dezembro 31, 2011

Com este vídeo, o PICICA deseja um Ano Novo muito "paid'égua" pra todos nós...


PICICA: ...e, principalmente, para as pessoas que fazem o Projeto NÓS & VOZ acontecer. 


Toda a beleza, a sensualidade e a dramaticidade do tango para usteds, hermanos e hermanas


PICICA: "Mas vale mais estar doido de alegria do que de tristeza; vale mais dançar pesadamente do que andar claudicando. Aprendei, pois, comigo a sabedoria: até a pior das coisas tem dois reversos, até a pior das coisas tem pernas para bailar; aprendei, pois, vós, homens superiores, a afirmar-vos sobre boas pernas." (Nietzsche)

"A prisão da identidade", por Eliane Brum (para Christiane Maciel de Lima)

PICICA: "É neste mundo novo que os mais jovens tentam dar passos de astronauta, mas a gravidade da antiga ordem os prende no chão." Em tempo: Post dedicado para Christiane Maciel de Lima.  Mensageira do futuro.

A prisão da identidade

Prefiro me desinventar do que assinar minhas certezas em três vias

ELIANE BRUM
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)
ELIANE BRUM Jornalista, escritora e
documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê
(Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.

Antes, a pergunta que determinava nosso lugar no mundo era: “De que família você é?” ou “Qual é o seu sobrenome” ou “Você é filho de quem?”. Depois, a pergunta migrou para: “O que você faz?”. Tanto que, junto ao nome, em qualquer matéria jornalística, segue a profissão e, de preferência, a filiação profissional. Não é mais a filiação paterna, mas sim a filiação da instituição ou da empresa que confere legitimidade a um indivíduo e o autoriza a falar e a ser escutado. “O que você faz?” ou “Onde você trabalha?” é também a segunda ou a terceira pergunta que você escuta de quem acabou de conhecer em uma festa ou evento social. Só não é a primeira porque ainda faz parte da boa educação se apresentar pelo nome antes, ou fazer algum comentário sobre a qualidade da comida ou qualquer outra banalidade. A questão que se impõe, antes ou agora, é a mesma: a partir de que lugar você fala. A partir do lugar de onde alguém fala, prestamos atenção ou não naquilo que diz. O lugar de onde falamos é, portanto, o que nos confere identidade. E a identidade é uma exigência do nosso mundo.


Escrevo sobre isso porque tenho tentado escapar da prisão da identidade. Ou da prisão de uma identidade imutável como a impressão digital do meu polegar. E esbarro no funcionamento do mundo. Há um ano e meio vivo sem emprego. Por opção. A pergunta que mais escuto é: “Por que você deixou de ser repórter?”. Respondo que nunca passou pela minha cabeça deixar de ser repórter. Eu apenas deixei de ter emprego, o que é muito diferente. “Então você está frilando?”. Não exatamente. Não foi apenas uma troca de cadastro, de pessoa física para jurídica. Foi uma mudança mais profunda.
Explico que, a partir de uma investigação sobre a morte, compreendi que precisava me reapropriar do meu tempo e, desde então, venho fazendo uma mudança radical no meu jeito de viver. “Mas então você nunca mais vai ter emprego?”. Sei lá. Como saber? Não tenho nenhum interesse em assinar qualquer declaração de intenções em três vias. “Mas você agora trabalha mais do que antes!”, é o comentário seguinte. Sim, mas eu não mudei para trabalhar menos, pelo contrário. Eu adoro trabalhar e não me sinto oprimida pelo trabalho, porque, para mim, trabalhar é criar. Eu mudei para experimentar outras possibilidades de me expressar e de viver, o que para mim é quase a mesma coisa. “Mas você não separa trabalho da vida pessoal?” Não. Trabalho é bem pessoal para mim. “Mas você trabalha mais e ganha menos?”. Sim. “Hum.”


Eu faço várias coisas que quero fazer, tento explicar. “Então você se tornou documentarista?”, é a próxima pergunta, quando descobrem que estou no meu terceiro documentário. Às vezes, mas é mais como uma experiência de contar histórias do que como uma profissão. “Mas por que você decidiu parar de contar histórias reais para escrever ficção?”, é o questionamento mais recente, desde o lançamento do meu primeiro romance. Eu não deixei de contar histórias reais, apenas senti necessidade de escrever ficção. É mais uma voz na tentativa de dar conta do que me escapa (e continuará escapando) – e não minha única voz. “Mas então agora você é ficcionista?”. Sim e não. Sou várias coisas ao mesmo tempo. “Hum.”

Estes são diálogos frequentes no meu cotidiano. A partir deles – e da necessidade persistente do mundo de me encaixotar em alguma identidade fixa e fácil de compreender – comecei a me indagar sobre isso. Afinal, o que as pessoas perguntam é: “Quem você é?”. E antes era fácil dizer: “Sou jornalista”. Só que isso dizia muito pouco sobre mim, já que ser jornalista é só o começo da resposta sobre quem sou eu. Assim como ser pedreiro, enfermeiro, morador de rua ou CEO é o começo superficial de uma resposta sobre quem é qualquer pessoa. Mas ter uma resposta simples para algo complexo deixava todo mundo satisfeito. Agora, minhas respostas sobre quem sou eu não satisfazem ninguém. Porque o melhor e mais honesto que posso oferecer ao meu interlocutor são mais pontos de interrogação. E, definitivamente, pontos de interrogação não são populares. O mundo exige respostas com pontos finais e, de preferência, exclamações peremptórias.


