundos". Como Flor da Palavra, nesta Assembléia, houve a participação do CMI-Tefé e da rádio Xibé, que fez a transmissão ao vivo, e produziu um áudio do evento para ser transmitido no arrastão de rádios livres do dia 23 de novembro. Os indígenas do Médio Solimões receberam também um "áudio postal" com a palavra dos antepassados do povo mazateco de Oaxaca, México, através de sua rádio Nnandia. Houve ainda a palestra sobre o zapatismo do Prof. Sebastião Vargas da UEA, que em agosto defendeu na USP sua tese "A mística da resistência: culturas, histórias e imaginários rebeldes nos movimentos sociais latino-americanos", que compara o MST e o EZLN. A nova jornada da Flor já está prevista para ocorrer em Brasília junto com as Jornadas Anarcopunks (dias 7, 8, e 9 de dezembro), Vitória e São Paulo. Faça também em sua cidade.

Conexões: Entrevista com Tchimaucu, presidente da ACPIMSA Fotos da Flor Indígena de Tefé, dias 14 e 15/11 Programa Flor Indígena de Tefé, produzido com os áudios da Assembléia pela rádio Xibé em OGG ou MP3 Áudio enviado por rádio Nnandia dos indígenas mazatecos de Oaxaca para a Flor Indígena Cartaz da Flor da Palavra + Jornadas Anarcopunks que será nos dias 7, 8 e 9/12 Wiki da Flor da Palavra Blog da rádio Nnandia

Editoriais anteriores de Tefé: Porto pode ser ameaça a aldeias no rio Solimões Rádios livres do norte se mobilizam Rádio Xibé ocupa Câmara dos Vereadores de Tefé e Anatel é contactada Democratização da universidade em Tefé Site do CMI-Tefé e rádio Xibé

Editoriais e notícias da Jornada Flor da Palavra de 2006: Flor de Tefé Flor de Campinas Flor de São Paulo Flor Punk de Brasília Flor de Marília e protestos contra Calderón no Brasil

Fonte: Centro de Mídia Independente

novembro 28, 2007

ABC da miséria nacional

FHC e Lula

"Nóis sofre, mas nóis goza" (Macaco Simão)
FERNANDO DE BARROS E SILVA

ABC da miséria nacional

SÃO PAULO - "Sabemos falar muito bem a nossa língua (...). Queremos brasileiros melhor educados (sic), e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria." O que foi isso? Um acesso de esnobismo? Uma manobra diversionista para desviar o foco do mensalão tucano? Inveja e despeito? Um pouco de tudo, mas antes de mais nada Fernando Henrique Cardoso foi vulgar e mesquinho ao açular nesses termos o velho preconceito de classe que ele um dia já combateu.

Que o professor emérito e de carreira internacional tenha tropeçado no idioma nativo justamente quando zombava do metalúrgico pouco letrado é um detalhe cômico que só torna o episódio mais grotesco. O essencial não está, obviamente, no maltrato da língua, o que nem é novidade. O sociólogo um dia já manobrou muito bem as idéias, mas nunca foi um estilista. Seu texto é sofrível. Também nisso é legítimo representante da elite local.

Os tucanos falam muitas línguas, são gente que trabalha e estuda, que estuda e trabalha, disse o príncipe. Pois os estudiosos deveriam ler as 90 páginas da denúncia do procurador-geral Antonio Fernando Souza sobre o valerioduto do PSDB. Está em português, claro e cristalino.

Ali o esquema de rapinagem dos cofres públicos a serviço de Eduardo Azeredo em 1998 é descrito como "origem e laboratório" do mensalão petista. A diferença entre a farra mineira e a que se deu sob Lula seria de escala. Não é uma gincana muito edificante.

"Estamos aprendendo com a Era Fernandina como de fato ficou brutalmente estúpido ser inteligente", escreveu no caderno Mais!, ainda em 2001, o filósofo Paulo Arantes. O "apagão" da inteligência progressista desde então só avançou. E já ficou claro a essa altura que tal breu está relacionado à falta de perspectiva decente para o país. Ou, como disse João Moreira Salles em entrevista à Folha, "nossas ambições se tornaram mais medíocres". É um moço bem-educado. E ele FHC conhece muito bem.

Violência na Bolívia resulta de anseios sedicionistas

Foto: Fabio Pozzebom/ABr - Evo Morales
Violência na Bolívia resulta de anseios sedicionistas

Escrito por Antonio Peredo Leigue
27-Nov-2007

A Assembléia Constituinte consegue reunir-se em um colégio militar, a poucos quilômetros da capital da república. Consegue aprovar a nova Constituição Política. Mas o lugar está tomado por turbas que forçam as defesas policiais. Os constituintes que participaram das sessões são obrigados a retirar-se sob proteção policial até Potosí.

Enquanto isso, a violência irrompe. Um morto, dois mortos em Sucre. O governo retira as forças policiais, procurando acalmar a situação; no entanto, a população violenta ataca diversos quartéis policiais, onde queimam veículos e escritórios. Em um dos veículos de dirigentes da oposição, detido no caminho até Sucre, encontram uma submetralhadora Uzi.

Em Santa Cruz, seus partidários utilizam bananas de dinamite em diversos locais; de noite, invadem os escritórios de uma repartição pública, quebrando vidros e destruindo móveis. O comitê cívico presidido por Branco Marinkovic declara guerra, culpando o governo pela violência por eles desatada e convoca uma assembléia para informar, a seus partidários, que não haverá paz enquanto o governo atual continue no poder.

O presidente Evo Morales, em La Paz, pede a calma de todos. Anuncia que uma investigação será feita e que se castigará os culpados. Destaca a aprovação da nova Constituição Política do Estado e assinala que a palavra final sobre ela é do povo e deverá ser expressada por meio de um referendo.

Tais são os ocorridos deste trágico final de semana de novembro de 2007. No entanto, os meios de comunicação em massa trazem outra visão:a mesma que o Comitê Cívico pro Santa Cruz, encabeçado por Marinkovic.

As mesmas faces

Em 1953, antes que se cumprisse um ano da Revolução Nacional – dirigida por um MNR que buscava mudanças na Bolívia -, os grupos reacionários começaram a provocar a violência, culpando o governo por suas sangrentas ações. Esse tipo de atitude continuou em anos seguintes, cessando somente quando o MNR desviou-se do processo de transformação.

No ano de 1959, a Revolução Cubana foi ameaçada pela mesma forma de reações, e a violência tomou conta da pérola do Caribe. Da Casa Branca, todos os presidentes norte-americanos propiciaram, financiaram, dirigiram e, muitas vezes, operaram diretamente os mais graves delitos.

Quando no Chile, em 1970, Salvador Allende assumiu a presidência, as damas da alta sociedade orquestraram manifestações que permitiram que jovens adestrados se lançassem contra a população que desejava mudanças, atacando-os com cadeiras e outros objetos. Assim foram criadas as condições para o nefasto golpe de Pinochet.

