PICICA: "No Brasil, é difícil falar dessas coisas dentro
da comunidade judaica. Há uma tendência de aprovação automática de tudo
o que vem de Israel. Estendem tapetes vermelhos aos pensadores mais
reacionários porque eles dão apoio incondicional ao Estado judeu. Estes,
por vezes, escorregam na linguagem racista da “guerra de civilizações”.
Medo irracional de antissemitismo? Os que se atrevem a criticar, mesmo
que com respeito, são marginalizados, estigmatizados, rotulados de
traidores ou, pecado dos pecados, antissemitas. Triste quadro, hem ? Que
diferença daquilo que nos ensinaram os velhos Pinchas e Moishe ..."
DEBATE ABERTO
Carta a um amigo judeu sionista
Sou inteiramente solidário com as famílias de israelenses massacrados em atentados terroristas. Atos covardes, dirigidos contra civis desarmados, que não podem ser justificados. Por outro lado, não há como não se indignar com o comportamento do exército de ocupação israelense e dos colonos frente à população palestina.
Jacques Gruman
A esperança é uma criança ilegal, inocente, distribui seus panfletos, anda contra a sombra. (Juan Gelman)
Chaver,
Há quanto tempo não nos falamos ! Saudades dos papos, das discussões, dos sonhos comuns, até mesmo das divergências. Judeus que não divergem não são judeus, ora bolas. Lembra o impacto das leituras de Ber Borochov e Isaac Deutscher ? Uma senhora pancada. Sinto falta de seu pai e de seu avô, delicadas presenças de um mundo que desapareceu. Seu Pinchas, polonês de bochechas vermelhas, sanguíneo também no temperamento, ativista a vida inteira do Bund. Seu Moishe, caloroso militante do Partido Comunista da União Soviética, do qual foi expulso num dos expurgos paranoides do Stalin. Teve sorte de não ser mandado para a Sibéria. Bastava botar um bom schnaps ou um borscht caprichado na mesa e o papo varava a madrugada. Tempos de política, tempos de utopias e desencantos, tempos de reciclagem.
Um dia, você fez as malas e foi construir o socialismo em Israel. Borochov marcou um ponto. O kibutz, você dizia, era a realização do projeto igualitário que nos unia em inesquecíveis reuniões. Ouvi dizer que é num deles, criado ainda durante a dominação otomana, que você vive com a família. Será que ainda preserva o coletivismo original, sem diferenças salariais, sem exploração de mão-de-obra externa, cada família se responsabilizando pelas crianças de todas as famílias ? Acho difícil. Li que menos de 3% dos israelenses vivem nestas ex-fazendas coletivas (hoje são também fábricas, atração turística e centros de pesquisa). A maioria delas contrata trabalhadores externos, especialmente asiáticos e africanos, há desníveis econômicos crescentes entre os kibutznikim. Amargamos mais uma derrota ?
Não deve ser nada fácil viver num país em conflito permanente. Conhecemos um pouco disso. Não faz muito tempo, o Rio vivia um clima de guerra civil (que está longe de ter acabado). Milicianos, traficantes, policiais corruptos, autoridades omissas, faziam a população refém diária da violência. Conhecemos os efeitos colaterais: prédios gradeados, insegurança, desconfiança do próximo, assassinato de inocentes, desordens psíquicas. Sei que aí pelas tuas bandas o espectro do Holocausto, a instabilidade nas fronteiras e a ocupação das terras palestinas provocaram uma intensa militarização da sociedade. Falo num sentido amplo, que inclui o aspecto subjetivo. É o sentimento do animal acuado. Num célebre documentário do cineasta socialista francês Claude Lanzmann, um casal israelense lamenta que seus filhos adolescentes não possam colocar uma mochila nas costas e atravessar as fronteiras para conhecer outras culturas, como faziam os europeus. Clausura, cerco. No entanto, o que se poderia esperar depois de quase meio século de dominação sobre um povo em movimento por sua libertação nacional?