Ora, quem sou eu? Não sei quem sou eu. E, quando penso que sei, me escapo. Alguém já conseguiu responder a esta pergunta com alguma quantidade razoável de certeza? Ainda assim, por não ter uma resposta fácil para uma pergunta que define as relações do nosso mundo, tornei-me um incômodo. Mas, como a questão é legítima, tenho me aprofundado nela. E, nessa busca para compreender a questão da identidade, deparei-me com uma ótima história de Michel Foucault.


Em uma passagem pelo Brasil, em Belo Horizonte, Foucault foi questionado sobre o seu lugar: “Mas, finalmente, qual é a sua qualificação para falar? Qual é a sua especialidade? Em que lugar o senhor se encontra?”. Foucault ficou chocado com a “petição de identidade”. A exigência, constante em sua trajetória, motivou uma resposta de grande beleza em seu livro Arqueologia do Saber (Forense Universitari):


“Não estou, absolutamente, lá onde você está à minha espreita, mas aqui de onde o observo, sorrindo. Ou o quê? Você imagina que, ao escrever, eu sentiria tanta dificuldade e tanto prazer, você acredita que eu teria me obstinado em tal operação, inconsideradamente, se eu não preparasse – com a mão um tanto febril – o labirinto em que me aventurar, deslocar meu desígnio, abrir-lhe subterrâneos, soterrá-lo bem longe dele mesmo, encontrar-lhe saliências que resumam e deformem seu percurso no qual eu venha a perder-me e, finalmente, aparecer diante de quem nunca mais tivesse de reencontrar? Várias pessoas – e, sem dúvida, eu pessoalmente – escrevem por já não terem rosto. Não me perguntem quem eu sou, nem me digam para permanecer o mesmo: essa é uma moral do estado civil que serve de orientação para elaborar nosso documento de identidade. Que ela nos deixe livres no momento em que se trata de escrever”.


Lindo. Michel de Certeau que, como Foucault, foi alguém que conseguiu escapar dessa identidade de túmulo e, ao mesmo tempo, construir um sólido percurso intelectual, analisa essa questão em um dos textos de um livro muito instigante: História e Psicanálise – entre ciência e ficção (Autêntica). Certeau diz o seguinte sobre o episódio vivido por Foucault em Belo Horizonte:


“Ser catalogado, prisioneiro de um lugar e de uma competência, desfrutando da autoridade que proporciona a agregação dos fiéis a uma disciplina, circunscrito em uma hierarquia dos saberes e das posições, para finalmente usufruir de uma situação estável, era, para Foucault, a própria figura da morte. (...) A identidade imobiliza o gesto de pensar, prestando homenagem a uma ordem. Pensar, pelo contrário, é passar; é questionar essa ordem, surpreender-se pelo fato de sua presença aí, indagar-se sobre o que tornou possível essa situação, procurar – ao percorrer suas paisagens – os vestígios dos movimentos que a formaram, além de descobrir nessas histórias, supostamente jacentes, ‘o modo como e até onde seria possível pensar diferentemente’”.


A resposta de Foucault para a plateia de Belo Horizonte foi: “Quem sou eu? Um leitor”.


Quando me perguntam sobre o lugar de onde eu falo, tenho dito nos últimos tempos: “Quem sou eu? Sou uma escutadeira”. E agora posso até citar Foucault para a resposta ficar mais chique.


Na semana passada, participei de um debate na Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo (RS), com Edney Silvestre e Nick Monfort. Terminava minha apresentação dizendo:


“A vida é um traçado irregular de memórias no tempo. Quero que, como inventário do vivido, meu corpo tenha as marcas de todas as histórias que fizeram de mim o que sou. E, se meus netos e bisnetos forem me contar, espero que jamais cheguem a qualquer conclusão fechada sobre a minha identidade. Esta seria a maior prova de que vivi”.


Depois, a certa altura do debate, repeti que minha identidade era fluida. E que hoje estava mais interessada em me desinventar do que em me inventar, em me desidentificar do que em me identificar. À noite, quando me preparava para deixar a universidade, fui cercada por um grupo de garotas: “Obrigada pelo que você disse sobre a identidade”.


Percebi que, no mundo líquido em que a internet nos lançou, há algo sobre a compreensão do que é identidade que começa a mudar. É neste mundo novo que os mais jovens tentam dar passos de astronauta, mas a gravidade da antiga ordem os prende no chão. Ainda que por razões e tempos diferentes, eu e aquelas garotas, assim como muitos outros por aí, nos conectamos nas esquinas voláteis de um mundo que ainda é determinado por padrões de cimento.


Ao pegar o avião que me levaria de volta para São Paulo, olhei para a carteira de identidade descolada, parcialmente apagada e um tanto esfarrapada que apresentei no embarque. E finalmente entendi por que não consigo me convencer a substituí-la por uma nova. Enquanto me permitirem, é com ela que vou embarcar. Porque é nela que me reconheço. Quando me obrigarem a trocá-la, vou obedecer. Mas as autoridades jamais saberão que é em uma identidade que se desprende de si que reside minha verdade.
   
Fonte: Revista Época

"2011-2012: Foi a pobreza que gerou a crise, não o inverso", por Saul Leblon

PICICA: "(...)não foi a crise que gerou o arrocho e a pobreza em desfile no planeta, mas sim o arrocho e a desigualdade neoliberal que conduziram ao desfecho explosivo, exacerbado agora por direitistas aplicados, que dobram a aposta no veneno."

