janeiro 17, 2007

CIMI denuncia a violência contra o povo Kaiowá Guarani e critica a omissão da Funai no Mato Grosso do Sul



















A VIOLÊNCIA RECRUDESCE NO MATO GROSSO DO SUL

A presidência e o Conselho do Cimi, constituídos por missionários representantes de todas as regiões do país, manifestam uma vez mais sua preocupação em relação à violência contra o povo Kaiowá Guarani, que tem características de um genocídio.

É o que podemos constatar, mais uma vez, quando ocorrem o assassinato de Xuretê Julita Lopes e o ferimento de Valdecir Ximenes, com três tiros, ao amanhecer do dia 9 de janeiro, por milícias armadas contratadas por fazendeiros, que retiraram à força um grupo que havia retornado ao seu tekoha (terra tradicional), hoje ocupado pela fazenda Madama, no município de Coronel Sapucaia, MS. Quatro índios continuam presos, após incidente resultado de um ataque da milícia armada, no dia anterior.

Além dessa violência física, a comunidade foi duramente atingida por uma longa espera: aguardou cinco dias por uma autorização judicial para o enterro de Julita, rezadora de 73 anos, no local em que foi assassinada. As decisões da Justiça Federal em Ponta Porã e do Tribunal Federal Regional, em São Paulo, negaram aos índios o direito de sepultar a anciã no local em que tombou.

Denunciamos as ações de fazendeiros, que contratam jagunços, seguranças privados e pistoleiros para resolverem à força disputas sobre terras. Os Kaiowá Guarani nada mais buscam do que seu o direito constitucional às terras das quais foram expulsos. Repudiamos essa mentalidade que concebe como “direito natural” a expropriação de terras indígenas, negando a reprodução da vida a inúmeras famílias que se sustentam através da terra, com base em culturas milenares.

É assustadora a certeza da impunidade com que vêm agindo esses grupos armados. Os matadores continuam soltos, enquanto dezenas de índios estão presos. É preciso uma ação enérgica e eficaz da Polícia Federal e da Justiça para que não continuem sendo estimulados tais atos criminosos.

Toda essa situação só começará a mudar se houver uma ação rápida do governo Federal para regularizar e garantir aos Kaiowá Guarani suas terras. É uma afronta constatar que quase todos os processos de regularização das terras indígenas no Estado estão paralisadas por ações judiciais e que a Funai tem se omitido sistematicamente a criar grupos de trabalho para identificar mais de uma centena de tekohas (terras tradicionais) que aguardam por essa providência.

Dom Erwin Kräutler
Presidente do Cimi

Cimi – Conselho Indigenista Missionário
Brasília , 16 de janeiro de 2007

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Carta do Cimi aos Kaiowá Guarani do Mato Grosso do Sul

A presidência do Cimi e o Conselho da entidade, formado por representantes de todas as regiões do país, vem externar sua total solidariedade e apoio aos índios Kaiowá Guarani em suas lutas pela terra, em especial à comunidade de Kurusu Ambá, na sua legítima luta pela sua terra tradicional.

Estaremos ao lado de vocês não apenas neste momento de imensa dor, mas na continuidade da luta até a conquista definitiva do vosso direito.

Também repudiamos as ações de jagunços, seguranças privados e pistoleiros que, a serviço dos fazendeiros, vêm agindo com brutalidade, assassinando, ferindo e atormentando comunidades Kaiowá Guarani, que nada mais buscam do que seu o direito constitucional às terras das quais foram expulsos. Repudiamos essa mentalidade que concebe como “direito natural” a expropriação de terras indígenas, negando a reprodução da vida a inúmeras famílias que se sustentam através da terra com base em culturas milenares.

Sabemos que toda essa situação só começará a mudar se houver uma ação rápida do governo para regularizar e garantir aos Kaiowá Guarani suas terras. É uma afronta constatar que quase todos os processos de regularização das terras indígenas no Estado estão paralisadas por ações judiciais e que a Funai tem se omitido sistematicamente a criar grupos de trabalho para identificar mais de uma centena de tekohas (terras tradicionais) que aguardam por essa providência.

Apoiamos a luta de vocês contra toda esta violência.

Conselho Indigenista Missionário
Brasília , 16 de janeiro de 2007 Posted by Picasa

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