setembro 17, 2010

DILMABOY, uma extravagância paródica "dance-pop-kitsch" apaga fronteiras e torna-se obra de Pop Art

pauloenriquerc | 28 de junho de 2010
Criado por @dilmaboyoficial @jesusgalvao @tonnymanson
Meu twitter oficial: @dilmaboyoficial

Hello Serra a Dilma é favorita pra vencer.
Só você não sabe e quer disputar pra quê?
Ela sabe que o povo tem fome e quer comer.

Sorry, Serra mas essa você vai perder.
Você vai perder. Você vai perder.

Sorry Serra mais uma vez vai dar PT.
Tenta há séculos e a favorita é do PT.
Nunca desistiu mais uma vez vai perder.
Quer melhorar a saúde e o povo não quer crer
Não quis se aliar, agora você vai ver

Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso!
Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón...
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso

Amiga do Homem, vai vencer!
Amiga do Homem...

Ela não é O Cara, mas é amiga do Homem!
Você não é o Cara, nem amigo do Homem
Venha para o Club, deixa de ser bobo
Venha logo também ser amigo do Homem

Ela não é O Cara, mas é amiga do Homem!
Você não é o Cara, nem amigo do Homem
Venha para o Club, deixa de ser bobo
Venha logo também ser amigo do Homem

Se mexer com ela dou bafão juro, confesso
Minha Diva...
Desbanquei Stephany, sou um mega sucesso

Só no Rebolation, sorry mas está tenso
Quando ela ganhar vai rolar Dilma's party
E sua secretária vai ligar pra você
E vamos comemorar com o Rebolation
Todos vão se esbaldar na festa do PT

Nós vamos vencer, nós vamos vencer!
Sorry, Serra mas essa você vai perder.
Você vai perder. Você vai perder.

Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso!
Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón...
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso

Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso!
Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón...
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso

Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso!
Stop Burn Stop Burn. Ela é a nova Evita Perón...
Olhe pra ela. Ela agora é sucesso

Amiga do Homem, vai vencer!
Amiga do Homem...

Ela não é O Cara, mas é amiga do Homem!
Você não é o Cara, nem amigo do Homem
Venha para o Club, deixa de ser bobo
Venha logo também ser amigo do Homem

Ela não é O Cara, mas é amiga do Homem!
Você não é o Cara, nem amigo do Homem
Venha para o Club, deixa de ser bobo
Venha logo também ser amigo do Homem

Aaaa amigo do Homem, aaaa, amigo do Homem
deixa de ser bobo, venha logo também
ser amigo do Homem

Aaaa amigo do Homem, aaaa, amigo do Homem

***

[ Amálgama ]



Posted: 16 Sep 2010 08:05 PM PDT
por Bruno Cava – No final de junho, o estudante goiano Paulo Reis postou no youtube a performance DILMABOY. É uma extravagância paródica “dance-pop-kitsch”, que remete a Lady Gaga, Lacraia e Ronaldo Ésper (só pra começar), em apologia à candidatura de Dilma Rousseff e deboche à de Serra (destaque ao verso “E sua secretária vai ligar pra você”). Com esse vídeo, Paulo obteve 250.000 acessos, tornou-se viral e foi contratado pela campanha da candidata. Há quem atribua o sucesso à vulgata “americanizada”, à alienação das massas, à futilidade das novas gerações, à despolitização da disputa eleitoral, hoje em dia esvaziada e reduzida a chavões, slogans, numerologias, frases de efeito e marqueteiros baratos.



Não penso assim. Se, de acordo com a teoria cultural, no pós-modernismo se generalizam a hibridização, o pastiche, a fluidificação, então DILMABOY expressa bem o clima existencial da época. Desde pelo menos os Beatles, Warhol e o tropicalismo, o Pop rejeita a profundidade metafísica e se entrega a uma espécie de superficialidade consciente — a uma arte de intensidades fugazes e prazeres epidérmicos, que transita sem preconceitos pela cultura de massa.

Tem quem rejeite a pós-modernidade como conceito, ou então a considere mera nota de rodapé da obra de Nietzsche. Até concedo, sabe. Porém nada elide o fato de que a aceitação generalizada dessa pseudo-pós-modernidade produza, independente de sua validade interna ou rigor histórico, uma certa atmosfera cultural, uma mobilização de autores e obras e movimentos. Isso se pode chamar, creio eu, pós-modernismo (aqui estou com o crítico Terry Eagleton).

Despreocupando-se com idéias grandiosas, o pós-modernismo assume um tom (auto)irônico, quiçá jocoso, ao mesmo tempo em que embute um ceticismo quanto às grandes narrativas, verdades e ideologias, tão atuantes nos séculos 19 e 20. Assim, fica feio adotar discursos grandiloqüentes, aspirar à natureza universal do homem, promover utopias políticas. Este o cinema de Tarantino, a música de Oasis e The Raconteurs, a literatura de José Agrippino de Paula. A força da obra pós-modernista reside menos em inovação formal ou em metafísica oculta ou em manifesto utópico (itens tão caros à arte moderna), do que na habilidade de combinar e sintetizar significados e afetos, disseminando-os de modo imanente à cultura de seu tempo. Nada se cria, tudo se movimenta.

