outubro 08, 2014

"Por que o PT tem ódio das jornadas de junho", por Natacha Rena

PICICA: "(...) o PT tem ódio das jornadas de junho porque desmacararam (...) que ele estava fingindo ser de direita pra governar o país."
Pra mim fica cada dia mais claro, que o PT tem ódio das jornadas de junho porque desmacararam (inclusive pra direita que num tava nem aí pra política nos seus iates e casas de campo tomando champagne) que ele estava fingindo ser de direita pra governar o país. Aqui em Minas isto ficou ainda mais óbvio nas campanhas de 2014, Pimentel tirou a estrelinha e se vestiu de coxinha e BINGO! Papou o eleitorado de direita. Então o ódio é que as esquerdas (não radicais, qualquer um que é esquerda e não sofre da doença governista) foi pras ruas, num primeiro momento junto com muuuuuita gente de todo tipo (e isto é outro assunto, sobre nova ontologia global). Daí exigiram que o PT se movesse, encarasse o congresso e atuasse mais firmemente com relação às bancadas conservadoras (ruralistas, evangélicos, etc). Isto antenou geral. Os direitas saíram todos do armário e arregaçaram as mangas. O que fez o PT? Recurou. O PMDB botou o pé na porta. Mas eu fico sempre encasquetada, se os marketeiros estivessem sempre razão e as principais estratégias prontas, porque é que têm tanto medo da tal oposição de direita? A questão é a sinuca de bico: as direitas no congresso, partidos da direita (oligogarca e protencionista de seus bens pessoais e familiares) que apoiam o PT nas bancadas (ou seja, votos em propostas) continuam declarando seu apoio ao PT em troca de cargos, ministérios, secretarias e votações em propostas conservadoras (e impedindo pautas progressistas)... só que seus eleitores, a turma conservadora dos interiores do país não votam no PT nem com a faca do Temer no pescoço... então o PT fica refém de partidos conservadores e ainda não tem os eleitores destes partidos nas mãos. Quando vemos as votações agora sabemos: 35% são conservadores (Aécio) + 20 % Marina não sabemos direito, são conservadores, mas querem parecer progressistas, são de esquerda e têm ódio do PT não ter ido à esquerda em seus governos, e ainda tem 30% de gente bastante desinteressada em política ou que usa seu voto nulo como protesto. Então tá, temos 50% de votos a serem disputados! Minha pergunta: onde estão as pesquisas dizendo que estes 50% não adorariam votar em um partido que simplesmente saíssem do armário e assumisse um papel combativo às direitas (elites) nacionais? Onde estão estas contas? Eu simplesmente acho que elas não fecham. De verdade? Eu daria tudo pra assentar com o Rui Falcão tomando um porrete e ouvisse dele o que ele (mas Gilbertão e também o Lula) tem a dizer disto tudo! A America Latina já vai se ajeitando à esquerda e assumindo seu papel na história. Porque o PT não faz isto? Porque não decidiu disputar os tais pobres em ascensão via cultura, formação de base, mais disciplinas de humanas nas escolas, mais arte nos rincões em desenvolvimento? Porque Dilma prefere os engenheiros aos advogados? A resposta é óbvia: ela não tem visão de construção de uma sociedade em disputa com o Estado-capital (consumo + consumo + consumo). A disputa pelo desejo destes pobres que estão subindo na pirâmide social passa pela disputa dos desejos. Se eles somente desejam mais do que o governos lhes dá, vão apenas querer mais coisas. Que ótimo se isto estivesse junto de desejos de uma sociedade mais justa pra todos, de mais arte, mais cultura, mais produção do comum em todos os níveis que esta já acontece... Mas não. Pensam em números. Só que números sozinhos passam a representar também números. Quem está nos rincões em desenvolvimento disputando politicamente com as "esquerdas"???? A igreja evangélica por um lado, a rede Globo por outro e assim por diante. O que foi feito da política genial dos pontos de cultura? NADA! Quais as diretrizes para esta área (que segundo a Dilma deve ser bobagem perto das grandes obras do PAC)? Muita coisa. Dilmão deixou rolar no Ministério da Cultura um destroçamento das políticas culturais politizantes em processo e emplacou uma Secretaria de Economia Criativa! Auge das políticas neoliberais da direita internacional amplamente divulgadas pelo Toni Blair. Então com estes poucos exemplos vê-se: os números desenvolvimentistas e de inclusão social são realmente enormes e o PT tem um mérito enorme neste quesito. Tá tudo certo! Mas o abandono do processo de construção de uma nova sociedade politicamente ativa e decididamente combativa ao mercado e seus processos de subjetivação está aqui e agora mostrando que não adiantam somente os números! É preciso muito mais para disputar com o capital e suas elites donas dos meios de comunicação e das igrejas no país.

Fonte: Natacha Rena

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