O triunfo da revolução sandinista, na Nicarágua, em 1979, foi outra experiência que sofreu com a violência financiada pela mesma fonte administrada pelo embaixador Negroponte. As “operações cobertas”, nas quais se matavam camponeses, estudantes e outros que trabalhavam por mudanças, foram constantes até que desgastaram o governo revolucionário.

Atualmente, na Venezuela, os que se opõe às mudanças mostram a mesma cara criminosa. O presidente Hugo Chávez enfrenta, quase diariamente, a sedição de uma direita pré-histórica que não se detém diante qualquer consideração. Inclusive, foi vítima de um golpe de Estado, frustrado pela rápida mobilização popular. Ainda depois de tanta grosseria e transgressão, Chávez conseguiu demonstrar, por meio de uma consulta popular, que uma maioria crescente o apoiava.

Manobras recicladas

Em todos os casos, a violência não é uma ação realizada por grupos de poder. Tem sua origem, sempre, a partir de um setor social, trabalhista, regional, étnico ou religioso que tenha alguma demanda insatisfeita. Os grupos sediciosos incentivam a reclamação, incitam dar-lhe um caráter de urgência, patrocinam e financiam a mobilização e provocam o governo, para que haja uma repressão aos grupos mobilizados. Sabem que, em todo governo popular, há uma resistência em usar a repressão. Geralmente, os comandos violentos agridem destacamentos policiais. Procuram sempre que haja um, dois ou mais mortos. E, então, criam o coro que, invariavelmente, compara os governos com as mais cruéis ditaduras.

A migração também é uma manobra provocada por planos sediciosos. Em toda a América Latina há um êxodo constante de força de trabalho, devido às condições de empobrecimento causada por grupos de poder quando manejam o governo. É relativamente fácil acelerar tal corrente migratória, vinculando-a a profissionais e empresários aos quais se facilitam opções fora do país.

A escassez de artigos de consumo e a retenção de outros servem aos mesmos propósitos. O governo é culpado por essas restrições; se há um racionamento, ainda melhor.

A inflação merece um estudo separado. Basta o exemplo da Bolívia. Entre 1985 e 2005 – vale dizer, em 20 anos -, aplicou-se no país o modelo neoliberal, cujo maior êxito segundo seus próprios mentores, foi deter a inflação. Em agosto de 1985 estabeleceram um valor de 1,90 bolivianos por dólar e, 20 anos depois, o câmbio estava em 8,20. Isso indica que houve uma desvalorização acumulada de 430%; em outros termos, a taxa anual de desvalorização do boliviano foi de 21,5%. Mas, como dizem os defensores do modelo, foi um período de estabilidade. Gritam agora, quando, este ano, os índices indicam uma valorização da moeda nacional.

Mas a inflação não se mede com a desvalorização do dólar, sustentam os ases do neoliberalismo. Vejamos, então, o preço do pão. Em agosto de 1985, fixou-se o preço da unidade de pão de 60 gramas em 6 centavos de boliviano. Vinte anos depois, o preço é de 40 centavos, o que significa um aumento de 650% ou uma inflação anual de 32,5%. Do que reclamam, quando a inflação, este ano, não chegará a 10%?

Não é necessário dizer que a mesma pratica foi utilizada em Cuba, no Chile e na Nicarágua. E quem passou dos sessenta anos pode lembrar dessa mesma manobra na Bolívia entre 1952 e 1956, não?

Esperando pela deterioração

A direita, agrupada nos comitês cívicos, e as prefeituras opositoras estão convencidas de que chegou o momento de partir para o ataque. Não escondem as suas intenções. Um prefeito chamou seus antigos camaradas militares para “salvar a democracia”, repetindo a proclamação que justificou o golpe de Pinochet no Chile. O Comitê Cívico pro Santa Cruz convocou e reiterou a desobediência civil, apoiados por seu homólogo de Sucre.

O governo do presidente Evo Morales atua com calma. Assim deve fazê-lo. Porém, calma não é sinônimo de inatividade nem de despreparo. Se o inimigo se equivoca e crê que a situação é assim, sofrerá as conseqüências. Quem não deve se equivocar são os homens e mulheres que lutam por mudanças e apostam seu bem-estar, sua estabilidade e, inclusive, sua vida no sucesso das transformações e da revolução.

Os delinqüentes que cometeram tantos desmandos nestes dias – e também em outros episódios anteriores – devem ser detidos, julgados e castigados. Não se pode alcançar a pacificação perdoando a violência. Se é necessário lembrar que essa atitude incita a criação de novos delitos, recordemos o ocorrido em San Julián no ano passado. Não deve haver uma próxima vez. A mensagem deve ser contundente. Se esperarmos que a situação se deteriore, teremos perdido o controle. O povo tem esperança no processo encabeçado pelo presidente Evo Morales. Os povos da América Latina têm esperança. Cultivam-na e admiram o processo vivido pela Bolívia. O respaldo do povo e o apoio de todos são a força com a qual nosso governo deve enfrentar a direita e vence-la.

Publicado originalmente pela ALAI, com o título “Bolivia: Los mil rostros de la sedición”.

Antonio Peredo Leigue é senador boliviano.

Fonte: Correio da Cidadania

Dom Luiz Cappio inicia novo jejum e pede arquivamento da Transposição do rio São Francisco

Dom Luiz Cappio, Bispo Diocesano de Barra-Bahia

Dom Luiz Cappio inicia novo jejum e pede arquivamento da Transposição do rio São Francisco

O bispo de Barra (BA) enviou uma carta ao presidente Lula pedindo que o Exército pare as obras

O frei Luiz Flávio Cappio, bispo da diocese de Barra (Bahia), iniciou na manhã de hoje, terça-feira (27/11), um novo jejum em protesto contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Ele está recolhido na Capela de São Francisco, na Vila São Francisco, no município de Sobradinho (Bahia), às margens do rio, próximo à barragem de Sobradinho.

Na manhã de hoje, ele enviou uma carta (em anexo) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi protocolada no Palácio do Planalto por Dom Tomas Balduíno e Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Na carta ele informa que retomou seu recolhimento de jejum e oração e que só suspenderá o jejum após a retirada do Exército do canteiro de obras da transposição e o arquivamento do projeto. Ele afirma que o presidente enganou a ele e a toda a sociedade, pois não honrou o compromisso assumido em outubro de 2005. Na ocasião, Dom Cappio suspendeu um jejum de onze dias, após Lula ter se comprometido a suspender o processo da transposição e iniciar um amplo diálogo sobre o projeto com a sociedade.

No entanto, em janeiro de 2007, o governo anunciou que a obra estava na lista de projetos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Em fevereiro, Dom Cappio protocolou uma carta ao presidente Lula solicitando a reabertura do diálogo, mas não teve resposta. Em junho, o Governo Federal enviou o Exército para iniciar a primeira etapa da transposição.