2011-2012: Foi a pobreza que gerou a crise, não o inverso



Estender a jornada de trabalho, sem contrapartida salarial, é a contribuição que Portugal e Espanha oferecem ao mundo no apagar das luzes de 2012, como alternativa ao colapso do neoliberal. Antes de dar a isso o epíteto de uma excrescência conservadora talvez fosse mais justo creditar a Passos Coelho e a Mariano Rajoy o benefício da coerência. Nada mais fazem os dirigentes ibéricos hoje do que radicalizar os fatores que deram origem ao colapso mundial, assentado, entre outros pilares, em três décadas de arrocho sobre o rendimento do trabalho nas principais economias ricas, associado a mimos tributários que promoveram o fastígio dos endinheirados.

Para clarear as coisas: não foi a crise que gerou o arrocho e a pobreza em desfile no planeta, mas sim o arrocho e a desigualdade neoliberal que conduziram ao desfecho explosivo, exacerbado agora por direitistas aplicados, que dobram a aposta no veneno. A ordem dos fatores altera o futuro, ou pelo menos, arguia legitimidade das receitas conservadoras.

Desautoriza, por exemplo, o jogral do conservadorismo nativo que insiste em qualificar como 'temerário' o reajuste de 14% (9% reais) para o salário mínimo em 2012, como a sugerir, a exemplo de Rajoy e Passos Coelho, que a 'gastança' (fiscal/salarial) estaria na origem da crise, sendo a hora da verdade sinônimo de hora do arrocho. Na verdade,ao injetar R$ 47 bi adicionais à demanda interna, o governo brasileiro reforça as imunidades do país em relação às origens da crise mundial, assentadas em boa parte no definhamento do poder de compra dos assalariados que se encontra entre os mais comprimidos da história em muitos países.

O aumento do salário mínimo, ao contrário, coloca o poder de compra de 48 milhões de brasileiros no nível mais alto dos últimos 30 anos. E isso gera encadeamentos produtivos e fiscais virtuosos, de que se ressentem os países ricos nesse momento A 'gastança' de R$ 19,8 bi com os 20 milhões de aposentados que se beneficiam do reajuste do mínimo, por exemplo, retornará aos cofres públicos na forma de R$ 22,9 bilhões em impostos, segundo os cálculos do Dieese.

O que fizeram os governantes das economias desenvolvidas desde os anos 90 - com os aplausos obsequiosos do dispositivo midiático demotucano - foi lubrificar uma espiral inversa. Desde 2000 praticamente há aumento salarial para a classe média americana dotada de diploma universitário, por exemplo.Mais de 46 milhões de norte-americanos vivem hoje na pobreza, constituindo-se na taxa mais elevada dos últimos 17 anos: 15,1% .

Em termos absolutos, o contingente atual de pobres é o maior desde que Census Bureau começou a elaborar as estatísticas americanas, há 52 anos. O número de norte-americanos sem seguro-saúde hoje é da ordem de 50 milhões de pessoas e tudo isso antecede a crise, que agravou a fragilidade social elevando a 46 milhões o total de desempregados atuais. Mas a verdade é que seu impacto foi tão dramático assim porque floresceu sobre uma base de empobrecimento pré-existente.

A receita não é privilégio norte-americano. Um quarto de todos os lares da Ingaterra e País de Gales, cerca de 20 milhões de pessoas, vivem em estado de pobreza atualmente, um sólido legado de sucessivos governos neoliberais, desde Tatcher, passando por Blair até chegar no atual engomadinho' Cameron, como diz Luiz Gonzaga Belluzzo, que cuida de jogar a pá de cal naquela que já foi a rede de serviços sociais mais equipada da Europa. Pesquisas indicam que em pleno inverno, um número crescente de famílias inglesas vive o pior quadro de aperto financeiro desde a II Grande Guerra. E um relatório recente da OCDE - não propriamente uma trincheira progressista - sugestivamente intitulado "Divididos estamos: porque aumenta a desigualdade”, indica que “a renda média de 10% das pessoas mais ricas representa nove vezes a renda dos 10% mais pobres” nos países (ricos em sua maioria) que integram esta organização.

A distância aumenta para dez para um na Grã-Bretanha, Itália e Coreia do Sul, e para quatorze para um em Israel, Estados Unidos e Turquia, diz o informe. Os dados sobre os Estados Unidos mostram que “a renda por família, após o pagamento de impostos, mais do que dobrou entre 1979 e 2007, entre o 1% mais rico; enquanto a fatia dos 20% mais pobres caiu de 7% para 5% no mesmo período.

“Quando se fala dos mais ricos entre os ricos estamos dizendo que há espaço para aumentar os impostos”, afirmou Angel Gurria, o secretário geral da organização, numa menção indireta às escandalosas isenções tributárias acumuladas pelos endinheirados desde o governo Reagan, nos anos 80.

Foi sobre essa base de renda e trabalho esfacelados simultaneamente pela transferências de empregos e empresas às 'oficinas asiáticas', que se implantou o arrocho neoliberal. A asfixia desse arranjo capitalista só não explodiu antes, graças à válvula de escape do endividamento maciço de governos e famílias, que atingiu patamares de virtuosismo insustentável na bolha imobiliária norte-americana, espoleta da crise mundial de 2008.

Quando as subprimes gritaram --'o rei está nu' todo o criativo edifício de um sistema capitalista baseado no crédito sem poupança (porque sem empregos, sem renda e sem receita fiscal compatível) veio abaixo.

