PICICA 1: "A voz é baixa,
o corpo já não permite lutar no front, mas a lucidez do catalão D.
Pedro Maria Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do
Araguaia, é capaz de constranger. Por várias vezes quase assassinado,
devido à sua opção pela defesa dos pequenos e o conflito com os grandes,
D. Pedro ainda recebe ameaças."
PICICA 2: Nos anos 1970, D. Pedro Casaldáliga era, para minha geração, uma das principais referências da luta política contra a ditadura militar. Conheci-o num debate público na Biblioteca Pública do Estado do Amazonas (atualmente fechada para obras intermináveis).
D. Pedro Casaldáliga – “O problema é ter medo do medo” – Especial para o QTMD?
“Quando fomos investigados, a
Polícia Federal me parou e perguntava sobre socialismo. Eu dizia: se
querem falar de socialismo, vamos falar de socialização. Se não se
socializa a terra do campo e a terra urbana. A saúde, a educação, a
comunicação… Se não se socializa esses bens essenciais… Não haverá
paz.”, sinalizou o bispo para quem “toda a verdadeira política se devia
dedicar a humanizar a humanidade.”
Por Ana Helena Tavares(*) - do “Quem tem medo da democracia?“
A voz é baixa,
o corpo já não permite lutar no front, mas a lucidez do catalão D.
Pedro Maria Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do
Araguaia, é capaz de constranger. Por várias vezes quase assassinado,
devido à sua opção pela defesa dos pequenos e o conflito com os grandes,
D. Pedro ainda recebe ameaças.
O QTMD? viajou ao Araguaia para ver e
ouvir de perto um pouco da história deste homem que optou por viver
“descalço sobre a terra vermelha”. “’Descalço’ quer dizer sem
consumismo. ‘Sobre a terra vermelha’. Uma terra ensopada de suor,… Mas
também ensopada de sangue”, definiu Casaldáliga.
Para ele, todos os partidos e governos
têm três dividas com o povo: A da Reforma Agrária – reforma que “não há,
não há, não há…”, a da Causa Indígena – “os índios sobram frente ao
agronegócio” – e a dos Pequenos Projetos – “a obsessão pelos grandes
projetos é marca do governo atual”.
O bispo, que enfrentou a repressão do
regime militar, lembrou que “Jesus enfrentou as forças do Império
Romano”, e falou sobre Comissão da Verdade, lamentando a falta de
punição aos torturadores: “A memória histórica tem que servir de lição”,
sublinhou.
Assistam a dois vídeos com a entrevista. Abaixo, segue a transcrição.
Recebido por tochas
“Eu cheguei em 1968 ao Rio de Janeiro
(onde ficou cerca de 4 meses). Saímos de Madrid a 11 graus abaixo de
zero e chegamos ao Rio de Janeiro a 38. Tinha aquelas tochas do
aeroporto para a cidade. Umas tochas acesas… Eu ainda estou vendo…
Aquele calor, com aquelas tochas… Passamos uma noite sem dormir.”
“Há muitos Brasis”
“E depois, em Petrópolis, eu fiz um
curso que tem a Igreja Católica no Brasil para missionários que vêm de
fora. Para estudar a língua e ter uma noção de história do país. Da
Igreja no país. E foi providencial. Porque, na época da ditadura
militar, se tivéssemos chegado diretamente, da maneira como nós chegamos
(foto), para São Félix do Araguaia… Nós estaríamos perdidos.
Completamente despistados, sem saber da situação verdadeira… As causas
da situação. As migrações: por que motivo? A história do país. Que há
muitos Brasis…”.
Sete dias de caminhão
“Foram quase sete dias de caminhão de
São Paulo até aqui (São Félix do Araguaia). Porque a estrada estava se
abrindo, não tinha estrada. As pontes eram pequenas. Tinha muitos
córregos… Agora, quando se faz o caminho de Barra do Garças para cá, não
se tem nem idéia de como era a região.”
“Cadê a mata do posto?”
“Está tudo desmatado. Os córregos todos
profanados, alguns deles secos já perderam toda a vitalidade. Tinha
mata… Se fala do Posto da Mata… Cadê a mata do posto?”
