junho 17, 2006

Foi Deus-se














Bussunda e o jornalismo sério dos Cassetas

Talvez seja essa a melhor oportunidade para homenagear um dos poucos a praticar um jornalismo sério hoje no Brasil - a produção das piadas do Casseta & Planeta. No melhor estilo, tal como naquela manhã de sábado fatídico (morte prematura de Cássia Heler), acordamos com a pior piada que um humorista pode nos contar - a sua própria morte. Foi assim e ponto. E nós que já nos acostumávamos com o desaparecimento de Golias, vendo todos os dias o Parreira planando pelas imagens da Globo, com sua cara redonda e sorriso enigmático, estamos a partir desse momento à procura de um substituto para as canastrices de Bussunda.

A primeira piada que lembramos de Bussunda, ainda que de mau gosto, reporta os tempos da Revista Casseta Popular, impressa, sem ainda a parceria com o pessoal do Planeta Diário. Era um anúncio para quem estivesse interessado em perder uns quilinhos, em poucos minutos. Primeira foto, um sujeito gordo dizendo que tinha a fórmula para perder 40 quilos num segundo, bastando para isso comprar o manual. Segunda foto, o mesmo sujeito gordo (Busssunda), sorridente, com as pernas sobre os trilhos da Central do Brasil, decepadas pelo trem do subúrbio carioca. Esse mau gosto de linguagem abriu as portas para um humorismo sério que classificamos como o melhor jornalismo contemporâneo, em oposição ao jornalismo partidário (disfarçado de sério) que se pratica na grande imprensa nos dias atuais. A turma dos Cassetas nunca se importou com os chavões de, em certas situações, serem comparados às piadistas pouco éticas. Não se importaram de fazer piadas sobre negros, português, mas ninguém como eles estiveram ao lado dos pobres, negros e oprimidos. Nunca se preocuparam em esconder sua predileção política partidária, por outra, nunca deixaram de praticar a profissão escolhida (humorismo), com independência, sem poupar ninguém.

Bussunda sacaneou a todos, a ele inclusive, nesta manhã de sábado. Por alguns minutos chegamos a pensar tratar-se de uma baita de uma farsa, tal como aquela do Orson Welles, quando por algumas horas apavorou grande parte dos EUA transmitindo pelo rádio uma invasão de marcianos. Lamentavelmente, não se trata de uma piada, nem de mau gosto.

O que resta dessa brincadeira séria é que depois de terminar seu mandato (ou seria mandatos), Lula e, depois de pendurar as chuteiras, Ronaldo possam se candidatar a assumir o lugar de Bussunda, nos Cassetas. Seria a maior sacanagem que seus companheiros de profissão escolhida poderiam reservar ao gordinho charmoso.

Vai com Deus Bussunda e pára de sacanear.


Jair Alves – dramaturgo – São Paulo Posted by Picasa

Um comentário:

ALTINO MACHADO disse...

Grande Casado! Parabéns pelo blog. Forte abraço.