Foto: Marcus Vinicius
Recife - Pernambuco - Brasil
Agosto - 2008
Rogelio Casado e Paulo José
Jornal "O Tempo", 28/09/09
O Significado da Marcha dos Usuários pela Reforma Psiquiátrica Antimanicomial
Paulo José Azevedo de Oliveira
Usuário do CERSAM Pampulha – Belo Horizonte - MG
Após completar 22 anos de Luta Antimanicomial no início deste ano, no dia 30 de setembro acontecerá a Marcha dos Usuários à Brasília, um importante marco político na histórica luta pela liberdade e dignidade das pessoas portadoras de sofrimento psíquico (com pouca ou muita gravidade).
Esta luta, mesmo com conquistas históricas importantes, foi sempre muito difícil. Muitos adversários e preconceitos têm de ser vencidos dia a dia. Para se ter idéia da grandiosidade e complexidade da luta, o projeto de Lei para a instituição da Reforma Psiquiátrica tramitou por doze anos no Congresso Nacional até ser aprovado em 2001 (Lei 10.216). Nós, militantes desta luta, acreditamos na esperança de convivermos da melhor forma possível com a sociedade sem um estilo de vida hierárquico, e sim o mais igualitário possível.
A Reforma Psiquiátrica trouxe tratamento humanizado, baseado no respeito à individualidade e ganha reconhecimento legítimo cada dia mais. Ao mesmo tempo, ao afrontar a padronização da psiquiatria ortodoxa, a Reforma passa a ser vítima da fúria da indústria da padronização da verdade e do comportamento.
Sentimos nesse momento a necessidade de uma reação, pois não podemos perder, devido aos ataques promovidos por nossos adversários, com muito dinheiro, na mídia nacional, os avanços sociais conquistados com tanto esforço e trabalho. Em Brasília, vamos sensibilizar os governantes, o presidente Lula e alcançar a mídia nacional para também sensibilizar a sociedade brasileira.
Como nós que temos motivos para lutar por uma sociedade sem manicômios somos descriminados, vamos ter um dia de festa no encontro em Brasília que reunirá mais de 1200 pessoas envolvidas na luta como psicólogos, estudantes de Psicologia, usuários e familiares, tanto nos eventos culturais que acontecerão, quanto na alegria de uma viagem para conviver em liberdade, sem preconceitos e os históricos e apavorantes eletrochoques, na cidade onde são tomadas as decisões que afetarão por muito tempo, positiva ou negativamente, a vida de muitos de nós.
Temos plena consciência de que os parlamentares e o presidente são pessoas importantes, escolhidas por nós, por meio do voto, para serem servidores públicos. Quando temos direitos, podemos exigir e reivindicar um melhor cumprimento dos mesmos.
A grande conquista que queremos é simplesmente ser aceitos, do jeito que somos. Por muitos anos sofremos muito tentando ser o que não somos. Acreditamos em uma sociedade alternativa na qual o capital não seja insubordinado e dono das vontades individuais; acreditamos em uma sociedade em que o capital seja subordinado ao respeito à natureza e à vida. Queremos uma sociedade onde as pessoas sejam seres, pois não queremos “coisificar” as pessoas e “humanizar” a tecnologia. Somos firmes na nossa posição, não podemos negociar a qualquer preço a nossa liberdade, não tememos nos posicionar e vocês vão ouvir as nossas vozes.
Pauliiiiinhooooooooo
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