PICICA: "O diálogo que o artista propõe com o espectador questiona a própria identidade humana, inclusive a sua.
O belo depende do grotesco para existir. Ninguém iria saber o que
seria bom se não existisse o ruim. Olhando para a história de uma
religião em particular, Budha nunca sairia de sua zona de conforto e
atingiria a iluminação para ajudar milhões de pessoas se não percebesse a
existência da decadência humana, da doença, da depravação, do grotesco."
Grotescamente humano
O belo depende do grotesco para existir. Ninguém iria saber o que seria bom se não existisse o ruim. Olhando para a história de uma religião em particular, Budha nunca sairia de sua zona de conforto e atingiria a iluminação para ajudar milhões de pessoas se não percebesse a existência da decadência humana, da doença, da depravação, do grotesco.
Por outro lado, as luzes não se misturam com as trevas e o trabalho de Erik Thor Sandberg reflete justamente essa observação profunda e infinita no abissal do grotesco da existência comportamental humana.
O diálogo que o artista propõe com o espectador questiona a própria identidade humana, inclusive a sua. Suas obras são inundadas de narrativas individuais tiradas de um filme de terror, hora sadomasoquista, hora canibalista, hora surrealista, hora animalesco. Sempre que olharmos para alguns de seus trabalhos, os leremos de forma diferente, tamanha é sua riqueza plástica.
Erik Thor Sandberg reside em Washington, DC e já expos seus trabalhos por toda parte. A singularidade de sua técnica é única e ele a conseguiu através de anos de prática e pesquisa e também através do próprio questionamento do que consiste a natureza humana.
Nas suas narrativas que muitas vezes são começos, outras vezes são fins, ele se apropria de momentos que são cruciais para a mensagem deseja passar. Assim, faz com que o tempo fique suspenso e a narrativa fique pausada por alguns breves momentos de reflexão, o artista consegue abster o julgamento e proporcionar somente a observação enfatizando seus personagens contidos em contextos de puro desastre caótico desumano.
Normalmente seu olhar está na falha da natureza humana, nos vícios, no lado grotesco de seus personagens e suas características e atitudes, suas expressões faciais, as relações entre humanos com cadáveres. Estes aspectos da natureza falha, do outro lado do que o olho está acostumado a ver tem sido a parte principal de seu trabalho ao longo dos anos. Ao revelar essas imperfeições, ele também mostra como a vida tem sua parte interessante e curiosa que desperta o interesse de saber o que leva a pessoa a se colocar nestas situações, ou até mesmo a pintar estas cenas, estes personagens. Ainda há beleza, eternamente apreciada, querida e almejada, em seu trabalho porque contrasta com o grotesco e forma a relação que o artista deseja. Sem a beleza o grotesco não seria apreciado tão intensamente.
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João Ricardo
Criador criativo de criações aleatórias.Fonte: OBVIOUS
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