setembro 18, 2009

Doado para a Unicamp o arquivo do imortal Aloysio Biondi

"Eta cabeças velhas, reacionárias, destas chamadas
elites e formadores de opinião do Brasil"
(1991 - Visão)

Arquivo do jornalista Aloysio Biondi será doado a centro de documentação da Unicamp nesta sexta

Material resulta de 44 anos de atividade de um dos mais destacados e combativos profissionais que a imprensa brasileira já teve

Quarenta e quatro anos de jornalismo, traduzidos em passagens por diversas redações, extensas jornadas de trabalho, incansável pesquisa e preocupação permanente com os rumos de nossa nação e as condições de vida da população brasileira. Essa é a substância do arquivo pessoal de Aloysio Biondi, que será doado nesta sexta (18) ao Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalio (Cedae). A doação faz parte do projeto O Brasil de Aloysio Biondi (www.aloysiobiondi.com.br), idealizado por sua família e por amigos e ex-alunos com o objetivo de manter vivos e de divulgar os ideais de um dos mais respeitados profissionais de imprensa que o país já teve.

O jornalista publicou mais de 2 mil artigos, editoriais, entrevistas e reportagens ao longo de suas quatro décadas de atividade profissional. Grande parte desse conjunto documental foi mantida por ele ou recuperada pelo projeto de memória, e será transferida ao Cedae, órgão vinculado ao Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O acervo compreende também livros, revistas, recortes de jornal, relatórios, censos e outras fontes de informação consultadas. Muitos itens contêm anotações de Biondi e dão precisas indicações sobre seu método de trabalho.

A cerimônia de doação do acervo ocorrerá às 10h, na sala de defesa de teses, no 2o. piso do bloco VII do Instituto de Estudos da Linguagem. Contará com a presença dos filhos de Aloysio Biondi, Pedro, Antonio e Beatriz; da ex-mulher, Angela Leite – mãe dos seus três filhos e sua companheira por cerca de 20 anos –; do secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt; do reitor da Unicamp, Fernando Costa; do Diretor do IEL, Alcir Pécora; e do coordenador do Cedae, Jefferson Cano.

"A doação para a Unicamp cumpre exemplarmente com o objetivo de tornar público o acervo do jornalista", avalia Antonio Biondi, coordenador do projeto O Brasil de Aloysio Biondi. "A manutenção do arquivo na universidade consolida a contribuição de Aloysio e de sua obra para a memória e o futuro do jornalismo brasileiro e de nossa sociedade."

Ao longo de 25 anos, o IEL vem sediando pesquisas nas áreas de linguística e estudos literários. Em 2008, o instituto iniciou o programa de mestrado em divulgação científica e cultural, resultante de uma parceria com o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor). O curso, com sua proposta de formar especialistas capazes de abordar sob diversos enfoques o jornalismo de divulgação da ciência, tecnologia, arte e cultura em geral, integra diferentes áreas do conhecimento e reforça a tendência que norteou a criação do IEL: a promoção de uma reflexão crítica sobre todas as manifestações da linguagem. Em consonância com essa expansão da pós-graduação do IEL, o Cedae implementa uma nova diretriz à sua política de acervos, que se abre para a captação e guarda de conjuntos documentais de interesse para a história e a linguagem do jornalismo, de modo a acompanhar e subsidiar o desenvolvimento dessa nova área de pesquisa na Unicamp.

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Aloysio Biondi (1936-2000) é considerado uma referência no jornalismo, sobretudo na área econômica. Sua carreira começou em 1956, na então Folha da Manhã, hoje Folha de S. Paulo. Ele também trabalhou na Gazeta Mercantil, no Jornal do Commercio, no Diário do Comércio e Indústria-DCI, no Correio da Manhã, no Diário da Manhã, no Diário Popular, atual Diário de S.Paulo, e nas revistas Veja, Visão e Fator. Colaborou, ainda, com artigos em diversas publicações alternativas, com destaque para o jornal Opinião, um dos mais importantes espaços de debates durante o regime militar, e as revistas Bundas e Caros Amigos. Biondi ganhou dois Prêmios Esso, em 1967 e 1970. Publicou, em 1999, o livro O Brasil Privatizado – Um Balanço do Desmonte do Estado, pela Editora da Fundação Perseu Abramo. O estudo, que faz um balanço entre o que o governo auferiu e despendeu no processo de desestatização da economia, vendeu mais de 140 mil exemplares.

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O arquivo que será doado ao Cedae exigiu do projeto O Brasil de Aloysio Biondi nove anos de catalogação de material impresso, pesquisas em bibliotecas, visitas a jornais, discussões via e-mail e reuniões. Além do acervo em papel, o trabalho permitiu a postagem de mais de mil artigos e reportagens no site www.aloysiobiondi.com.br. Entre os temas abordados estão soberania nacional e dependência externa, privatizações e o papel do Estado, agricultura, emprego e renda, meio ambiente, direitos do consumidor e ética jornalística. Até o momento, o acervo online abrange a produção de Biondi nas décadas de 60, 70, 80 e 90, incluindo as matérias com que ele venceu o Prêmio Esso. A página, toda em em software livre, traz também depoimentos do jornalista em áudio e vídeo, fotos de momentos marcantes de sua carreira e de sua vida e fac-símiles de alguns de seus principais trabalhos. Estão ali, ainda, testemunhos sobre ele escritos por Washington Novaes, Luis Fernando Verissimo, Emir Sader, Janio de Freitas e Ziraldo, entre outros.

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O projeto de memória de Aloysio Biondi foi iniciado em 2000, ano de sua morte. Trata-se de um projeto coletivo, que reúne mais de 50 pessoas em participação voluntária. São parentes, amigos, ex-alunos e leitores do jornalista. Contabilizando os que ofereceram colaborações mais esporádicas – revisar um texto, por exemplo –, o número de participantes passa de 200. A equipe e os colaboradores também podem ser conhecidos na página da internet.

CONTATOS PARA ENTREVISTAS

Pelo projeto O Brasil de Aloysio Biondi
Antonio Biondi – antonio_biondi@yahoo.com.br

Pela Unicamp
Carlos Vogt – secretária Magali – mmoraes@unicamp.br
Alcir Pécora – alcirpecora@yahoo.com.br
Jefferson Cano – jeffersoncano@hotmail.com

Fonte: Blog do Mello

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