“Terra de ninguém”
D. Pedro Casaldáliga chegou ao Brasil em
janeiro de 68, portanto antes do AI-5 (que foi em dezembro do mesmo
ano), mas garante: “já era clima de ditadura tensa”. E São Félix do
Araguaia era, segundo ele, “um lugar onde o Estado não estava presente.
Terra de ninguém.”
“Conflito com a política oficial”
D. Pedro lembra que, em 68, “começavam a
vir as grandes fazendas com os incentivos fiscais da SUDAM.” E
prossegue: “Automaticamente, para nós, a convivência com os pobres, pelo
povo e pelos pequenos, significava entrar em conflito com o latifúndio.
Entrar em conflito com a política oficial.”
“Estavam de um lado os índios, os
posseiros, os peões… Do outro, os fazendeiros, a polícia, o Exército, o
governo, o Estado… Logo, quase bem do início, já percebemos que a luta
seria essa. Se nos posicionávamos do lado do povo, entrávamos em
conflito com a política oficial.”
A guerrilha
“Diálogo de surdos”
“Foram presos muitos agentes de
pastoral. Torturados. As presidências da CNBB foram muito solidárias
conosco. E tivemos possibilidade de discutir com as autoridades por esse
respaldo da CNBB. Só que era um diálogo de surdos.”
“Veio, em 1972, o ministro da Justiça da
época. (Alfredo) Buzaid, ministro da Justiça (governo Médici). Estive
com ele. Discutimos… Ele prometia o que não queria dar. Se impressionou
no máximo pelo início da Reforma Agrária. Pelos sucessos de Santa
Terezinha dentro da região.”
“Um grito!”
“Ação Cívica e Social do Exército”
“Nós tivemos aqui na região quatro
operações da ACISO. “Ação Cívica e Social do Exército.” Que vinha para
esses interiores arrancar dentes e consultar… Vinham de fato
inspecionar. Porque abrangia a área estrita da Prelazia.”
“Vasculhavam as nossas casas… Exigiam a
prisão… Levavam os agentes de pastoral presos e torturados para o
Quartel do Exército de Campo Grande. Porque tudo era suspeito… Havia um
clima de terror nessas regiões todas.”
“O povo foi torturado como cúmplice”
“Muitos anos depois, o povo se sentia
livre para agir, para conversar. Em certas celebrações que tivemos,
ainda havia uma reticência. Porque, além dos guerrilheiros que foram
mortos, o povo foi torturado, maltratado como cúmplice… Os guerrilheiros
tinham criado amizades, alguns eram médicos, professores.”
“Os índios sobram frente ao agronegócio”
Quanto aos índios, “já era uma atitude
que continuava a política toda da colonização… Os índios sobravam. E
estamos no mesmo problema… Sobram frente ao agronegócio. Porque a
política indígena, a cosmovisão indígena, a cultura indígena, a economia
indígena… É contrária à política e à economia do agronegócio. Por isso,
eu dizia que tivemos problema na defesa desses três grupos de pessoas
Os povos indígenas, os posseiros e os peões.”
“O problema é ter medo do medo”
“Detectamos o trabalho escravo. E o
denunciamos… Foi aqui onde primeiro se denunciou o trabalho escravo.”
Perguntado se em algum momento teve medo de morrer, o bispo do Araguaia
não hesitou:
“Vários! Ainda agora, por exemplo… Essa situação dos intrusos, os que comandam a intrusão (de terras indígenas, clique aqui para conferir reportagem do QTMD? sobre o assunto). Acham que a culpa principal é minha por eu ter defendido esses índios.”
“Mas (na ditadura) éramos todos
ameaçados… Eu tenho uma significação por ser bispo. Lógico… Eu digo
sempre que o problema não é ter medo… O problema é ter medo do medo,
(porque o medo) é uma reação defensiva.”
A morte do padre Burnier
Casaldáliga e o padre João Bosco
Burnier, assassinado por um policial, estavam numa delegacia para
defender mulheres torturadas. Uma delas é a que aparece na foto ao lado,
observada por Casaldáliga, de óculos. Aquela foi uma das quatro
ocasiões em que o bispo foi quase expulso do Brasil.
