setembro 20, 2010

Um ano sem Joaquina Marinho


Joaquina não morreu

Por Castelo Branco

Escrever textos eruditos que possam causar impactos emocionais a um grupo seleto de pessoas que o possam entender sempre agradou aos editorialistas deste jornal. Hoje, nesta edição, teríamos muitos motivos para esse tipo de comunicação. Todavia, hoje também é um dia que o coração deve falar mais alto que tudo. Temos razão para esse sentimento. É que  segunda-feira,  20 de setembro, a nossa querida fundadora, jornalista Joaquina Marinho da Gama, está completando 1 ano de sua passagem para o plano espiritual. Este semanário está de luto, mas temos certeza, em boa companhia, porque a presença da sua fundadora nunca se afastou do REPÓRTER. 

Falar de Joaquina é o mesmo que contemplar este jornal nas suas lutas diários, nas suas caminhadas, às vezes cruéis, sempre preocupado na defesa dos melhores princípios do jornalismo e da boa informação.

No momento em que expomos o nosso sentimento aos  leitores do REPÓRTER, com os corações de todos que laboram nesta casa – e não há exagero em dizer -, sangrando, queremos lembrar as palavras sábias do grande filósofo Hegel, em sua obra “A fenomenologia do espírito”, que diz:“para se conhecer verdadeiramente uma obra de cultura é necessário, primeiramente, que se desencarne o espírito que está encarnado nela”. No REPÓRTER, sem dúvida, o grande Hegel está encarnado no espírito de Joaquina Marinho, e esse espírito jamais o abandonará. Conhecendo-lhe a trajetória, o REPÓRTER tem mostrado a sua tenacidade, a sua bravura, o seu sentimento resolutamente ético diante das causas que defende.

Na caminhada do REPÓRTER e de Joaquina registram-se momentos de alegria, de júbilo, de conforto espiritual, e sobretudo, daquilo que se pode denominar de trajetória humana, a exemplo, da nossa pranteada e homenageada Joaquina, quando sucumbia em leito de dor, recebia a sentença perversa e cruel de um homem que se dizia representante do povo e que este jornal provou que não era: “aquela ali vai morrer. Ela tem câncer”. E sabem por quê? Porque foi a Joaquina, com o seu dom de repórter investigativa, que descobriu e denunciou o escândalo denominado  “Prodente”, que culminou com a cassação dele.

Enganou-se, contudo, o sádico politiqueiro. Joaquina não morreu. Hoje estamos aqui, alegres e com o seu espírito presente, dispostos a lutar, porque essa é a nossa razão de viver. Aqueles que enganam o povo, sim,  como esse ex-deputado, como outros mais. Esses já morreram e, como dizem os mais jovens, esqueceram de enterrá-los.
Somos compreensíveis diante da história e dos homens que a fazem. Afinal, não se pode mudar o seu curso. Tudo bem,  mas vamos continuar.  Joaquina, o REPÓRTER és tu. VIVA a Joaquina, viva o REPÓRTER, VIVA para sempre.

Nota do blog: O movimento SOS Encontro das Águas tem uma graditão eterna para com Joaquina Marinho. Através do REPORTER, ela abriu espaço para a defesa da conservação de um dos nossos maiores patrimônios paisagísticos, para qual os maus políticos e os empresários ligados ao capital predatório voltaram as costas. Como gostaria de crer na existência do dia Juízo Final,  porque, certamente, eles herdariam o Reino das Trevas. Como no lo creo, só nos resta lutar a boa luta, sem se deixar abater pela passividade dos letrados de araque, coniventes com  a estupidez de alguns setores empresariais, empenhados num sórdido racismo ambiental, incompatível com a generosidade com que foram recebidos no Amazonas.

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