18/12/2008 00:38:0
Manoel de Barros: o maior vendedor de poesia do país
Por Bosco Martins, João Carlos Gomes e José Santini
Uma entrevista exclusiva com o autor de Memórias Inventadas - A Terceira Infância - e maior vendedor de livros de poesia do País. Imperdível.
Lançada no mercado de publicações, por um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros, Sergio de Souza (que partiu este ano), a revista Caros Amigos sempre circulou, nestes 11 anos, sob um ponto de vista original e diferenciado. Neste final de ano presenteia seus leitores e fãs, trazendo uma entrevista exclusiva com o poeta pantaneiro: Manoel de Barros. Reza a lenda, que cada vez mais arredio à imprensa (perdeu um filho recente) e avesso a entrevistas, à Caros Amigos, mais uma vez, conseguiu o feito, por sua admiração à revista e seus editores e pela interlocução de seu correspondente no Mato Grosso do Sul, o repórter Bosco Martins. Amigo do poeta e de sua esposa Stella, há quase trinta anos, é um dos poucos jornalistas que ainda freqüenta sua intimidade e residência em Campo Grande/MS, onde mora o poeta. Esta relação de amizade, fez com que o mesmo se tornasse, uma espécie de interlocutor, dos admiradores que querem conhecê-lo. Desta feita, já estiveram na residência do casal, entre outros: José Hamilton Ribeiro, José Julio Chiavenato, Apolônio de Carvalho, Cássia Kiss, entre dezenas de globais, Gilberto Gil , ainda Ministro , que se “avexou” por o poeta tê-lo convidado à “praticar o ócio”, etc. Estas e outras estórias, se transformarão em livro (já no prelo) devendo ser lançado em breve pelo jornalista. Mas é graças ao resultado desta intimidade entre o jornalista e o poeta que foi possível, à Caros Amigos, nos revelar confidências inéditas: Manoel o fala da obra de Paulo Coelho e de seu encontro com Vinicius Moraes, numa famosa casa da boêmia carioca da década de 60, do seu quase “encontro” com Manuel Bandeira e revela inclusive, uma decisão dolorosa à todos que amam sua poesia. Por conta da idade, o poeta revela ao jornalista, que “Memórias Inventadas- A Terceira Infância-” (recém lançado pela Ed. Planeta), pode ser seu ultimo livro. Para os que acham pouco, mais revelações exclusivas sobre Manoel de Barros que completa neste mês Dezembro, 92 anos (dia 19). Seguindo a sina de interlocutor e confidente do poeta, Bosco Martins, introduz desta vez, em sua sala de visitas outros dois jovens jornalistas, que trazem um presentão para ele nesta data especial: a informação de que sua obra ganhou tradução para língua inglesa. Suas tradutoras, como as de Guimarães Rosa e Machado de Assis, afirmam que foi preciso se desdobrarem para transportá-lo para a língua de Shakespeare. Sua “ originalidade lingüística,” provocou “um verdadeiro exercício semântico e poético”, garantem as duas, aos jornalistas João Carlos Lopes e José Santini. Juntos, com Bosco Martins assinam, este material imperdível e inédito.
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Manoel de Barros desvenda a infância da palavra
Maior vendedor de livros de poesia do País, o poeta pantaneiro diz que a semente da palavra é a voz de Deus, mas que só as crianças, os tontos e os poetas podem semeá-la
Por Bosco Martins
Mesmo quase sem escrever, Manoel de Barros não é o poeta triste e solitário à espera das horas. É na infância que ele continua a viver. E é dessa infância que nasce toda a sua poesia. Sua saudade é a fonte do minimalismo que eterniza as coisas sem importância do sertão pantaneiro. "Meu umbigo ainda não caiu. A ciência é essa: eu ainda sou infantil".
Mas a sua ciência não é lógica, é um contra-senso. Tudo nele é contraditório e desaforado. Nas paredes da sala de sua casa estão ladeados um arlequim de Degas e um velho retrato do vagabundo de Chaplin. No escritório onde produz uma poesia que só explica com imagens, as paredes são brancas. Nas suas mãos estão os profetas bíblicos, embora ele já tinha dito que é comunista. Reservado, há mais de uma década ele se dedica a responder perguntas apenas por escrito. Foram raros os momentos em que se permitiu mostrar sob a palavra falada. Mas foi num desses raros momentos que ele recebeu a Caros Amigos em sua casa, em Campo Grande, cidade onde mora e mantém o seu "escritório de ser inútil, isto é, de ser poeta".
Mas que fique claro: esta entrevista não se trata de um lançamento do seu novo livro. Ele faz questão de enfatizar: "Eu não lanço nada. Porque essa palavra "lançar", lá em Cuiabá, quer dizer vomitar. Então eu nunca vomitei e nem vou vomitar aqui".
Leia os principais trechos da entrevista. Acesse http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=3726
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