novembro 30, 2011

"À sombra de um delírio verde" - documentário sobre os Guarani Kaiowá

PICICA: Todo apoio ao povo Guarani Kaiowá.

À Sombra de um Delírio Verde from Mídia Livre on Vimeo.


Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território.
Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.
Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.

À Sombra de um Delírio Verde

Tempo: 29 min
Países: Argentina, Bélgica e Brasil
Narração: Fabiana Cozza
Direção: An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu
thedarksideofgreen-themovie.com

Lançamento da Revista Saberes & Práticas - experiências de educação popular em saúde



Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!

Jornada de Esquizoanálisis, Esquizodrama, Salud Mental y Derechos Humanos




"Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR" (PSOL Curitiba)

PICICA: Tenho alguns velhos companheiros que deixaram o PT e migraram para o PSOL. Mantemos relações fraternas, como deveria ser entre o povo que circula à esquerda no cenário político, não fosse o canibalismo fratricida que campeia do norte ao sul do Brasil. Em nome dessa velha camaradagem eles me perguntam o que ainda faço  no PT. "Sou teimoso", respondo. Não ajudei a fundar um partido para migrar para outro qualquer, mesmo porque a decadência da prática política é ampla, geral e irrestrita. Razão pela qual cresce o meu respeito por aqueles que afirmam que os partidos já não os representam. No entanto, esse diálogo ainda não cessou, embora no horizonte já se divise o papel da Multidão no novo cenário mundial. Quem sabe consigamos levantar outras bandeiras por sobre a velha e surrada bandeira da ética, que os partidos contribuíram para que ela chafurdasse da lama. Em todos os níveis a ética partidária foi esfrangalhada. Alguém, por exemplo, viu o PT do Amazonas levantar a bandeira da luta antimanicomial. Junto com alguns companheiros, temos tentado manter a coerência no mar de letargia que abrange, lamentalvelmente, não só o PT como vários segmentos da Saúde Mental no Amazonas. Até hoje, parlamentares e militantes se omitem - exceções de praxe -; conselhos de classe, idem. Mato a cobra e mostro o pau. Um usuário da Saúde Mental foi internado no Hospital Psiquiátrico no início deste século devido ao abuso de álcool - prática não recomendada; alcoolistas devem ser internados para desintoxicação em hospitais gerais. Em 24 horas sairia de lá morto, queimado por um outro interno. E ainda teve uma "ilustre personalidade" - pasmem! - do campo da luta antimanicomial dos contrários (os amazonenses nomeiam assim os integrantes do "boi" adversário - Caprichoso e Garantido) que tentou inibir manifestações de repúdio, alegando que esse tipo de ocorrência é corriqueira nos manicômios. O episódio fez parte de uma deslavada tentativa de cooptação dos profissionais que trabalhavam no velho hospício para cerrar fileiras num dos segmentos surgidos com a divisão do movimento antimanicomial. Não deu certo. Venceu a cultura da letargia. A mesma que impede que o Partido dos Trabalhadores tenha seu próprio veículo de comunicação para abrigar as lutas sociais dos companheiros que dão a cara pra bater, sem nenhuma proteção institucional ou política partidária. Depois reclamam da coerência dos companheiros do aguerrido PSOL, que, além de manter um canal de comunicação com o mundo, abre espaço para as bandeiras da luta antimanicomial, como a terrível notícia sobre mais uma vítima dos manicômios brasileiros. Em tempo: (1) Continuarei no PT, como um "parlamentar" sem tribuna; e aqui, a mensagem não tem terceiras intenções, pois tenho tudo o quero nesta tribuna eletrônica. (2) O hospital psiquiátrico abaixo denunciado é o mesmo manicômio denunciado por Austregésilo Carrano Bueno ("Presente!") em sua obra "Canto dos Malditos", que inspirou o filme "Bicho de 7 Cabeças", dirigido por Laís Bodanzky. Carrano foi processado por calúnia e difamação pela família do Sr. Guimarães Ticoulat, diretor clínico daquele manicômio por mais de trinta anos. Resumo da história: Carrano, que morreria em 2008, foi proibido judicialmente de manifestar-se publicamente sobre os maus tratos e tortura que ali sofreu. Só eletrochoques foram 32, se não me falha a memória. Carrano vive.
Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR

