outubro 10, 2007

Acre comemora o Dia Mundial de Saúde Mental

Estamira no Circuito Documentário
Filme revela a história de uma mulher que passou parte da vida sobrevivendo num lixão no Rio de Janeiro

O Circuito Documentário (ABDeC/AC) exibe na próxima quarta-feira (10), às 19 horas, no Theatro Hélio Melo o filme Estamira, de Marcos Prado. A sessão comemora o Dia Mundial de Saúde Mental cujo tema é Saúde Mental Num Mundo em Mudanças: o impacto da cultura e da diversidade. Após a exibição acontece debate com a psicóloga Normélia Pinho e a professora de artes cênicas Adriana Santelli. A exibição é uma parceria da ABDeC/AC com o governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour e Coordenação Estadual de Saúde Mental da Secretaria de Saúde. Entrada franca.

Aos 63 anos, dona Estamira sofre distúrbios mentais e vive e trabalha no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho há mais de 20 anos. Apesar de falar sozinha, ouvir vozes e se referir a Deus com os piores palavrões, ela é uma figura muito carismática e respeitada no lixão. Depois de sofrer estupros, se prostituir, ser traída em dois casamentos, se distanciar da filha mais nova, ser mendiga e alcoólatra, esta mulher encontrou no local a socialização, amizade e respeito que nunca teve na vida. O documentário acompanha principalmente o tratamento psiquiátrico, com atendimento pela rede pública, de dona Estamira. As filmagens, que duraram quatro anos, coincidiram com o começo do tratamento. O espectador acompanha a mudança de comportamento e do discurso dela, efeitos dos medicamentos que toma diariamente. Seu cotidiano é traçado com uma relação de confiança que teve com o documentarista Marcos Prado todos os anos, enquanto os entrevistados, filhos da senhora, contam sobre seu passado trágico e mostram como é viver com alguém com o diagnóstico dela.

Em 2000, Marcos Prado - que realizava um trabalho fotográfico no aterro há seis anos -, encontrou Estamira pela primeira vez contemplando a paisagem do Gramacho. Pediu para tirar um retrato e ela consentiu com a condição que depois ele sentasse ao seu lado para conversar. Ela lhe disse que morava num castelo, todo enfeitado com coisas do lixo. Prado se encantou com o discurso eloqüente, profético, filosófico, mas muito lúcido, daquela senhora diagnosticada como louca. Eles ficaram amigos e certo dia ela lhe perguntou qual era sua missão. Antes que Prado pudesse responder, ela disse: "Sua missão é revelar a minha missão". Assim, ele decidiu fazer um filme sobre a vida dela.

Fotógrafo e produtor de documentários consagrados como Ônibus 174, Marcos Prado estréia na direção. Estamira foi finalizado no segundo semestre de 2004 e recebeu diversos prêmios, como Melhor Documentário segundo o júri oficial nos Festivais Internacionais do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Belém, Karlovy Vary (República Tcheca) e Havana. Recebeu, ainda, o prêmio de Melhor Filme nas categorias: longa-metragem, júri popular e voto da imprensa no FICA e o Grande Prêmio dos Festivais Internacionais de Documentário de Marseille e de Direitos Humanos de Nuremberg.

SERVIÇO
Quando: Quarta-feira (10), às 19 horas
Onde: Theatro Hélio Melo – Av. Getúlio Vargas, s/n – Centro – Tel.: 3224-2133

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