abril 13, 2016

Fotografia de Francis Giacobetti: poesia e sensualidade. Por Carolina Carmini (OBVIOUS)

PICICA: "Para o fotógrafo francês Francis Giacobetti, o fator humano está sempre no centro de seu trabalho - desde seus retratos inventivos e profundos até seus nus sensuais e poéticos, passando pelos editoriais de moda e design. Por sua câmara passaram as mais belas mulheres, os artistas mais geniais e os intelectuais. Sua produção eclética é possuidora de uma linguagem única." 


Fotografia de Francis Giacobetti: poesia e sensualidade


Para o fotógrafo francês Francis Giacobetti, o fator humano está sempre no centro de seu trabalho - desde seus retratos inventivos e profundos até seus nus sensuais e poéticos, passando pelos editoriais de moda e design. Por sua câmara passaram as mais belas mulheres, os artistas mais geniais e os intelectuais. Sua produção eclética é possuidora de uma linguagem única.

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© Francis Giacobetti, "Motion 4".

Apesar de o advento da fotografia pertencer ao século XIX, esta renasceu para ocupar seu posto atual em meados da década de 1960. A linguagem que revolucionou as formas de representação da arte e também realizou uma ruptura nos modos de fruição pelas pessoas possuía um papel secundário na história. Em diversos momentos a produção fotográfica foi entendida como uma questão mais ligada à publicidade e ao documental do que às artes.

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© Francis Giacobetti, "Egg, Water. Life".
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© Francis Giacobetti, "National Treasures of Japan".
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© Francis Giacobetti, "National Treasures of Japan".
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© Francis Giacobetti, "National Treasures of Japan".

No entanto, nem todos os fotógrafos se conformavam com essa situação e passaram a realizar trabalhos experimentais e inovadores, em que a fotografia descobria um discurso próprio e entrava no mundo dos museus com uma poética particular.

Assim a fotografia vai galgando seu espaço no mundo das artes. A transformação no entendimento da linguagem fotográfica – de produto a arte -, não incluiu apenas a produção de fotógrafos já renomados como Alexander Rodchenko e Alfred Stieglitz, mas também a fotografia de moda e publicidade.

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© Francis Giacobetti, "Motion 5".
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© Francis Giacobetti, "Motion 2".

A partir desse momento, em cada produção fotográfica poderia existir um artista em potencial e uma obra de arte. Nesse cenário encaixa-se a produção de Francis Giacobetti. Sua produção transita totalmente entre a publicidade, a moda e a arte. Mesclando-se. De fotógrafo publicitário, seu trabalho alçou ao mundo das artes, museus e galerias. O fotógrafo ganhou um novo mercado ao qual não pertencia e do qual não participava.

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© Francis Giacobetti, "India Song".
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© Francis Giacobetti, "Waves/Drapes".
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© Francis Giacobetti, "Waves/Drapes".
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© Francis Giacobetti, "Dreamlight".
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© Francis Giacobetti, Ensaio "Pleats-Please" para Issey Miyake em 1993.

Francis Giacobetti (Marselha, 1939) começou sua carreira de fotógrafo ainda jovem, em 1957. Ficou mundialmente famoso por suas fotografias de moda e design, e ainda por seus nus. Trabalhou entre as décadas de 1960 e 1980 como fotógrafo e repórter da revista masculina francesa "Lui". Em seu currículo ainda estão passagens pelas revistas "Paris Match", "Life" e "Look". Atuou como diretor de arte da empresa de cosméticos "Shiseido" e desenvolveu projetos de câmaras de fotografia e vídeo para a empresa Canon.

Por essa trajetória, em 1970, Giacobetti foi convidado pelo "Calendário Pirelli" para oferecer seu olhar e interpretação sobre as mulheres. No ensaio "Beleza Natural", o fotógrafo clicou a modelo Paula Martine nas praias das Bahamas. Em toda sua história, apenas Francis Giacobetti – e mais dois fotógrafos – imortalizaram suas fotografias por dois anos consecutivos no calendário.

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© Francis Giacobetti, "Shy Dancer", Calendário Pirelli, 1970.
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© Francis Giacobetti, "Bimini, Bahamas", Calendário Pirelli, 1970.
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© Francis Giacobetti, Calendário Pirelli, 1970.
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© Francis Giacobetti, "Moonset", Calendário Pirelli, 1970.

Na década de 1990, em meio às várias rememorações da morte de Che Guevara, o fotógrafo realizou um de seus trabalhos mais sensíveis, "Che Compañeros", uma série de retrato de companheiros do revolucionário cubano. Era a recuperação de vinte e um indivíduos que conviveram com Che e traziam a memória desse período. Além dos retratos, Giacobetti fez diversas fotografias das paisagens cubanas.

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© Francis Giacobetti, "Fidel Castro Ruz - Che Compañeros.
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© Francis Giacobetti, Manuel Pinero Losada (Barbaroja) - Che Compañeros.
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© Francis Giacobetti, "Havana - Cuba".

Sensual, controverso, o fotógrafo soube ser crítico e inovador em seu projeto mais impactante e ambicioso. Para o "Projeto Hymn," Giacobetti recorre a seu olhar mais inquieto e através de uma serie de 300 trípticos realiza um inventário da genialidade humana contemporânea. Um tributo em que o fotógrafo registrou a íris, o rosto e as mãos de personalidades como Stephen Hawking, Jacques Costeau, Oscar Niemeyer, Akira Kurosawa, Federico Fellini, Luciano Pavarotti, Gabriel García Márquez, Sebastião Salgado, Roy Lichtenstein, Aung San Suu Kyi, Nelson Mandela e Mikhail Gorbatchov.

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 © Francis Giacobetti, "Hymn Project" - Aung San Suu-Kyi.
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© Francis Giacobetti, "Hymn Project" - Claude Lévi-Strauss.
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© Francis Giacobetti, "Hymn Project" - Gérard Depardieu.
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© Francis Giacobetti, "Hymn Project" - Mikhail Baryshnikov.
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© Francis Giacobetti, "Hymn Project" - Ray Charles.

O uso radical da sombra e da luz, criando ora trabalhos geométricos, ora dramáticos retratos, as ricas cores que emprega em cada obra, conferem expressividade a cada fotografia, no melhor estilo da tradição fotográfica francesa. Giacobetti dá a supermodelos, ícones do proletariado e da cultura a mesma atenção, interesse, curiosidade e arrojo que transformaram seus trabalhos e lhe renderam o título de um dos 40 fotógrafos mais importantes do século XX.

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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
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© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".

Se a produção de Giacobetti no passado vivia em uma crise de identidade para a crítica e o público - arte ou publicidade? - o tempo e as instituições vieram reconhecer e consolidar seu trabalho. Suas fotografias já passaram por museus como o Stedelijk Museum Amsterdam, o Grand Palais e o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia de Madrid. E em 1993 suas obras foram escolhidas – juntamente com outros dois artistas – para um projeto que pretendia introduzir a arte contemporânea no Museu do Louvre.

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© Francis Giacobetti, "Cesar in the Louvre Museum".
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© Francis Giacobetti, "Last Supper with Chefs", 1979.

Conheça aqui mais trabalhos de Francis Giacobetti.



carolina carmini

gosta de pensar que se não tivesse nascido, alguém a teria inventado.

Fonte: Obvious

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