A tentativa atual de 'limpar o rescaldo' do desabamento removendo apenas seus gargalos financeiros --ou seja, salvando os bancos e arrochando ainda mais os assalariados e os pobres-- é mais uma forma de perpetuar a essência da crise do que de enfrentar suas causas seminais. O jogo é mais pesado. Controlar as finanças desreguladas é sum pedaço do caminho para controlar a redistribuição do excedente social, ferozmente concentrado nas últimas décadas. Preservar o modelo na crise implica uma carnificina econômica. A julgar pelas iniciativas dos governantes portugueses e espanhóis, a direita está disposta a movimentar o açougue.

A ver.

Saul Leblon

Fonte: Carta Maior 

"El periodismo independiente no es neutral", por Carlos Martínez

PICICA: "Las grandes corporaciones que dominan la comunicación han impuesto una forma y un contenido para informar y, además, lo han normalizado, estandarizando la comunicación. Cualquier otra comunicación que no se equipare a este patrón normalizado automáticamente es etiquetado y rechazado como información “no-objetiva”."


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Reseña del libro “Contra la neutralidad” de Pascual Serrano
El periodismo independiente no es neutral






Que los medios de comunicación estén cada vez más domesticados es un hecho incontestable. La forma más directa y grosera de control de los periodistas es el empresarial. Pascual Serrano desarrolló este tema en su anterior libro “Traficantes de información”. Sin embargo este no es el único modo mediante el cual se coarta el derecho de “libertad de expresión”. Existen otras formas más subliminales por las cuales los periodistas, sin necesidad de dictado de un superior, trasladan la información a los ciudadanos en perfecta armonía con la ideología dominante.

Las grandes corporaciones que dominan la comunicación han impuesto una forma y un contenido para informar y, además, lo han normalizado, estandarizando la comunicación. Cualquier otra comunicación que no se equipare a este patrón normalizado automáticamente es etiquetado y rechazado como información “no-objetiva”. De este asunto trata el nuevo libro de Serrano, “Contra la neutralidad”, publicado en la editorial Península.


La experiencia de Pascual Serrano como periodista, tanto en medios burgueses como alternativos implica un amplio conocimiento de lo que significa ser neutral y no lo ser. Conoce desde las entrañas de un diario como ABC el modo de presentar como información imparcial lo que es una mera opinión del director. También ha vivido en primera persona cómo a la información alternativa se la descalifica continuamente bajo el pretexto “por no ser objetiva” . ¿Y qué mejor defensa ante este ataque dialéctico sino recordándonos la vida y obra de grandes periodistas que no quisieron ser neutrales?


En esta obra se repasa la trayectoria periodística de periodistas famosos tales como John Reed, Rodolfo Walsh o el fotográfo Robert Capa, otro reconocido especialmente en el ámbito del periodismo como Ryszard Kapuscinski, y a Edgar Snow desconocido para la mayoría lectores castellanohablantes.


Edgar Snow, periodista norteamericano, fue el gran cronista de la revolución china, su obra 'Red Star Over China' fue un best-seller en los años siguientes a su publicación (1937), que coincidieron con los años más duros del franquismo en los que era inimaginable que ese libro se publicase ni siquiera circulase en territorio español. Por supuesto, después de leer el capítulo dedicado al autor ya he descargado el libro de Edgar Snow en mi e-book para ser una de mis próximas lecturas.


Esto es precisamente uno de los aspectos más apreciables de “Contra la neutralidad”, la invitación a leer las obras maestras escritas por esos periodistas y recordarnos que es posible hacer un periodismo de calidad, comprometido y que contribuyan positivamente a nuestra formación personal.


Pero, a la vez que releemos a estos enormes periodistas, el libro permite repasar las grandes revoluciones populares del siglo XX, la soviética, la china y la malograda mexicana, lo que hace inevitable llegar a la conclusión de que no tiene parangón el compromiso ético de los revolucionarios soviéticos o maoístas con algunos auto-proclamados revolucionarios.


En el último capítulo del libro se nos advierte cómo la información que recibimos esta absolutamente descontextualizada, cómo sólo la información breve y sensacionalista tiene cabida en los grandes medios de comunicación. Esta forma de comunicación impide la comprensión del lector de lo que está ocurriendo más allá de datos como el número de muertos en un conflicto, este es el modo de vendernos la información. Sobre los contenidos de estos mismos medios, el autor ya nos puso en aviso en su anterior libro “Desinformación. Cómo los medios ocultan el mundo”, denunciando las manipulaciones que convierten la mentira en verdad.


En suma, un libro que junto a los dos anteriores, forma una trilogía que disecciona el periodismo, eso sí, de un modo no neutral, sino escrita con el corazón y el conocimiento. O cómo diría el propio K. Marx con los ingredientes para ser un buen comunista: la ciencia y la compasión.
Serrano, Pascual.  "Contra la neutralidad. Tras los pasos de John Reed, Ryzard Kapuścińsky, Edgar Snow, Rodolfo Walsh y Robert Capa" . Editorial Península. Barcelona


Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras fuentes.




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Fuente: Rebelión

Lista dos melhores filmes de 2011, segundo Leandro Calbente

PICICA: Alguns dos filmes abaixo não foram exibidos no circuito comercial manauara. Nos demais municípios amazonenses, lamentos informar que eles jamais chegarão: não há salas de cinema no interior do Estado do Amazonas.

