Raciocinando por fora do pensamento único: evidências subjetivas de uma esquizofrenia histórica
Antônio José Botelho
Esse título poderia ser: “As lições do aprendizado tecnológico Coréia para Manaus”. Ou no máximo: “O processo de industrialização de Manaus e da Coréia: a esquizofrenia de um e a lucidez de outro”. Mas, prefiro o impacto, prefiro levantar a poeira, mesmo correndo o risco de que, ao fim e ao cabo, o esquizofrênico seja eu próprio.
Portanto, a idéia é comparar, por mais esdrúxulo que posso parecer, o desenvolvimento industrial e tecnológico da Coréia do Sul [simplesmente Coréia a partir daqui] com o de Manaus.
Para tanto, há uma necessidade de relativizar as diferenças que absolutizariam o processo de comparação. Isto é, tudo sugere impossibilidades para fins dessa comparação: a) Coréia é um país e Manaus é uma cidade do Norte do Brasil; b) a sociedade coreana é confuciana e a manauara é cristã; c) a nação coreana passou por várias guerras e invasões e Manaus sempre desfrutou de paz;
d) o PIB da Coréia [US$ 1,1 trilhão em 2006] é quase-infinitamente maior do que o de Manaus. Certamente, outras razões poderiam ser listadas, até o fato de há muito já se compara a Coréia com o próprio Brasil.
Mas, por outro lado, podemos e devemos comparar a Coréia com Manaus porque ambas tiveram seus processos de industrialização e de aprendizado tecnológico no mesmo período de existência do Projeto ZFM, ainda que admitida margem de uma década como vantagem inicial para a Coréia. A Coréia começou sua industrialização a partir do início da década de 60 do século passado e Manaus a partir da década de 70. Todavia, essa não será a grande diferença como se verá adiante. A lógica da comparação é quanto ao fato da indústria eletroeletrônica, um dos carros-chefe do faturamento do PIM, ter atraído empresas-marcas mundiais-globais coreanas [por exemplo, Samsung e LG] em detrimento da incapacidade de Manaus criar empresas com capital e tecnologia locais nesse setor,
apesar de todas as vantagens oferecidas ao capital produtivo.
A sistemática da comparação será a de registrar em forma de nota de roda pé toda passagem da história do desenvolvimento industrial e tecnológico da Coréia que estabeleça confronto com a pertinente história de Manaus, além das considerações assentadas ao final dessa reflexão. A lógica é estabelecer contraditórios-criativos [entenda-se como pontos passíveis de se transitar da esquizofrenia para a lucidez] entre as duas histórias, tantas quantas possíveis frente à experiência deste autor de quase 25 anos de profissionalidade junto ao Projeto ZFM. Nas notas de roda pé estão lançadas sementes para a superação do estado esquizofrênico do nosso modelo de desenvolvimento, considerando a busca por uma autonomia mínima e adequada.
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PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
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