dezembro 15, 2010

Monotrilho é uma boa solução. O traçado é que está errado. Saiba o porque.

PICICA: Se for pra fazer o monotrilho com traçado errado, melhor não fazê-lo. É o que pensa o arquiteto João Bosco Chamma, uma das vozes contrárias a mais um projeto encomendado a empresas de fora do estado, que desconhecem a cidade de Manaus. No entanto, é tanto o zelo do poder público que mais uma audiência está sendo preparada para discutir o projeto. Com está serão 13 audiências. Há menos zelo do que interesses incompatíveis com o Plano Diretor da Cidade.

ALE discute viabilidade do Monotrilho em Manaus

CGU analisará o projeto de construção até janeiro de 2011 e Seplan terá o mesmo prazo para apresentar um novo relatório técnico sobre a obra

Manaus, 14 de Dezembro de 2010

Monica Prestes

Irregularidades no projeto básico do Monotrilho entre outros aspectos referentes à obra foram abordados no encontro
Irregularidades no projeto básico do Monotrilho entre outros aspectos referentes à obra foram abordados no encontro (Foto: Divulgação)
 
Até o fim de janeiro a Controladoria Geral da União (CGU) deve concluir a análise dos documentos e itens do projeto de construção do Monotrilho em Manaus solicitados à Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) e apresentar um novo relatório técnico sobre a viabilidade da obra.


O Monotrilho é apontado pelo Governo do Estado como solução para o transporte, durante a Copa do Mundo de 2014.


Foi o que estimou o diretor da Auditoria de Infraestrutura da CGU, Wagner Rosa da Silva, durante audiência pública realizada ontem (13), na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE).


“Recebemos a demanda do Ministério Público Federal e, mesmo depois de procurar a Caixa Econômica Federal, Seplan e Ministério das Cidades, consideramos a documentação incompleta para um projeto de tal magnitude. Nesse contexto, emitimos uma nota técnica de reprovação e solicitamos esses elementos que faltavam.”


Em outubro, a CGU emitiu nota técnica confirmando as irregularidades apontadas pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF) e pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE) no projeto básico do Monotrilho apresentado pela Seplan.


Além das deficiências no projeto básico, a CGU concluiu que a obra terá custo maior do que o previsto e que o valor da tarifa deverá ser maior que o estimado.


Alto Custo


Para Rosa, a maior preocupação da CGU, que deverá ser ressaltada no relatório a ser apresentado em janeiro, é com os altos custos da obra, que foi orçada, inicialmente, em R$ 1,3 bilhão.


Cronograma


“Outros aspectos que queremos nos certificar de que serão levados em conta pelo projeto dizem respeito ao cronograma de obras. São detalhes importantes, como se esse cronograma, elaborado por uma empresa de fora do Estado, está considerando o regime de chuvas, por exemplo”, esclareceu.


Além da CGU, participaram da audiência representantes da  Seplan, da Prefeitura de Manaus, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), do Conselho Regional de engenharia e Arquitetura (Crea), da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) e dos Ministérios dos Transportes e das Cidades.


A CRÍTICA tentou contato com o secretário Marcelo Lima, da Seplan, mas o celular 9981-76XX estava fora de área.


Para arquiteto, projeto é ‘inóquo’


Para o arquiteto e urbanista João Bosco Chamma, o projeto do Monotrilho apresentado pela Secretaria de Planejamento é inóquo e não atende a fundamentos básicos da mobilidade urbana para Manaus.


De acordo com ele, o projeto elaborado pela Price Water House Coopers, empresa inglesa que atua no Brasil há 95 anos, não contempla quesitos como a conectividade, sustentabilidade, densidade e infraestrutura das ruas, além de destruir a originalidade de parte das ruas por onde deve passar e estar em desacordo com o plano diretor da cidade.


“Da forma como está sendo planejado, o Monotrilho não vai resolver o problema e vai acabar gerando outros. Além disso, o trajeto está errado. A empresa contratada pela Seplan não conhece nossa cidade”, disparou Bosco Chamma.


O arquiteto propôs que o projeto seja modificado com base nas 12 audiências públicas já realizadas.

“As audiências são feitas para dizer que foram feitas, pois nossas opiniões parecem entrar po um ouvido e sair pelo outro”, disse Bosco Chamma.

Fonte: A Crítica

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