outubro 03, 2010

Que responsa, hein, dona Dilma?

Agora não é só esperança: é senso de dever cumprido

Que responsa, hein, dona?

Hoje vou pegar a bicicleta e sair para votar, pela primeira vez na vida, em outro candidato a presidente que não o velho Luís Inácio. Para eleger esse corintiano miserável, passei boa parte dos meus vinte anos distribuindo panfleto. Uma vez eu fiquei parado numa esquina distribuindo panfleto do Lula enquanto o cabo eleitoral do candidato da direita do meu lado distribuía vale-leite da prefeitura.

Eu já subi a Tabajaras com um homem-sanduíche da Benedita, eu já levei uma namorada para fazer campanha em favela (mesmo assim, o namoro acabou, vejam que incrível), eu usava uma camisa rosa das “Mulheres do PT”, e, quando me diziam, “porra, tu não é mulher”, eu respondia “até aí, também não sou trabalhador”. Eu me reunia com o pessoal do meu núcleo do PT num Forró, que hoje é uma boate famosa em Copacabana (aquela ali perto da República do Peru), e a gente acabava às oito para os caras do Forró poderem entrar, e o líder comunitário poder voltar pra casa antes do toque de recolher. Eu sabia o nome, e tinha uma razoável idéia do que era o programa, de coisas como o PLP, o PCR, e sabia a diferença entre as 3…4…bom, eu sabia quantas Internacionais trotskystas havia.
E a playboyzada amiga minha (gente que até hoje eu adoro) me achava um prego miserável por fazer isso, e muita gente deve estar se perguntando, porque esse sujeito pagou esse mico todo, e eu agora respondo: para chegar no ponto em que a leitura que mais me emociona é gráfico com evolução de estatísticas de pobreza nos últimos oito anos.

Não sei se a eleição acaba esse domingo, ou se ainda tem campanha, mas o partido que eu conheci não tinha medo de campanha. Se me arrumarem um homem-sanduíche não muito pesado (não tenho mais dezenove anos), Tabajara acima eu vou.

O que eu realmente queria era que todo mundo que acompanhou essa luta de vinte anos amanhã fosse votar pensando que, de besteira em besteira, de crise em crise, de decepção em decepção, DEU CERTO, PORRA! A gente fez certo, a gente mandou bem, trabalhamos direito. Os pobres brasileiros vivem melhor por causa daquela luta toda, por SUA causa, porque a gente aprendeu no caminho e não desistiu.

Hoje votaremos com esperança, mas dessa vez, não só com esperança, dessa vez também com senso de dever cumprido, de trabalho bem-feito. Dessa vez, sabendo que, aconteça o que acontecer, seja lá quantos turnos tivermos que lutar, nós já merecemos a chance que tivemos. Nem toda geração tem a chance de saborear isso, e ninguém aqui deve deixar passar a oportunidade de fazê-lo.

PS: a propósito, não percam as declarações de voto dos sempre alertas Idelber e Hugo Albuquerque. Eu sei, vocês provavelmente já leram, mas quis associar meu nome aos deles pra ver se ganho mais uma moral.

Fonte: Na Prática a Teoria é Outra

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