“O povo de Ribeirão Cascalheira derrubou
a cadeia e a delegacia. Disseram que eu estava comandando esta
derrubada da cadeia… Cadeia funcionando… E que podiam pedir a minha
expulsão. Eu precisamente tinha saído rapidamente a Goiânia levando a
denúncia da morte do Padre João Bosco (Burnier) e eu já não estava (em
São Félix).”
“Não há… Não há… Não há Reforma
Agrária.”, enfatiza Dom Pedro Casaldáliga. “A Reforma Agrária supõe
Reforma Agrícola também. Uma política a favor da Agricultura Familiar.
Um acompanhamento dos assentamentos. Se tem feito alguns acordos… Mas
não entram no que eu digo…”
“Eu digo que esses partidos, esses
governos todos têm três dívidas: a da Reforma Agrária; a da Causa
Indígena; e a dos Pequenos Projetos. De Agricultura Familiar, de
Mini-Empresas… Têm essa dívida.”
“E com o capitalismo neoliberal… Com a
política da exportação… Se confirma que esses países da América Latina e
o Brasil, particularmente… Estão destinados a serem exportadores de
matéria prima. É uma política contrária completamente às necessidades do
povo.”
“O povo tenta fazer (a Reforma Agrária)…
O MST e outras forças populares tentam gestos da Reforma Agrária. Mas a
política oficial não é da Reforma Agrária. Insistindo: o que se pede é
uma Reforma Agrária que seja uma Reforma Agrícola também. Porque terra é
mais do que terra! Para o índio, sobretudo, é o habitat.”
“O bispo Pedro é comunista”
“Nós éramos comunistas, aqui na região,
na Prelazia. E se deram casos pitorescos. Numa ocasião (na ditadura
militar), a polícia lá em Santa Terezinha dizendo que: “O bispo Pedro é
comunista”! Um dos camponeses falou: ‘Eu não sei o que é comunista.
Agora, se comunista é ser da comunidade, trabalhar para a comunidade, o
bispo Pedro é comunista’”.
“Os primeiros socialistas se inspiraram no Evangelho”
“No problema da justiça e da igualdade,
estamos na mesma. Por motivos filosóficos, históricos e de fé… Também se
diz: “Estamos no mesmo barco.” E, em certa medida, é verdade. Estamos
no mesmo barco, mesmo que nós acrescentemos o motivo da fé. A procura da
justiça social, da fraternidade universal… Os primeiros socialistas se
inspiraram no Evangelho.”
“Dialético, marxista, humano”
“Por outra parte, se critica a Teologia
da Libertação de ser marxista. Não é marxista. Porque existem categorias
que são comuns… Dizer que os ricos cada vez mais ricos à custa dos
pobres cada vez mais pobres… Isso é dialético! É marxista! É humano! Uma
consideração humana da realidade dá esse resultado: que os ricos são
cada vez mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres.”
Socialização: a prerrogativa para a paz
“Quando fomos investigados aqui (na
ditadura militar)… A Polícia Federal me parou e perguntava sobre
socialismo. Eu dizia: se querem falar de socialismo, vamos falar de
socialização. Se não se socializa a terra… A terra do campo e a terra
urbana. A saúde, a educação, a comunicação… Se não se socializa esses
bens maiores, essenciais… Não haverá paz.”
“Como Jesus optou…”
“Há um passado, um presente e um futuro
(para a Teologia da Libertação). E, em todo caso, toda verdadeira
teologia tem de ser Teologia da Libertação. A teologia cristã tem que
optar pela igualdade fraterna da humanidade. Tem que optar pelos pobres,
pelos pequenos, pelos marginalizados. Como Jesus optou.”
“Enfrentando, se preciso, as forças do
poder. Como Jesus enfrentou as forças do Império Romano. As forças de
uma religião utilizada… As forças do latifúndio na Palestina. Então… Um
cristão que queira ser cristão de verdade tem que fazer essas opções.
