Foto: Rogelio Casado, Bairro de Santa Etelvina, 4.5.2006
Wilson Alecrim, Secretário de Estado de Saúde do Amazonas, entrevistado durante a inauguração do Centro de Atenção Psicossocial Silvério Tundis no bairro Santa Etelvina, Zona Norte da cidade de Manaus. Nesta área está concentrada o maior número de portadores de sofrimento mental em tratamento no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, que está em processo de desativação.
Em artigo, aqui reproduzido, publicado na Coluna de Opinião do Jornal "Amazonas em Tempo", no dia 3 de maio de 2006, homenageio o gestor de saúde do estado do Amazonas, que faz história ao retirar do papel a Política de Saúde Mental aprovada em novembro de 2003. Com ele, em pouco mais de 1 ano à frente da Secretaria Estadual de Saúde, a Reforma Psiquiátrica retoma o seu lugar no cenário nacional. Sob sua administração a Saúde Mental deixa de ser o patinho feio da Saúde no estado do Amazonas. Poucos se deram conta de que o patinho feio havia se transformado num belo cisne. Esta fato não passou desapercebido pelo olhar de Wilson Alecrim.
Rogelio Casado
Coordenador do Programa de Saúde Mental do Estado do Amazonas
Carta aberta ao Secretario Estadual de Saúde Wilson Alecrim
Meu caro Wilson, quero cumprimentá-lo por duas iniciativas que mudam a história da Reforma Psiquiátrica no Amazonas, depois de uma década de estagnação: o anúncio da substituição do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro por um Hospital de Clínicas, mantidos os leitos de psiquiatria para atendimento de cidadãos em situação de crise, e a implantação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Silvério Tundis, o primeiro serviço substitutivo ao hospital psiquiátrico da cidade de Manaus.
Depois do CAPS de Parintins e de Tefé, onde estive recentemente na inauguração de um CAPS, o de Manaus é o terceiro do estado. Desnecessário dizer da importância estratégica do CAPS de Manaus. Mais do que um serviço em saúde mental, ele é o articulador dos equipamentos sociais, culturais e de saúde, visando o acolhimento e a inclusão social dos usuários de saúde mental na vida da cidade. Impossível pensá-lo sem relação orgânica com o Programa Saúde da Família e com toda a rede de saúde disponível no município e no estado.
Junto com o futuro Hospital de Clínicas, o CAPS Silvério Tundis, será um dos serviços de fundamental importância para a Residência Médica em Psiquiatria, outra iniciativa louvável da sua gestão, que recebeu do Dr. Raymison Monteiro, Secretário Executivo Adjunto da Capital, inestimável apoio. O sucesso dessa iniciativa será decisivo para por fim a escassez de psiquiatras no estado do Amazonas. Atualmente, pouco mais de 25 deles se concentram na capital, e apenas dois estão trabalhando em longínquos municípios amazonenses. Até a passagem do CAPS Silvério Tundis para a gestão municipal, espero que a Residência Médica esteja em curso, cumprindo um relevante papel na vida social do nosso estado e da nossa cidade.
Quero expressar minha gratidão pelo apoio recebido na sua gestão. Através dele pude contar com um dos profissionais mais experientes em processos de desinstitucionalização da doença mental. Refiro-me ao companheiro Jaime Benarrós, médico psiquiatra, que está à frente do processo de esvaziamento do hospital psiquiátrico – necessário dizer, com a mais absoluta responsabilidade. Jaime está conduzindo a transferência para 5 Serviços Residenciais Terapêuticos, com o acompanhamento de cuidadores de saúde mental, pouco menos de 40 pessoas, com internações injustificadas, algumas que ultrapassaram mais de 40 anos. Temos tido o cuidado, nesse novo quadro, de informar a população de que o nosso Pronto-Atendimento Humberto Mendonça continua em funcionamento para que não haja descontinuidade nos cuidados requeridos pelas situações de crise que tanto afligem usuários e seus familiares.
Recentemente, Jaime Benarrós dividiu a tarefa de capacitação dos cuidadores de saúde mental, que atuarão no CAPS Silvério Tundis, com o consultor doutor Silvio Yasui, da Universidade Estadual de São Paulo. Há muito não via uma equipe tão entusiasmada com a implantação de um serviço. Mais do que a novidade é a responsabilidade histórica que motiva os novos servidores contratados por concurso público.
Com a desativação do hospital psiquiátrico, Jaime Benarrós assume a coordenação da Clínica de Atenção e Estudo do Sujeito em Saúde Mental Comunitária e Familiar, que será um dos instrumentos de consultoria e assessoria da Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental, instrumento que, antes de sua gestão, não tinha à minha disposição.
Lembro do seu abraço solidário quando fiz uma greve de fome no governo Amazonino Mendes para chamar atenção e anunciar os riscos de retrocesso no campo da saúde mental amazonense. Você foi o primeiro a entrar no gabinete da direção do então Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro para apoiar meu gesto. Até hoje, tento honrar os ideais que moviam meus companheiros Humberto Mendonça e Silvério Tundis. Meus sinceros agradecimentos.
