outubro 20, 2007

Conheça o Relatório de Pesquisa de Campo do II Encontro Americano Pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo

Relatório da Pesquisa de Campo no II Encontro Americano Pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo (3 a 13/12/99)
Oct 19, '07 12:55 AM
for everyone

Por Guilherme Gitahy de Figueiredo (*)

(nota de 2007: pesquisa quase inédita produzida em dezembro de 1999 sobre o Intergalático Zapatista de Belém, logo após os protestos de Seatle do mês anterior - cujas redes forjaram-se no internacionalismo zapatista - e antecedente direto do I Fórum Social Mundial, realizado em janeiro de 2001. Este Intergalático foi organizado pela tendência Democracia Socialista do PT, que apoiava o zapatismo. O I FSM, um ano depois, declarou-se tributário dos protestos de Seatle, mas omitiu o EZLN e preparou o palanque ao presidenciável Lula)

Introdução

Entre os dias 6 e 11 de dezembro de 99, realizou-se em Belém do Pará o II Encontro Americano Pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo. O primeiro encontro foi em 1996, na Selva Lacandona, região do conflito entre o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e o governo mexicano. Promovendo encontros desse gênero, o EZLN procura encontrar apoio e divulgação para as suas causas e minimizar os efeitos da repressão sobre as comunidades indígenas que compõem a sua base. Procura também criar uma frente internacional articulando movimentos do mundo inteiro em redes de comunicação e em ações sincronizadas.

O Encontro de Belém reuniu 2686 inscritos de 24 estados brasileiros, 24 países de todo o mundo, 31 nações indígenas e 40 quilombolas de 3 estados. Eram militantes de partidos e movimentos sociais, desde José Dirceu e Danielle Miterrand, até caciques indígenas e anarcopunks. O Encontro foi organizado pela Prefeitura de Belém, cujo prefeito, Edmilson Rodriques, é do PT. Segundo um informe do Comitê de Solidariedade às Comunidades Zapatistas da Bahia, os delegados do EZLN comentaram que este foi o maior encontro internacional já realizado a partir da convocatória do EZLN. A única ausência significativa foi a de lideranças do MST, e dizem os boatos que foi porque este movimento queria ser o grande anfitrião do Encontro, no lugar da Prefeitura de Belém.

O Encontro foi também uma ótima oportunidade para revelar as dificuldades que permeiam a tentativa de se firmar uma grande aliança progressista ao redor do zapatismo. O EZLN tem conseguido unir movimentos e partidos tão diversos através de um discurso poético, e que não entra em pormenores sobre os diversos temas que dividem os grupos progressistas. Mesmo a visão sobre os meios para a transformação social inclui já a noção de diversidade: a transformação resulta da ação por muitos meios de luta e inspirada nas mais variadas estratégias. Mas nesse Encontro foi possível observar que não tem sido fácil para o EZLN sustentar relações com grupos tão heterogêneos, e tentar reuni-los em alianças nacionais e internacionais.

(*) Antropólogo, professor da Universidade do Estado do Amazonas, em Tefé.

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