Isso chamamos de Teologia da Libertação.”
“A memória histórica tem que servir de lição.”
D. Pedro Casaldáliga concorda que se
investiguem as violações dos direitos humanos que tenham ocorrido entre
1946 e 1988, como está fazendo a Comissão da Verdade. “Eu acho que é bom
que se abranja também essa outra área.”
“Porque o perigo de torturar fisicamente
e psicologicamente está nas mãos de todos os governos que sejam mais ou
menos ditatoriais. A ditadura foi o momento alto dessa repressão… Desse
abuso de poder. Mas devemos prevenir para qualquer outro momento.”
O bispo, porém, discorda da falta de
punição aos torturadores: “Deveriam ser punidos. A memória histórica tem
que servir de lição. Não pode ser apenas evocar estaticamente uns
heróis e uns torturadores. Vários países da América Latina têm dado o
exemplo disso”.
América Latina: “Pátria Grande”
Casaldáliga considera que a América
Latina “está melhor hoje do que ontem. Porque temos governos mais ou
menos de esquerda. Porque há uma maior consciência de que somos um
continente.”
“Uma “Pátria Grande”, como diziam os
libertadores. “A nossa América”, diziam eles também. Eu digo sempre que a
América Latina e o Caribe ou se salvam continentalmente todos ou não se
salvam. Tem que ser uma comunidade de nações, porque temos uma
característica especial.”
“Paixão latino-americana”
“Já, em parte, se está conseguindo que a
América Latina não seja tão abertamente o quintal dos Estados Unidos.
Se está dando passos importantes. Quando se fala da Venezuela, eu digo
que, com os erros de Hugo Chávez, tem umas contribuições significativas.
Uma delas é essa paixão latino-americana.”
“O Brasil é outra coisa”
“Custou o Brasil tomar consciência de
que somos América Latina. Pelo idioma… Por uma certa atitude hegemônica…
Que, às vezes, não é suficientemente controlada… O Brasil é outra
coisa.”
Não acredito, mas…
O bispo não acredita em novo golpe. Ao
menos, não nos moldes do que ocorreu em 64. “Nem aqui nem em outros
lugares da América Latina. Mas há outros tipos de golpes… Por isso, é
bom prevenir… Para que as ditaduras não sejam camufladas… Podem ser
ditaduras militares, podem ser ditaduras civis também…”
Os “outros tipos de golpes”…
“O governo do Paraguai não é legítimo, o
governo de Honduras não é legítimo. Evidente. São golpes de Estado, são
ditaduras camufladas a serviço dos interesses do Império. (o grande
capital) Que agora é menos expressivamente dos países… A globalização os
tem metido a todos no mesmo saco.”
“O nosso DNA é ser raça humana”
“Por outra parte, há um cenário, uma
nova consciência de sermos uma unidade. Somos a família humana. Agora
não se pode prescindir do resto do mundo. Sempre temos dito que o pecado
dos EUA é se considerar como ele só no mundo. E o resto é resto.”
“Agora com a globalização e suas
malezas, e seus abusos… Tem se aberto um espaço… Uma unidade. A
característica primeira é de ser humanos…”
“Eu digo que o nosso DNA é ser raça
humana. Família humana. Existem (“raças”) como identidade. Mas, dentro
dessa identidade, primeiro é o fato de ser humanos. E toda a verdadeira política se devia dedicar a humanizar a humanidade.”
“Capitalismo com rosto humano é impossível”
Perguntado se há possibilidade de haver
uma verdadeira democracia dentro do capitalismo, o bispo do Araguaia foi
enfático: “Não! O capitalismo é nefasto. E não tem solução… O
capitalismo é o egoísmo coletivo. É a segregação da imensa maioria. É o
lucro pelo lucro. É a utilização das pessoas e dos povos a serviço de um
grupo de privilegiados. Quando se trata de um “capitalismo com rosto
humano” se está pedindo o impossível. É impossível.”
“A democracia é uma palavra profanada.”