Manaus, Maio de 2006.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental
E-mail: rogeliocasado@uol.com.br
Wilson Alecrim, Secretário de Estado de Saúde do Amazonas, entrevistado durante a inauguração do Centro de Atenção Psicossocial Silvério Tundis no bairro Santa Etelvina, Zona Norte da cidade de Manaus. Nesta área está concentrada o maior número de portadores de sofrimento mental em tratamento no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, que está em processo de desativação.
Em artigo, aqui reproduzido, publicado na Coluna de Opinião do Jornal "Amazonas em Tempo", no dia 3 de maio de 2006, homenageio o gestor de saúde do estado do Amazonas, que faz história ao retirar do papel a Política de Saúde Mental aprovada em novembro de 2003. Com ele, em pouco mais de 1 ano à frente da Secretaria Estadual de Saúde, a Reforma Psiquiátrica retoma o seu lugar no cenário nacional. Sob sua administração a Saúde Mental deixa de ser o patinho feio da Saúde no estado do Amazonas. Poucos se deram conta de que o patinho feio havia se transformado num belo cisne. Esta fato não passou desapercebido pelo olhar de Wilson Alecrim.
Rogelio Casado
Coordenador do Programa de Saúde Mental do Estado do Amazonas
Carta aberta ao Secretario Estadual de Saúde Wilson Alecrim
Meu caro Wilson, quero cumprimentá-lo por duas iniciativas que mudam a história da Reforma Psiquiátrica no Amazonas, depois de uma década de estagnação: o anúncio da substituição do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro por um Hospital de Clínicas, mantidos os leitos de psiquiatria para atendimento de cidadãos em situação de crise, e a implantação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Silvério Tundis, o primeiro serviço substitutivo ao hospital psiquiátrico da cidade de Manaus.
Depois do CAPS de Parintins e de Tefé, onde estive recentemente na inauguração de um CAPS, o de Manaus é o terceiro do estado. Desnecessário dizer da importância estratégica do CAPS de Manaus. Mais do que um serviço em saúde mental, ele é o articulador dos equipamentos sociais, culturais e de saúde, visando o acolhimento e a inclusão social dos usuários de saúde mental na vida da cidade. Impossível pensá-lo sem relação orgânica com o Programa Saúde da Família e com toda a rede de saúde disponível no município e no estado.
Junto com o futuro Hospital de Clínicas, o CAPS Silvério Tundis, será um dos serviços de fundamental importância para a Residência Médica em Psiquiatria, outra iniciativa louvável da sua gestão, que recebeu do Dr. Raymison Monteiro, Secretário Executivo Adjunto da Capital, inestimável apoio. O sucesso dessa iniciativa será decisivo para por fim a escassez de psiquiatras no estado do Amazonas. Atualmente, pouco mais de 25 deles se concentram na capital, e apenas dois estão trabalhando em longínquos municípios amazonenses. Até a passagem do CAPS Silvério Tundis para a gestão municipal, espero que a Residência Médica esteja em curso, cumprindo um relevante papel na vida social do nosso estado e da nossa cidade.
Quero expressar minha gratidão pelo apoio recebido na sua gestão. Através dele pude contar com um dos profissionais mais experientes em processos de desinstitucionalização da doença mental. Refiro-me ao companheiro Jaime Benarrós, médico psiquiatra, que está à frente do processo de esvaziamento do hospital psiquiátrico – necessário dizer, com a mais absoluta responsabilidade. Jaime está conduzindo a transferência para 5 Serviços Residenciais Terapêuticos, com o acompanhamento de cuidadores de saúde mental, pouco menos de 40 pessoas, com internações injustificadas, algumas que ultrapassaram mais de 40 anos. Temos tido o cuidado, nesse novo quadro, de informar a população de que o nosso Pronto-Atendimento Humberto Mendonça continua em funcionamento para que não haja descontinuidade nos cuidados requeridos pelas situações de crise que tanto afligem usuários e seus familiares.
Recentemente, Jaime Benarrós dividiu a tarefa de capacitação dos cuidadores de saúde mental, que atuarão no CAPS Silvério Tundis, com o consultor doutor Silvio Yasui, da Universidade Estadual de São Paulo. Há muito não via uma equipe tão entusiasmada com a implantação de um serviço. Mais do que a novidade é a responsabilidade histórica que motiva os novos servidores contratados por concurso público.
Com a desativação do hospital psiquiátrico, Jaime Benarrós assume a coordenação da Clínica de Atenção e Estudo do Sujeito em Saúde Mental Comunitária e Familiar, que será um dos instrumentos de consultoria e assessoria da Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental, instrumento que, antes de sua gestão, não tinha à minha disposição.
Lembro do seu abraço solidário quando fiz uma greve de fome no governo Amazonino Mendes para chamar atenção e anunciar os riscos de retrocesso no campo da saúde mental amazonense. Você foi o primeiro a entrar no gabinete da direção do então Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro para apoiar meu gesto. Até hoje, tento honrar os ideais que moviam meus companheiros Humberto Mendonça e Silvério Tundis. Meus sinceros agradecimentos.
Manaus, Maio de 2006.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental
E-mail: rogeliocasado@uol.com.br
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