PICICA: "A arte prolifera nos muros como a peste nos corpos. O
único colunismo que interessa se faz nos muros. A política que interessa
se faz com corpos: your body is a battleground. Pelas ruas e rios, flui a vida. Nas barragens, nas catracas e shopping malls,
a morte em prestações. Escorrer, fluir pelos dedos da Máquina, para
lançar a vida como hipótese de um fragmento futuro. A baderna é a uma
bandeira multitudinária."
Não se admite que nada reste, que nada escape ao Um. A
vida obediente, em conformidade ISO, medicalizada, funcional, é a única
permitida. Em nome dessa vida sem riscos, dessa morte em vida do cidadão
de bem, alegadamente produtivo, o Um estende seus tentáculos sobre o
planeta (levará a doença espaço afora, se puder), dizimando todas as
formas que lhe são estranhas, reduzindo toda alteridade a inferioridade.
De indígenas a pobres. De ribeirinhos, quilombolas, caipiras, nômades,
pescadores, hippies, circenses, malandros e putas a pobres. De formas de
vida a commodities ou fósseis, carvão, peças de museu.
A revolta é o primeiro exercício de liberdade.
Tornar-se vândalo é sempre um ato erótico, um ato de desnudamento. As
máscaras são a verdade do rosto – e o mais profundo da pele.
Os servidores esclarecidos da Ordem, seus beneficiários, exibirão
suas planilhas e com elas sustentarão que nos oferecem a única salvação
possível, nos únicos ritmo e forma. Profetas do Fim da História
desfrutarão o fim de histórias alheias em pleno luxo, navegando o
conforto da miséria de seu imaginário etnocêntrico.
É o orgulho dos homens de hoje que nada possa ser
entendido que não esteja deformado de antemão e esvaziado de conteúdo
por uma ou outra maquinaria: a propaganda, a literatura, o editorial do
jornal, a Leilane Neubarth. Contra o Sentido via de mão única, contra o
museu dos possíveis, contra a arte parque natural instituído no Diário
Oficial.
A arte prolifera nos muros como a peste nos corpos. O
único colunismo que interessa se faz nos muros. A política que interessa
se faz com corpos: your body is a battleground. Pelas ruas e rios, flui a vida. Nas barragens, nas catracas e shopping malls,
a morte em prestações. Escorrer, fluir pelos dedos da Máquina, para
lançar a vida como hipótese de um fragmento futuro. A baderna é a uma
bandeira multitudinária.
Desenvolvimento é tratar de que o fim do mundo chegue
logo, mas chegue antes para o Outro. A Civilização é uma bomba-relógio
no colo da civilização. É preciso parar o trem suicida do progresso. É
preciso bancar o suicidado da sociedade.
Dizer sim à carnavalização.
Ter preguiça do elogio calvinista/capitalista/marxista do trabalho;
Ter preguiça do elogio do concluso e do instituído;
Ter preguiça.
Fonte: Manifesta Badernista
Nenhum comentário:
Postar um comentário