Na avaliação de Malvezzi, o gesto de Dom Cappio é maior que nossa compreensão. “Ele está querendo colocar uma reflexão mais profunda para que a sociedade brasileira possa pensar na sua relação com os bens naturais”, disse em coletiva à imprensa na manhã de hoje.

Eles lembraram que Frei Luiz mantém a convicção de que a transposição não atenderá à população pobre do semi-árido. Dom Tomás Balduíno reforçou que a obra beneficiará as grandes empresas responsáveis pela obra, os grandes proprietários de terra da região, os produtores de camarão (carcinicultura) e outras produções voltadas para a exportação.

O ato de Dom Cappio está ligado à esperança do povo, segundo Dom Tomás. “Dom Cappio amarrou a vida dele à vida do rio São Francisco”, concluiu.

Alternativas
Na avaliação de Frei Luiz, a melhor alternativa para a população do semi-árido são as 530 obras sugeridas pela Agência Nacional de Águas (ANA) em seu Atlas do Nordeste e que seriam suficientes para abastecer os 1,3 mil municípios da região com mais de 5 mil habitantes a um custo muito inferior ao da transposição: R$ 3,6 bilhões contra R$ 6,6 bilhões.


O jejum de Frei Luiz será apoiado por diversas entidades e movimentos sociais como MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CPT (Pastoral da Terra), Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Cáritas Brasileira entre outros.

Serviço:
Contatos:
Ruben Siqueira – Comissão Pastoral da Terra: (71) 92086548
Dom Tomáz Balduíno: (62) 81171950
Roberto Malvezzi – Comissão Pastoral da Terra: (74) 99795231
Comunicação
Clarice Maia –Articulação São Francisco Vivo: (71) 92369841
Cida Lima – Cáritas Brasileira (61) 3214 5420 (61) 8134 8849
Renina Valeja – Cáritas Brasileira (61) 3214 5420 (61) 8134 9453

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Diocese de Barra – Bahia
4 de outubro de 2007
Festa de São Francisco

Senhor Presidente,
Paz e Bem!

No dia 6/10/05, em Cabrobó, Pernambuco, assumimos juntos um compromisso: o de suspender o processo de Transposição de Águas do Rio São Francisco e iniciar um amplo diálogo, governo e sociedade civil brasileira, na busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável para todo o semi-árido. Diante disso suspendi o jejum e acreditei no pacto e no entendimento.

Dois anos se passaram, o diálogo foi apenas iniciado e logo interrompido.

Já existem propostas concretas para garantir o abastecimento de água para toda a população do semi-árido: as ações previstas no Atlas do Nordeste apresentada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA).

No dia 22 de fevereiro de 2007 protocolei no Palácio do Planalto documento solicitando a reabertura e continuidade do diálogo, e que fosse verdadeiro, transparente e participativo. Sua resposta foi o início das obras de transposição pelo exército brasileiro.

O senhor não cumpriu sua palavra. O senhor não honrou nosso compromisso. Enganou a mim e a toda a sociedade brasileira.

Uma nação só se constrói com um povo que seja sério, a partir de seus dirigentes. A dignidade e a honradez são requisitos indispensáveis para a cidadania.

Portanto retomo o meu jejum e oração. E só será suspenso com a retirada do exército nas obras do eixo norte e do eixo leste e o arquivamento definitivo do Projeto de Transposição de águas do Rio São Francisco. Não existe outra alternativa.

Acredito que as forças interessadas no projeto usarão de todos os meios para desmoralizar nossa luta e confundir a opinião pública. Mas quando Jesus se dispôs a doar a vida, não teve medo da cruz. Aceitou ser crucificado, pois este seria o preço a ser pago.

A vida do rio e do seu povo ou a morte de um cidadão brasileiro.

"Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho."

Que o Deus da Vida seja penhor de Vida Plena.

“O Brasil é uma terra de grandezas. Terá dirigentes com a mesma grandeza?"
(Bourdoukan Georges in “Capitão Mouro”)

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM
Bispo Diocesano de Barra

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Resumo da biografia de Dom Luiz Flavio Cappio

“A vida do rio e do seu povo ou a morte de um cidadão brasileiro”

Dom Frei Luiz Flavio Cappio, nasceu em 1946, em Guratinguetá (SP), no mesmo dia em que é comemorado o dia do santo que empresta o nome ao rio São Francisco, 04 de outubro. Dos seus 61 anos, pelo menos 40 se passaram às margens do chamado Velho Chico. Ainda jovem, deixou a família abastada e tornou-se religioso franciscano, tendo feito estudos teológicos em Petrópolis (RJ), onde se formou também em Economia.

Recém ordenado padre, no ano de 1974 atuava na Pastoral Operária quando saiu de São Paulo, apenas com a roupa que vestia, e seguiu para o semi-árido da Bahia. Estava ali afirmada a relação com a Bacia do rio São Francisco. Em 1997, ordenado bispo da diocese de Barra (BA), na região do médio São Francisco, foi consolidada a proximidade com o rio e com os ribeirinhos, de quem tem reconhecido respeito e afeição.

Marcante também na história do frei é a peregrinação que fez, entre os anos de 1992 e 1993, desde a nascente do rio São Francisco, em Minas Gerais, até a foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe. Junto com ele estavam três pessoas: Adriano Martins, sociólogo, a irmã Conceição e o lavrador Orlando de Araújo. Um pouco desse movimento ecológico-religioso pode ser lido no livro: “O Rio São Francisco, uma caminhada entre a vida e morte” (Editora Vozes), escrito por Cappio, Adriano Martins e Renato Kirchner.

Para Dom Luiz o rio São Francisco é "a mãe e o pai de todo o povo, de onde tiram o peixe para comer, a água para beber e molhar suas plantações — principalmente em suas ilhas e áreas de vazantes. Mesmo não sendo o maior rio brasileiro em volume d'água, talvez seja o mais importante do país, porque é a condição de vida da população. Sempre dizemos: rio São Francisco vivo, povo vivo; rio São Francisco doente e morto, população doente e morta".

Em 2005 fez um jejum de 11 dias, entre 26 de setembro e 05 de outubro, em Cabrobó (PE). Conhecida como a “greve de fome” em defesa do São Francisco, foi explicada por ele “como um gesto desesperado, um grito desesperado”. Ele argumentava que ”o que norteia minha vida é minha fé incondicional” e completava que “quando a razão se extingue, a loucura da fé é o caminho”.

O resultado foi que milhares de pessoas, em solidariedade, se dirigiram ao local do jejum. Além disso, organizações, inclusive estrangeiras, assinaram cartas e documentos de apoio. O ápice aconteceu quando o governo considerou o ato e enviou um negociador, o ex-sindicalista e ex-ministro, atual governador da Bahia, Jacques Wagner (PT).
O bispo encerrou a “greve de fome” com a promessa, do presidente Lula, de que seria iniciado um debate amplo sobre o projeto de transposição e a revitalização do rio São Francisco. O acordo não foi cumprido o que ocasionou uma série manifestações dos movimentos populares e ações judiciais com o intuito de paralisar a mega obra.

