PICICA: "A
doutrina do choque (livro que explica todo o modus operandi da direita
no Brasil para retomar o poder e terminar a liquidação neoliberal) - Alexandra Peixoto."
A Doutrina do Choque.
Publicado em 19 de jan de 2013
Produzido
em 2009 por Naomi Klein, o documentário A Doutrina do Choque revela a
trajetória do neoliberalismo no ocidente desde o início dos anos 1970.
Ao contrário do que muitos pensam, a atual fase neoliberal do
capitalismo não começo com Reagan e Tatcher, senão com o golpe de
Pinochet contra Salvador Allende. O 11 de setembro de 1973 no Chile
abriria então as portas da América Latina para os ensinamentos da escola
de Chicago. Liderados por Milton Friedman, os Chicago boys implantariam
políticas econômicas radicais de abertura de mercados,
desregulamentações e privatizações. O objetivo seria deixar a população e
os movimentos sociais em estado de choque psicológico, desorientados e
sem saber como reagir às imediatas mudanças econômicas.
A
doutrina do choque (livro que explica todo o modus operandi da direita
no Brasil para retomar o poder e terminar a liquidação neoliberal)
Naomi Klein, Ed. Nova Fronteira
O filósofo italiano Giorgio Agamben já demonstrou como a política trabalha secretamente na produção de emergências. Só que faltava um ponto de vista jornalístico, apurado e certeiro, sobre a natureza e as dimensões do fenômeno. Essa parece ser a proposta de Naomi Klein nesse livro. Logo no primeiro capítulo, ao entrevistar Gail Kastner, remanescente das experiências da CIA com eletrochoques nos anos 1950, Klein define a obra como “um livro sobre o choque”, ou, se preferirmos, sobre como o capitalismo lucra com a dor dos outros diante da desgraça.
O livro descreve inicialmente como os países ficam impactados por causa de guerras, ataques terroristas, golpes de Estado e desastres naturais, e, em seguida, são submetidos a novos choques políticos e econômicos, por meio de desregulamentações, privatizações e cortes dos programas sociais – doutrina neoliberal desenvolvida pelo economista Milton Friedman (1912-2006), professor da Escola de Economia de Chicago. E quem ousar resistir às medidas impostas corre o risco de ser torturado com novos choques (elétricos). Como disse Eduardo Galeano, muito citado no livro, “Friedman ganhou o Nobel e o Chile ganhou Pinochet”.
O complexo político-econômico gerado por esse estado de choque contínuo é o capitalismo de desastre, “incapaz de distinguir entre destruição e criação, entre ferir e curar”, conforme atestam os exemplos analisados no livro. Parte-se do mito do milagre chileno, a primeira aventura dos “Garotos de Chicago” nos anos 1970, passando pela terapia de choque em vários países da América Latina na década de 1980. Seguem-se crises na China, Polônia, África do Sul e Rússia; a “pilhagem” da Ásia nos anos 1990; a doutrina militar do “choque e pavor” no Iraque pós-11/9; o tsunami de 2004 no Oceano Índico e as privatizações que ocorreram no rastro do furacão Katrina, em 2005.
A doutrina do choque é altamente recomendável a todos que esbravejam contra os desmandos do regime chinês, sem se darem conta de que a Cisco, a General Electric, a Honeywell e o Google, entre outras empresas, vêm trabalhando de mãos dadas com os governos locais para permitir o monitoramento remoto da internet e fornecer a infra-estrutura para um dos maiores complexos policialescos do planeta.
Silvio Miele
Jornalista e professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP
Naomi Klein, Ed. Nova Fronteira
O filósofo italiano Giorgio Agamben já demonstrou como a política trabalha secretamente na produção de emergências. Só que faltava um ponto de vista jornalístico, apurado e certeiro, sobre a natureza e as dimensões do fenômeno. Essa parece ser a proposta de Naomi Klein nesse livro. Logo no primeiro capítulo, ao entrevistar Gail Kastner, remanescente das experiências da CIA com eletrochoques nos anos 1950, Klein define a obra como “um livro sobre o choque”, ou, se preferirmos, sobre como o capitalismo lucra com a dor dos outros diante da desgraça.
O livro descreve inicialmente como os países ficam impactados por causa de guerras, ataques terroristas, golpes de Estado e desastres naturais, e, em seguida, são submetidos a novos choques políticos e econômicos, por meio de desregulamentações, privatizações e cortes dos programas sociais – doutrina neoliberal desenvolvida pelo economista Milton Friedman (1912-2006), professor da Escola de Economia de Chicago. E quem ousar resistir às medidas impostas corre o risco de ser torturado com novos choques (elétricos). Como disse Eduardo Galeano, muito citado no livro, “Friedman ganhou o Nobel e o Chile ganhou Pinochet”.
O complexo político-econômico gerado por esse estado de choque contínuo é o capitalismo de desastre, “incapaz de distinguir entre destruição e criação, entre ferir e curar”, conforme atestam os exemplos analisados no livro. Parte-se do mito do milagre chileno, a primeira aventura dos “Garotos de Chicago” nos anos 1970, passando pela terapia de choque em vários países da América Latina na década de 1980. Seguem-se crises na China, Polônia, África do Sul e Rússia; a “pilhagem” da Ásia nos anos 1990; a doutrina militar do “choque e pavor” no Iraque pós-11/9; o tsunami de 2004 no Oceano Índico e as privatizações que ocorreram no rastro do furacão Katrina, em 2005.
A doutrina do choque é altamente recomendável a todos que esbravejam contra os desmandos do regime chinês, sem se darem conta de que a Cisco, a General Electric, a Honeywell e o Google, entre outras empresas, vêm trabalhando de mãos dadas com os governos locais para permitir o monitoramento remoto da internet e fornecer a infra-estrutura para um dos maiores complexos policialescos do planeta.
Silvio Miele
Jornalista e professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP
Fonte: Facebook
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