outubro 15, 2014

CARTA AOS CANDIDATOS AO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS - Por uma política de saúde mental antimanicomial



PICICA: "Aproveitamos para comunicar que tantas são as distorções da Política de Saúde Mental do Estado do Amazonas, aprovada em novembro de 2004, que torna-se urgente, qualquer que seja o candidato vitorioso, estabelecer um grande seminário com todos os atores envolvidos com a Saúde Mental – das organizações de usuários e familiares aos trabalhadores de saúde mental –, para discutir o atendimento das demandas de 60 (sessenta) mil usuários, deslocados para 5 (cinco) policlínicas do Estado, já que o fechamento do manicômio não foi acompanhado da criação de dispositivos que compõem a rede antimanicomial de prestação de serviços de saúde mental, responsabilidade do poder municipal. Passados 10 (dez) anos, o município criou apenas 3 (três) CAPS para uma população de 2 (dois) milhões de habitantes."
 

Em 2017 será comemorado 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios. Em 2007, a Associação Chico Inácio se fez presente em Bauru para comemorar os 20 anos de luta. A faixa acima é alusiva à data.
 
CARTA AOS CANDIDATOS AO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS
Por uma política de saúde mental antimanicomial

A Associação Chico Inácio – entidade que trabalha com inclusão social de pessoas com transtorno mental – reconhece que foi no governo Eduardo Braga que conseguimos avançar em nossos objetivos, 6 (seis) anos depois do reconhecimento jurídico da entidade. 

Graças ao então Pro-Reitor de Extensão da Universidade do Estado do Amazonas, Rogelio Casado, nasceu uma parceria que resultou, em 2010, na criação do Projeto Nós & Voz – projeto de inclusão social, extensivo aos familiares das pessoas com transtorno mental, bem como os comunitários do bairro de São Geraldo, onde o Projeto está sediado.

Nos governos Omar Aziz e José Melo não nos faltou apoio para continuar nossa jornada. 

Oferecemos para os usuários da rede de saúde mental – clinicamente estáveis – oficinas de geração de renda em 3 (três) modalidades (costura, serigrafia e culinária), que tem contribuído a romper com uma distorção da política nacional de saúde mental, decorrente da falta de investimentos, que, ao usar a estrutura dos Centros de Atenção Psicossocial para oferecer oficinas de geração de renda distancia-se da sua missão essencialmente terapêutica.

Diga-se que essa forma de “sobrevivência” decorre da ausência de Centros de Convivência, específicos para pessoas com transtorno mental, que deveriam funcionar nas 4 (quatro) zonas geográficas da cidade de Manaus.

Por uma questão regimental, não podemos manifestar apoio aos candidatos em período eleitoral. Desejamos boa sorte ao eleito, sobretudo para retomar o caminho da reforma psiquiátrica antimanicomial que desejamos.

Aproveitamos para comunicar que tantas são as distorções da Política de Saúde Mental do Estado do Amazonas, aprovada em novembro de 2004, que torna-se urgente, qualquer que seja o candidato vitorioso, estabelecer um grande seminário com todos os atores envolvidos com a Saúde Mental – das organizações de usuários e familiares aos trabalhadores de saúde mental –, para discutir o atendimento das demandas de 60 (sessenta) mil usuários, deslocados para 5 (cinco) policlínicas do Estado, já que o fechamento do manicômio não foi acompanhado da criação de dispositivos que compõem a rede antimanicomial de prestação de serviços de saúde mental, responsabilidade do poder municipal. Passados 10 (dez) anos, o município criou apenas 3 (três) CAPS para uma população de 2 (dois) milhões de habitantes.

Some-se a isto a ameaça do encerramento da­­­­­ Residência Médica em Psiquiatria, nascida no governo Eduardo Braga, o que seria desastroso para a reforma psiquiátrica antimanicomial; a transformação do primeiro CAPS (implantado igualmente no governo Eduardo Braga) em ‘Capsicômio’, que, ao agregar as residências terapêuticas em área contígua ao referido CAPS, contraria conhecida orientação técnica.  

Tudo isso e muito mais esperamos que seja objeto de atenção do futuro governador.

Atenciosamente, assina ­­

Associação Amazonense­­­ do Campo de Atenção Psicossocial “Chico Inácio”, filiada a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial

Manaus, Outubro/2014

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