Ao comentar o acordo firmado com o governo, Dom Luiz afirmou publicamente que se a promessa não fosse cumprida ele voltaria ao jejum e não estaria sozinho. Esgotadas e infrutíferas foram todas as tentativas. Dessa forma ele retomou o jejum esta manhã (27) na Capela de São Francisco, em Sobradinho (BA), ao pé da barragem de Sobradinho. Revelando todo o estado de mingua em que se encontra o São Francisco – o imenso lago vem diminuindo suas reservas e nesse momento se encontra com menos de 14% da sua capacidade.

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Retrospectiva

Acompanhe os principais acontecimentos desde que a equipe do presidente Lula desengavetou o projeto de transposição de águas do rio São Francisco e organizações sociais, movimentos populares, povos e comunidades tradicionais intensificaram os atos pelo arquivamento definitivo do projeto.

2004
Lula desengaveta o projeto da transposição.

2005
26/09 a 06/10 – O Dom Luiz Flávio Cappio, faz jejum contra o projeto de transposição, em Cabrobó (PE). O presidente Lula, pressionado, envia o então ministro Jaques Wagner para negociar. A “greve de fome” encerra mediante a assinatura de um acordo.

- Formação da comissão para negociação e debate entre governo e organizações sociais.

Novembro – O Ministério Público Federal e o da Bahia, além do Fórum Permanente em defesa do São Francisco na Bahia, entram com nova ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedem a suspensão do processo de licenciamento ambiental em trâmite no Ibama.

15/12 – Primeira audiência do presidente Lula com a comissão de negociação e Dom Luiz Cappio.

2006
23/02 – Ofício é protocolado para o presidente Lula cobrando agenda para debate público sobre o projeto de transposição, prometido pelo governo desde outubro de 2005. Assinam o documento Dom Tomaz Balduino, pela CPT, Dom Luiz Cappio, Ministério Público e Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

06 e 07/07 – Oficina de trabalho sobre desenvolvimento do semi-árido, entre representantes da sociedade civil e do governo federal, criação de três câmaras temáticas para aprofundar as questões sobre revitalização.

04 a 07/10 – Acampamento de Mobilização e Formação de Cabrobó (PE).

10/11 – Tribunal de Contas da União publica Relatório de Auditoria Operacional do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, e faz recomendações ao Ministério da Integração.

Dezembro – Lançamento do Atlas Nordeste, da Agência Nacional de Águas (ANA), com propostas alternativas para abastecimento em áreas urbanas de municípios com 5 mil a mais habitantes, nos nove estados do Nordeste e mais o norte de Minas Gerais.

19/12 – O então Ministro Sepúlveda Pertence (STF) derruba as 11 liminares que impediam o início das obras do projeto de transposição.

2007
22/01 – Lançamento do PAC – recursos públicos no PAC destinados ao projeto de transposição: R$ 6,6 bilhões, no período 2007 a 2010.

05/02 - Fórum Permanente de Defesa do São Francisco na Bahia entra com recurso no STF contra a decisão do ministro Sepúlveda Pertence que suspendeu as liminares.

12/02 – Procurador Geral da República, Fernando Antonio de Souza, entra com recurso no Supremo Tribunal Federal e pede a cassação da licença ambiental para obra da transposição.

21/02 – D. Luiz protocola carta à Lula reivindicando a retomada do diálogo.

Março - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (IBAMA) concede licença ambiental e autoriza o início das obras da transposição.

12 a 16/03 – Acampamento em Brasília “Pela vida do rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição”, com mais de 600 pessoas da Bacia do Rio São Francisco e de outros estados, como Ceará e São Paulo.

16/03 – Geddel Vieira Lima é nomeado ministro da Integração Nacional no lugar de Pedro Brito.

16/04 – OAB/SE entra com ação contra o projeto do governo federal, de transposição do Rio São Francisco. Documento com 150 laudas traz estudos do Banco Mundial, relatos sobre a situação hídrica do Ceará, a escassez por má distribuição e a afirmação que seria sete vezes mais barato fazer obras para abastecimento no chamado Nordeste Setentrional.

Maio – Exército reforça grupamentos que tocam a primeira parte da obra na área da tomada de água dos eixos norte e leste do projeto de transposição.

04/06 - Carta cobra de Geddel cumprimento de acordo firmado pelo governo federal, desde 2005. Assinam: Dom Luiz Cappio, Adriano Martins, Yvonilde Medeiros, Jonas Dantas (Fórum Permanente de Defesa do São Francisco), Luciana Khoury (Ministério Público da Bahia); Subscrevem: ASA (Articulação do Semi Árido), Frente Cearense por Uma Nova Cultura das Águas; Fórum Sergipano, Via Campesina Brasil, MST Brasil, comunidades quilombolas, pescadores e povos indígenas da Bacia, Ministério Público de Sergipe, professores João Suassuna e João Abner.

26/06 a 04/07 - Mais de 1500 pessoas ocupam o canteiro das obras do eixo norte do projeto de transposição, em Cabrobó (PE). Nos dias seguintes índios Trukás e Tumbalalás ocupam e retomam terras na mesma região.

Julho - Procurador geral da República, Antonio Fernando de Barros, entra com petição em que pede a suspensão imediata das obras de transposição.

19/08 a 01/09 – Caravana em defesa do rio São Francisco: contra a transposição e por uma nova estratégia em relação ao semi-árido brasileiro percorre 11 cidades.

10 a 14/09 – Mutirão de trabalho na região do eixo leste do projeto de transposição.

03 a 10/11 – Mutirão de trabalhos na região do eixo norte do projeto de transposição.

27/11 – Dom Luiz Cappio retoma greve de fome e afirma que só irá cessar o ato se o exército for retirado da região e o projeto for arquivado definitivamente.

novembro 27, 2007

Presepada científica esquece do campo de concentração nazista

Auschwitz - Polônia: maior campo de concentração nazista, entre 14/jun/1940 a 27/jan/1945
"Ô, cambada de lombrosianos, não esqueçam do campo de concentração nazista... pôrra!", foi a declaração do sociólogo Zefofinho de Ogum, consultor espiritual do PICICA - Observatório dos Sobreviventes, as saber da "presepada científica" do pessoal da PUCRS e da UFRGS. Leia e indigne-se, se for capaz.

