Nota do blog: Depois de ler os convites e as confissões abaixo, acesse as novidades do blog do poeta Anibal Beça: AMAZONIC HAIJIN.
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Prezado(a) senhor(a),
A Editora e Livraria Valer tem a satisfação de convidá-lo(a) para o lançamento do livro 50 POEMA ESCOLHIDOS PELO AUTOR, de Anibal Beça, que acontecerá sábado, dia 11 de outubro, às 10h da manhã, na Livraria Valer, situada na Rua Ramos Ferreira, 1195 – Centro.
A OBRA
Escolher 50 poemas em meio a milhares criados, recitados e publicados durante anos não é tarefa simples, mas essa foi a tarefa cumprida por Anibal Beça. Trata-se de uma edição especial da editora Galo Branco, que está sendo feita por vários escritores de todo o Brasil, e Aníbal é o amazonense a aderir à publicação.
O AUTOR
Membro da Academia Amazonense de Letras e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (Concultura), o poeta, compositor, teatrólogo e jornalista Anibal Beça desde muito cedo manteve colaboração em suplementos literários e publicações nacionais e internacionais. Desde 1968, quando venceu o I Festival da Canção do Amazonas, Aníbal foi colecionando prêmios com mais de 18 primeiros lugares em festivais em Manaus, no Brasil e no exterior. Em 1994, com o livro Suíte para os Habitantes da Noite, sagrou-se vencedor, dentre mais de sete mil livros de todo o país, do 6º Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira – categoria poesia.
Beça travou conhecimento com o poeta Mário Quintana, quem lhe deu os primeiros ensinamentos e o estímulo para caminhar pelas veredas da poesia. Sua poesia tem sido saudada por escritores como Carlos Drummond de Andrade, Wilson Martins, Gilberto Mendonça Teles e tantos outros.
Evento: Lançamento de livro
Título: 50 poemas escolhidos pelo autor
Páginas: 124
Autor: Anibal Beça
Editora: Edições Galo Branco
Preço: R$ 25,00
Data: 20 de setembro de 2008 (sábado)
Horário: 10h
Local: Livraria Valer - Rua Ramos Ferreira, 1195, Centro Manaus.
Contatos: 3635-1324 (Livraria Valer) / 8121-6129, (autor)
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ALGUMAS CONFISSÕES E UM CONVITE
Anibal Beça
Às vezes o Tempo gera sabedoria. Sou-lhe devedor por meu progresso e os avanços no conhecimento da gramática poética e literária. Aos 62 anos, não tenho dúvidas: - Sou senhor do meu ofício. A história me tem ensinado o significado da ironia.
Creio no poder da poesia, que me dá razões para ver adiante e identificar un clarão de luz. Eu sou um trabalhador de metáforas, não um trabalhador de símbolos.
A poesia se há uma função para ela, é a de ter o poder de transformar o irreal no real e o real no imaginário. Tem o poder de humanizar um mundo que está zangado consigo este mundo em que vivemos em meio a tanta barbárie.
Eu considero a poesia uma medicina espiritual. Posso criar com palavras o que não encontro na realidade. É uma tremenda ilusão, mas positiva: não tenho outra ferramenta com que encontrar um sentido para minha vida ou para a vida daqueles do meu chão (vide “Filhos da Várzea”). Tenho o poder de outorgar-lhes beleza por meio de palavras e plasmar um mundo belo expressando também sua situação. No feio também há beleza. Tudo é matéria para o poema.
Organizando a reunião de cinco novos livros sob o título “Palavra parelha” (ainda inédito) destaquei como epígrafe: “eu passei a vida inteira com as palavras. Casado com elas.” Vou até mais longe hoje: “Tenho construído com palavras uma pátria para os do meu chão e do coração e para mim.”
Por tudo isso, convido o (a) amigo (a) para conferir nesses meus 50 POEMAS ESCOLHIDOS PELO AUTOR não a síntese, mas, talvez, a reunião mais próxima do meu ideário e da minha trajetória poéticos. O lançamento de um livro, creio, deve ser celebrado pela comunidade.
DIA: 11 de outubro de 2008
LOCAL: Livraria Valer
HORÁRIO: 10:00
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Anibal Beça lança 50 poemas escolhidos
Poemas escolhidos não são, necessariamente, poemas preferidos, pelo menos quando a escolha é feita pelo autor. Nesse volume, da Editora Galo Branco, Anibal Beça procurou reunir documentos ilustrativos de preocupações e processos, através diferentes fases da vida. E é assim, pois, que na seleta, o leitor encontrará poemas dos livros "Convite Frugal", "Noite desmedida", "Mínima fratura", "Filhos da várzea", "Hora nua", "Suíte para os Habitantes da Noite" e "Terna colheita" mais com o interesse de propiciar uma visão bem ampla de sua obra do que contemplar o que mais lhe agrada.