Minha lista dos melhores filmes de 2011

Esta é a minha primeira lista de melhores. Segui uma regra bem simples para selecioná-la: apenas os filmes que passaram pelo circuito comercial brasileiro, o que significa que descartei inúmeros filmes ótimos que assisti em festivais e principalmente na Mostra de Cinema de São Paulo. Além disso, preferi não classificar os filmes, afinal é difícil dizer qual desses é o primeiro ou qual é o segundo. Por isso, ordenei a lista apenas em ordem alfabética. Finalmente, gostaria muito de ter visto o Isto não é um filme, do diretor iraniano Jafar Panahi, tinha grande esperança de incluir este na lista. Infelizmente, perdi o filme no cinema e não pude encontrá-lo em parte alguma. Fora este, não acredito que incluiria nenhum outro filme que não consegui ver. Abaixo segue a lista, inclusive com o link no caso de ter escrito algo sobre o filme.

3. CÓPIA FIEL, de Abbas Kiarostami
9. POESIA, de Lee Chang-Dong
10. TIO BOONME, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS, de Apichatpong Weerasethakul
Fonte: Ensaios Ababelados

Rede de Saúde Mental e Economia Solidária: retrospectiva 2011

PICICA: Vida longa para a Rede de Saúde Mental e Economia Solidária de São Paulo.

Retrospectiva 2011 – Rede de Saúde Mental e ECOSOL

30/12/2011
O ano de 2011 foi de muitas conquistas e reconhecimento pelo trabalho da Rede de Saúde Mental e Economia Solidária.

No ano de 2011 a Rede construiu a Cooperativa Social 18 de Maio (em processo de registro na Junta Comercial), conseguiu um espaço público (Parque Municipal) na Av. Paulista para realizar suas Feiras de Saúde Mental e ECOSOL, juntamente com a RENILA (Rede Internúcleos da Luta Antimanicomial) encaminhou a Carta a Presidenta Dilma – sobre a Política de Alcool e outras Drogas, participou de um conjunto de mesas e oficinas debatendo o Cooperativismo Social, foi recebida pelo Prof. Paul Singer (Secretaria Nacional de ECOSOL – Ministério do Trabalho e Emprego), conseguiu um conjunto de Oficinas através da SUTACO (Superintendência do Trabalho Artesanal), participou do ATO Primavera da Saúde, participou ativamente da Semana da Luta Antimanicomial, participou dos debates sobre o PRONACOOP Social (Programa Nacional de Apoio ao Cooperativismo Social) e principalmente fortaleceu os laços dos projetos, oficinas e empreendimentos da Saúde Mental, chegando hoje a 22 cidades do Estado de São Paulo.

Esperamos de 2012 a aprovação do PRONACOOP Social, fazer lindas Feiras de Saúde Mental e ECOSOL e que nossa Rede fique cada vez mais coletiva e solidária!!! Feliz 2012 a todas e todos!!!

Queremos agradecer a todos os parceiros e todos os projetos e empreendimentos que em seu dia a dia apostaram na construção de nossa REDE!

Vejam como a Rede trabalhou em 2011 (é só clicar nos links):

Caminhada em defesa do quarteirão cultural do Itaim Bibi

Filme: Si Puo Fare (Dá para Fazer) e Roda de Conversa em Taboão da Serra

Relato reunião da Comissão de Organização da Cooperativa Social

Fotos e Entrevista – Fórum GeraRenda – Campinas

Reunião Comissão Construção da Cooperativa Social

18 de Maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial faz 24 anos!

Fotos da Semana da Luta Antimanicomial 2011, por Mario Moro

TV CUT faz Cobertura da V Feira de Saúde Mental e Economia Solidária

Matéria na TV dos Trabalhadores sobre Projeto Tear e a V Feira de Saúde Mental e ECOSOL

Vídeos e Fotos da V Feira de Saúde Mental e Economia Solidária

Dia 24 de Maio – Luta Antimanicomial em Sorocaba

Espetáculos e Debate, com Dario D Ambrosi, Teatro Patologico – Itália

Debate Saúde Mental e Arte – Dia 23 de Maio

Semana da Luta Antimanicomial 2011, por CRP-SP

Audiência Pública Necessidades e Prioridades do Cooperativismo Paulista

Atribuições e Composição da Cooperativa Social 18 de Maio

Entrevista sobre a construção da Cooperativa Social 18 de Maio

Empreendimento da Saúde Mental é visitado por delegação africana

Reunião com Advogada – Composição Diretoria da Cooperativa Social 18 de Maio

Projeto de Lei que beneficia a comercialização dos projetos de trabalho da saúde mental

Rede de Saúde Mental e ECOSOL participa da reunião da Frente Estadual Antimanicomial – SP

Inscrição Ônibus para a Primavera da Saúde, dia 27 de Setembro em Brasília

Dr. Roberto Tikanori recebe pedido de Reunião com a Rede de Saúde Mental e ECOSOL

Rede de Saúde Mental e ECOSOL terá Reunião com a SUTACO (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades)

5. Fórum da Educação – UNIÍTALO – Um diálogo necessário entre a Educação e a Saúde

Encaminhamentos da Reunião com o Prof. Paul Singer

Debate Reforma Psiquiátrica, Saúde Mental e ECOSOL, com o Filme Dá Para Fazer (Si Puo Fare)

Encontro: “GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA COMO DISPOSITIVO DA SAÚDE”

A Rede já aderiu. E seu Coletivo/ Entidade? – Carta da Frente Estadual Antimanicomial – SP

Reunião com Eduardo Jorge, aprovação do local da VI Feira

Rede de Saúde Mental e ECOSOL aparece em vídeo do Ato #PrimaveradaSaúde, feito pelo Conselho Federal de Psicologia

Carta à Presidenta Dilma – sobre a política de alcool e outras drogas

II Encontro Nacional de Experiências de Geração de Trabalho e Renda: Rumo ao Cooperativismo Social.

