O texto abaixo é do meu querido amigo Falcão, que aqui aparece em fotografia feita em 01/01/07, num retiro espiritual da Sel Realization Fellowship - Paramahansa Yogananda. No próximo mês de agosto fará 20 anos que não nos comunicamos, desde que ele trocou Manaus-AM por Uberlândia-MG. As boas lembranças do querido amigo permancem intactas.
Um Rio, Outros Rios: Muitos Rios de Vida*
"Os irmãos mais créscidos puxam pelo barco para o fazerem subir até á casa; mas a resistencia é forte em frente da barra do riacho, porque com as aguas deste se augmenta a correnteza. Chiquinha está comendo maçans e diz: "si uma destas maçans cahisse n'agua, certo que não acompanharia o barco: iria ter ao mar!" Porque?" - Minha Primeira Viagem A' Volta do Mundo (Album illustado com 222 gravuras e 4 figuras a côres) - Mademoiselle H. S. Brés - Francisco Alves e Cia - Rio de Janeiro - Sem data - página 32.
Saborear, sorver e viver "Era uma vez um rio" (José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 2004), livro em quarta edição, lavrado com sabedoria e esmero pela Professora Martha de Azevedo Pannunzio, tem sido um enorme prazer para mim.
Em dezembro de 2004, fui afetivamente presenteado pela Martha com um exemplar da obra, no qual ela brindou-me ainda, com modesta e generosa dedicatória.
Logo fiz o primeiro contato com o trabalho, entrando nele de diversas formas e em total des-ordem; "meio”, "começo" e "fim". A cada momento lendo aleatoriamente um de seus quarenta capítulos. Foi uma delícia de confusão e encontros comigo mesmo e minhas histórias urbanas, rurais, de criança, de gente grande e de muitas vidas-mortes-vidas.
Em "era uma vez um rio. O meu. E era uma vez um menino. Eu" (Capítulo 1), a narrativa aponta desde logo e simultaneamente para a singularidade e universalidade do "Rio", meu, seu, de qualquer um. Seja lá onde esteja, ou por onde passem seus percursos-caminhos.
No mês de janeiro passado, nas minhas férias em Lumiar - Nova Friburgo, tive o privilégio de junto às cabeceiras do Rio Macaé, fazer "outras leituras" de "Era uma vez um rio". Ali, nos altos da serra, ao som do chacoalhar de água e pedra, experimentei novamente da bebida de Era uma vez.., do meu rio, aquele que atravessa minha história, abastecendo os meandros de minhas navegações.
Todo rio tem sua história, sua personalidade, mas os rios são como gente. Estejam eles no lugar em que estiverem pelo mundo afora, podemos reconhecê-los. Tem nome próprio como nós e mesmo que se chamem Nilo, São Francisco, Amarelo, Parnaíba, Sena, Araguari, Paraguai, Amazonas, Tejo, Guaíba, Misissipi, Uberabinha ou Congo. Todos têm afinidades e coisas em comum. Por isso é que as pessoas em qualquer lugar da terra dizem que chega um momento que o rio "some no mundo para nunca mais".
A arte da educadora Martha contem no seu âmago, a sabedoria da partilha, lembrando e difundindo o rio que mora no coração de cada vivente desse planeta Terra. Essa Terra mãe, que com toda sua fartura de bens, precisa urgente e sustentavelmente passar a ser usufruída em favor de todas suas filhas e filhos, na perspectiva de vida digna para todos homens, para todas mulheres, para todos os povos. Só assim, é possível legar o Planeta Azul e com muitos rios, para outras e "novas" gerações.
L. G. Falcão Vasconcellos
Uberlândia, Fevereiro de 2005.
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