terça-feira, 23 de dezembro 2008
Mix
É meio vergonhosa para o jornalismo dos grandes veículos a justaposição entre as duas últimas edições do Roda Viva, o espetáculo de servilismo a Gilmar Mendes proporcionado por todos (menos Eliane Cantanhêde) na semana passada e o espetáculo de indignação irrelevante e corporativista que proporcionaram outros quatro jornalistas nesta segunda à noite com o Delegado Protógenes Queiroz. O sujeito investiga à fundo a organização criminosa de mais longos tentáculos do capitalismo brasileiro, publica um relatório de 210 páginas e os jornalistas não têm uma única pergunta sobre o conteúdo que foi revelado ali? Têm que dedicar um bloco inteiro a insistir que um delegado da Polícia Federal especule sobre como uma revista de pouca credibilidade inventou um grampo acompanhado de uma acusação? Será que perderam completamente a noção do significado da expressão ônus da prova? Fernando Rodrigues quis interrogar o delegado sobre o pedido de prisão a Andrea Michael, da Folha. Não pré-julgo a jornalista, mas se Rodrigues queria se referir ao “áudio citado” por Protógenes, não teria que ter lido o trecho anódino que leu, mas por exemplo a página 81 (pdf). Fica difícil diferenciar, às vezes, o que é ruindade pura e simples do que é má fé no jornalismo brasileiro. Leram o raio do relatório inteiro ou não? O último segmento do programa foi um baile de Protógenes, a quem o blog deixa seus parabéns. De minha parte, reduzi radicalmente, nas últimas semanas, o tempo dedicado a consumir o jornalismo dos grandes veículos: 20 minutos diários no máximo. O Roda Viva desta segunda, com certeza, foi meu último por um bom tempo.
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A Carta Capital publicou um editorial demolidor sobre o Roda Viva da semana passada.
Fonte: O Biscoito Fino e a Massa
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Leia o blog do Protógenes Queiróz
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