Toy Vodunnon Francelino de Shapanan
NOTA: Toy Vodunnon Francelino de Shapanan é homenageado pela contribuição à cultura negra no Brasil (http://www.portalafro.com.br/entidades/falapreta6/francelino.htm). Sacerdote de uma das religiões afro-brasileiras, se morasse em Manaus estaria entre os manifestantes contrários à decisão da Câmara Municipal de Manaus que arquivou, por 20 a 8 votos, o projeto da vereadora Lucia Antony, que criava o Parque dos Orixás (comentado por este blog no dia 09.12.2006).
Tambor de Mina é o nome genérico que a religião afro-brasileira recebeu no Maranhão e dalí espalhou-se pelo norte brasileiro.
De tradição daomeana, a Casa das Minas (Kuerebentan Zomadônu) foi fundada entre 1796 e 1815, cultuando voduns em língua ewe-fon. A Casa de Nagô (Nagon Abioton), de tradição yorubana, cultua voduns, orixás e gentís. Da fusão destas e outras casas tradicionais como o Ilê Axé Niamê (Terreiro do Egito) fundado em 1864, e o Ilê Nifé Olorun fundado em 1889, surgiu o Tambor de Mina. Pode-se dizer, portanto, que tambor-de-mina é o culto resultado da união das nações mina jeje, mina nagô, nupê, fulupe e cambinda.
Com 53 anos de idade e 38 anos de iniciação para o vodum Toy Azonce - Xapanã, o nosso homenageado abriu a Casa das Minas de Thoya Jarina no dia 22 de abril de 1977. Foi feito em Belém por Mãe Joana de Xapanã, maranhense nascida em 1893 e falecida em 1971. Deu obrigações de 14 e 21 anos com o Vodunnon Jorge Itaci de Oliveira do Terreiro de Tambor de Mina Iemanjá, em São Luis do Maranhão, onde detém o título de Abê Onokum (Os Olhos de Iemanjá).
É o Coordenador em São Paulo do INTECAB – Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira. É Presidente do Conselho Religioso e de Ética, e Secretário Geral da Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de Diadema. É membro da Comissão de Assuntos Religiosos do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, membro efetivo da URI (Iniciativa das Religiões Unidas) ao lado de sacerdotes de mais de 50 outras religiões. É Coordenador Geral dos Congressos de Umbanda e Candomblé de Diadema e Grande São Paulo. É membro do Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
A Casa das Minas de Thoya Jarina cultua os voduns de tradição Jeje-Mina, alguns orixás-Mina, os Nagô Gentis e os Encantados. A dona da Casa é Thoya Jarina, da família do Lençol, tendo se incorporado em nosso homenageado em 22 de abril de 1961. Porém, quem comanda a casa é a Encantada Cabocla Mariana.
A Casa das Minas de Thoya Jarina possui mais de 15 casas filiadas a ela, cujos dirigentes foram iniciados por nosso homenageado, estando localizadas em São Paulo, Diadema, Santo André, Ituiutaba-Minas Gerais, Curitiba, Almirante Tamandaré no Paraná, Mafra – Santa Catarina, Porto Velho- Rondônia, Manaus e Belém.
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NOTA: O Observatório Latino-americano de Políticas Públicas, do Laboratório de Políticas Públicas / UERJ - Programa Políticas da Cor na Educação Brasileira, noticiou o fato através da Brasil - Afropress (http://www.lpp-uerj.net/olped/acoesafirmativas/exibir_noticias.asp?codnoticias=19833). Enquanto capitais capitais como São Paulo e Rio de Janeiro possuem seus parques, Manaus perdeu a chance de dar uma demonstração de que o preconceito não morada na Casa do Povo.
Manaus vota contra religião afro
7/12/2006 - Brasil - Afropress
Manaus - Com vinte votos contra e oito a favor, a Câmara Municipal de Manaus rejeitou o projeto de Lei de autoria da vereadora Lucia Antony (PC do B) que criaria o "Parque dos Orixás", espaço cedido pela Prefeitura Municipal reservado aos praticantes de cultos afro-brasileiros para a realização de suas manifestações, entregas de oferendas, entre outras ações determinadas pelo culto para saudar, agradecer e pedir axé aos orixás e deuses africanos.
Lucia Antony, há algum tempo vinha se reunindo com representantes da umbanda e candomblé, além de secretarias municipais envolvidas na orientação para o espaço, como as Secretarias de Meio Ambiente e de Limpeza pública. Segundo a vereadora do PC do B, o objetivo de destinar um espaço exclusivo para as manifestações dos cultos é disciplinar questões como a coleta de material de oferendas, que são "arriados" em vários locais dando mais trabalho para a limpeza pública e chamando urubus e animais que se alimentam dos restos.
Em Manaus, muitos adeptos deixam suas oferendas na área denominada Cachoeira do Tarumã, onde encontram os elementos da natureza ligados aos cultos, mas que também fica próxima ao Aeroporto Eduardo Gomes, o que traz perigo para a aviação em razão da aproximação das aves.
Ter um espaço exclusivo, como já se tem no Rio de Janeiro e em São Paulo, também evitaria as manifestações preconceituosas de evangélicos que se reúnem em locais, já conhecidos de despacho, para "exorcizar" os integrantes dos cultos.
Apesar dos inúmeros os benefícios do "Parque dos Orixás", isto não foi levado em consideração pela bancada de vereadores que votou contra, a chamada Bancada Evangélica, que no mesmo dia votou e aprovou a instituição do dia 18 de junho como o Dia das Assembléias de Deus e do Movimento Pentecostal em Manaus.
O "Parque dos Orixás" foi denominado pejorativamente por uma deputada de "macumbódromo" demonstrando a total falta de conhecimento e educação da parlamentar quanto às raízes afro-brasileiras.
O representante do Movimento de Afro-descendentes do Amazonas (AfroAmazonas), Alberto Jorge da Silva considerou uma tristeza a decisão equivocada da Câmara Municipal de Manaus. O AfroAmazonas vai realizar uma passeata de protesto, repudiando a atitude preconceituosa dos parlamentares. No dia de Nossa Senhora da Conceição - padroeira do Amazonas - a AfroAmazonas está convocando pais e mães-de-santo para lavarem com sal grosso as escadarias da Câmara Municipal de Manaus.
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
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