outubro 20, 2007

Tefé recebe prêmio nacional em saúde mental

CAPS II Lígia Rodrigues Barros - Tefé - Amazonas

Da esq. para dir.: Heliana Feijó (Secretaria de Saúde do Interior da Secretaria Estadual de Saúde), Ralf Kaiser (Coordenador do Programa Municipal de Saúde Mental de Tefé-AM), Rogelio Casado (então Coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental); Ester Pellizzari (médica psiquiatra do CAPS II de Tefé) e Dário Vicente da Silva (Secretário de Saúde do Município de Tefé-AM)
Breve comentário sobre o CAPS de Tefé

No dia 29 de abril de 2006, fui convidado pelo Secretário Municipal de Saúde de Tefé, Dário Vicente da Silva, a participar da inauguração do CAPS Lígia Rodrigues Barros (CAPS tipo II, que funciona de segunda a sexta, em dois turnos, e que tem na equipe médico psiquiatra, assistente social, enfermeira, entre outros profissionais de saúde). Comigo, participou desse momento histórico da saúde pública de Tefé, a querida companheira Heliana Feijó, Secretaria de Saúde do Interior da Secretaria Estadual de Saúde). Tive a honra de cortar a fita simbólica.

Três personagens merecem destaque. Primeiro, o Secretário Dário Vicente da Silva, com quem tive o prazer de manter longa interlocução quando ele atuava no Conselho Estadual de Saúde. Sem ele o CAPS seria apenas um sonho. Conhecido como um dos secretários municipais de saúde mais dinâmicos do estado do Amazonas, foi dele a iniciativa de criar o segundo CAPS do estado. Visão pública e compromisso social fazem parte do perfil desse jovem gestor de saúde.

Foi Dário quem identificou o psicólogo Ralf Kaiser em Manaus, que vinha do Rio Grande do Sul de uma experiência em CAPS, onde fez sua formação. Aqui, o segundo personagem. Ele é o autor do Projeto CAPS de Tefé. Conhecido como Alemão (apelido que me foi confiado por suas companheiras de trabalho, que encontrei no I Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial, realizado em São Paulo, em 2004). Sem perspectiva de trabalho em Manaus, não precisou aguardar pelos concursos públicos municipal e estadual, se mandou para Tefé a convite de Dário, onde pretende ficar pelos próximos 20 anos. Na pressa, Ralf deixou de despedir-se da Associação Chico Inácio - ONG de defesa dos direitos civis e políticos dos portadores de transtorno mental, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial -, ONG que o acolheu quando chegou na cidade. A turma não gostou, Ralf. Sem ressentimentos, baixou a Síndrome do Pequeno Princípe (tu-te-tornas-eternamente-responsável-por-aquilo-que-cativas). Em jogo, a solidariedade nossa de cada dia.

A terceira personagem é Ester Pellizzari. Médica psiquiatra, trabalhou no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, logo após o início da construção da Reforma Psiquiátrica no Amazonas. Há vinte anos vivia em Porto Alege, onde trabalhava em consultório privado. Retornando ao Amazonas, pediu-me para ir trabalhar no interior do estado (pretendia resgatar seu vínculo profissional com a Secretaria Estadual de Saúde, garantia que a Constituição permite para esposas de militares). A nobreza do pedido - raros são os médicos que querem trabalhar no interior - me sensibilizou. Ofereci três alternativas. Sua escolha recaiu para o município de Tefé. Dário não titubeou, quando indiquei seu nome, contratou-a de imediato.
Tefé recebe prêmio da ABP

O prêmio concedido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) tem tudo a ver com esses três personagens. No entanto, é preciso contextualizá-lo. Tem um duplo mérito: reconhecer o esforço amazonense de se incluir no cenário da Reforma Psiquiátrica brasileira contemporânea e reconhecer que apesar da ambiguidade da ABP (desde julho de 2006 vem agredindo sistematicamente a pessoa de Pedro Gabriel Delgado, atual Coordenador Nacional de Saúde Mental - a quem presto minha solidariedade - e detonando as conquistas da Reforma), a psiquiatria conservadora rende-se ao trabalho dos mentaleiros de todas as latitudes do Brasil.

A pergunta que não quer calar: quando outras municipalidades investirão na implantação dos seus CAPS? Pelo que tenho conhecimento estão em perspectiva: Itacoatiara, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira. Oxalá, seja verdade! Quanto a Manaus? Dolorosa interrogação.

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Tefé recebe prêmio nacional em saúde mental
Gabinete do Deputado
Luiz Castro
19.10.2007

A Prefeitura Municipal de Tefé recebeu, esta semana, em Porto Alegre (RS), o Prêmio Nacional de Inclusão Social em Saúde Mental, concedido pela Associação Brasileira de Psiquiatria. O Projeto do Centro deAtenção Psico-Social (Caps), implantado pela Secretaria Municipal de Saúde de Tefé, concorreu com 157 projetos de prefeituras de todo o País.

O deputado Luiz Castro (PPS) disse que o prêmio é um reconhecimento aotrabalho que vem sendo desenvolvido pelo município, no atendimento eficiente e humanizado, dos pacientes com transtornos mentais.