SINPSI apóia a Feira de Natal Diferente na Paulista, dia 10 de dezembro

Leia e Divulgue: Relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos: locais de internação para usuários de drogas

Adital Notícias: Divulga a Feira de Natal Diferente na Paulista, 10 de dezembro

Cooperativa Social 18 de Maio é discutida na Semana de ECOSOL de Diadema

Fotos da Feira de Natal Diferente na Paulista

Jornal Especial da UNISOL Brasil dá destaque ao Cooperativismo Social

Jornal Especial da UNISOL Brasil dá destaque ao Cooperativismo Social

Aprovado agenda 2012 – Parque na Av. Paulista

Fotos da VI Feira de Saúde Mental e ECOSOL, por Mentes Estúdio

Feliz 2012!! Com Slides das Fotos da VI Feira de Saúde Mental e ECOSOL

dezembro 30, 2011

"O Brasil tem um PIB maior que o da Inglaterra: e daí?", por Enio Squeff

PICICA: "Claro, termos um PIB maior que o da Inglaterra nos estimula em nossa auto-estima, assim como nos faz repensar nossos complexos de vira-latas. Mas continuamos a ostentar índices de pobreza alarmantes, a ter uma mídia assustadoramente medíocre e a não conseguirmos nos alçar culturalmente acima de outras muitas nações, que não têm o mesmo PIB que o nosso."




DEBATE ABERTO

O Brasil tem um PIB maior que o da Inglaterra: e daí?

Termos um PIB maior que o da Inglaterra nos estimula em nossa auto-estima, assim como nos faz repensar nossos complexos de vira-latas. Mas continuamos a ostentar índices de pobreza alarmantes, a ter uma mídia assustadoramente medíocre e a não conseguirmos nos alçar culturalmente acima de outras muitas nações, que não têm o mesmo PIB que o nosso.

O anúncio feito por alguns jornais londrinos e, mais tarde, pelo mundo, de que o PIB do Brasil superou o da Inglaterra, talvez tenha estremecido o corações patriótico de alguns brasileiros. O inglês Eric J. Hobsbawm afirmava que a proeminência econômica de certos países nem sempre lhes garantia uma maior relevância cultural. Dava, como exemplo, a Rússia do século XIX: era um país atrasado se comparado aos EUA – que já, na época, ensaiava tornar-se a nação mais poderoso do planeta. E concluía, com toda a razão, que a Rússia, mesmo mais pobre, era culturalmente muito mais avançada. E citava, sem necessariamente escolher autores americanos, os russos Tolstoi, Dostoievsky, Gógol, além dos músicos, como Rimsky Korsakov, Tchaikowsky e Mussorgsky. 

Parece não ser necessário, nem conveniente, aliás, os brasileiros querermos emular os ingleses neste item. Museus como a Tate Gallery ou o British Museum, sem falar do Convent Garden, entre muitas outras instituições culturais, impõem a certeza de que o Brasil ainda tem um mundo a construir. Não é apenas uma questão de PIB.

Talvez alguém avente ser difícil mesmo, que o Brasil, a essas alturas, tente qualquer roteiro de pirataria que, bem ou mal, foi um dos fatores de enriquecimento da Inglaterra; ou que nos mobilizemos para nos tornarmos tão bons colonizadores quanto nos permitam nossas forças navais – que não temos - ou nossa vocação belicista - que igualmente nos falta. 

Ademais, sem retornar no tempo, teríamos de levar em consideração que já no século XVII, a Inglaterra emergia como o futuro berço da burguesia industrial hegemônica do planeta, enquanto nós, na atualidade, até nos contentamos se tivermos uma indústria de tablets. São considerações às quais os economistas e historiadores acrescentariam certamente um mundo. Pois a isso deveríamos cuidar que emergissem talentos múltiplos como os de Shakespeare, Marlowe, Kipling, Virginia Wolf, Joyce e toda uma infinidade mais. 

Ao ser questionado certa vez sobre o futuro dos vinhos californianos, um sommelier francês famoso, avaliou que só uma coisa faltava aos norte-americanos para a sua vinicultura crescer: algumas centenas de anos de cultura. 

Digamos, a propósito, que o tamanho de nosso PIB, por mais desmesurado que venha a ser, jamais será suficientemente grande, a curto prazo, para gerar escritores, pintores ou músicos como os ingleses. Se é que o PIB conte alguma coisa a mais, para este tipo de mister.

Na verdade, não são questões que sequer possam ser postas na mesa. A Inglaterra não se fez ontem, nem seus artistas e intelectuais montaram seu grande teatro, sua pintura ou a sua portentosa literatura em cima apenas de cifrões; ou de uma hora pra outra, em condições não muito especiais.

Neste ponto a cultura é seletiva e, sob certos aspectos, extremamente avara. John Constable (1776-1837), grande paisagista inglês- um elo entre a Inglaterra e a França já que muitos pintores franceses se deixaram influenciar por ele, principalmente durante o período impressionista – não tinha fórmulas acabadas para as suas magníficas paisagens. Mas anotava que o céu é que determinava as cores da terra e não o contrário. A ser válida essa formulação, haveria que definir a cor do céu brasileiro; ou estabelecer como fundamentais as formações das nuvens, em cachos, não raro borrascosos, como na Grã-Bretanha. Muitos brasileiros talvez não saibam o que seja isso – mas grande parte dos britânicos não só sabe – tem, como razão inquestionável para se orgulharem do que são, a certeza de que, sem algumas dezenas ou centenas de anos, não se constroem civilizações. 

