PICICA: "Esteve
também no encontro o primeiro secretário do Cimi, Egydio Schwade, que
fez a denúncia da ação genocida da empreiteira e mineradora Paranapanema
junto ao povo Waimiri Atroari. Essa
realidade está registrada e fartamente documentada no livro “Ditadura
militar e o genocídio do povo Waimiri/Atroari”, resultado da convivência
e décadas de pesquisa, feita por Egydio, sua família e aliados. Dois
dias antes fez o lançamento no Congresso Nacional, numa sessão especial
da Comissão de Direitos Humanos."
Mineração - buracos de morte
Esta é uma das constatações feitas no 2° Encontro de “Igrejas e Mineração”, que se realizou essa semana em Brasília. Apesar de estar em curso um incremento da atividade de mineração motivada pela elevação dos preços das commodities em que se transformaram os minérios e com o apoio dos Estados nacionais, os “buracos de morte e destruição” começam a aumentar em quase todos os países do continente. Mais de 60% das grandes mineradoras são Canadenses. Também surgem neste cenário, com grande voracidade, empresas mineradoras chinesas e japonesas.
“Epidemia de resistência”
O seminário Igrejas e Mineração é uma articulação promissora de religiosos (as), leigos e leigas, igrejas, movimentos de pessoas que fizeram uma opção em defesa das comunidades e territórios, motivados pela fé que os unem numa mística e pela espiritualidade que brota de sua presença e compromisso com os atingidos pela mineração. Através da denúncia profética e do testemunho buscam construir espaços de resistência e solidariedade, caminhos de esperança e bem viver.
Favorecer os intercâmbios, as trocas de experiências, através de visitas, encontros e celebrações, são formas de ampliar a resistência, construir alianças e articular estratégias de enfrentamento com as atividades mortíferas do atual modelo de exploração mineral. Foi denunciado a corrupção e cooptação praticadas por empresas de mineração no intuito de quebrar a oposição das comunidades, criminalizando e espalhando o terror e violência nos territórios, especialmente dos povos indígenas, originários.
O Encontro, que contou com quase 100 pessoas de 13 países, foi um momento forte de celebração dos mártires e serviu também para alimentar a esperança de que uma outra América Latina, plural e justa, é possível e urgente.
O genocídio Waimiri Atroari
Em seu depoimento, falou da estratégia do Estado a serviço dos grandes interesses nacionais e multinacionais, que inclusive resultaram na expulsão de sua família da área indígena, bem como de outros missionários do Cimi. “Os Waimiri Atroari são o povo que sem dúvida mais sofreu nos últimos 200 anos. Só no período da construção da estrada BR 174 que ligou Manaus a Boa vista, entre 1967 a 1977, mais de 2000 pessoas desse povo foram mortas por armas, bombas e epidemias”. A estrada não foi feita para beneficiar a população do Amazonas e Roraima, mas para acolher os pleitos da mineradora Paranapanema, desabafou. Tanto é assim que o então presidente da ditadura militar, João Figueiredo, desmembrou em 1981 grande parte da terra indígena para doar à mineradora.
Infelizmente o povo Waimiri/Atroari ainda se encontra num grande cerco de isolamento, organizado por empresas e programas. Romper esse silenciamento, esclarecer o genocídio e punir os responsáveis faz parte dos objetivos dessa publicação, que foi entregue para a Comissão Nacional da Verdade, cujo relatório será entregue à presidenta Dilma nos próximos dias.
Índios do Tocantins denunciam Kátia Abreu
Na conclusão de suas atividades, fizeram uma visita aos participantes da rede de Educação Cidadã, onde se encontra Frei Beto e aos participantes do encontro internacional ‘Igrejas e mineração’. Agradeceram pelo apoio que manifestaram aos povos indígenas do Brasil em sua heróica luta contra a Proposta de Emenda à Constituição 215/00 e o Projeto de Lei 16 10, ambos ameaçadores dos territórios e vidas dos povos indígenas.
Egon Heck, Secretariado Nacional do Cimi, Brasília, 6 de dezembro de 2014
Fonte: CIMI
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