Dentre os municípios amazonenses, Castro disse que Tefé vem se destacando pelos avanços na política de saúde, não só na saúde mental, mas em outras especialidades de atendimento que estão disponíveis àspopulações dos municípios próximos.

O Centro de Atenção Psico-Social é coordenado pelo psicólogo Ralf Kaiser, e funciona desde o início do ano passado. Mais de 500 pacientes recebem tratamento médico, psicológico, de enfermagem, e fornecimento de medicamentos. Uma equipe especializada realiza terapia de grupo e visitas às famílias dos pacientes.

De acordo com o secretário de Saúde, Dário Vicente da Silva, o Centro dispõe de toda a estrutura para o atendimento e os portadores dedistúrbios mentais não precisam mais se deslocar a Manaus em busca de tratamento.

Entusiasmado com a experiência na saúde mental, Dário atribui o sucessodo projeto ao esforço e à dedicação dos profissionais, que contam com o apoio do prefeito Sidônio Gonçalves. Além do prêmio no valor de R$ 20mil, o projeto implantado no município amazonense será divulgado em todos os Estados.

Dário Vicente destacou ainda que o município de Tefé apresentou à Comissão Européia um projeto para aquisição de equipamentos médicos e contratação de pessoal. No início deste mês, ele esteve em Lisboa acompanhando a avaliação do projeto e está otimista quanto à aprovação do repasse de recursos no valor de 800 mil euros.

O secretário lembrou ainda que o município foi convidado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para de um encontro de saúde em El Salvador, no final deste mês. O Brasil terá apenas dois representantes nesse encontro: Tefé e Porto Alegre (RS).

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Gabinete - 3183-4421 ou 4422


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Agora leia o que foi publicado neste blog por ocasião da inauguração do CAPS II de Tefé:

CAPS II Lígia Rodrigues Barros

No dia 29 de abril de 2006 foi inaugurado no município de Tefé, Médio Solimões, o segundo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do estado do Amazonas. O Secretário Municipal de Saúde Dário Vicente da Silva - presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) -, não mediu esforços para viabilizar um CAPS tipo II na cidade de Tefé, que é um dos 14 polos de saúde do estado (cada polo de saúde foi estrategicamente definido ao longo das diversas calhas dos rios amazônicos). O credenciamento do CAPS II junto ao Ministério da Saúde só é possível mediante a presença de um médico psiquiatra na equipe. Preenchidos todos os requisitos, a comunidade tefeense não precisa mais recorrer à capital amazonense para receber cuidados em caso de sofrimento mental. De imediato serão igualmente beneficiados os municípios circunvizinhos ao polo de saúde de Tefé: Alvarães, Uarini, Maraã, Japurá, Juruá e Carauari. Desde já os cofres públicos desses municípios não precisam mais investir em deslocamentos aéreo ou hidroviário (1 hora e meia de avião e quase dois dias de barco) para tratar cidadãos com sofrimento mental, poupando sofrimento aos familiares e recursos financeiros da prefeitura.

Persistência

Foram quase 9 meses de busca por um imóvel capaz de abrigar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na cidade de Tefé. Segundo o psicólogo Ralf Kayser, coordenador do Programa Municipal de Saúde Mental, os aluguéis de imóveis são caros, e estão quase no mesmo nível de cidades como Porto Alegre, como informa a médica psiquiatra Ester Pellizzari, recém chegada da capital do Rio Grande do Sul.

Medicamentos

[...] o CAPS II de Tefé estará dispensando medicamentos psiquiátricos para os usuários de saúde mental do Médio Solimões. O Ministério da Saúde é quem fornecerá os medicamentos da cesta básica e os medicamentos especiais utilizados na clínica psiquiátrica. Exigência: o município deve possuir uma rede de atenção em saúde mental. É o caso de Tefé, que brevemente estará oferecendo leito psiquiátrico para portadores de sofrimento mental no hospital geral da cidade, ampliando o leque de ações em saúde mental.

Lulinha, paz e amor

Dário Vicente da Silva, Secretário Municipal de Saúde de Tefé, encarna um "Lulinha, paz e amor". Na sua fala, a consciência do dever cumprido e os agradecimentos a todos que ajudaram a colocar Tefé no mapa dos serviços substitutivos ao manicômio no Brasil.

5 comentários:

Anônimo disse...

em recente viagem para tefé,
vi e parabenizo o trabalho da drª ester pellizzari,onde presta relevantes serviços a comunidade de tefé.

Anônimo disse...

O PSIC, RALF NÃO É MAIS OCOORDENADOR DO CAPS DE TEFE, COMO
TBÉM A DRA. ESTER PELLIZZARI NÃO
É MAIS A PSIQUIATRA DE TEFE.
OS TRABALHOS AGORA ESTÃO COM O
PSIQUIATRA EMILIO E A PSICOLOGA
IZABELA.

Unknown disse...

Oi Rogélio
comunico que estou de volta para Tefé e assumindo como psiquiatra do CAPS.
um grande abraço e a luta continua pelo bom atendimento à população da cidade.
um abraço
Ester

Thaissa Rocha disse...

Olá,
tem o email do coordenador do CAPS para que eu possa entrar em contato?
obrigada
Thaissa Rocha

PICICA disse...

Não tenho essa informação.