março 30, 2006

A palavra indignada

Nota de Indignação


A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) está indignada com declaração à imprensa do presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas, deputado Belarmino Lins de Albuquerque que disse: “Todos os Lins e Albuquerque são oriundos de portugueses e alemães. Não são oriundos de tribo indígena”. Ao falar assim, o deputado presidente da ALE mais uma vez despeja para a sociedade toda sua ignorância e preconceito, desrespeitando o povo amazonense, que não é descendente de alemães, e declarando sua falta de compromisso com todas as classes sociais da população.

O mais absurdo e inacreditável é que os arroubos de ignorância e pretensa superioridade do deputado Belarmino Lins acontecem sempre na esfera pública. Essa postura pública deprimente acaba comprometendo a brilhante atuação dos demais deputados da ALE, que deixam de atender às prioridades do povo amazonense para tentar resolver questões morais e éticas de extrema gravidade, como a do nepotismo, que não conseguem extirpar simplesmente por que o deputado titular do Poder Legislativo do Estado do Amazonas decide imitar o ex – deputado federal Severino Cavalcante, conhecido por defender interesses subalternos contrários aos interesses do país e por não mensurar suas declarações à imprensa até ter sido cassado pela Câmara Federal.

Além de não trabalhar pelo povo amazonense e de atrapalhar seus colegas deputados que querem trabalhar e que querem mostrar à sociedade os frutos de seus mandatos, o deputado Belarmino Lins se coloca como uma espécie de legislador unipessoal, com poderes extraordinários para decidir, acima do plenário e num flagrante atentado a sua soberania, o que é certo e errado para a vida pública amazonense.

A versão da cacholeta, talvez consiga explicar a postura imperialista do deputado Belarmino Lins de Albuquerque. Os traumas resultantes mexeram com sua mente perturbada e fizeram-no renegar suas origens, pois ele não diz que é descendente de nordestinos do Ceará, mas sim de alemães e portugueses, cuja cor das peles, para ele, deve ser sinônimo de superioridade, riqueza e dominação.

É preciso que o povo amazonense fique de olho nas besteiras que o senhor Belarmino Lins de Albuquerque diz e faz. Mas fique também atento para o fato de que não é mais possível eleger um deputado que defende e legisla em prol dos interesses de alemães e portugueses. Nessa eleição o povo amazonense, cuja imensa maioria descende de indígenas, negros e nordestinos, tem o dever moral de mandar o senhor Belarmino Lins de Albuquerque de volta para a Alemanha.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

Um comentário:

humberto amorim disse...

Meu Carissimo Rogélio,

Li e reli o teu artigo a mim endereçado e quero que saibas que me considero orgulhoso dono do mesmo, embora impossivel impedir que seja compartilhado com outrem, tal qual o louco de Pireu na Atenas clássica, que se reclamava dono do porto e de todas as embarcações que o demandavam. Não importava que só tivesse na vida um cantinho qualquer para se abrigar, porquanto aquela posse ilusória valia mais para êle, que todo tesouro da Anfictonia.
Obrigado meu amigo.