O PSOL Curitiba levanta as bandeiras da luta antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica, fortalecendo o SUS e defendendo atenção psicossocial a todos e todas. Lutamos por um tratamento humanizado àqueles que sofrem transtornos mentais.
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Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR
Um paciente do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, de Curitiba (PR), morreu depois de ser vítima de um incêndio na madrugada deste domingo. Segundo a polícia, o paciente estava sedado e amarrado, quando, por volta das 2h, outros internos do andar superior sentiram o cheiro de fumaça e verificaram que havia um incêndio no quarto. O paciente foi encontrado em chamas e não resistiu às queimaduras.
Segundo o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios, o paciente foi conduzido pela Fundação de Ação Social (FAS), órgão responsável pela gestão da assistência social no município, ao hospital psiquiátrico por ser considerado violento. Na noite anterior, a vítima teria apresentado comportamento agressivo.
“Ele deu um soco no nariz de outro paciente, por isso, foi sedado e amarrado. Mesmo medicado, conseguiu desamarrar as mãos duas ou três vezes”, conta o delegado. O procedimento é tido como normal quando acontecem episódios com pacientes agressivos.
A polícia investiga o caso e trabalha com três hipóteses para descobrir a causa do incêndio: a de curto-circuito no quarto, a de incêndio criminoso (na qual alguém teria ateado fogo no paciente), e a de que o próprio paciente, de alguma maneira, teria se incendiado. Na segunda-feira, as testemunhas começarão a ser ouvidas.
Procurado pelo Terra, o Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro disse que entraria em contato para se pronunciar a respeito do incêndio quando fosse possível.
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Polícia solicita nova perícia para apurar morte de paciente em quarto do Hospital Psiquiátrico do Bom RetiroVítima tinha esquizofrenia e segundo funcionários teve surto e foi amarrada na cama
A polícia quer uma nova perícia no quarto 211 do Hospital Psiquiátrico Bom Retiro em Curitiba. Desta vez, peritos do Instituto de Criminalísticas especializados em incêndio foram solicitados para fazer o trabalho.
O objetivo será descobrir se o incêndio que matou Luiz Carlos Moscaleski dos Reis, 31 anos, foi provocado por um acidente ou se foi criminoso.
“Uma lâmpada foi encontrada em cima da cama, mas ainda não temos indícios suficientes para apontar o que realmente aconteceu naquele quarto na madrugada de domingo”, disse o delegado Rubens Recalcatti da Delegacia de Homicídios da capital.
Reis estava internado no hospital desde o dia 20 de novembro. Usuário de drogas, ele sofria de esquizofrenia e segundo funcionários, teve surtos psicóticos na tarde de sábado (26), em função da crise de abstinência. Resolveram sedá-lo e amarrá-lo na cama porque estava muito agitado; teria quebrado o nariz de outro paciente numa briga.
Na madrugada, enfermeiros viram fumaça saindo por baixo da porta do quarto onde Reis e encontraram a cama em chamas. Tentaram apagar o incêndio com extintores, mas já era tarde, o paciente havia morrido.
Investigações – “Estamos investigando a vida da vítima e aguardando o outro paciente, envolvido na briga, se recuperar para interrogá-lo”, explicou Recalcatti.
Enfermeiros afirmaram a polícia que o fogo começou depois de um curto-circuito, mas a polícia não descarta a possibilidade de crime. “Pouco pode ser afirmado, mas não descartamos nenhuma possibilidade neste caso”, concluiu o delegado.
Reis era morador de rua e foi encaminhado ao hospital através da FAS (Fundação de Ação Social) de Curitiba;o corpo permanece no IML da capital. A direção do hospital informou que não vai se pronunciar sobre o caso.

Escola Maria do Carmo continua sem segurança, eletricidade e água; e os esclarecimentos da SEMED não convencem

PICICA: A professora Gleice Oliveira apela por apoio dos cidadãos de bem aos professores e alunos da Escola Maria do Carmo, submetidos a péssimas condições de trabalho. Falta luz, água e segurança naquela escola da periferia de Manaus.


