PICICA: "Normalmente associada às lendas fantásticas do Conde Drácula, a
Roménia está longe de ter uma tradição reconhecida nas artes gráficas de
nova geração. Porém, este país é o berço de Sorin Bechira, autor de
composições tão fluidas como ricas em pormenores. E que não nos permitem
desviar o olhar."
Sorin Bechira: um experimentador nas artes gráficas
© Sorin Bechira, "The Kite".
Da Roménia não vem só à memória a imagem do temível Conde Drácula. Sorin Bechira, nascido na cidade de Timisoara, tem ganhado destaque mundial como artista gráfico. O criativo, de 34 anos, criou um percurso singular na forma de combinar a arte tradicional com as novas técnicas gráficas de computador. O resultado não podia ser melhor.
Num primeiro olhar às composições de Sorin, o que salta à vista é a sua fluidez. Não há elementos soltos ou isolados e não há lugar para pontas soltas. A imagem, trabalhada por tentativa e erro, surge una e indivisível. E, portanto, com maior impacto para o observador.
No entanto, apesar da aglutinação, saltam à vista pormenores. Pormenores seguidos de pormenores e mais pormenores. Simbolismos próprios, máscaras teatrais, cabeças de dragões ou relógios, tudo tem lugar nas composições de Sorin – e, muitas vezes, em simultâneo.
© Sorin Bechira, "One".
© Sorin Bechira, "Neverending Story".
O artista romeno assume que não tem um género gráfico favorito. Faz de tudo um pouco, procurando sempre manter-se actualizado em qualquer das formas gráficas. Daí que o seu portfólio inclua o design de fontes experimentais, ilustrações, matte painting, motion graphics, composições e trabalhos em 3D digital.
As imagens de Sorin dividem-se entre o mundo do preto&branco e o imaginário colorido. No primeiro, a riqueza dos pormenores e texturas fazem esquecer que estamos perante uma composição monocromática. Entre as centenas de tons de cinzento, o mistério da combinação dos elementos – diversos nos seus significados – torna as composições envolventes. No mundo da cor, elas são como um balde de tinha, fluida em todos os sentidos da imagem à medida que o colorido envolve elementos gráficos e pontos cromáticos.
© Sorin Bechira, "Masque du Caprice".
© Sorin Bechira, "Expressions".
Como influências, o artista gráfico não hesita em enumerar referências incontornáveis na história da arte mundial. O surrealista Salvador Dali, o cubista Pablo Picasso ou o expressionista abstracto Jackson Pollock são alguns dos exemplos. Aliás, não é difícil ver em composições como “Time has Come” – entre relógios, cavalos e pássaros –, marcas do surrealismo de Dali num universo digital. Além destas correntes, a Art Nouveau, o desconstrutivismo e o romantismo são outras das referências artísticas apresentadas por Sorin.
© Sorin Bechira, "Waiting for the Last Lunch".
O caminho de Sorin nestas lides começou em 1994, quando entrou numa escola secundária especializada em programação computadorizada. Desde logo foi atraído para tonalidades, sombras e formas, em vez da programação pura e dura, e a preferência manteve-se ate hoje. Mais tarde, o artista decidiu especializar-se na componente artística e frequentou a Faculdade de Artes de Timisoara. As suas imagens resultam destes dois percursos: digital e arte tradicional.
Fiel seguidor do seu próprio lema de vida - “Nunca pares de experimentar; sê um perfeccionista, sê inquieto, mas sê sempre um sonhador”-, o criador gráfico é um experimentador nato. Sem medo de errar ou de se desviar do caminho planeado, as suas obras são tão fluidas na sua criação como o são na apresentação. E, mais do que a mente lógica do artista a definir, à partida, que forma terá a imagem, as obras de Sarin vão se definindo ao longo da estrada criativa. Como, aliás, a própria vida.
© Sorin Bechira, "Trust".
© Sorin Bechira, "Time Has Come".
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