Para D. Pedro Casaldáliga, não há
democracia verdadeira em lugar nenhum do mundo. “Porque se tem uma
democracia formal… Uma democracia, entre aspas, política. Mas não se tem
democracia econômica… Não se tem democracia hênica (étnica). Os povos
indígenas, dentro destes Estados democráticos… São coibidos. São
marginalizados. Se vêem obrigados a reivindicar os direitos que são
elementares para eles. A democracia é uma palavra profanada.”
Quem tem medo da democracia?
“Da verdadeira democracia… Têm medo
todos aqueles que continuam defendendo privilégios para umas pessoas…
Privilégios para uns poucos.”
“Todos aqueles que fazem da propriedade privada um direito absoluto.”
“Todos aqueles que não entendem que a propriedade tem uma hipoteca social.”
“Todos aqueles que considerem que podem
existir pessoas, governos e Estados que vivam de privilégio à custa da
dominação e da exploração…”
“Não há liberdade de imprensa”
“A grande mídia é a mídia dos grandes.
Com isso está dito tudo… Não há liberdade de imprensa. Eu tenho visto
jornalistas chorando de raiva porque fizeram matéria e o editor
tergiversou (distorceu) tudo praticamente… Colocando o título tal e
tergiversa (distorce) tudo o que foi dito no texto. Sim. Sim. Tem tido
casos assim.”
Governo Dilma: “obsessão pelos grandes projetos”
“A crítica que eu faço é dessas três
dívidas: A dívida da Reforma Agrária. A dívida da Causa Indígena. E a
dívida dos pequenos projetos. Se faz os grandes projetos… Belo Monte.
São Francisco. Hidrelétricas… Grandes projetos… O Brasil é destinado a
ser uma grande fábrica a serviço deles.”
“Um índio Carajá dizia uns anos atrás…
Numa coletiva de imprensa na Europa: “Eu acho que o nosso governo está
mais interessado em engordar os porcos de obra…” “Do que em cuidar do
seu povo…” Engordar os porcos… Sem recolher a soja… Fazer da soja a
grande exportação. Há uns atrás ele falava… Mas ainda devemos dizer que
essa obsessão pelos grandes projetos… Define em grande parte o governo
atual.”
A política internacional vai bem
“Eu reconheço a história da Dilma.
Reconheço as ações de solidariedade que ela está fazendo… A atitude que
se tem adotado com respeito ao Paraguai… A atitude que se tem adotado
com respeito à Venezuela… A atitude que se tem adotado quando se trata
de defender o direito dos povos. Se Equador toma uma decisão, ela é
acolhida ou respaldamos. Sim (a política internacional vai bem). Pela
primeira vez se fez uma política, que buscava a independência com
respeito aos EUA.”
“Descalço sobre a terra vermelha”
Quando o QTMD? esteve em São Félix do
Araguaia, estava sendo rodado um filme sobre D. Pedro Casaldáliga,
baseado em livro homônimo. O homenageado se opunha, mas depois acabou
permitindo.
“Eu me opunha de todo jeito. Porque eu
tinha medo de duas coisas: que se partisse para o pedantismo… O culto da
personalidade. E também que não se destacassem bastante… As nossas
causas. Por que estamos aqui? O que defendemos aqui? Por que temos
assumido essas atitudes?”
“Tem uma vantagem, acho, o filme…
Ajudará a evocar uma memória que não estava viva, sobretudo, na
juventude… Do governo daquela época. Poderão agora descobrir um passado,
que afeta o presente e o futuro.”
“’Descalço’ quer dizer sem consumismo.
Despojado, sem consumo. ‘Sobre a terra vermelha’. Uma terra ensopada de
suor,… Mas também ensopada de sangue. Sangue mártir.”, finalizou o
bispo.
Clique aqui para conferir um álbum com 80 fotos registradas pelo QTMD? na casa de D. Pedro Casaldáliga.
O QTMD? conversou com Francesco
Scribano, autor do livro e produtor do filme. Ele garantiu: “Acredito
que a história de D. Pedro precisa ser contada”. Nós também acreditamos.
*Ana Helena Tavares é editora do site “Quem tem medo da democracia?”
Fonte: Quem tem medo da democracia?
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