EXPLICAÇÃO URGENTE - EXPLICAÇÃO URGENTE - EXPLICAÇÃO URGENTE

Amigos, compartilhando os desdobramentos da situação da Escola Maria do Carmo.

Hoje também não tivemos aula pois ainda estamos sem eletricidade e água. Então aproveitamos para pensar e refletir detalhadamente sobre a resposta do senhor Marcelo Campbell, Subsecretário de Infraestrutura e Logística da Educação que está nos incomodando tr
emendamente.

Explico:

1. O Subsecretário detalha o contrato com a empresa que coordena o Centro em Operações de Segurança Escolar e diz que haverá um relatório detalhando os fatos para tomar as providências necessárias. No entanto, para nós, não está claro a posição da SEMED quanto a SEGURANÇA NAS ESCOLAS, pois já está cabalmente demonstrado que SÓ AS CÂMARAS NÃO SÃO SUFICIENTES!!!! Então perguntamos: vamos continuar na mesma? Ou a SEMED vai colocar vigilantes e/ou seguranças! Vai contatar a Secretaria de Estado de Segurança Pública para termos a Ronda Escolar???? Até agora, silêncio tumular.....

2. Sobre o seguro que repõe o "patrimônio" roubado, também temos dúvidas e somos céticos. O dinheirinho da formatura de nossos alunos é considerado patrimônio???? Achamos que não. Eles vão mesmo ficar sem sua festinha de final de curso depois de terem batalhado o ano todo? Injustiça!!!!

3. No que se refere ao abastecimento de água o Subsecretário divulga uma informação que NÓS DESCONHECEMOS TOTALMENTE: "Campbell explicou que a escola possui um poço artesiano que precisou ser desativado porque foi detectado que o lençol freático está contaminado, fazendo com que a unidade de ensino seja abastecida normalmente pela Empresa Concessionária de água da cidade".

Essa informação nos deixou de cabelo em pé porque NA REALIDADE SOMOS ABASTECIDOS PELO POÇO que teve a bomba concertada.

Então perguntamos: ESTAMOS TODOS, ALUNOS E TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO, USANDO ÁGUA CONTAMINADA??????????

QUAL É A VERDADE SENHOR SUBSECRETÁRIO????????

VOCÊS TÊM IDÉIA DO TAMANHO DO PROBLEMA?????????

Senhor Subsecretário, essas respostas SÃO DETERMINANTES PARA SABERMOS A REAL SITUAÇÃO DE SAÚDE DAS PESSOAS QUE ALI ESTUDAM E TRABALHAM. Nós queremos e merecemos ESCLARECIMENTOS URGENTÍSSIMOS!!!!!

Caros amigos, como dormir com esse barulho?????????

Fala alguma coisa aí SEMED e Prefeitura!!!!!

Ajuda aí Câmara de Vereadores de Manaus!!!!!

Amigos jornalistas, socorro!!!!!

Amigos do face COMPARTILHEM!!!!!!!!!

Fonte: Facebook

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novembro 29, 2011

Repercute em todo o país o relatório do CFP sobre as condições de tratamento oferecidas aos abusadores de álcool e outras drogas (veja o cenário do Amazonas)

PICICA: "Uma inspeção do Conselho Federal de Psicologia em clínicas de recuperação para usuários de drogas denuncia a prática de ações que violam os direitos humanos. Em muitas clínicas que recebem dinheiro público, os internos são torturados e não têm, sequer, o direito de ver a família." Em tempo: Veja abaixo o relatório do Amazonas, que contou com a participação da Associação Chico Inácio (filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial).


Amazonas

PARCEIROS


Comissão de Direitos Humanos da OAB
Conselho Estadual Sobre Drogas (Conen)
Associação de Redução de Danos Associação Chico Inácio.

  RECUPERANDO VIDAS PARA DEUS (REVID)

CAPACIDADE: 30 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 17, no momento da inspeção.
SEXO: Masculino.
FAIXA ETÁRIA: A partir de 16 anos.
LOCALIZAÇÃO: Tarumã-AM (área rural de difícil acesso)
MANTENEDORA/FINANCIAMENTO
As famílias pagam mensalidade de R$ 800,00 por usuário.