Sucessivos governos israelenses apoiaram os colonos que ocupam ilegalmente terras palestinas, muitos deles achando que apenas cumprem um mandato divino (esses são os piores). A memória da opressão é ferramenta poderosa de luta. Sabemos disso, não é mesmo ? Um dos primeiros estágios de resistência é a preservação da memória. Não foi isso o que fez Emmanuel Ringelblum, quando criou o arquivo Oineg Shabes no gueto de Varsóvia ? Ainda não inventaram drones, robôs, armas de última geração, que exterminem a memória e o desejo de liberdade. Em meio à euforia da rápida vitória militar em 1967, o nosso velho Deutscher acertava na mosca. Entrevistado pela New Left Review, poucos dias depois do fim do conflito, antecipou: “Essa vitória é pior para Israel do que uma derrota. Longe de dar a Israel um grau maior de segurança, deixou-o muito mais inseguro”. Discordar disso, quem há de?
Sou inteiramente solidário com as famílias de israelenses massacrados em atentados terroristas. Atos covardes, dirigidos contra civis desarmados, que não podem ser justificados. Por outro lado, não há como não se indignar com o comportamento do exército de ocupação israelense e dos colonos frente à população palestina. Expulsões sistemáticas, expropriação ilegal de terras, punições coletivas, destruição de lavouras seculares, humilhações, asfixia cultural, assassinatos “seletivos”. Os árabes israelenses não são cidadãos plenos. Criou-se um ambiente de ódio mútuo, que será difícil reverter. Muitos israelenses e palestinos compreendem que a espiral de violência não leva a nada e tratam de criar pontes. Gosto de pensar que você faz parte de alguma organização que trabalha pela aproximação e pelo entendimento. Olhar o outro é o primeiro passo para entendê-lo.
Por aqui, a gente está em período eleitoral. Misturar religião e política nunca esteve tão na moda. Há candidatos mais fiéis a seus líderes religiosos do que aos programas partidários. “Deus te abençoe” virou palavra de ordem ! Guerra nada santa, mistura letal para a democracia. Sei que essa é uma questão complicada em Israel. Os religiosos ortodoxos têm uma força apreciável na sociedade em geral e no campo partidário em particular. Conseguiram impor algumas regras difíceis de engolir em sociedades modernas. Aí, só o casamento religioso é legalmente reconhecido. São os preceitos religiosos que definem quem é judeu, o que, em Israel, é decisivo para garantir direitos integrais de cidadania. Na minha frente está uma foto recente. Um judeu ortodoxo, desses que parecem saídos de um shtetl, segura uma galinha acima da cabeça de sua mulher, que reza. É uma velha superstição. Pela oração, se transferem o azar, o mau-olhado e os pecados do corpo humano para o da pobre galinácea. Genuíno descarrego. É um retorno às cavernas. E não é único.
Recentemente, rabinos ultraortodoxos recomendaram a seus discípulos que não usem smartphones. Um deles sugeriu que se queimassem iPhones e assemelhados. Não sou chegado a essas geringonças, mas é patético o pânico dos digníssimos clérigos. Também são contra a televisão, o cinema e a internet, fontes de “impurezas e indecências”. O rabino Shmuel Levy chegou a dizer que “quem esbarra na internet, perde os olhos, o coração e o sentimento para perceber tudo o que é sagrado”. Reconstroem muros de um gueto medieval, impenetrável a qualquer mudança. Aonde, Chaver, isso vai parar ? Esse ensaio da Idade das Trevas, medíocre e fanatizado, certamente não fazia parte da sociedade que você sonhou construir.
Lembra como ridicularizávamos a noção do Brasil como “país cordial”, sem racismo ? A gente sabia como a discriminação estava entranhada no cotidiano e, posso te assegurar, não mudou muito. Sempre defendemos uma sociedade sem preconceito. Daí meu choque quando li sobre as recentes deportações de africanos em situação ilegal em Israel. Mais: as declarações odiosas, racistas, de gente do governo, sem qualquer punição.
