PICICA: Muita gente boa está fora do circuito dos blogueiros progressistas, como o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, que conhece e discute a Amazônia como poucos. Supondo que ele estivesse na reunião dos blogueiros progressistas com o companheiro presidente, haveria uma grande chance de ter sido formulada a pergunta que não quer calar: "Por que sessenta hidrelétricas na Amazônia?" Só para entender o contexto em que a questão se insere na pauta do debate público, menos na dos que se nomeam "blogueiros progressistas", leia parte da entrevista de Eduardo Viveiros de Castro, professor de antropologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quando passar o mal-estar provocado pela intolerância à crítica que vitimou o segmento, o PICICA torce para que o tema venha a constituir parte da pauta dos blogueiros progressistas. Em causa, a questão indígena, a biodiversidade e os interesses transnacionais.
Indígenas contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte
Foto postada em outrapolitica.wordpress.com
E está em curso a polêmica sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Quando se fala em hidrelétricas, bem, de fato talvez seja melhor do que a energia nuclear – em princípio, uma vez que a questão do lixo nuclear está bem longe de ser resolvida, além dos problemas de segurança –, mas quais são as implicações do ponto de vista, por exemplo, do abastecimento de água? E, aliás, para quem vai o principal da energia elétrica que é produzida por uma grande hidrelétrica como Tucuruí, ou Belo Monte? Vai para a população ou para as fábricas de alumínio, os projetos de extração e processamento de cobre e níquel da Amazônia? O que fazem essas fábricas de alumínio? Latas de saquê e cerveja, principalmente. Por que as fábricas de alumínio estão aqui? Por que países como o Japão não querem gastar uma imensa quantidade de energia para mover as cubas eletrolíticas onde se funde o alumínio? É melhor que um país grande, periférico e perdulário detone seus rios. A usina de Tucuruí, concebida durante o regime militar, significou 2 bilhões de reais de subsídio para as indústrias de alumínio, como constatou um especialista recentemente. O destino real da energia produzida pelo Complexo Hidrelétrico de Belo Monte ainda é uma espécie de segredo de Estado. Mas parece que essa energia virá principalmente para o Sul e o Sudeste, ou servirá para alimentar novas indústrias eletrointensivas – cobre, bauxita, níquel – no Norte, algumas aliás não nacionais (a direita vive falando no perigo de uma invasão estrangeira da Amazônia; ela já aconteceu, mas como é uma invasão do capital, parece que pode…). Os benefícios para a população, e especialmente para a população local, são muito duvidosos.
Leia a entrevista em sua totalidade na CULT.
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