dezembro 01, 2010

Sarcasmos à parte, a barra vai pesar

PICICA: O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos "prevê um tensionamento entre mídia, parlamento e governo, porque o modelo lulista de agradar a todos esgotou-se. Os mais ricos tentarão convencer a nova classe média que é hora de fechar as fronteiras. Quem passou, passou. Os novos beneficiados irão disputar empregos com os já estabelecidos. Segundo Santos, será mais difícil, neste cenário, obter a unanimidade incrível conquistada por Lula.". Leia mais em "Wanderley: a barra vai pesar".
 
tjgweb | 14 de dezembro de 2008 |

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MÍDIA & CAOS SOCIAL
Sarcasmo ou sinceridade?

Por Fernando Schweitzer em 30/11/2010

Você é sarcástico quando fala com esse tom, ou pensa assim mesmo? Respondi, às 16:43h do dia 24/11/2010: "Penso absolutamente assim. Pois tudo que o cidadão sócio normativo daqui usa como discurso de orgulho é o que eu mais desprezo no país, tudo o que o brasileiro mais odeia no seu país são os poucos pontos positivos para mim – e justo o que o povo daqui quer extirpar. Então, se o que o padrão da sociedade tupiniquins ama é o que eu odeio, e vice versa... das duas uma, ou eles tem um patriotismo burro e equivocado e eu sou mais patriota que eles, só que sem ser cego e fanático, ou o povo de patriota nada tem porque ignora o real país onde vivem."

Essa resposta visceral e molesta foi motivada em uma conversa de MSN aonde fui questionado de onde era. A pergunta "Vc eh brasileiro?", cuja resposta fora: "Por carma sim", vem no âmbito das perguntinhas das quais eu já conheço há tempos, tal qual sua fundamentação e diretriz ideológica. Os sócio-normativos de plantão! Porque cargas d´água... (adoro essa expressão) qualquer pessoa que tenha um pouco de visão é chamado de louco, radical, extremista etc. por gente conformista e cooptada pelo sistema?

Esses tipos são os primeiros a levantar a mão e apontarem seu dedo moralista a todos que não sigam o trilho nefasto do comodismo sócio-cultural brazuca, que eu chamaria de bazuca. O que me deixa ensandecido é pensar no que raios pode ter como filosofia de vida um ser que acredite que vivemos em um país justo. Deve ter lido o 2º Caderno e nada mais, visto na vida muito filme americano, onde os desfechos são óbvios e os pseudo-atores medíocres, assistido muito Xuxa e afins da Rede Bobo de Manipulação.

Um tênis laranja


Tivemos nos recentes dias uma avalanche de notícias que passam da linha tênue da modernidade caótica. Cito apenas as manchetes:

R7: Jornalista culpa pobres por tráfego nas estradas
Análise preconceituosa de comentarista da Globo/RBS-SC foi parar na internet

G1: Jovem de 18 anos é preso por beijar garoto de 13 em cinema de shoppingBeijo consentido por menor durou 5 minutos, diz gerente em SP.
Maior responderá por estupro de menor de 14 anos, segundo a lei.

Folha online: Mãe de agressor diz que filho teve "atitude infantil"; grupo atacou 3 na av. Paulista
Passageiros de van incendiada no Rio têm queimaduras de segundo grau

JB: Nova vítima de agressores da Av. Paulista se apresenta
Estudante reconheceu acusados por vídeo e foi espancado em danceteria

Pela mesma pessoa, na conversa fui perguntado se não acredito em democracia. Eu não acredito é que vivamos em uma democracia neste país. Temos censura na TV regida pelo Ministério Público, temos censura social caso não nos comportamos nos padrões hipócritas-cristãos desta sociedade pseudo-laica, onde padres e bispos são pedófilos, além de homossexuais enrustidos, representando uma entidade racista e homofóbica...

A cultura da culpa cristã em que vivem presas as pessoas atualmente é o maior censor que pode sofrer perseguição uma pessoa. Por não ter fetiche por uniformes e talvez por uma inconsciente vontade de contestar a mediocridade dos transeuntes que coabitam este em que infelizmente ainda piso, uso trajes não plenamente ortodoxos. Estreei um tênis laranja esta semana. Por este fato simples, até irracional, fui abordado várias vezes na rua, sofri ameaças de agressão, além dos milhares de comentários de conhecidos sobre o dito cujo. Meu caráter deixou de habitar meu ser.
Subterfúgios pragmáticos
Passei a ter medo que uma lâmpada viesse ao meu encontro pelas ruas, ou que ao cantar alguém de 17 anos e 364 dias de vida e ser correspondido me levasse a cadeia. Cancelei uma viagem a São Paulo para palestrar em um evento na Avenida Paulista e outro no Rio porque teria de tomar uma van e poderiam me atear fogo, ou ser agredido em uma danceteria. Além do mais, desisti de comprar um carro financiado por aconselhamento de um colega de profissão... Agregado a esses vários temores, ainda o desemprego rondando... Se acreditasse em reencarnação, daria o restart... na minha vida – óbvio, é um trocadilho. Tranquilidade, continuo a cantar MPB e latinas de mesma envergadura...

Uma máxima de uma velha cigana sempre promulgo aos meu íntimos: "Para você acabar com um problema, você necessariamente precisa reconhecer que ele existe." Caríssimos, ser patriota não é aplaudir algo por ser brasileiro meramente, e sim, é valorizar as coisas positivas do país sem deixar de enxergar as mazelas deste, que persistem por motivos muitas vezes irracionais a chamar de seu.

Toda crítica é salutar, desde que seja realista e coerente. Outra praxe que as pessoas sócio-normativas precisam aprender é que não existe otimismo, nem pessimismo. Esses subterfúgios pragmáticos somente servem como ópio para o povo, bem como carnaval e futebol. Sábio foi quem criou o dito: "Tapar o sol com a peneira não adianta nada!" Pois sem protetor solar você não poderá dormir com tranquilidade à noite. Não ser realista é bom, anestesia, mas não cura a ferida!

Fonte: Observatório da Imprensa

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