O livro que deveria ter sido lançado em dezembro de 2007, foi sendo adiado em virtude de outras ocupações do poeta frente ao Conselho e ao Fundo Municipal de Cultura, já está agendado para ocorrer no dia 11 de outubro, às 10:00 h na Livraria Valer.
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ALGUMAS OPINIÕES SOBRE A POESIA DE ANIBAL BEÇA
“Li Filhos da Várzea, os poemas-pôster e os haicais afetuosamente a mim dedicados. Obrigado por tudo, meu caro poeta. É de coração aberto que lhe desejo a maior receptividade pública e compreensão para a bela poesia que está elaborando e que, espero, marcará seu nome como um dos que engrandeceram o cultivo artístico do verso.”
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
“Suíte para os habitantes da noite é um épico moderno que, contendo o lírico, alcança a essência do dramático. Não há distanciamento dos gêneros, mas, consecutivamente, “um-no-outro” — como diria Emil Staiger — lírico-épico-dramático, como sílaba-palavra-frase.De Erato a Melpômene, via Calíope, o poeta despersonaliza o seu “eu” para atingir — na concepção de Fernando Pessoa — “o quarto grau da poesia lírica”.Dentro da idéia do Mundo-Labirinto, de Fríedrich Dürrenmart, Anibal Beça é Dédalo (conpositor do Labirinto de palavras) e é Teseu (não perde o fio de Ariadne) desafiando o Minotauro do poema".
MARCUS ACCIOLY
"O tropismo surrealista de Aníbal Beça estimula os impulsos analíticos da crítica. O “Poema ciclico”, por exemplo, “trava a batalha com o clássico e o moderno”, em versos destacados por Pau!o Graça: “dos meus olhos saltam! dois pássaros ariscos! prontos a deflorar begônias! em setembro”. Ou ainda: “A trave dos meus olhos é pólen de crisintemos: farpas cronológicas”. Esse surrealismo tardio, que poderíamos imaginar perempto, ainda é praticado em capelas iniciáticas através do continente, sem excluir o Brasil, cujo grupo surrealista foi organizado e é mantido por Sérgio Lima (“Escrimra conquistada. Diálogos com poetas latinoamericanos”. Floriano Martins. Fortaleza/Rio! Mogi das Cruzes: Letra & Música Comunicação! Biblioteca Nacional! Universidade de Mogi das Cruzes, 1998).”
WILSON MARTINS
"O rigor do músico erudito, a habilidade do artesão, a ousadia virtualística do solista e a elegância de um regente cônscio do seu ofício” presentes em Suíte para os Habitantes da Noite. Anibal Beça é merecidamente homenageado pela habilidade na condução de “propostas melódicas, rítmicas e expressivas”.
BEATRIZ RAMOS AMARAL
“Muito obrigado por tudo: pelas vozes rumorosas no disco, pelas “gotas vermelhas de chuvas” por toda essa Amazônia dionisíaca que com as suas lianas inumeráveis, me envolveu graças a você, aos seus cantares e dizeres, à sua generosidade equatorial.”
LEDO IVO
“Não se trata de estreante nem de jovem. Mas, aos 49 anos, com outros livros publicados, e graças ao isolamento regional, Beça surge como um autor novo e surpreendente. Não porque dê sinal de vida inteligente e sensível na Amazônia. Surpreende porque um bom poeta sempre causa espanto.”
MOACIR FERREIRA AMÂNCIO
“Se com Filhos da Várzea Anibal Beça incorporou-se de maneira definitiva à literatura do Amazonas, desde Suíte para os habitantes da noit€ passou a figurar entre os poetas mais importantes da literatura nacional contemporânea.”
ASTRID CABRAL
“Poeta mais respeitado nas vizinhanças espanholas do que nas lonjuras pátrias da Lusitânia carioca-paulistana, contudo, o Autor deste romanceiro se celebra, ao narrar a paixão que o invade e percorre os veios de onde manam os igarapés de sua poesia, festejando, mais que tudo, seu bom gosto, meu leitor amigo, que se deixa embalar por suas danças primevas, cheias de chamego e chama."
JOSÉ NÊUMANNE
“Garcia Lorca, o notável bardo andaluz, ao discorrer sobre a arte poética, declarou textualmenrte, que “si es verdad que soy poeta por la gracia de Dios — o del demonio — también lo es que lo soy por la gracia de la técnica e del esfuerzo. Anibal Beça pertence à família destes trabalhadores da poesia. Toda a sua obra revela esta realidade."
ELSON FARIAS
“Pouquíssimos foram os que. como Anibal Beça, conseguiram se desvincular de modelos impostos e realizar discurso lírico com voz própria. Pouquíssimos. Só os que montaram Pégaso."
MARCOS FREDERICO KRÜGER
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A MELODIA POÉTICA DE ANIBAL BEÇA
Hildeberto Barbosa Filho *
Nos seus 62 anos, portanto em fase de plena vigência e já de confirmação em termos literários, Aníbal Beça é autor de uma obra poética vasta e variada, quer no território dos procedimentos técnico-literários e estilísticos, quer nas latitudes temáticas e motivadoras, a par, não obstante, da componente mágico-regional de fundo amazonense, que lhe lastreia subterraneamente a cosmovisão lírica, acentuando-lhe, assim, para além da maestria estética, de per si já demonstrada na elaboração do verso, toda uma particularidade expressiva, antropológica e cultural.