Os falashas, que vieram com fanfarras, saem hoje às ruas para protestar contra a discriminação que sofrem. Não é muito diferente com os árabes israelenses, que têm grandes dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, são hostilizados como “problema demográfico” e impedidos de servir às Forças Armadas, e recebem, proporcionalmente, menos investimento do que a população judaica. Estivéssemos juntos e tenho certeza de que marcharíamos junto com esses humilhados e ofendidos, exigindo justiça.
No Brasil, é difícil falar dessas coisas dentro da comunidade judaica. Há uma tendência de aprovação automática de tudo o que vem de Israel. Estendem tapetes vermelhos aos pensadores mais reacionários porque eles dão apoio incondicional ao Estado judeu. Estes, por vezes, escorregam na linguagem racista da “guerra de civilizações”. Medo irracional de antissemitismo? Os que se atrevem a criticar, mesmo que com respeito, são marginalizados, estigmatizados, rotulados de traidores ou, pecado dos pecados, antissemitas. Triste quadro, hem ? Que diferença daquilo que nos ensinaram os velhos Pinchas e Moishe ...
Essa carta já vai longa e eu, lamentavelmente, não tenho a fórmula mágica para resolver esses abacaxis aí da Terra Santa. Aliás, ninguém tem. Como disse o médico Francisco Daudt: “Quantas pessoas respondem ‘não sei’ a qualquer pergunta que lhes seja feita? Muito poucas. Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas, receitas preparadas, conselhos a dar a cada problema que lhes é apresentado”. Fernando Pessoa escreveu algo muito parecido no famoso Poema em linha reta. Pretensão é arroz de festa. Só posso declarar meu modesto desejo. Que palestinos e israelenses construam, no tempo histórico possível, um Estado laico binacional, compartilhado, onde todos os cidadãos tenham direitos e deveres iguais. Ninguém perguntará a origem do ventre materno. Que esse Estado se integre a uma Federação dos povos do Oriente Médio, onde as fronteiras nacionais sejam permeáveis e a religião assunto estritamente privado. Que os absolutistas e supremacistas caiam no ostracismo e brote novamente uma esperança socialista, democrática e radical.
Tolice? Delírio? Pode ser, mas as dunas do deserto costumam ser volúveis e, às vezes, parecem murmurar John Lennon: You may say I’m a dreamer/But I’m not the only one/I hope some day you’ll join us/And the world will be as one.
Semana que vem vou escrever para aquele nosso amigo palestino. Quem sabe a gente marca um encontro, para bater um papo como nos velhos tempos e comer um falafel ?
Um grande abraço e shalom.
Jacques
Chaver,
Há quanto tempo não nos falamos ! Saudades dos papos, das discussões, dos sonhos comuns, até mesmo das divergências. Judeus que não divergem não são judeus, ora bolas. Lembra o impacto das leituras de Ber Borochov e Isaac Deutscher ? Uma senhora pancada. Sinto falta de seu pai e de seu avô, delicadas presenças de um mundo que desapareceu. Seu Pinchas, polonês de bochechas vermelhas, sanguíneo também no temperamento, ativista a vida inteira do Bund. Seu Moishe, caloroso militante do Partido Comunista da União Soviética, do qual foi expulso num dos expurgos paranoides do Stalin. Teve sorte de não ser mandado para a Sibéria. Bastava botar um bom schnaps ou um borscht caprichado na mesa e o papo varava a madrugada. Tempos de política, tempos de utopias e desencantos, tempos de reciclagem.
Um dia, você fez as malas e foi construir o socialismo em Israel. Borochov marcou um ponto. O kibutz, você dizia, era a realização do projeto igualitário que nos unia em inesquecíveis reuniões. Ouvi dizer que é num deles, criado ainda durante a dominação otomana, que você vive com a família. Será que ainda preserva o coletivismo original, sem diferenças salariais, sem exploração de mão-de-obra externa, cada família se responsabilizando pelas crianças de todas as famílias ? Acho difícil. Li que menos de 3% dos israelenses vivem nestas ex-fazendas coletivas (hoje são também fábricas, atração turística e centros de pesquisa). A maioria delas contrata trabalhadores externos, especialmente asiáticos e africanos, há desníveis econômicos crescentes entre os kibutznikim. Amargamos mais uma derrota ?
