PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
outubro 03, 2008
Praciano propõe criação de (uma rede de) CAPS
Nota do blog: No último debate entre os candidatos à Prefeitura de Manaus, realizado pela Rede Amazônica de Televisão na noite de ontem, finalmente a saúde-mental-nossa-de-cada-dia apareceu em cena. A façanha ficou por conta do candidato do Partido dos Trabalhadores, Francisco Praciano. Ufa! Até que enfim o tema desencantou! Não há uma criatura em Manaus que desconheça a precariedade dos serviços existentes, cujo padrão só não caiu mais graças ao empenho dos poucos profissionais existentes no setor. O problema é que esse mérito se desfaz diante do emudecimento de diversas categorias sobre o futuro do setor. Não fosse o movimento social e o tema continuaria na penumbra. De certo modo, aceitam conflituosamente um dado de uma cultura de mais de duzentos anos: "lugar de doido é no hospício" e "uma vez doido, sempre doido". Contra essa visão fatalista, os saberes conservadores, entre eles a psiquiatria anacrônica dos manicômios, se justapõem com invulgar docilidade, ao aceitar a delegação socio-policial: zelar pela "segurança" da sociedade. Além de alimentar a idéia de periculosidade, sequestram a palavra dos loucos e lhe subtraem a cidadania. Felizmente, além de contarmos com uma inteligente militância em prol da luta por uma sociedade sem manicômios, Manaus convive em suas ruas com loucos não submetidos à institucionalização, sendo uma das poucas metrópoles brasileiras onde a cultura manicomial não é hegemônica. Resta ao poder público municipal se colocar à altura do desafio de implantar uma rede de atenção diária à sua mental, inclusive para essa população de rua, sem lhes retirar o direito de circulação no tecido social. O próximo prefeito não poderá se omitir. Ao que parece essa cultura está com seus dias contados. Pelo sim, pelo não, convém não baixar a guarda. Estamos de olho. Valeu, Praça!
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