outubro 25, 2008

Eleições Municipais e Saúde Mental (XIV)

Foto de satélite da cidade de Manaus

Nota do blog: Interrompo a série de postagens sobre a viagem do blogueiro ao valoroso Estado do Acre, para lembrar que amanhã estaremos decidindo qual será o próximo prefeito de Manaus. Juízo, gente! Para @s companheir@s da luta por uma sociedade sem manicômios, 2 milhões de habitantes não podem mais conviver com a precariedade da oferta de serviços de saúde mental, e que não venham com história de expansão de ambulatórios medicalizadores da existência humana. Três míseros serviços (conforme se vê na imagem de satélite acima), tenham santa paciência! Queremos uma rede de atenção diária à saúde mental. Que São Doidão nos proteja!

Eleições Municipais e Saúde Mental (XIV)

Às vésperas da votação do segundo turno, os candidatos à Prefeitura de Manaus, e seus assessores, insistem em manter sob o manto do silêncio o tema Saúde Mental. Nos programas políticos de TV, nenhuma palavra sobre o que pretendem fazer nessa área, embora não faltem propostas pontuais sobre outras questões de saúde.


Um dos candidatos jacta-se pelo número de serviços que criou na área de saúde, mas omite o fato de que parte deles não lhe competia, caso tivesse promovido a municipalização da saúde, o que só ocorreria em 2003, quando estava fora do governo. Essa deliberada omissão trouxe enormes prejuízos na construção de competências, como o caso da Saúde Mental. Assim se explica a baixa oferta de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico na cidade de Manaus.


O outro candidato perdeu a chance de implantar os novos serviços de saúde mental, baseados na atenção psicossocial. Não foi falta de aviso. A equipe de saúde mental do município bem que tentou, mas encontrou obstáculos óbvios: a maior parte dos gestores de saúde trata a Saúde Mental como o patinho feio das políticas públicas. Ao pedir mais tempo para realizar o que ainda falta fazer, o candidato não menciona a área de Saúde Mental.


O temor dos militantes da luta por uma sociedade sem manicômios é que o primeiro, por que mal assessorado no passado, deixe de lado os princípios éticos sobre o qual foram assentadas as bases da Reforma Psiquiátrica brasileira, e insista em ampliar o atendimento ambulatorial, tão ao gosto dos saberes psi conservadores, impedindo desconstrução do modelo manicomial.


Quanto ao segundo, o temor é que o tema continue merecendo pouca atenção, ainda que, inevitavelmente, alguns serviços de Saúde Mental venham à luz, sob pena de grave crise no setor.

Resta saber qual das alternativas é menos nociva à saúde mental da população manauara. Para os militantes da luta por uma sociedade sem manicômios, a luta continua em qualquer dos cenários. É hora de avaliar o estado da arte, aqui e alhures.

Manaus, Outubro de 2008.

Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA
www.rogeliocasado.blogspot.com

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