Não deve ser nada fácil viver num país em conflito permanente. Conhecemos um pouco disso. Não faz muito tempo, o Rio vivia um clima de guerra civil (que está longe de ter acabado). Milicianos, traficantes, policiais corruptos, autoridades omissas, faziam a população refém diária da violência. Conhecemos os efeitos colaterais: prédios gradeados, insegurança, desconfiança do próximo, assassinato de inocentes, desordens psíquicas. Sei que aí pelas tuas bandas o espectro do Holocausto, a instabilidade nas fronteiras e a ocupação das terras palestinas provocaram uma intensa militarização da sociedade. Falo num sentido amplo, que inclui o aspecto subjetivo. É o sentimento do animal acuado. Num célebre documentário do cineasta socialista francês Claude Lanzmann, um casal israelense lamenta que seus filhos adolescentes não possam colocar uma mochila nas costas e atravessar as fronteiras para conhecer outras culturas, como faziam os europeus. Clausura, cerco. No entanto, o que se poderia esperar depois de quase meio século de dominação sobre um povo em movimento por sua libertação nacional?
Sucessivos governos israelenses apoiaram os colonos que ocupam ilegalmente terras palestinas, muitos deles achando que apenas cumprem um mandato divino (esses são os piores). A memória da opressão é ferramenta poderosa de luta. Sabemos disso, não é mesmo ? Um dos primeiros estágios de resistência é a preservação da memória. Não foi isso o que fez Emmanuel Ringelblum, quando criou o arquivo Oineg Shabes no gueto de Varsóvia ? Ainda não inventaram drones, robôs, armas de última geração, que exterminem a memória e o desejo de liberdade. Em meio à euforia da rápida vitória militar em 1967, o nosso velho Deutscher acertava na mosca. Entrevistado pela New Left Review, poucos dias depois do fim do conflito, antecipou: “Essa vitória é pior para Israel do que uma derrota. Longe de dar a Israel um grau maior de segurança, deixou-o muito mais inseguro”. Discordar disso, quem há de?
Sou inteiramente solidário com as famílias de israelenses massacrados em atentados terroristas. Atos covardes, dirigidos contra civis desarmados, que não podem ser justificados. Por outro lado, não há como não se indignar com o comportamento do exército de ocupação israelense e dos colonos frente à população palestina. Expulsões sistemáticas, expropriação ilegal de terras, punições coletivas, destruição de lavouras seculares, humilhações, asfixia cultural, assassinatos “seletivos”. Os árabes israelenses não são cidadãos plenos. Criou-se um ambiente de ódio mútuo, que será difícil reverter. Muitos israelenses e palestinos compreendem que a espiral de violência não leva a nada e tratam de criar pontes. Gosto de pensar que você faz parte de alguma organização que trabalha pela aproximação e pelo entendimento. Olhar o outro é o primeiro passo para entendê-lo.
Por aqui, a gente está em período eleitoral. Misturar religião e política nunca esteve tão na moda. Há candidatos mais fiéis a seus líderes religiosos do que aos programas partidários. “Deus te abençoe” virou palavra de ordem ! Guerra nada santa, mistura letal para a democracia. Sei que essa é uma questão complicada em Israel. Os religiosos ortodoxos têm uma força apreciável na sociedade em geral e no campo partidário em particular. Conseguiram impor algumas regras difíceis de engolir em sociedades modernas. Aí, só o casamento religioso é legalmente reconhecido. São os preceitos religiosos que definem quem é judeu, o que, em Israel, é decisivo para garantir direitos integrais de cidadania. Na minha frente está uma foto recente. Um judeu ortodoxo, desses que parecem saídos de um shtetl, segura uma galinha acima da cabeça de sua mulher, que reza. É uma velha superstição. Pela oração, se transferem o azar, o mau-olhado e os pecados do corpo humano para o da pobre galinácea. Genuíno descarrego. É um retorno às cavernas. E não é único.
