Nota do blog: Hoje, 13 de setembro, Aníbal Beça faria 63 anos. Os paraenses chamavam-no "sabiá da Amazônia". Melhor dizê-lo "pororoca amazônica", tal a verve do poeta. Sem ele Manaus perdeu um dos seus mais importantes criadores de enigmas. Guardião da língua, esse Majnun da poesia deixa-nos uma obra que continua a alumiar as noites desmedidas da nossa aldeia.
Suíte para os habitantes da noite
Aníbal Beça
VI
Em tom de old blues para piano, sax,
contrabaixo, guitarra e bateria
Quem saberia de mim
se me visse assim como estou
rendido ao aço das manhãs
pastoreando esse meu cão
por essas ruas tranquilas
Que gemelar seria eu
linha paralela de vida
e tão parelha dessas ruas
fagulha dupla de mão única
bifurcada e sem retorno
nos afazeres do meu sonho
Em mim eu sou o que não fui
comigo fui o que não era:
o derrotado nominado
o nominado vencedor
e resta só o testemunho
do cão que me acompanha agora
e dessas ruas que me sabem antes
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