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São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Estudo vai mapear cérebro de homicidas

Projeto de universidades gaúchas examinará mais de 50 menores infratores para investigar base biológica da violência
Grupo vai analisar aspectos genético, psicológico, social e cerebral de adolescentes; secretário da Saúde do RS é um dos mentores do projeto

RAFAEL GARCIA

ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

"Eu estava sozinho na rua. Não tinha recurso. Ninguém queria me dar serviço. O que queriam me dar não dava dinheiro. Comecei a traficar, roubar, matar." A história de D.S., de 17 anos, interno da Fase (Fundação de Atendimento Socio-Educativo, antiga Febem gaúcha) parece ser comum entre as dos mais de 50 adolescentes homicidas que vão ter seus cérebros mapeados por um aparelho de ressonância magnética num estudo em Porto Alegre, no ano que vem.

Cientistas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e da UFRGS (Universidade Federal do RS) querem saber se o que determina o comportamento de um menor infrator é sua história de vida e se há algo físico no cérebro levando-o à agressividade.

"Algo que sempre foi negligenciado foi o entendimento da violência como aspecto de saúde pública", diz Jaderson da Costa, neurocientista da PUC-RS que coordenará os trabalhos de mapeamento cerebral. A idéia é entender quais pontos são mais relevantes dentro da realidade brasileira na hora de determinar como se produz uma mente criminosa.

Para isso serão avaliados também aspectos genéticos, neurológicos, psicológicos e sociais de cada pesquisado. Serão examinados dois grupos: um de internos da Fase e outro de meninos sem passado de crime, para efeito de comparação. O projeto vai olhar para questões sociais, mas o foco é mesmo o fundo biológico da questão.

"Estamos nos baseando em trabalhos que já existem mostrando que há um período crítico no início da vida e que se uma criança é maltratada entre o 8º e o 18º mês ela adquire comportamento alterado na idade adulta", diz um dos mentores do projeto, o secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, aluno de mestrado de Costa. "Decidi no ano passado retomar a neurociência como uma opção de vida; minha opção não é fazer política até morrer", diz.

Cabeça de agressor
Para os cientistas, um ambiente de desenvolvimento inadequado pode mesmo "fabricar" um psicopata: pessoa que despreza regras de convívio social e é desprovida de sentimentos de empatia e afeto.

O papel do mapeamento cerebral por ressonância magnética na pesquisa é tentar entender a manifestação física de problemas como esse. O trabalho que inspira Costa nessa área é um artigo do grupo do neurocientista português António Damasio publicado em 1999. O estudo mostra que meninos que sofreram lesões no córtex pré-frontal -região do cérebro próxima à testa- tinham sérios problemas de sociabilidade após crescer.

"A aquisição de convenções sociais complexas e de regras morais se estabelece precocemente", diz Costa. "Essas lesões podem resultar mais tarde numa síndrome parecida com a psicopatia." O cientista quer saber se, independentemente de lesões, meninos cronicamente violentos tenham atividade reduzida em alguma região do córtex pré-frontal, área cerebral ligada a tarefas mentais que envolvem juízo moral. "Não queremos que isso sirva como roupa sob medida para explicar todos os casos, mas pode explicar boa parte", diz.

Traumas e psicopatia
Na avaliação psicológica que complementará o estudo, três questionários serão aplicados. Um deles avalia se houve traumas na infância dos pesquisados, outro avalia o histórico de vida familiar e escolar. "Um terceiro tenta identificar se há ou não um traço de psicopatia ou comportamento violento extremo", explica Ângela Maria Freitas, psicóloga da PUC-RS que integra o projeto. O DNA dos meninos também será analisado.

O projeto de Costa e Terra ainda está sendo analisado por um comitê de ética da PUC-RS, e os cientistas se dizem confiantes de que a aprovação sairá para início dos trabalhos em março de 2008. O custo da empreitada, avaliado por Terra em cerca de R$ 120 mil, será coberto com doações da siderúrgica Gerdau para a pesquisa, afirma o secretário da Saúde.

Fonte: Folha de São Paulo

Contos do divã (pulsão de morte... e outras histórias)

Zefofinho de Ogum, sociólogo formado na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), consultor espiritual do PICICA - Observatório dos Sobreviventes (aguardem a nova versão eletrônica), morou em Manaus entre meados e fim dos anos 1990. Horrorizado como o crescimento do "cognitivismo" na capital operária da Amazônia, "a crescer feito erva daninha", deixou de lado os rigores da formação acadêmica e desabafou: "Vocês tão pebado". Depois tascou a dizer: "Aí já não é mais produção de conhecimento, é fé religiosa". A advertência de Zefofinho procede, afinal está em causa os modos de conceber a natureza do sujeito. Observador astuto do Festival de Leseira que Assola o País (Feleapá) - expressão que parodiou do imortal Stanislaw Ponte Preta -, defensor da interdisciplinaridade, contra toda e qualquer forma de visão unilateral do "significado de estados, processos ou eventos cognitivos (ai!), afetivos e volitivos constitutivos da subjetividade" (arre!), Zefofinho recomenda o Contos de Divã para dar um refrigério na leseira mortal que se abate no campo do conhecimento e da cultura amazonense. E se essa onda prosperar, só convocando o querido Manoel Galvão, professor da Universidade Federal do Amazonas, para que ele lidere a chamada do pessoal por ele encaminhado ao universo da psicanálise, que sairam do Amazonas em busca de novos ares. Vamos voltar, minha gente, se não o bicho vai pegar! Até quando aceitar o que o "outro natural ou cultural" nos obriga a ser? Se queremos um ideal de república intelectual, há muito o que fazer para o equilíbrio do diálogo.

novembro 26, 2007

Campanha internacional de incentivo à leitura

Ziraldo "Maluquinho"
A campanha é genial. Você escolhe um livro para 'perder'. Depois vá a um ponto de ônibus, uma praça ou uma rua perto de uma escola e deixe o livro em bom estado "dando sopa". Recomendo a perda do "Menino Maluquinho", obra prima do imortal Ziraldo. Quem achar entregará o livro para uma criança... taí o futuro leitor.

'Perca um Livro' é uma iniciativa que pretende trazer para o Brasil uma prática internacional de incentivo à leitura. A idéia é "perder" um livro em lugar público para ser achado e lido por outras pessoas que, então, farão o mesmo. O objetivo é fazer do mundo inteiro uma livraria.

A prática consiste em três passos simples:

1. Leia um bom livro;
2. Cadastre o livro e escreva seus comentários para pegar seu código único e a etiqueta correspondente ao livro;
3."Perca" o livro em um lugar público.

De posse do código o leitor poderá rastrear pelo tempo que quiser os caminhos percorridos pelo livro.

A partida inicial do projeto será dada pela editora Zeiz que irá "perder" 150 exemplares do livro "A Unidade dos Seis - O Herdeiro Especial". Os livros "perdidos" estarão com orientações que levem o próximo leitor a repetir o mesmo procedimento: ler, cadastrar e "perder". (Quem achar que tem o dedo do "mercado" neste campanha, pode escolher outras obras, como a que sugeri acima).

