julho 09, 2007

Rompendo com o colonialismo hereditário, fazendo a ruptura e conquistando a liberdade!

Foto: Rogelio Casado - Paulo José Azevedo de Oliveira, Belo Horizonte-MG, julho/2006

Foto feita por ocasião do Encontro Nacional de Saúde Mental, realizada pela Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial em parceria com o Conselho Federal de Psicologia
Rompendo com o colonialismo hereditário, fazendo a ruptura e conquistando a liberdade!

Paulinho José Azevedo de Oliveira (*)

No encontro de Goiânia foi discutido que para se efetivar a reforma psiquiátrica no Brasil precisa acontecer não só a criação de CAPS e projetos de inclusão social, mas uma profunda mudança estrutural na sociedade.

Desde que foi descoberto, quando o Brasil virou colônia, o Brasil passou por transformações de época, deixou de ser colônia de Portugal e virou um grande mercado consumidor,onde se joga goela abaixo de tudo, sem a menor ética e sem o menor controle do estado.

No Brasil, são colocados à venda e entram em circulação cerca de 2000 automóveis por semana devido as possibilidades facilitadas de financiamento. Acho que não adianta pregar valores morais para mudar a cultura da ignorância do país para uma cultura de paz e solidariedade.

Os juros altos controlam a inflação, mas faz as especuladoras internacionais ganharem muito dinheiro com o investimento para gerar emprego no Brasil. Quando os juros baixarem, a inflação vai voltar a crescer para continuar pagando a gula de altos lucros do capital internacional. Então a estabilidade econômica foi um golpe muito bem articulado que provocou em nós uma ilusão.

No Brasil, entra presidente e sai presidente é a mesma coisa, todos só tem um projeto de poder e faz uma coisinha ali e outra lá, falta seriedade. O Lula está correndo o risco e está escrevendo a sua história assim, como a de qualquer outro presidente, pelo preço de estar pagando de não ser corajosos com a Argentina que rompeu com o FMI e como o Evo Morales e o Hugo Chaves. Também devido ao seu ego que não aceita críticas.

Estamos em 2007, ainda há esperança em meu coração. Acho que em 2007 dá para começar a fazer uma certa ruptura devagar, acelerando, acabando com as farsas do governo federal, e, sim, governando democraticamente, com seriedade e um projeto de Brasil.

Para desacelerar a economia e diminuir o consumismo temos que ajudar o Governo Federal a criar os conselhos de Jornalismo para fiscalizar a profissão pelo viés da ética e não da ditadura, para evitar que jornalistas e publicitários destruam uma nação e mentes. Acho que o conselho de publicidade também não existe. Se o estado não tiver força para controlar os meios de comunicação de massa, a América Latina vai ser um grande depósito do consumismo exagerado do capital internacional, vai contaminar tudo, vai aumentar o individualismo e a violência. Então, acho que precisamos desacelerar um pouco a velocidade do imperialismo e do capitalismo aqui na América Latina.

Quanto as drogas, é hipocrisia combater as drogas com violência que gera violência. Sempre existiram drogas em todas as sociedades, que eram consideradas sagradas e usadas somente em rituais, que tinham início meio e fim. Com a transformação de algo sagrado em produto fudeu tudo, e o capitalismo, que só se centra no dinheiro, desenvolve cada vez mais drogas mais destruidoras, porque viciam mais para aumentar o lucro. A solução é encontrar outro sistema que humanize o mercado e liberar as drogas para acabar coma violência nos morros. Quem é viciado deve receber a droga do governo para consumir em local adequado sem fazer apologia. Mas falando de transformação cultural, nós dos movimentos sociais que lutamos e acreditamos em um país mais justo e igualitário deveríamos criar e desenvolver e pesquisar o ritual do cachimbo da paz nacional, um ritual de fraternidade com a maconha pura.

Em Belo Horizonte, o que mais acontece é concurso para polícia militar. Estamos perdendo a nossa identidade nacional de multietnia para entrar na cultura do medo que gera lucro para a indústria de proteção, alarmes e a indústria da paranóia. Para ser policial é preciso jurar fidelidade ao governador e a história da polícia militar é escrita de sangue, quando os capitães do mato eram pagos para capturar negros fujões na porrada. Por isto, temos que arrumar um jeito de infiltrarmos defensores dos direitos humanos na polícia para desmobilizar esta violência contra os portadores de transtorno mental.

Na Suíça, quem anda pelas ruas não vê as ruas superlotadas de carro, com engarrafamento, pois lá o transporte coletivo é de qualidade e as pessoas gostam de andar. As pessoas têm carro, mas preferem usar em outras ocasiões, não todos os dias. Lá na Suíça você pode andar na rua em plena luz do dia, é duma reforma desta que o Brasil precisa.

Na educação, o Brasil não avança porque não existe um projeto de país e de nação onde todos que estudam vão encontrar um lugar aos sol. Hoje nos esforçamos para encontrar um emprego numa multinacional ou no exterior. Os EUA tem um projeto de nação de serem um país com o maior poderio bélico e econômico. Qual é a vocação do Brasil, se é sabido que investir em armas gasta muito dinheiro e causa injustiça social? Talvez se o Brasil fosse um exemplo de direitos humanos, de ecologia, de turismo esotérico, o país seria reconhecidamente agradável e internacionalmente e protegido, teria uma vocação para o turismo e para exportar uma palavra de paz para o mundo.

É isto que penso que poderia acontecer para se efetivar a luta antimanicomial, pois senão fica só um projeto de cimento e tijolo. Um abraço a todos e felicidades!

(*) Sou usuário do serviço de saúde mental há dez anos, estou no 3 º período de publicidade e propaganda e sou da coordenação do Fórum Mineiro de Saúde Mental e portador de transtorno bipolar e militante da luta antimanicomial!

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