Oleo do Diabo
Eu também faço alguns comentários, em letra vermelha, intercalados ao texto de Merval. (Miguel do Rosário)
PT: o passado condena
Merval Pereira
Os que especulam sobre o significado da não reação do ex-governador Aécio Neves ao comentário da candidata oficial, Dilma Rousseff, de estímulo à chapa Dilmasia um voto híbrido nela para presidente da República e no candidato a governador Antonio Anastasia, do PSDB , querendo perceber uma sutil admissão de Aécio à cristianização do candidato tucano, José Serra, em Minas, não perdem por esperar.
Caramba! Não perdem por esperar? O que será que vem aí, hein?
O discurso do ex-governador mineiro hoje, no evento que marcará em Brasília o lançamento da candidatura de Serra à Presidência da República, será uma inequívoca tomada de posição.
Mais que isso, será uma definição de linha de ação política do PSDB, um ataque frontal ao passado do PT e um assumido orgulho do passado do partido tucano.
O PSDB usa a imprensa como se fosse sua assessoria de comunicação. Em vez de se comunicar diretamente com a sociedade, usam o jornalistas como porta-vozes, sempre. Nesse texto, por exemplo, não se sabe o que são palavras de Aécio e o que são de Merval. Tudo amalgamado, candidato e jornalista, informação e opinião, jornalismo e campanha política. Tanto é assim que fiquei na dúvida se imaginava o político manipulando um jornalista-marionete, ou um jornalista manipulando (ou melhor, tentando manipular) um político-marionete.
Sobre a passagem de Dilma por Minas, o ex-governador Aécio Neves lembra que seu avô Tancredo dizia que, em uma campanha eleitoral, há lugares em que é melhor não ir do que ir e ter problemas.
Foi o que aconteceu com a candidata oficial, Dilma Rousseff, ao visitar São João Del Rei. Se fosse lá e não visitasse o túmulo de Tancredo, seria acusada de mais uma vez estar desdenhando o grande líder político mineiro.
Indo, provocou a ira dos próprios mineiros, pois o PT não apenas não apoiou Tancredo no Colégio Eleitoral, em 1985, como expulsou os seus três deputados federais que o fizeram à revelia do partido.Para exemplificar o repúdio mineiro à atitude de Dilma, basta ler o título do artigo semanal que o ex-senador Murilo Badaró escreve: A profanação do túmulo de Tancredo.
Merval pega a manifestação de meia dúzia de colunistas ou políticos tucanos da grande imprensa mineira e a transforma em "ira mineira". Omite que a própria viúva de Tancredo agradeceu a visita de Dilma ao túmulo de Tancredo. O que tem que o PT não apoiou Tancredo em 1985? O PT queria eleições diretas, universais, e o que Brasil teve foi uma vergonhosa eleição indireta. E Dilma nem era do PT, ora bolas!
Dilma já havia confundido anteriormente Governador Valadares com Juiz de Fora, demonstrando que sua mineiridade não está muito em dia.
Oh!!! Dilma comete um erro bobo, e Merval converte isso em falta de "mineiridade". É engraçado como a imprensa se recusa a aceitar o fato de que Dilma Rousseff nasceu em Minas Gerais, viveu em Minas Gerais, estudou em Minas Gerais, seus pais trabalhavam em Minas Gerais. Mudou-se de Minas com mais de 20 anos, já com sua personalidade completamente formada. Ela é mineira 100%, portanto.
Quando, desta vez, caiu na armadilha ao defender a chapa Dilmasia, prestou dois serviços aos adversários políticos: desprezou o PT e o PMDB mineiros, que ainda se digladiam para ver quem dará o candidato a governador, e deu a chancela de que a candidatura de Antonio Anastasia é uma opção tão viável que ela admite cristianizar seus candidatos para receber o apoio do ex-governador Aécio Neves, o grande líder político atualmente em Minas.
Lá vem o factóide novamente. São fantasmas eternos, imortais. Pode-se atirar neles com toneladas de gravações, mostrando que Dilma não defendeu nenhuma chapa Dilmasia, apenas reagiu a uma provocação da jornalista (embora efetivamente ela devesse ter sido mais enfática na demarcação das diferenças políticas entre ela e o candidato tucano), não adianta, eles vão nos assombrar até o fim dos tempos.
O ex governador não quis reagir pessoalmente à ida de Dilma ao túmulo de seu avô para não dar um cunho meramente pessoal e familiar ao comentário, mas foi consultado pelo senador Sérgio Guerra sobre a nota que os partidos de oposição divulgaram.
Vai aproveitar o discurso de amanhã para tirar da frente os fantasmas do constrangimento.
"Tirar da frente os fantasmas do constrangimento"? Ã? Tô falando que são assombrações. Olha os fantasmas aí. Só que não consegui entender nada.
Aécio vai dizer claramente que nós temos que ter orgulho enorme do que fizemos, e definirá com clareza e coragem o que considera uma verdade política: não teria havido o governo do presidente Lula se não tivesse havido o governo Fernando Henrique.
Nossa! Que textinho mais propaganda, héin? Definirá com "clareza e coragem"? O cara nem falou ainda e o Merval já sabe como será a postura do governador e quais serão as reações. Isso que é jornalismo!
Isso é real, é claro, e o maior avalista disto é o próprio Lula, que manteve intacta a política econômica do Fernando Henrique.