Como efeito, abole-se a separação entre arte elevada e popular. Todo o tropicalismo brazuca e a arte conceitual lutaram contra essa dialética, ao revalorizar objetos do cotidiano, elementos da publicidade, bem como o kitsch, o mau-gosto, o cafona.

Daí a tarefa do crítico de arte mude de figura. Não é mais, por exemplo, praticar uma cinefilia de butique ou dedicar quarenta laudas sobre um quadro pós-impressionista. Agora, trata-se de dar à televisão, ao videoclipe, às técnicas de marketing, a mesma importância que sonetos de Camões, romances de Tolstoi e filmes de Jean Renoir. É mais relevante analisar como discursos e práticas circulam pelo corpo social, independente do formato atribuído: filme, peça de teatro ou comercial de televisão.

Os críticos do pós-modernismo tendem a imputar-lhe um relativismo moderninho, uma ausência de crítica real, uma rendição precoce à sociedade de espetáculo, consumo, pós-fordista e quejandos. Sucumbe-se à banalidade e se exime do distanciamento que permite a crítica, na sua (supostamente) imprescindível dialética negativa. Embora, dizem esses detratores, o pós-modernismo possa servir para interpretar a realidade, padece da impotência para transformar o mundo e politizar os debates hodiernos. Vivem-se em conseqüência os tempos de pensamento mole, da dissolução do sujeito político, de romantismo indie. E o materialismo? La nave va.

Repito: não penso assim.

Em primeiro lugar, por não não acreditar nos tais males da sociedade de consumo. A vida também é a tentativa mais ou menos desenfreada de consumir os desejos. Se somos realmente movidos por uma usina inconsciente deles, e nos movemos na vida tecendo afetos para mobilizar e concretizar tais desejos, então qual o problema do consumismo? O próprio ismo aplicado ao consumo me parece tolo. O marxismo é pra dividir a riqueza e não a pobreza. É comida, diversão e arte — tudo junto.

Não me esqueço de um debate no movimento estudantil, quando esquerdistas (jamais esquerda) diziam que o pobre não precisava de TV de plasma ou celular de último tipo, mas de comida e educação. Por acaso, a debatedora, branca e classe-média, portava um ipod bodoso, ostentava um cabelo e$covado e hidratado, e exibia em seu vestuário diversas grifes.

E não me esqueço do artigo “Consumo, Logo Existo“, de Frei Betto, que se sustentava, essencialmente, no argumento de que “quem trouxe a fome foi a geladeira”. Síntese do problema: antes o pobre tinha dinheiro para farinha e feijão, mas aí manipularam-no para querer também o refrigerante e o sorvete… É inacreditável, mas o militante pastoral defende que, quanto mais bens geramos e consumimos, mais pobres ficamos. Não à toa, cite o filósofo Jean Baudrillard, o mesmo que, no livro Sociedade de Consumo, denuncia o tal consumismo contemporâneo. Bom mesmo deve ser viver de sandálias e sobreviver dos frutos da terra, como bom franciscano.

Boa a resposta sutil do presidente Lula, logo em seguida, ao discursar que o pobre não quer só pão e circo, mas também geladeira e cultura. O pobre também deseja! Melhor ainda a réplica mais direta do filósofo Rodrigo Guéron na Revista Global Brasil. O artigo se chama “Da fome à vontade de comer: A mais-valia da vida”, e pode ser encontrado online no número 8 da publicação (pág. 40).

Em segundo lugar, porque não subscrevo a separação que fazem entre arte genuína e discurso da publicidade e da “mídia”. Qual nada! tudo é mídia, tudo é publicidade, tudo é produção de discurso e ato performativo, simultaneamente. Essas separações sempre e sempre partem de concepções fechadas, normativas, sobre arte e política. Quer atacando o seu suposto tom banalizador, quer panfletário. Tais purismos confinam com hierarquias e sistemas de validação, diletantes ou ideológicos. Em ambos os casos neutralizando a arte de sua penetração na vida, elevando-a à esfera intocável, quase sagrada, fora e protegida das agitações dos meios de comunicação, do fuzuê das turbas ignaras.

Penso que a crítica pode operar por dentro do pós-modernismo. Mas precisa reciclar-se dentro desse contexto. Vários dos operadores e parâmetros “modernos”, como totalidade, progresso ou racionalidade, tornaram-se impraticáveis. Não dá mais pra crer em instâncias transcendentes capazes de julgar de cima pra baixo, de fora pra dentro, como num tribunal da boa estética ou do bom gosto. Faz-se necessário encontrar a reinvenção por dentro da textura descentrada e multicolorida, para aflorar sentidos éticos, estéticos e políticos, libertá-los dos fluxos autoreplicantes da cultura midiática. Isto não significa imergir no Pop, mas dele roubar, com sagacidade e agressão, para fazer arte. Pop Art.

Doravante, o estranhamento inerente à crítica acontece de modo imanente, na recombinação e ressignificação da matéria viva de nosso tempo.

Por isso tudo, DILMABOY não só é uma obra de Pop Art no século 21, mas também exemplar para se compreender a contemporaneidade. E fazê-lo de uma perspectiva pós-modernista e ainda por cima brandindo a espada crítica, sem a qual não passaríamos de reprodutores do status quo.

– Versão Buddy Poke do DILMABOY (“DILMATOY”): Prossegue o processo de recombinação –

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