outubro 12, 2008

Eleições Municipais e Saúde Mental (XI)

Foto: Rogelio Casado - Abraço simbólico pelo fim dos manicômios - Manaus-AM, 18 de maio de 2007
Nota do blog: Quando o artigo abaixo foi escrito ainda não sabíamos quem eram os candidatos que iriam para o segundo turno. No primeiro turno, apenas o candidato do PT comprometeu-se, num debate público pela TV, com a implantação de uma rede de atenção diária às pessoas em sofrimento psíquico, através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Até agora, os dois candidatos que disputam a Prefeitura de Manaus - Amazonino Mendes e Serafim Corrêa - continuam ignorando a Saúde Mental. Valei-me, São Doidão!

Eleições Municipais e Saúde Mental (XI)

Tivemos mais um debate dos candidatos à Prefeitura de Manaus. Aqueles com chance de disputar o voto do eleitor comeram uma pupunha para não cair nas armadilhas da doença infantil do esquerdismo contemporâneo – amparadas em discursos com validade vencida –, e assim comunicar suas propostas para administrar a cidade pelos próximos quatro anos. Esses se utilizam das regras democráticas sem esconder o óbvio: não basta destilar ódio, é preciso propostas concretas, sólidas e articuladas organicamente à vida dos cidadãos manauaras. Terão uma votação pífia, como sempre.

Porém, numa área todos continuam a dever nos debates públicos: Saúde Mental. Os candidatos insistem em manter na penumbra as questões dos cuidados às pessoas em sofrimento psíquico. É mais fácil falar do consagrado movimento dos negros, dos indígenas, dos homossexuais, das mulheres, do que do movimento que luta por uma sociedade sem manicômios.

Que mais é necessário para que os senhores se dêem conta dessa demanda social? Já foram realizados, na cidade de Manaus, quatro abraços simbólicos pela inclusão social dos usuários de saúde mental; duas Paradas do Orgulho Louco e várias audiências públicas na Câmara dos Vereadores. Enquanto isso, três serviços atendem de maneira insuficiente as demandas de uma população de 2 milhões de habitantes. Nenhum deles é da atual administração municipal, que em quatro anos só no mês de outubro estará entregando seu primeiro Centro de Atenção Psicossocial. É pouco.

Diz-se que uma civilização se conhece pelo modo como tratam as pessoas com transtornos psíquicos – os loucos, em particular. Não são poucos os que têm trabalhado nesta cidade para construir um outro lugar social para o sujeito com transtorno psíquico. Quando estão avançados os estudos sobre as condições, os processos e a organização do trabalho em suas relações com o adoecer e o sofrimento mental, nossos futuros dirigentes calam-se sobre o tema. A omissão é um pecado mortal, independente da ideologia do candidato.

Manaus, Setembro de 2008.

Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA
www.rogeliocasado.blogspot.com

Nota do blog: Artigo publicado no Caderno Raio-X, do jornal Amazonas em Tempo, que circula às quartas-feiras.
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