A idéia é que estes livros sejam a ponta de uma corrente que incentive outras pessoas a fazerem o mesmo com outros livros, disseminando entre pessoas o saudável hábito da leitura.

O sítio para cadastrar o seu livro perdido é http://www.livr. us

Debate sem protagonista: só faltava essa!

Foto: Rogelio Casado - Dia Nacional de Luta Antimanicomial, 18/maio/2007, Manaus-AM

Audiência fajuta do "bem" é audiência fajuta também!!!

Foi realizada a audiência pública para discutir a Lei nº 10.216, no dia 22/11 (audiência do "mal"). No dia 29/11, será realizada uma audiência discussão dos 20 Anos da Luta Antimanicomial solicitada pelo Deputado Chico D'angelo (audiência do "bem"). Não está prevista a participação de representantes de entidades e nem da Luta Antimanicomial como debatedores. Não tenho noticias de que a Rede Internúcleos tenha sido convidada para compor a mesa.

Neste caso, nós enquanto secretaria da Rede encaminhamos uma correspondência para os parlamentares da Comissão de Seguridade e Familia da Câmara de Deputados.

***

REDE NACIONAL INTERNÚCLEOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL
End. Av. T-2 N° 803 – Setor Bueno – Goiânia – GO – Fone: 3253-1785

Goiânia, 23 de novembro de 2007

À Sua Excelência o(a) Senhor(a)
DEPUTADO(a) MEMBRO
Comissão de Seguridade Social e Família
Câmara dos Deputados
Anexo II - Pavimento Superior - ala A - sala 143
Brasília-DF

É com surpresa e descontentamento que recebemos a informação sobre a audiência pública que será realizada dia no dia 29 de novembro de 2007, na Comissão de Seguridade Social e Família, sem a presença de protagonistas de entidades e movimentos sociais, que construíram a luta antimanicomial no país, justamente para discutir os 20 anos dessa luta.

Em dezembro de 1987, durante o congresso de trabalhadores de saúde mental, realizado em Bauru, trabalhadores e usuários, saíram em passeata nas ruas de Bauru e realizaram a primeira manifestação pública pelo fim dos manicômios. Surgiu assim a palavra de ordem: Por Uma Sociedade Sem Manicômios, sendo instituído o 18 de mio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Dessa forma surgiu o Movimento Antimanicomial.

A Luta Antimanicomial aliado a outros parceiros pressionou o Estado Brasileiro para a implantação de políticas públicas em saúde mental, obtendo grandes ganhos.

Para comemorar essas conquistas, a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial integra a Comissão Executiva do Encontro Nacional 20 Anos de Luta Por Uma Sociedade Sem Manicômios, que será realizado de 06 a 09 de dezembro em Bauru – SP. É evento promovido pelo Conselho Federal de Psicologia, Conselho Regional de São Paulo, Prefeitura de Bauru e Universidade Estadual Paulista.

Durante os 11 anos de tramitação do Projeto de Lei Paulo Delgado no Congresso Nacional, representantes da Luta Antimanicomial eram sempre convidados a participar dos debates até a aprovação da Lei Federal da Reforma Psiquiátrica - 10.216 e é estranho nesse momento está ausente de um debate do qual é o principal protagonista.

Na oportunidade, informamos que A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial é um movimento social composto por 20 núcleos localizados em 12 estados da federação e no distrito federal que tem como empreendimento fundamental a radical transformação das relações entre loucura e sociedade, combatendo todas as figuras de aprisionamento e exclusão dos chamados loucos, para conquistar seu acesso ao pleno exercício da cidadania.

A real participação dos portadores de sofrimento mental, nos núcleos locais como em âmbito nacional, como porta-vozes de suas questões e protagonistas da luta por seus direitos, é característica essencial e definidora da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

Atenciosamente

Deusdet do Carmo Martins - (62) 3251-7845/81442119
P/Secretaria da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

novembro 25, 2007

Informe de la Caravana de la Otra Campaña por la defensa de los derechos humanos de los Pueblos Indígenas Zapatistas

San Cristóbal de las Casas - Chiapas - México
San Cristóbal de Las Casas, Chiapas.
20-Noviembre-2007

CARAVANA DE LA OTRA CAMPAÑA POR LA DEFENSA DE LOS DERECHOS HUMANOS Y COLECTIVOS DE LOS PUEBLOS INDÍGENAS ZAPATISTAS

BOLETÍN DE PRENSA

Debido a la fuerte embestida que encabezan los gobiernos federal yestatal en contra de las comunidades zapatistas, distintas organizaciones adherentes a la Sexta Declaración de la Selva Lacandona hemos realizado dos Foros Nacionales de Solidaridad con las Comunidades Zapatistas. Uno de los acuerdos del Segundo Foro, realizado en Jojutla, Morelos el pasado 27 de octubre, fue organizar una Caravana de Observación y en Solidaridad con las Comunidades Zapatistas del 17 al 20 de noviembre. Esta Caravana se dividió en cuatro brigadas de trabajo en las zonas Altos, Norte y Selva.

Como resultado de esta investigación y documentación, los miembros de esta caravana identificamos:

1. En distintos municipios autónomos del territorio indígena de Chiapas, comunidades Bases de Apoyo Zapatistas se enfrentan a una estrategia coordinada de despojo de tierras y hostigamiento donde participan diversas organizaciones políticas en los tres niveles de gobierno y, en ocasiones, vinculadas con grupos paramilitares. En todos los casos documentados la estrategia sigue un patrón que combina invasión de tierras, amenazas de muerte, hostigamientos y agresiones físicas, sicológicas, así como destrucción de propiedad y recursos naturales, además del despojo jurídico de tierras donde las organizaciones invasoras actúan conjuntamente con instituciones judiciales y agrarias locales y federales.

2. Los gobiernos federal y estatal, a través de las instituciones agrarias y en articulación con el Ejército Federal mexicano y las eguridad pública en sus tres niveles de gobierno, operan una estrategia de contrainsurgencia dirigida a las Bases de Apoyo Zapatistas y sus autoridades autónomas, otorgando títulos agrarios a diversas organizaciones indígenas, particularmente organizaciones adversas a los zapatistas y en diversos casos organizaciones armadas, entre las que se encuentran la Organización Para la Defensa de los Derechos Indígenas y Campesinos (OPDDIC) o la Unión Regional Campesino Indígena (URCI), o bien, involucrando a organizaciones que tienen frágiles relaciones con los pueblos autónomos zapatistas como lo son la Asociación ARIC Unión de Uniones (Histórica), la ORCAO, la Unión de Ejidos de la Selva y la OPAZ. Estas organizaciones ocupan tierras recuperadas por el EZLN en 1994 y, a través de las instancias agrarias, concretizan el despojo jurídico de tierras constituyendo nuevos ejidos.

