PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
dezembro 29, 2008
Convite ao ajuri do caracol de Outeiro
Feliz ano novo: em 2009 participe do ajuri do carcol de Outeiro, Belém, PA
A Flor da Palavra, rede de inspiração zapatista que anima a criação de laços de comunicação e solidariedade entre povos, movimentos, grupos e indivíduos, tecendo-se assim "um mundo onde caibam muitos mundos", convida todos e todas a participar do ajuri de construção do primeiro caracol do Brasil na Ilha de Caratateua (Outeiro), região metropolitana de Belém, a partir de janeiro de 2009. Os "caracóis" são as sedes para a organização da autogestão nas regiões zapatistas em Chiapas (México), unindo os seus municípios e comunidades autônomas e facilitando a conexão dos povos indígenas com a solidariedade da sociedade civil nacional e internacional. O "ajuri" é uma prática tradicional dos povos caboclos e indígenas da Amazônia, conhecida por muitos como "mutirão", no qual grupos e indivíduos se unem em solidariedade para, por exemplo, "limpar" o terreno de alguma família para a nova roça. No Outeiro o ajuri é para comprar um terreno e iniciar a construção física e humana de um espaço permanente que sirva para cultivar a autonomia junto à população local e conectá-la com outras lutas.
Envie o quanto antes doações para a compra do terreno: conta poupança 10.880 dig 4, agência 1551 dig 2, Banco do Brasil, em nome de Jeferson Zacarias da Silva. Ao fazer algum depósito por favor comunique a rede Flor da Palavra através do e-mail coletivo palavra@lists.riseup.net, que também é aberta a novos inscritos para a tecitura desta e outras ações. Em janeiro vá até lá para ajudar na compra e na construção das estruturas físicas e humanas do caracol, debater o seu funcionamento e estratégias de atuação com a população local, e iniciar ações visando fortalecer a sua autonomia. Traga barracas, alimentos e contribuições diversas para a futura estrutura do local, como computadores velhos, sementes e ferramentas para horta, livros para biblioteca ou materiais de bioconstrução, segundo o tipo de contribuição que queira dar, ou mesmo oficinas, rádios livres, filmadoras e outras iniciativas para já dar início às práticas autonomistas. Não haverá um planejamento prévio fechado, pois espera-se que esta ação seja resultado da soma das palavras e caminhadas trazidas pelos diversos participantes ativistas e dos moradores do lugar.
Existem já iniciativas para que o caracol seja também um encontro horizontal e autogestionário de grupos autônomos, de rádios livres, e de coletivos do Centro de Mídia Independente e outros grupos, como o submidialogia. A Flor da Palavra relembra a idéia de transformação socialdo EZLN: "uma revolução que resulte da luta em várias frentes sociais, com muitos métodos, sob diferentes formas sociais, com graus diversos de compromisso e participação" e destaca a importância de que o principal encontro seja com os povos que moram e freqüentam a ilha. Caratateua, Outeiro ou Ilha das Barreiras, nomes pelos quais é conhecida, é administrada por Belém, estando ligada ao centro por 18 km e uma pontei naugurada em 1986. Tem uma população de 16.665 (dados da prefeitura de Belém de 1997) distribuída nos bairros Brasília, Itaiteua, Tucumaeira, Fama, Fidélis, Água Boa, Primavera e Água Cristalina, que combinam aspectos da vida rural ribeirinha (como pesca e produção de açaí) com uma urbanização crescente e ligada à expansão do turismo popular. Sofre com problemas de infra-estrutura, saneamento básico e outros ligados ao seu perfil de região pobre e não prioritária para o Estado.
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