Evidentemente as coisas são relativas. Não fosse o verde esplêndido e quase pastoso, os ingleses não teriam impulsionado a pintura do outro lado do canal da Mancha. E presumivelmente a pintura mundial. Sem a predominância da marinha inglesa, os relatos marítimos que fizeram um escritor polonês, como Conrad tornar-se um dos maiores romancistas da língua inglesa do século XX, seria impensável, assim como Defoe, Stevenson, e sabe-se lá quantos mais, . Nada de comparações, portanto – mesmo porque não foi tanto o Brasil que viu aumentado o seu Produto Interno Bruto, mas a Inglaterra que viu decair o seu; e por obra e graça de uma crise assustadora que ameaça a existência do euro e do mundo. No entanto, questões do tipo, dão o que pensar. 

Na área cultural, que é o que interessa, o Brasil talvez precisasse menos de um PIB alto, do que de uma melhor distribuição da sua riqueza cultural. Machado de Assis admirava a literatura inglesa. Laurence Sterne. Defoe, e Fielding, entre outros, foram marcantes na sua literatura. Um de seus críticos mais categorizados, Roberto Schwartz, chega a incluir Machado no que ficou conhecido como “literatura vitoriana” – numa clara referência à era que recebeu o nome da longeva soberana inglesa e que marca o apogeu do Império Britânico. Difícil, a rigor, dimensionar o PIB com outro produto não tão bruto, como o cultural – aquilo que seria o nosso Produto Interno Cultural – o PIC (se isso existisse como tal) – e o quanto o nossa razoável condição econômica deve ao algo combalido Império Britânico. 

Não é uma dívida gratuita. A Inglaterra impôs-se ao mundo tanto com suas canhoneiras bem assestadas, para destruir qualquer país, quanto com a sua língua, para desmilingüir qualquer cultura. 

Numa certa medida, as coisas sempre se confundiram. E quando faltasse uma coisa ou outra, era comum os ingleses, literal e simplesmente varrerem certos países do mapa. Um dos episódios mais derrisórios desta situação se deu quando a rainha Vitória soube dos ultrajes recebidos por um embaixador inglês na Bolívia. O homem teria sido explicitamente espancado; e quando a soberana tomou conhecimento do fato, não hesitou em mobilizar o alto almirantado britânico. Queria porque queria dar uma lição ao país latino-americano. Em seus planos, deveria certamente pensar num bombardeio ou coisa que o valha. A pobre Bolívia saberia com quem estava lidando. Ocorre que só a caro custo os militares ingleses conseguiram convencer a rainha de que punir a Bolívia, era quase impossível. E a razão simplória é que, sem mar, era praticamente inadmissível atravessar outros países soberanos com um exército – fosse o Chile ou o Peru – até chegar a qualquer cidade boliviana, no altiplano. Além disso, como bombardear, desde navios, um país insular? Foi quando a rainha pediu um mapa. E se deparou então com a realidade que ela não queria admitir. Foi-lhe bastante, entretanto, ter uma carta geográfica a sua frente: com uma pena ou coisa que o valha, riscou a Bolívia e declarou-a “inexistente” para o Império Inglês. A Bolívia, enfim, só viria a reaparecer, anos mais tarde, quando, então, a rainha Vitória já tinha desaparecido. E a Bolívia voltou, quase que gratuitamente, a constar do planeta terra.

Claro, termos um PIB maior que o da Inglaterra nos estimula em nossa auto-estima, assim como nos faz repensar nossos complexos de vira-latas. Mas continuamos a ostentar índices de pobreza alarmantes, a ter uma mídia assustadoramente medíocre e a não conseguirmos nos alçar culturalmente acima de outras muitas nações, que não têm o mesmo PIB que o nosso. 

Certa vez, um crítico de música brasileiro perguntou a um compositor inglês, quantas orquestra sinfônicas existiam em Londres. Ele citou, sem pestanejar: “cinco”. E quando o crítico insistiu sobre a qualidade delas, qual seria a melhor, qual a mais homogênea, essas coisas, ele não hesitou, de novo: não sabia. É que todas eram excelentes. 

Talvez seja essa a questão: ela não se mede por qualquer PIB, mas são, afinal, juntamente bibliotecas, movimentos culturais, menos analfabetismo grande música ,etc. etc. o que realmente importa. Neste caso, porém...


Enio Squeff é artista plástico e jornalista.

Fonte: Carta Maior

Em memória de Thomás Meirelles. Por um país sem torturas.


PICICA: Em memória dos que lutaram pelas liberdades democráticas. Leia, também, "Um mundo de torturadores: a crueldade dos Estados" e "Lista com 233 acusados de tortura, divulgada em 78, volta agora à tona".

A História dos Direitos Humanos (para Victor Permaculturando e Bia Abinader)


PICICA: A dica do vídeo é do Observatório da Imprensa. Em tempo: Este post é dedicado ao velho Alberto Dines e ao moço Victor Alexandre, o nosso Permaculturando; e a todos os militantes dos Direitos Humanos. E, em especial, para Bia Abinader.

"Born This Way X Product of power relations", por Catarina Correa

PICICA: Para minha irmã Lilian - doutora em enfermagem, professora universitária, orgulho da família, praticante de aikidô, feminista, mãe do baíndio Gabriel e feminista - que se abalô de Salvador pra passar o Natal com os seus em Manaus em Manaus.