3. Debido a la constante presión de unidades castrenses, policías estatales e integrantes de grupos paramilitares, la situación que viven los pueblos zapatistas se agrava alarmantemente. Los proyectos autónomos en el marco de la libre determinación de los pueblos indígenas no pueden desarrollarse a plenitud debido a las constantes agresiones y amenazas contra la integridad de los mismos. Los más afectados son los niños y las niñas, así como las mujeres y los ancianos, pues viven agresiones constantes en su integridad física, en sus bienes, en su tierra y territorio.

Algunos de los poblados donde se documentaron flagrantes violaciones a los derechos humanos son:

Bolon Ajaw. Municipio Autónomo Región de la Montaña. Municipio oficial Tumbalá.

Municipio Olga Isabel. Municipio Autónomo Olga Isabel. Municipio oficial Chilón.

Ranchería El Nance. Municipio Autónomo Vicente Guerrero. Municipio oficial Altamirano.

Poblado 24 de Diciembre. Municipio Autónomo San Pedro de Michoacán. Municipio oficial Las Margaritas.

San Juan del Río. Municipio Autónomo San Manuel. Municipio oficial Ocosingo.

Reserva Ecológica Huitepec. Caracol Oventic. Municipio oficial Zinacantán.

Benito Juárez. Municipio Autónomo San Manuel. Municipio oficial Ocosingo.

San Andrés. Municipio Autónomo San Andrés Sak'amchen de los Pobres. Municipio oficial San Andrés Larráinzar.

Desde hace más de una década, estos poblados padecen una ocupación militar en su territorio que en la actualidad registra la presencia de 56 campamentos del Ejército Federal permanentes sólo en el territorio indígena.

Algo que pudo observar y constatar la caravana es la frecuencia de las agresiones, la intensidad de la presión sobre las comunidades zapatistas y la forma en que la violencia afecta sus vidas de manera cotidiana.

Es por ello que esta Caravana de observación, constituida por integrantes de la Otra Campaña y adherentes de la Sexta Declaración dela Selva Lacandona, expresa su rechazo a las agresiones y al hostigamiento que viven nuestras compañeras y compañeros Bases deApoyo Zapatistas y hace un llamado a la sociedad civil nacional e internacional, así como a los medios de comunicación, a estar pendientes y denunciar la situación que padecen estos pueblos.

El despojo "legal" de tierras y los nuevos decretos expropiatorios develan una flagrante y sistemática estrategia de contrainsurgencia dirigida a los pueblos zapatistas. La guerra declarada contra estos pueblos en una fuerte disputa por la apropiación y el control del territorio y todos los recursos naturales y biológicos, enmarcada en una guerra de exterminio contra los pueblos indígenas zapatistas y nozapatistas.

Por todo ello, hacemos un llamado a la sociedad civil nacional e internacional para que se sume a la Campaña Mundial por la Defensa de las Tierras y los Territorios Indígenas de Chiapas, de México, y del Mundo, así como a la Campaña en Solidaridad con los Pueblos Zapatistas.

Por una vida digna para todos los pueblos indígenas.

Alto a la explotación, el despojo, la represión y el desprecio a las comunidades zapatistas de Chiapas.

Abajo y a la izquierda.

Firman

Agencia India
Agencia India- Michoacán
Bloque Popular Revolucionario
Brújula Roja
Centro de Análisis Político e Investigaciones Sociales A.C. (CAPISE)
Centro de Investigaciones Económicas y Políticas de Acción Comunitaria
A.C. (CIEPAC)
Centro Indígena de Capacitación Integral Fray Bartolomé de las Casas
A.C. (CIDECI)
Círculo de Reflexión Zapatista
Colectivo Juana Machetes
Colectivo La Garrafota
Colectivo La Rueca
Colectivo Los Machetes
Colectivo Salud y Conciencia
Colectivo Zapatista Neza
Desarrollo Económico Social de los Mexicanos Indígenas A.C. (DESMI)
Educación para Niños y Bienestar para Todos A.C. (ENBIT)
Espacio Social y Cultural la Karakola
Frente del Pueblo
Frente Popular Francisco Villa Independiente-UNOPII
Juventud Comunista de México
La Otra Campaña en el Sur de Morelos
La Otra en Surponiente-DF
La Otra Huasteca-SLP
La Sexta Jovel
Medios Libres
Melel Xojobal
Mentes Autónomas
Movimiento Unificado de Lucha Triqui- DF
Mujeres y la Sexta DF-Edomex
Nodo Sexto-Puebla
Partido de los Comunistas
Regeneración Radio
Resistencias Enlazando Dignidad, Movimiento y Corazón Zapatista.
Sector Niñ@s
Sub Región 2 Norte-Estado de México
Unidad Obrero Socialista-UníoS

SERÁ O BENEDITO?

Raposa Serra do Sol - Roraima - Brasil
TAQUI PRA TI

SERÁ O BENEDITO?

José Ribamar Bessa Freire
25/11/2007 - Diário do Amazonas

Ilmo. sr. General-de-Exército José Benedito de Barros Moreira,
Secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa.

Saudações

Inspirado em modelo epistolar cantado por Waldick Soriano em um de seus boleros, escrevo essa carta, mas não repare os senões, para dizer o que sinto sobre suas recentes declarações a Folha de São Paulo (20/11/07) em defesa dos fazendeiros que ocupam, ilegalmente, as terras indígenas da região Raposa Serra do Sol, em Roraima. Lembro que há dois meses seu antecessor na Secretaria, general Maynard Santa Rosa, foi demitido, porque negou apoio à Polícia Federal para expulsar os invasores.

Já o senhor consegue se segurar no cargo, porque declara – ainda bem! - que as Forças Armadas, em obediência à Constituição, vão colaborar com a PF, cumprindo decisão irrecorrível do Supremo Tribunal Federal. No entanto, faz isso a contragosto, reclamando que tirar os arrozeiros da área é “um retrocesso para a integração regional”, para “o desenvolvimento do país”, e para a “Segurança Nacional”, e que deixar os índios lá é “retornar ao estado tribal da chegada dos portugueses aqui”.

A comunidade acadêmica, perplexa e estupefata, não acredita no que leu. Afinal, o senhor é respeitado no meio universitário, porque pertence à elite da inteligência militar brasileira. Quando foi comandante da Escola Superior de Guerra - uma espécie de reitor - convidou o líder do MST, João Pedro Stédile para fazer palestra sobre reforma agrária aos alunos da ESG, mostrando que tem a cabeça arejada. Por isso, ao ler a declaração, nós nos perguntamos: “Será mesmo o Benedito?”.

Aguardamos ansiosamente um desmentido. Por favor, general, diga que o repórter não reproduziu com fidelidade a sua fala. Esclareça que essa história não tem pé nem cabeça. Veja bem: se a presença dos índios naquelas terras é um atraso e ameaça a Segurança Nacional – como dizem que o senhor disse – então por que as Forças Armadas vão expulsar os arrozeiros - como dizem que o senhor disse? Nesse caso, o general Maynard, que está errado, está certo. O senhor, que está certo, é quem está errado.

