PICICA: "Há uma longa tradição do uso de estupro e agressão sexual por agendas políticas que nada têm a ver com a segurança das mulheres. No sul dos EUA, o linchamento de homens negros foi muitas vezes justificado por acusações de violações quando o negro sequer havia olhado para uma mulher branca. Nós mulheres não aceitaremos que nossa demanda por segurança continue sendo mal utilizada".
Caso WikiLeaks e os direitos das mulheres
Comunicaçom |
Quarta, 15 Dezembro 2010 09:05 |
PCO - Organização inglesa questiona suposta proteção das mulheres contra o estupro como forma de justificar perseguição ao editor do WikiLeaks, Julian Assange. Após verdadeira caçada e a divulgação de um "alerta vermelho" pela Interpol que possibiliataria a prisão do editor do portal WikiLeaks, Julian Assange em qualquer um dos 188 países-membros da organização, Assange foi preso no Reino Unido no início do mês de dezembro. Apesar da clara perseguição política contra o editor do portal que vem revelando o lado obscuro da diplomacia norte-americana e os segredos por trás das guerras do Iraque e Afeganistão, a prisão de Assange se deu a pedido da Suécia, onde o australiano é acusado de ter violentado duas mulheres em agosto desse ano. O caso chamou a atenção do movimento de mulheres organizado que viu com muita estranheza a "dedicação" e verdadeiro "zelo" demonstrado pelo governo sueco na caçada ao "estuprador" Assange. Já que a realidade das mulheres violentadas no país que tem o maior número de denúncias de estupros da Europa é de descaso e impunidade. Suécia tem os maiores índices de estupro da Europa No último dia 9, o jornal Guardian, um dos principais jornais da Suécia, publicou uma carta da organização Women Against Rape, sobre o uso do estupro de mulheres como motivação e meio de perseguição política contra o editor do portal WikiLeaks, Julian Assange. A carta começa afirmando que "Muitas mulheres na Suécia e na Grã-Bretanha vão admirar o zelo incomum com que Julian Assange está sendo perseguido por alegações de estupro". E não é por menos. Considerando toda a Europa, a Suécia é o país com o maior número per capita de estupros registrados. Números que vem quadruplicando nos últimos 20 anos, enquanto diminuem as punições. "Em 2006, seis pessoas foram condenadas por estupro apesar de terem sido denunciadas mais de quatro mil pessoas", afirma o documento. Nem mesmo o pagamento de fiança, comum em casos de estupro na Suécia foi garantido a Assange, o que leva o documento a concluir: "Há uma longa tradição do uso de estupro e agressão sexual por agendas políticas que nada têm a ver com a segurança das mulheres. No sul dos EUA, o linchamento de homens negros foi muitas vezes justificado por acusações de violações quando o negro sequer havia olhado para uma mulher branca. Nós mulheres não aceitaremos que nossa demanda por segurança continue sendo mal utilizada". Acusadora seria vinculada à CIA Apesar de no Brasil a imprensa não dar muita ênfase à perseguição a Assange e ao WikiLeaks, e muitas vezes ter explorado o problema sob o ponto de vista da "responsabilidade com a informação", chegando a defender que a imprensa estabeleça um filtro naquilo que irá publicar, internacionalmente o caso tem tido muita repercussão, inclusive a partir da imprensa capitalista que nas últimas semanas divulgou os documentos secretos da diplomacia norte-americana repassados pelo WikiLeaks. Essa mesma imprensa, reconhecendo a ameaça que o caso representa para sua própria atuação tem levantado a discussão sobre os "estranhíssimos estupros" de Assange. Jornais como o inglês The Guardian e o francês Le Monde levantaram o debate sobre a "manobra e possível armadilha contra Assange", afinal "em agosto, quando os fatos se deram, o Wikileaks já era atacado com ferocidade pela diplomacia dos EUA". Sem contar que o alerta da Interpol seguido da prisão se deu dias após as declarações de figuras chave do Partido Republicano, nos EUA, defendendo a caçada e até mesmo assassinato de Assange, sob acusação de terrorismo. Além disso, uma das acusadoras parece ter "vínculos com grupos financiados pelos Estados Unidos contra Fidel Castro e por grupos anticomunistas", de acordo com uma investigação publicada por Israel Shamir e Paul Bennett no CounterPunch. Segundo Shamir, ela trabalhou a favor das "Damas de Branco", um grupo de mulheres financiado pelos EUA para se opor ao governo cubano e que tem entre seus partidários, Luis Posada Carriles, publicamente conhecido com agente da CIA em Cuba. A prisão de Assange, primeiro na Inglaterra, para seguir à Suécia, favorece sua entrega ao EUA já que o segundo país tem um amplo acordo de extradição com os norte-americanos. O que poderia se dar, ignorando a suposta violação sexual, mas acusando-o de espionagem. Não à perseguição política O documento da organização Women Against Rape é importante por que demonstra que todo o movimento que luta por reivindicações democráticas, como o de mulheres, está atento à perseguição promovida pelo imperialismo contra o portal WikiLeaks e seu editor Julian Assange e não se curvará diante de qualquer falsificação que justifique qualquer perseguição. É importante chamar todo o movimento que se reivindique democrático também aqui no Brasil a se manifestar em defesa de Assange e do WikiLeaks, rejeitando toda a ação do imperialismo na restrição para calar e intimidar seus opositores. Essa é parte fundamental da luta atual contra o regime capitalista, que em sua fase decadente precisa desferir os mais terríveis golpes, inclusive através da falsificação da defesa das necessidades e reivindicações dos setores oprimidos, como o de mulheres. Contra a utilização das demandas e necessidades femininas, para justificar qualquer açao de repressão ou perseguição! Pela imediata libertação dos presos e perseguidos políticos no Brasil! Pela libertaçao e fim da perseguição contra e Julian Assange e o WikiLeaks! Fonte: Diário Liberdade |
Nenhum comentário:
Postar um comentário