Quem tá falando? Aécio ou Merval? Essa coluna ficou completamente esquizo.
Para Aécio, quem diz da importância do governo de Fernando Henrique é Lula, mais do que qualquer outro. O ex-governador mineiro lembrará que, apesar das pressões do PT no início do governo, o Palocci, com o aval do Lula, manteve intacta a política econômica.
Aécio defenderá que o debate na campanha deve ser sobre o futuro e o presente, mas pretende ressaltar que é fundamental que se debata também o passado.
Putz! Que coisa patética! Reparem bem que raciocínio genial! Se é fundamental que se debata também o passado, então a primeira frase, de que o debate deve ser sobre o futuro e o presente, perde o sentido, não é? O debate tem de ser, então, sobre o passado, o presente e o futuro. Ou seja, sobre tudo. Esses caras não tem o que falar, e acham que basta dar uma pompa a qualquer besteira para deixá-lo com aspecto inteligente e importante.
O PT quer circunscrever o seu passado aos oito anos do governo Lula, ressalta Aécio, negando validade a essa estratégia. Sorte nossa que o PT não era um partido expressivo naquela época. Se prevalecessem as ideias do PT, teríamos adiado o processo de redemocratização, poderíamos ter de novo um retrocesso institucional na saída do Collor, com o Itamar sem qualquer apoio, não teríamos uma Constituição.
O tema central da fala de Aécio será o passado condena o PT.
Poxa! O cara diz que o debate deve ser sobre o presente e o futuro e aí diz que "o passado condena o PT". Ah tá, esqueci, é fundamental debater o passado...
Ele diz que, na campanha, o PSDB vai falar das privatizações, da Lei de Responsabilidade Fiscal, do próprio Plano Real, de tudo o que foi feito com a raivosa oposição deles.
O próprio Lula já reconheceu que, se fosse eleito em 1989, seria uma tragédia, pois não estava preparado para governar o país. E será que a Dilma está preparada? A Dilma hoje não é o Lula de 89?, pergunta Aécio.
Merval distorce o que Lula disse. O presidente teve apenas um gesto de humildade, pois ninguém pode saber como seria seu governo se ganhasse em 1989. Podia muito bem ser infinitamente melhor do que os governos Collor e FHC. Provavelmente seria. E claro que Dilma está preparada. Dilma foi a grande gestora do governo Lula. Compará-la ao Lula de 1989 é ridículo. Não foi apenas Lula que mudou. As circunstâncias mudaram. O PT mudou. O empresariado brasileiro mudou. O mundo mudou. Tudo mudou.
Para o ex-governador mineiro, o governo de Fernando Henrique Cardoso foi um governo respeitável, mesmo quem não tem saudades respeita, independentemente do que o PT fez com egoísmo durante esses 25 anos.
Governo respeitável? Ahahah. Belo eufemismo para medíocre, não? Por que Aécio não diz que foi um grande, um excelente governo?
Ele define o PT como beneficiário da nossa responsabilidade e da nossa visão de país, porque, ao contrário da gente, o PT sempre colocou o seu projeto partidário acima do projeto do país em todos esses momentos.
Ah tá, e o PSDB? Que mudou a lei eleitoral para se autobeneficiar. Isso não é colocar o projeto partidário acima do projeto de país? E se Lula está fazendo um grande governo, a sua afirmação sobre "projeto partidário" fica prejudicada, não? Aliás, é uma afirmação vagabunda, porque um projeto partidário, quando é um projeto nobre, identifica-se com o interesse nacional.
Aécio Neves relembra que, para o PT, valia sempre a lógica do que era melhor para o partido. Não era bom se misturar conosco no Colégio Eleitoral, dane-se o resultado; não era bom apoiar o Itamar porque o Lula vem aí, dane-se o Brasil.
O ex-governador mineiro diz que está na hora de levantar a cabeça e partir para cima. Ele vai lembrar que foi candidato a candidato a presidente da República ano passado e sempre dizia que a unidade era a grande força, o mais vigoroso instrumento para ganhar a eleição.
Levantar a cabeça e partir para cima? Uau! Agora eu quero ver! Que princípios! Que criativo! Mas, peraí, isso quer dizer que os tucanos estavam de cabeça baixa? Por quê? Vigoroso instrumento? Nossa, mona!
Aécio diz que, no momento em que notou que o partido ia em outra direção, fez o mais importante gesto a favor da unidade quando anunciou que seu candidato era o Serra: Eu tenho compromisso com o partido e com o país, quero encerrar esse ciclo petista. Acho que tenho autoridade moral para dizer isso, finaliza.
Pára tudo! Aécio "Tenho autoridade moral para isso" Neves... Esse rapaz está se achando, héin? Tremendo filhinho de papai que só é político porque o vovô era famoso...
Este é o espírito com que o ex-governador mineiro discursará hoje no lançamento da candidatura de José Serra à Presidência da República.
É, tô vendo, Merval. Você sabe tudo sobre o discurso de Aécio. Sabe exatamente quantas pessoas baterão palmas e quantas bocejarão...
Uma tomada de posição sem dar margem a dúvidas.
Yeah! Como dizem os travestis aqui da Lapa, força na peruca!
Acesse www.oleododiabo.blogspot.com
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
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