Os índios Makuxi, Ingaricó, Wapixana e Taurepang estão lutando há 300 anos para manter suas terras. Percorreram todas as instâncias do Poder Judiciário, que levou trinta anos para decidir de forma inapelável. Decidiu. Depois disso, o presidente Lula, submetido a pressões dos mozarildos, levou mais de 800 dias para homologar. Homologou. Passaram-se dois anos e meio e até agora a Polícia Federal não marcou a data da desocupação. O senhor, general Benedito, diz que as Forças Armadas apoiarão a PF, mas lamenta o retrocesso, o que nos leva, no mínimo, a desconfiar de tal decisão.

General Benedito, ajude a tirar os arrozeiros de lá e deixe os índios em paz, protegendo nossas fronteiras, como sempre o fizeram, conservando suas línguas, suas culturas, seus saberes, sua literatura, seus cantos, sua poesia e a biodiversidade, ameaçada pelos arrozeiros, que não estão preocupados com o desenvolvimento do país, mas apenas com os lucros que podem auferir. Eles exterminaram até o joão-de-barba-grisalha, um passarinho inofensivo, que sobrevive escondido nas terras indígenas.

Quem pensa que os índios representam atraso e retrocesso é preconceituoso e desconhece a produção de conhecimentos nesse campo nos últimos cinqüenta anos. Quando a ignorância é de um pé-rapado qualquer, vá lá. Mas torna-se extremamente perigosa, quando é do titular de uma Secretaria responsável pela formulação da política de defesa nacional. Se o que disseram que o senhor disse, general, representa efetivamente o pensamento das Forças Armadas, então os índios estão fritos, o Brasil está condenado a ficar culturalmente mais pobre e adeus sociodiversidade.

Depois de tanto preconceito, um renomado sociólogo concluiu que “uma das conseqüências mais graves do colonialismo foi justamente enterrar ou congelar experiências milenares, ao taxá-las de primitivas, opondo-as à modernidade. Tudo aquilo que não é do âmbito do Ocidente, que não segue o paradigma ocidental é visto como retrocesso. Os costumes e as tradições, embora adequados para a sobrevivência, são descartados como estratégia de futuro, porque são ou estão no passado. Essa é uma noção equivocada em relação aos povos tradicionais e ao seu espaço na história”.

Quem escreveu isso, general, foi um intelectual respeitado, um índio com pós-graduação na Universidade de Maryland (EUA), falecido há quinze dias em Manaus. Seu nome: Jorge Terena. Construtor da ponte entre ciência e conhecimento tradicional, ele tem razão, segundo Darrell Posey, um phd em biologia, que ficou maravilhado com o conhecimento Kayapó acerca de plantas medicinais, astronomia, agricultura, classificação e uso do solo, reciclagem de nutrientes, manejo da pesca e da vida animal, melhoramento genético de plantas, reflorestamento, pesticidas e fertilizantes naturais.

Posey está convencido de que “o conhecimento tradicional oferece algumas das opções mais viáveis e promissoras para uso de recursos sustentáveis nos trópicos. Por isso – diz ele - se o conhecimento indígena for levado a sério pela ciência moderna e incorporado aos programas de pesquisa e desenvolvimento, os índios serão valorizados pelo que são: povos engenhosos, inteligentes e práticos, que sobreviveram com sucesso por milhares de anos na Amazônia. Essa posição cria uma ‘ponte ideológica’ entre culturas, que poderia permitir a participação de povos indígenas, com o respeito e a estima que merecem, na construção de um Brasil moderno”.

Por que não criar essa ponte, general Benedito? Os conhecimentos indígenas podem ajudar nossos filhos a terem uma vida melhor. Pergunte ao antropólogo Roberto Da Mata. Ele lhe dirá que é preciso estudar as sociedades indígenas não apenas para repararmos as injustiças que sofrem, “mas para aprendermos com elas as lições que não sabemos”. Não se trata, portanto, de “uma atitude condescendente superior com uma espécie de humanidade em extinção, liquidada por seu próprio atraso cultural, mas de uma troca igualitária de experiências humanas, baseada no fato de que podemos realmente aprender a nos civilizar com os índios”.

O psicólogo uruguaio Nestor Ganduglia concorda com essa troca de saberes: “Em tempos de crise identitária e da quebra, agora definitiva, da onipotência do conhecimento acadêmico para a solução de problemas sociais básicos, é preciso buscar novas sínteses entre saberes. Não se trata mais de ‘estudar a natureza do homem primitivo’ ou ‘os produtos da ignorância popular’, mas de reconhecer o saber quase clandestinamente oculto nas entrelinhas de nossas narrativas populares, numa postura de abertura para aprender com o outro”.

Se tivesse mais espaço, reproduziria aqui a opinião de dezenas de pesquisadores que criticam essa idéia obscurantista de que os índios representam atraso ou retrocesso. Alguém poderia objetar, com razão, que todas essas coisas já foram ditas e eu respondo, citando André Gide: - “É verdade, mas como ninguém me escuta, é preciso recomeçar tudo de novo e repeti-las infatigavelmente”.

Humberto Amorim apresenta um tesouro do fundo baú: Ella Fitzgerald inédito

Ella Fritzgerald - 1917-1996
Jazzófilos (as),

Finalmente após tantos anos escondido no fundo de um báu, perdido no tempo, o tesouro formado pelas maravilhosas canções contidas no cd "Love Letters from Ella" é liberado para o deleite dos amantes do jazz.

São dez canções jamais desfrutadas e que foram gravadas em 1973 quando Ella Fitzgerald "the First Lady of Song" se encontrava no auge de suas possibilidades vocais. Todas elas farão parte da audição de hoje a noite no nosso programa domingueiro de jazz "Momentos de Jazz" pela Rádio Amazonas Jazz FM a partir das 20h00.

Faça bem a si mesmo, ao seu espírito principalmente, não deixe de curtir Ella muito à vontade enquanto improvisa, cria e compõe na companhia do guitarrista Joe Pass, Count Basie e sua orquestra, saxofonista Scott Hamilton, pianista e compositor André Previn e do contra-baixista acústico Niels-Henning Orsted Pedersen.

Depois della, elas... Alyson Moyet, Keelly Smith, Erin, René Marie, Fay Claassen, Cheryl Bentyne, Laverne Butler, Lizz Wright, Petula Clark, Peggy Lee, Robin McKelle, Dakota Staton, Sara Gazarek, Sophie Milman, Stacey Kent, Carla Cook e Jackie Ryan deixarão mais do que claro que elas também cantam e tocam jazz divinamente.

Vai perder? Eu não, a não ser que céu caia sobre a minha cabeça.

Até mais, até jazz!!!

Humberto Amorim