PICICA: "(...) o PT tem ódio das jornadas de junho
porque desmacararam (...) que ele
estava fingindo ser de direita pra governar o país."
Pra
mim fica cada dia mais claro, que o PT tem ódio das jornadas de junho
porque desmacararam (inclusive pra direita que num tava nem aí pra
política nos seus iates e casas de campo tomando champagne) que ele
estava fingindo ser de direita pra governar o país. Aqui em Minas isto
ficou ainda mais óbvio nas campanhas de 2014, Pimentel tirou a
estrelinha e se vestiu de coxinha e BINGO! Papou o eleitorado de
direita. Então o ódio é que as esquerdas (não radicais, qualquer um que é
esquerda e não sofre da doença governista) foi pras ruas, num primeiro
momento junto com muuuuuita gente de todo tipo (e isto é outro assunto,
sobre nova ontologia global). Daí exigiram que o PT se movesse,
encarasse o congresso e atuasse mais firmemente com relação às bancadas
conservadoras (ruralistas, evangélicos, etc). Isto antenou geral. Os
direitas saíram todos do armário e arregaçaram as mangas. O que fez o
PT? Recurou. O PMDB botou o pé na porta. Mas eu fico sempre
encasquetada, se os marketeiros estivessem sempre razão e as principais
estratégias prontas, porque é que têm tanto medo da tal oposição de
direita? A questão é a sinuca de bico: as direitas no congresso,
partidos da direita (oligogarca e protencionista de seus bens pessoais e
familiares) que apoiam o PT nas bancadas (ou seja, votos em propostas)
continuam declarando seu apoio ao PT em troca de cargos, ministérios,
secretarias e votações em propostas conservadoras (e impedindo pautas
progressistas)... só que seus eleitores, a turma conservadora dos
interiores do país não votam no PT nem com a faca do Temer no pescoço...
então o PT fica refém de partidos conservadores e ainda não tem os
eleitores destes partidos nas mãos. Quando vemos as votações agora
sabemos: 35% são conservadores (Aécio) + 20 % Marina não sabemos
direito, são conservadores, mas querem parecer progressistas, são de
esquerda e têm ódio do PT não ter ido à esquerda em seus governos, e
ainda tem 30% de gente bastante desinteressada em política ou que usa
seu voto nulo como protesto. Então tá, temos 50% de votos a serem
disputados! Minha pergunta: onde estão as pesquisas dizendo que estes
50% não adorariam votar em um partido que simplesmente saíssem do
armário e assumisse um papel combativo às direitas (elites) nacionais?
Onde estão estas contas? Eu simplesmente acho que elas não fecham. De
verdade? Eu daria tudo pra assentar com o Rui Falcão tomando um porrete e
ouvisse dele o que ele (mas Gilbertão e também o Lula) tem a dizer
disto tudo! A America Latina já vai se ajeitando à esquerda e assumindo
seu papel na história. Porque o PT não faz isto? Porque não decidiu
disputar os tais pobres em ascensão via cultura, formação de base, mais
disciplinas de humanas nas escolas, mais arte nos rincões em
desenvolvimento? Porque Dilma prefere os engenheiros aos advogados? A
resposta é óbvia: ela não tem visão de construção de uma sociedade em
disputa com o Estado-capital (consumo + consumo + consumo). A disputa
pelo desejo destes pobres que estão subindo na pirâmide social passa
pela disputa dos desejos. Se eles somente desejam mais do que o governos
lhes dá, vão apenas querer mais coisas. Que ótimo se isto estivesse
junto de desejos de uma sociedade mais justa pra todos, de mais arte,
mais cultura, mais produção do comum em todos os níveis que esta já
acontece... Mas não. Pensam em números. Só que números sozinhos passam a
representar também números. Quem está nos rincões em desenvolvimento
disputando politicamente com as "esquerdas"???? A igreja evangélica por
um lado, a rede Globo por outro e assim por diante. O que foi feito da
política genial dos pontos de cultura? NADA! Quais as diretrizes para
esta área (que segundo a Dilma deve ser bobagem perto das grandes obras
do PAC)? Muita coisa. Dilmão deixou rolar no Ministério da Cultura um
destroçamento das políticas culturais politizantes em processo e
emplacou uma Secretaria de Economia Criativa! Auge das políticas
neoliberais da direita internacional amplamente divulgadas pelo Toni
Blair. Então com estes poucos exemplos vê-se: os números
desenvolvimentistas e de inclusão social são realmente enormes e o PT
tem um mérito enorme neste quesito. Tá tudo certo! Mas o abandono do
processo de construção de uma nova sociedade politicamente ativa e
decididamente combativa ao mercado e seus processos de subjetivação está
aqui e agora mostrando que não adiantam somente os números! É preciso
muito mais para disputar com o capital e suas elites donas dos meios de
comunicação e das igrejas no país.
Fonte: Natacha Rena
Fonte: Natacha Rena
Nenhum comentário:
Postar um comentário