abril 06, 2010

Miguel do Rosário: pesquisa e guerra ideológica da mídia corporativa contra o PT

Oleo do Diabo

Outro número que chama a atenção na última pesquisa Datafolha é a força do Partido dos Trabalhadores. No universo de todos os entrevistados, o PT ficou em primeiríssimo no ranking de preferência partidária, com 24%. PMDB e PSDB marcaram um longínquo segundo lugar, com 6%. O PSOL manteve a sólida marca de 0%. Esses dados não tiveram, curiosamente, nenhum destaque na mídia.

O que revelam esses dados?

Em primeiro lugar, que o PSDB não conseguiu se firmar como um partido de militância. Apesar do discurso moderninho, os tucanos formam uma agremiação oligárquica, que escolhe seus dirigentes e candidatos através de métodos obscuros, plutocráticos. Com raras exceções, os candidatos tucanos são sempre figuras ricas, brancas e pedantes.

No Rio, tentaram mudar um pouco isso, atraindo o prefeito de Caxias, o Zito, mas a manobra foi prejudicada por seu artificialismo, para não dizer falta de respeito. Para os tucanos, Zito é só um moreninho bom de voto. Tanto é assim que, apesar de ser presidente da legenda no estado, Zito não teve sequer voz na escolha de Gabeira como cabeça da chapa tucana que disputa o governo fluminense. Zito não apóia Gabeira, o que é uma situação ridícula. O tucano com mais votos no Rio não apóia o candidato dos... tucanos.

Voltando à pesquisa: em segundo lugar, ela mostra a força do PT. As provas pelas quais o partido tem passado, em função da guerra movida pela imprensa, ao que parece apenas serviram para tornar a militância petista mais combativa, mais consciente e mais unida. As bandeiras estreladas voltaram a tremular em passeatas e manifestações.

Chega a ser engraçado. Apesar de ser o partido do poder, o PT conseguiu manter um certo charme maldito, que tanto atrai a juventude. E para isso, com certeza, a imprensa ajudou muito. Ou seja, qual Mefistófeles, do Fausto, a mídia foi aquela que "fazendo o mal, emprenhou o bem". A guerra midiática não deixou os petistas descansarem, e com isso fortaleceu-os.

É uma ironia lindíssima, sensual, perigosa, que todos esses ataques vis e covardes, configurando uma verdadeira campanha orquestrada, de alguns órgãos midiáticos ao Partido dos Trabalhadores, não tenham tido outro resultado que estimular e exercitar a combatividade da militância petista. Quer dizer, muitos abandonaram a luta, mas os que permaneceram, e os que entraram, endureceram e aperfeiçoaram sua fé no partido.

A coisa é ainda mais interessante porque não se trata de uma guerra convencional onde vale a força bruta. É uma guerra ideológica, de inteligência, e a mídia tem usado seus melhores cérebros na luta contra o PT. Eu estou sempre fazendo graça contra o Jabor, o Merval, a Miriam, mas não nego que são pessoas extremamente astutas e talentosas. Não é moleza. A mídia obriga a militância a manter a cachola ativa. O petista tem que ler muito, informar-se em fontes diversas, estar sempre disposto a participar de complicadas discussões.

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Esta superioridade partidária, verificada nas pesquisas, será uma grande vantagem para o PT nas eleições de outubro. Não vi nenhum analista mencionar esse fato.

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Por falar em analista, a Folha entrevistou nesta segunda-feira um cientista político, um jovem de 33 anos que dá aula em Yale. A manchete da matéria é: "Lula atraiu pobres das metrópoles, diz analista". As partes mais interessantes do texto, contudo, são onde ele faz as seguintes afirmações:

E a oposição vai ter problemas. Ganhar uma eleição sem levar os pobres é muito difícil. (...) Acho pouco provável que o governo perca a eleição. (...) tem muito pouca chance de o governo perder.

Por que será que a matéria não teve destaque nos portais, não teve chamada na primeira página, e seus trechos mais calientes não mereceram menção no título nem nos destaques laterais? Mistério...

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