dezembro 12, 2010

Incêndio em Haifa revela ruína de vilas palestinas destruídas por Israel

12/12/2010 - 08:00 | Arturo Hartmann | São Paulo

Megaincêndio florestal revela ruína de vilas palestinas destruídas no fim dos anos 1940


O trágico incêndio nas florestas que forravam o Monte Carmel, na cidade israelense de Haifa e que resultou na morte de 41 pessoas e na destruição de um patrimônio nacional, trouxe à tona um tema incômodo para a história de Israel. No local, nos anos 1940, viviam centenas de famílias palestinas, que foram forçadas a abandonar suas propriedades pelo exército israelense. Somente uma pequena comunidade de palestinos permaneceu no local.

Efe


Placa aponta para a vila árabe de Ein Hawd, na região de Haifa, em Israel


O maior incêndio da história de Israel demorou quatro dias para ser extinguido e revelou a falta de preparo e de logística para enfrentar uma situação de tamanhas proporções. Cerca de 20 países enviaram ajuda aérea, equipamentos técnicos e pessoal para apagar as chamas, inclusive carros de bombeiro dos territórios palestinos.


Formada principalmente por árvores coníferas, como eucaliptos, as florestas foram criadas a partir de1948 pelo FNJ (Fundo Nacional Judaico), uma organização criada em 1901 para criar e desenvolver terras na Palestina para judeus. Após a criação do Estado de Israel, o FNJ se tornou um instrumento da expansão judaica.


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A denúncia de que no local havia vilas palestinas é corroborada pelo historiador palestino Jonny Mansour, que estuda a trajetória da comunidade palestina de Haifa. Ele vive na parte baixa da cidade e pôde observar a destruição da floresta no Carmel. De acordo com ele, onde hoje há cidades israelenses e parques naturais, havia vilas palestinas. “Um dos lugares que foram queimados foi a vila de Umm-Al-Zinnat, completamente destruída”, afirmou ao Opera Mundi.

De acordo com um
mapa disponibilizado pela organização pró-palestina BagPoud, que mostra a localização de antigas vilas palestinas no terrítória da Palestina, a região de Haifa era ocupada por mais de dez cidades palestinas.

Conforme conta o historiador israelense Illan Pappè no livro
Limpeza Étnica da Palestina, diversos pontos habitados por palestinos foram alvo de uma política de antirrepatriação nos anos 1940, logo após a criação do Estado de Israel: “a maior parte das atividades já para o final das operações de limpeza étnica de 1948 estavam focadas em implementar a política de antirrepatriação de Israel em dois níveis. O primeiro era nacional, introduzidas em agosto de 1948 por uma decisão do governo israelense de destruir as vilas tomadas e transformá-las em novos assentamentos judeus ou em florestas ‘naturais’. O segundo era diplomático, esforçar-se ao máximo para amenizar a pressão internacional crescente sobre Israel para permitir o retorno dos refugiados.”
Efe

Judeu reza próximo a incêndio em Haifa. Local era habitado por palestinos 60 anos atrás

Mansour contou a história da vila de Ein Hod (chamada pelos palestinos de Ayn Hawd) antes de maio de 1948, a mais famosa entre as vilas ocultas que emergiram do fogo do Carmel.  “Em 1948, o exército israelense disse aos moradores que deixassem a vila momentaneamente e que a eles seria permitido retornar. Uma parte da população armou um acampamento em uma caverna próxima à vila original. Mas perceberam que não poderiam voltar, pois viam a construção de uma cidade judaica. Os palestinos permaneceram próximo a sua antiga vila e durante o incêndio, ficaram a pouquíssimos metros do fogo”. Tanto a cidade judaica quanto a vila palestina foram evacuadas pelas autoridades israelenses durante o incêndio.


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