Foto: Rogelio Casado - ACI na ALE, 2005
"Seu" Cosme, à direita, com a psicóloga Nivya Valente
e o usuário Márcio Jordelane, respectivamente
Secretária e Vice-Presidente da Associação Chico Inácio,
na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas
Portador de transtorno mental ou doente mental?
Certa vez o poeta Zemaria Pinto escreveu um poema de natal sobre um tema muito caro aos militantes sociais: o banquete dos excluídos. Nele foram convidados os aidéticos e as putas, assim com todas as letras. É inimaginável que o poeta usasse expressões como pessoas portadoras do vírus da aids ou profissionais do sexo; seu poema perderia toda a força poética que essas palavras carregam. Num texto jornalístico, entretanto, o buraco é mais embaixo.
Consultei os manuais do Estadão (1997), da Folha (1993), de A Crítica (1999) e de O Globo (2005). Nenhum deles contém orientação a respeito das palavras doente mental e deficiente mental, que são coisas distintas entre si.
Foi no Manual de Redação e Estilo de O Globo, organizado por Luiz Garcia, que encontrei uma bela orientação sobre o uso abusivo entre nós de um palavrão. Dela me valho para comentar o uso discriminatório da palavra doente mental, a propósito do assasinato do nosso querido Cosme Miranda em alguns veículos da imprensa escrita.
Diz o Manual de O Globo sobre a palavra aidético: "como dado de identificação, a palavra é preconceituosa, tanto quanto canceroso ou leproso".
O raciocínio e a orientação ali contida deve ser estendida à palavra doente mental, que em hipótese alguma pode ser confundida com deficiência mental. Esta última também não deve ser usada como identificadora da condição humana.
Dos outros meios de comunicação, o rádio, ao (re)produzir o seu jornal falado, dependendo da fonte, pode estar prestando um desserviço à luta contra o preconceito. Já na televisão, há uma discreta tentativa de adequar a linguagem à moderna era dos direitos humanos e civis.
Nota: Se nas edições revistas e ampliadas dos manuais os termos em questão foram objeto de orientação para a cidadania, como supounho ocorreu com o manual de O Globo, sinal de bons tempos; este escriba que melhore a qualidade das suas fontes.
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