Caleidoscópica, poliédrica, plural em suas tensões e extensões, sua poesia possibilita muitas portas de entrada a sinalizarem para muitas varandas de saída, seja pelo viés de uma leitura meramente didático-racional, onde se verificassem sobretudo o poder da técnica e a desenvoltura dos processos formais, seja por uma abordagem de cariz afetivo-imaginário, onde, a seu turno, pudéssemos indagar das mensagens abertas que se desenham na coreografia das imagens e se cadenciam na pauta rutilante do ritmo e da melodia.
Mesmo que se possa aferir notas de alguma maturação na concepção da linguagem poética dos primeiros para o último livro, percebe-se, em Aníbal Beça, aquele espírito de crítica a presidir a textura da composição (nele particularmente composição, porque o músico que é invade o poeta!), demandando o controle estético da experiência lírica, tanto nos poemas de teor minimalista, a exemplo de "Mesa fome", "Trova látex", "Trote rio", "Sino tempo" e "Trova rústica", de Convite frugal, quanto no espraiado da expressão, em textos como "Verde que se faz verde primícia", "Presságio deboas novas na várzea", "Canto a continuidade perdida" e tantos outros de Filhos da várzea.
O traço dessa atitude crítica, que se evidencia na modulação da métrica e dos ritmos, assim como na sondagem de todas as camadas da linguagem poética, a camada fônica por excelência, sem descartar, contudo, o peso das camadas semânticas, óticas e morfo-sintáticas, prossegue, enquanto medida do seu credo poético, pelo Itinerário poético da noite desmedida à mínima fratura, até se estabelecer, agora como um vetor decisivo de um poeta que sente, sente... imagina e pensa, pensa na confecção do poema enquanto qualidade e forma entre formas e qualidades outras, conforme se pode observar na Suíte para os habitantes da noite.
Sem inclinações axiológicas, diríamos que essa suíte devolve à poesia sua origem musical, na medida em que a colhe e recolhe em todas as safras do ritmo, seja o ritmo das formas (valsa, chorinho, sonata, noturno, canção, bolero, toada, balada, pavana etc..), seja o ritmo das significações, a remeter para uma dicção erótica, sensual, mágico, cósmica, atenta, assim, à essência impalpável das vivências do real.
Ainda que se projete o estranho e belo mito árabe do louco Majnum que, impedido de ver sua amada Laila (a noite), abandona as riquezas e o mundo para vagar sozinho no deserto, de acordo com a última epígrafe da suíte, como também com o seu Prólogo, queremos acreditar que a organização lírico-musical de Aníbal Beça, na sua abertura temática, sobretudo polarizada entre Apolo e Dionísio, Eros e Tanatos, a vida e a morte, tende a transcender as fronteiras da alegoria, e se fazer escritura - não simplesmente reescritura de mitos e lendas - da própria criação poética e verbalização das próprias qualidades musicais dos afetos, pulsões, idéias e fantasias, tão bem demonstrado, de modo emblemático, na metalinguagem da "Pavana para acompanhamento de flautas doces e címbalos".
Em colunas finas e firmes e sem pontuação, o eu lírico, nessa pavana, explora e expande o jogo metafórico numa conceituação de poesia que ultrapassa o lúdico para penetrar no ôntico e captar, em sua primalidade, a natureza intrínseca da palavra poética:
“A poesia é uma borbo-
leta de ions um dado de
libélulas um dedo de
sumaúma um galho de
nuvens na lã da relva
amanhecida uma trave
no aço dos músculos
.......................
(...) Que ela seja
clássica moderna com-
temporânea de vanguar-
da comportada marginal
lírica épica que ela seja
nada e tudo e nada: va-
ral chuva casa alicerce
arcabouço não importa
e nem defini-la compor-
ta se o que reporta é a
fatura do e para o homem
assim como a porta da rua
é a serventia do poema”.
Outros recortes metalinguísticos perpassam textos e mais textos como a dizer da seminilidade do motivo, numa espécie de convocação recorrente àqueles que habitam a noite, imagem fértil de tudo aquilo que se faz pura germinação: o amor, a criação, a poesia.
Adepto de todos os ritmos, íntimo de todas as formas, consciente de que a poesia é linguagem, mas de que também é mais que linguagem, Anibal Beça, ao lado de nomes como Aldisio Filgueiras, Simão Pessoa e Luiz Bacellar, entre outros, responde pela renovação e continuidade da legítima tradição poética do Amazonas.
Hildeberto Barbosa Filho, poeta e ensaísta, Professor da Universidade Federal da Paraíba, é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, licenciado em Letras Clássicas e Vernáculas, especializado em Direito Penal e Mestre em literatura brasileira
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