Um texto de Catarina Correa, blogueira feminista que nos faz aguardar ansiosamente seu vôo solo em um post no futuro próximo.

Lady Gaga: Eu nasci desse jeito; Foucault: Não, você é um produto das relações de poder / Do tumblr "Theories of a Brown Monkey"
É tão fácil discordar tanto de um quanto de outro. Também é igualmente fácil concordar com ambos, ou alternar-se entre eles. De tempos em tempos, ou em diferentes situações, um pode fazer mais sentido do que outro, falar mais alto ao coração de pessoas que se afirmam com identidades múltiplas, superpostas, contrapostas ou dispostas de qualquer outra maneira.
À parte da clara crítica que a foto divulgada no Facebook faz à cantora Lady Gaga (na minha opinião, uma ofensa à deusa toda poderosa, um pecado quase), a brincadeira nos remete à uma longa e duradoura discussão acerca da formação e manutenção das nossas identidades. Não suponho que exista somente essa dicotomia tão díspar, nem pretendo questionar se temos ou não identidade, ou se tal categoria é ou não tão totalizante que oprime mais do que nos afirma como sujeitos (políticos ou sociais).
Pretendo, no entanto, me focar na afirmação de ambos os contrapostos na imagem e que me são tão caras, em espaços diferentes. Acho mesmo fantástica a observação de Foucault, ainda que a explore apenas superficialmente aqui, sobre como nos conformamos em função das relações de poder da sociedade. Assemelha-se, para mim, ao ‘tornar-se mulher’ de Beauvoir, pois parte da compreensão de que a expressão de cada pessoa está mais relacionada à sua trajetória e contexto social do que às suas características biológicas propriamente ditas. Neste sentido, pode-se nascer do sexo masculino e ser mulher, pode-se nascer do sexo feminino e ser homem, pode-se nascer do sexo feminino e tornar-se mulher, mãe, ou nascer do sexo feminino e tornar-se mulher, trabalhadora, é possível tornar-se ambos, qualificados tanto no sexo feminino, quanto no masculino, ou em qualquer outro que se suponha existir, ou que se queira fazer existir. Concordo, portanto, com Foucault. As relações de poder, a família, escola, trabalho, amigas e amigos, os espaços múltiplos de socialização nos quais estamos imersos fazem de nós mesmos quem somos, não só em termos de gênero, mas de gosto, de preferências políticas, de comportamento, na forma como expressamos nossa sexualidade, etc.
Qual o sentido, então, naquilo que Lady Gaga diz? Por que afirmar que nascemos assim, e como é possível concordar com ambos? Ora, se eu sou mulher, ou homem, se fosse negra ou negro, homossexual, se sou tatuada ou se me visto só com roupas xadrezes e se entendo que tudo isso é parte das relações de poder que me circundam (não necessariamente a condição destas características, mas a forma como as expresso), como dizer que eu nasci assim?

Lady Gaga sabe de onde vem seu poder / Foto retirada do clipe de "Alejandro"
Sendo a própria Lady Gaga um produto que se constrói e reconstrói, que se pensa a partir do pop derivativo, ela mesma compreende o tanto que não nasceu daquele jeito. Ela não nasceu Lady Gaga, sabe disso e expressa-o sempre que é escutada. Não se trata de pensar as categorias identitárias como essência de cada um que as possui, até por que tanto sua posse quanto sua expressão são diferenciadas em cada um.
Ainda assim, existe um processo de marginalização de determinadas identidades, estas que, entendidas como desvio, como erro, como subversão, tendem a ser suprimidas como identidades outras, diferentes, simplesmente aquilo que não é o que deve ser. Assim, numa quase oposição entre maioria e minoria, na qual a maioria seria não só absoluta como também um elemento de opressão e repressão de uma minoria diferente (que alguns tendem a chamar de hegemonia), é preciso pensar como ser minoria, como subverter a ordem e não deixar com que sua identidade seja entendida como desvio, como passível de correção?
Isto é o Born This Way de Lady Gaga, a afirmação de uma identidade marginalizada. A possibilidade de dizer ‘não me corrija, ainda que eu seja, como todas e todos, produto das relações de poder que me circundam’. Deixem-me ser eu mesma, assim como sou. Dizer “eu nasci assim” significa dar invisibilidade a processos de formação dos sujeitos e das preferências, mas significa, também, dizer que estou consciente de quem sou e assim quero ser. Mulher ou homem, homo ou heterossexual, independente da identidade de gênero, da expressão sexual, independente da cor, etnia, raça, religião.
Trata-se de afirmar-se sujeito, afirmar-se capaz num mundo que subalterniza as preferências de grupos e indivíduos minoritários sob o julgo da não informação, da vivência do gueto, marginal, formada a partir de espaços de socialização obscurantizados para a maioria.
É possível, portanto, entender-se a partir de relações sociais, mas afirmar-se, politicamente que seja, como essencialmente do jeito que se é. E, assim, meus desejos feministas para o ano que se inicia (independente do meu não reconhecimento do ano novo como uma data com qualquer relevância energética, mas, sim, meramente formal), é que saibamos cada vez mais afirmar-nos politicamente. Nascidos de uma série de formas, formados por uma série de relações, mas dispostos a ser quem somos essencialmente do jeito que somos, a fim de não termos nossas identidades subalternizadas. Feministas, sempre.

Marcelo Caetano

Viajandão e sonhador. Santista (de nascimento e de futebol) com sangue nordestino. Homem e revolucionário.
Fonte: Blogueiras Feministas