PROPOSTA DE CUIDADO

Os internos são encaminhados pela família e pela Igreja.
As atividades desenvolvidas são relacionadas à horta (plantação, capinação e preparo dos alimentos).
Todos os dias são realizadas as mesmas atividades pela manhã, além de acompanhamento com o pastor.
Segundo informações dos usuários, a proposta da instituição é a realização de estudos bíblicos e devocionais.
De acordo com as informações das pessoas internadas, a punição às regras é ficar sem o lazer ou realizar a leitura do Salmo 119.
Não há psicólogo.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Não há equipe técnica.
Os pastores responsáveis pela unidade fazem o acompanhamento dos internos.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES APONTADAS NA PROPOStA DE CUIDADO
Condições indignas de assistência.
Presença de adolescentes no mesmo espaço de adultos.
Uso de mão de obra não remunerada e metodologia de cuidado contrária às normas do Ministério da Saúde.
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Punição por meio de castigo, sendo a supressão das atividades de lazer.
Internação compulsória (um usuário sem formalização da tutela).
Violação de correspondência e violação de privacidade.
Apropriação indébita de documento.
Não é permitido contato sexual.
A diversidade sexual não é respeitada.
Qualidade e armazenamento dos alimentos inadequados.
Contato telefônico de 15 em 15 dias.

  CENTRO DE TRATAMENTO EM ADICÇÕES, ÁLCOOL E DROGAS (CENTRAD)

CAPACIDADE: 35 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 10, no momento da inspeção.
SEXO: Masculino.
FAIXA ETÁRIA: A partir de 15 anos.
LOCALIZAÇÃO: Manaus-AM (área urbana de fácil acesso).
MANTENEDORA/FINANCIAMENTO
Possui título de Utilidade Pública Estadual.
Recebem doações de alimentos.
As famílias pagam um salário-mínimo por mês.

PROPOSTA DE CUIDADO
Metodologia dos “Doze Passos”.
Atividades de laborterapia pela manhã, palestras à tarde e “Técnica de Espiritualidade e Sentimentos” realizada à noite.
A participação nas atividades não é obrigatória, mas quando há recusa é realizado “processo de estimulação”, com supressão de atividades de lazer.
Há um psicólogo e um arquivo contendo a guarda de anamneses.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Presidente da unidade, psicólogo, monitores.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES APONTADAS NA PROPOSTA DE CUIDADO
Presença de adolescentes no mesmo espaço de adultos.
Uso de mão de obra não remunerada e metodologia de cuidado contrária às normas do Ministério da Saúde.
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Apropriação indébita de documento.
Há um processo judicial contra a entidade, pois, em 2009, havia na entidade uma adolescente do sexo feminino, sendo que o público atendido é masculino.
Há indicativo de pessoa idosa com sofrimento psíquico, mas não há avaliação específica.
Não é permitido contato sexual.
Não são permitidos passeios.
Monitoramento de visitas.
A unidade tem acesso à aposentadoria de um dos internos, que é revertida como pagamento da mensalidade referente à internação. Não foi identificada documentação autorizando a utilização do benefício para esse fim.
Punição por meio da supressão das atividades de lazer e das correspondências.
Existem internos que foram encaminhados para cumprimento de pena alternativa.

  DESAFIO JOVEM DE MANAUS


CAPACIDADE: 25 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 22, no momento da inspeção.
SEXO: Masculino.
FAIXA ETÁRIA: A partir de 19 anos.
LOCALIZAÇÃO: Manaus-AM (área urbana de fácil acesso).
MANTENEDORA/FINANCIAMENTO
Título de Utilidade Pública Municipal e Estadual.
Recebe recurso da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) e Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).30
Há parcerias com a Vara de Execuções de Medidas e Penas Alternativas da Comarca de Manaus (Vemepa) para execução de penas alternativas, por meio da qual a instituição recebe doação de cestas básicas e mantimentos de que necessitam.
Há doação de alimentos do Mesa Brasil (programa do Sesc – “Mesa Brasil é um programa pioneiro no combate à fome e ao desperdício de alimentos: retira onde sobra, entrega onde falta e educa quem recebe para melhor aproveitá-los”).
Segundo informações do responsável, dos 22 internos, apenas três pagam a mensalidade de R$ 1.200,00 e um paga o valor de R$ 600,00.