Recentemente, rabinos ultraortodoxos recomendaram a seus discípulos que não usem smartphones. Um deles sugeriu que se queimassem iPhones e assemelhados. Não sou chegado a essas geringonças, mas é patético o pânico dos digníssimos clérigos. Também são contra a televisão, o cinema e a internet, fontes de “impurezas e indecências”. O rabino Shmuel Levy chegou a dizer que “quem esbarra na internet, perde os olhos, o coração e o sentimento para perceber tudo o que é sagrado”. Reconstroem muros de um gueto medieval, impenetrável a qualquer mudança. Aonde, Chaver, isso vai parar ? Esse ensaio da Idade das Trevas, medíocre e fanatizado, certamente não fazia parte da sociedade que você sonhou construir.
Lembra como ridicularizávamos a noção do Brasil como “país cordial”, sem racismo ? A gente sabia como a discriminação estava entranhada no cotidiano e, posso te assegurar, não mudou muito. Sempre defendemos uma sociedade sem preconceito. Daí meu choque quando li sobre as recentes deportações de africanos em situação ilegal em Israel. Mais: as declarações odiosas, racistas, de gente do governo, sem qualquer punição.
Os falashas, que vieram com fanfarras, saem hoje às ruas para protestar contra a discriminação que sofrem. Não é muito diferente com os árabes israelenses, que têm grandes dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, são hostilizados como “problema demográfico” e impedidos de servir às Forças Armadas, e recebem, proporcionalmente, menos investimento do que a população judaica. Estivéssemos juntos e tenho certeza de que marcharíamos junto com esses humilhados e ofendidos, exigindo justiça.
No Brasil, é difícil falar dessas coisas dentro da comunidade judaica. Há uma tendência de aprovação automática de tudo o que vem de Israel. Estendem tapetes vermelhos aos pensadores mais reacionários porque eles dão apoio incondicional ao Estado judeu. Estes, por vezes, escorregam na linguagem racista da “guerra de civilizações”. Medo irracional de antissemitismo? Os que se atrevem a criticar, mesmo que com respeito, são marginalizados, estigmatizados, rotulados de traidores ou, pecado dos pecados, antissemitas. Triste quadro, hem ? Que diferença daquilo que nos ensinaram os velhos Pinchas e Moishe ...
Essa carta já vai longa e eu, lamentavelmente, não tenho a fórmula mágica para resolver esses abacaxis aí da Terra Santa. Aliás, ninguém tem. Como disse o médico Francisco Daudt: “Quantas pessoas respondem ‘não sei’ a qualquer pergunta que lhes seja feita? Muito poucas. Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas, receitas preparadas, conselhos a dar a cada problema que lhes é apresentado”. Fernando Pessoa escreveu algo muito parecido no famoso Poema em linha reta. Pretensão é arroz de festa. Só posso declarar meu modesto desejo. Que palestinos e israelenses construam, no tempo histórico possível, um Estado laico binacional, compartilhado, onde todos os cidadãos tenham direitos e deveres iguais. Ninguém perguntará a origem do ventre materno. Que esse Estado se integre a uma Federação dos povos do Oriente Médio, onde as fronteiras nacionais sejam permeáveis e a religião assunto estritamente privado. Que os absolutistas e supremacistas caiam no ostracismo e brote novamente uma esperança socialista, democrática e radical.
Tolice? Delírio? Pode ser, mas as dunas do deserto costumam ser volúveis e, às vezes, parecem murmurar John Lennon: You may say I’m a dreamer/But I’m not the only one/I hope some day you’ll join us/And the world will be as one.
Semana que vem vou escrever para aquele nosso amigo palestino. Quem sabe a gente marca um encontro, para bater um papo como nos velhos tempos e comer um falafel ?
Um grande abraço e shalom.
Jacques
(*) Engenheiro químico, é militante internacionalista da esquerda judaica no Rio de Janeiro.
Fonte: Carta Maior
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