novembro 22, 2006

Laudo do IML contradiz laudo do Hospício de Messejana: paciente morreu por asfixia
















JORNAL O POVO
FORTALEZA, QUARTA-FEIRA, 22 de Novembro de 2006

HOSPITAL MENTAL DE MESSEJANA
Morte de paciente foi por asfixia, diz laudo do IML
Laudo do IML contradiz declaração de óbito do Hospital Mental de Messejana sobre morte de paciente. De acordo com o laudo, expedido na última sexta-feira, Francisca Torquato foi asfixiada e não teve morte natural. O 6º Distrito Policial instaurou inquérito e ontem deu início aos depoimentos de enfermeiras e diretores daquela unidade de saúde

22/11/2006 01:04

A delegacia de Messejana (6º Distrito Policial) deu início ontem aos depoimentos sobre a morte da paciente Francisca de Sousa Torquato, 36, que ficou quatro dias internada no Hospital Mental de Messejana. De acordo com a declaração de óbito daquela unidade de saúde, a paciente teria morrido de causas naturais. Já o laudo expedido pelo Instituto Médico Legal (IML), divulgado na última sexta-feira, aponta morte por asfixia.

Segundo um sobrinho da paciente, em entrevista ao O POVO, a polêmica sobre a causa da morte de Francisca Torquato teve início quando o irmão da paciente soube da internação da irmã, que há três anos não se comunicava com os familiares. Ao chegar ao hospital para uma visita, o irmão foi comunicado do falecimento da paciente, na madrugada do último dia 7 de outubro, quando o corpo já se encontrava embalsamado. Como o marido de Francisca Torquato não havia reclamado o corpo, o irmão da paciente decidiu sepultar a irmã no Eusébio, na Região Metropolitana.

De acordo ainda com o irmão de Francisca, parentes estranharam um esparadrapo à altura do pescoço de Francisca Torquato, durante o velório. O irmão disse que o hospital havia alertado para a não retirada do esparadrapo, pois o queixo da paciente poderia cair. A recomendação não foi levada em consideração e, para surpresa dos familiares, o recurso encobria marcas de arranhões e hematomas. A família resolveu então cortar as ataduras que enrolavam o resto do corpo da paciente e constatou outros hematomas.

Diante das evidências de violência, o corpo foi encaminhado ao IML. Seis semanas depois, o laudo da asfixia contradisse a declaração do Hospital Mental sobre morte natural. Um inquérito policial foi instaurado no 6º Distrito, diante da legitimidade do laudo do IML. Até a próxima sexta-feira, seis pessoas serão ouvidas, entre enfermeiras, auxiliares de enfermagem e diretores daquela unidade de saúde.

A Polícia ainda descobriu que Francisca Torquato foi internada pelo marido, apesar de nunca antes ter apresentado distúrbios psicológicos. De acordo com as investigações preliminares, a mulher teria prestado queixa contra o marido, na Delegacia da Mulher, como ainda foi assistida pelo Centro de Apoio à Mulher, dois dias antes da internação no Hospital Mental. O Centro cuida da proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e não se pronunciou sobre o caso, já que as informações são sigilosas.

[O POVO tentou entrar em contato com a direção do Hospital Mental de Messejana, pelos quatro números de telefones registrados no endereço, mas ninguém atendeu às ligações. JO]

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Nota: O Hospital de Saúde Mental de Messejana é um desses serviços públicos com validade vencida. Trata-se de uma instituição estadual. Além de ser o maior hospício da capital cearense, é local da única residência médica em psiquiatria do Estado.

Quem é da área sabe que esse Hospital tem sido assolado recentemente por duas administrações sucessivamente desastrosas. Ninguém merece!
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