PROPOSTA DE CUIDADO
Metodologia dos “Doze Passos”.
Atividades de limpeza e manutenção do local, como laborterapia.
Quando as regras são desobedecidas há perda de “privilégios” e aumento de tarefas (lavar louças).
Foi mencionada a existência de atendimentos psicológicos, mas não foi descrito como isso é feito.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Responsável pela unidade, psicóloga e monitores.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGUlARIDADES APONtADAS NA PROPOStA DE CUIDADO
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Os internos só podem sair da instituição para visitar a família dois meses após o início da internação.
Indícios de internação compulsória, através da família e da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas).
Punição por meio de perda de privilégios, subtração do acesso aos meios de comunicação e aumento de tarefas.
Monitoramento de visitas.
Apropriação indébita de documento.
Os internos não possuem acesso à educação.
Os usuários apresentaram como queixa: resfriados, dores no corpo, febre, insônia
e dor de dente.
Não é permitido contato sexual.
Objetos pessoais e dinheiro ficam em poder dos conselheiros.31
Segundo o responsável entrevistado, nos casos de desistência comunicada, a estratégia
da unidade é criar um “labirinto de dificuldades”, situação em que o interno conversa
com quatro ou cinco pessoas, na tentativa de convencimento a ficar.

  RECANTO DA PAZ

CAPACIDADE: 25 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 9.
SEXO: Masculino.
FAIXA ETÁRIA: A partir de 15 anos.
LOCALIZAÇÃO: Rio Preto da Eva-AM (área rural de fácil acesso).

MANTENEDORA/FINANCIAMENTO
Informaram que existe convênio com a Secretaria de Assistência Social (Seas), mas não souberam descrevê-lo.
Também não souberam precisar as doações, mas informam que uma delas é de alimentos.
O valor pago como mensalidade varia de R$ 300,00 a R$ 500,00.

PROPOSTA DE CUIDADO
A proposta da instituição é a abstinência total e a metodologia dos “Doze Passos”.
É possível perceber que não há conhecimento estruturado sobre a proposta metodológica da unidade, o que dificulta o acesso e o conhecimento da metodologia empregada no cuidado oferecido às pessoas internadas.
Antes do café da manhã é realizada a denominada “Terapia Espiritual” e, após o café, a denominada “Terapia Ocupacional”.
Há realização de atividades laborais como parte da metodologia da unidade.
A limpeza dos quartos é realizada pelas pessoas que estão internadas: cada uma deve limpar seu próprio espaço. A rotina de limpeza é diária.
Há atividades denominadas de Terapia Ocupacional, com realização de tarefas de cuidado das áreas externa e interna da instituição.
É informado que a entidade adota os princípios cristãos e que recebe pessoas de todas as religiões. Mas, nas atividades descritas, há a realização de cultos evangélicos.
Uma psicóloga realiza atendimentos em sala utilizada pelo médico e representante
legal da entidade.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Pastor/diretor.
Responsável técnico pela entidade
Atualmente há 14 funcionários na entidade. Não houve identificação das informações de carga horária e regime de trabalho.
Há voluntários.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES APONTADAS NA PROPOSTA DE CUIDADO
Presença de adolescentes no mesmo espaço de adultos.
Uso de mão de obra não remunerada e metodologia de cuidado contrária às normas do Ministério da Saúde.
Internos não possuem acesso à rede de educação.
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Indícios de internação compulsória, pela família, pela Secretaria de Assistência Social (Seas) e pelo Juizado da Infância.
Punição por meio de aumento de tarefas.
Apropriação indébita de pertences e documentos.
Não foram identificados armários para acomodação de objetos pessoais.
Segundo o responsável, a abstinência sexual é estimulada, devido à política da instituição.
As pessoas internadas não possuem acesso à rede de educação. Afastamento da escola durante o tempo que passam pelo processo de internação.
Não é permitido uso de celulares e portar dinheiro nos quartos.
Não é permitido fumar.

  SÍTIO FEMININO ESTER

CAPACIDADE: 25 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 7.
SEXO: Feminino.
FAIXA ETÁRIA: 12 a 18 anos.
LOCALIZAÇÃO: Manaus-AM (área rural de difícil acesso).

MANTENEDORA/FINANCIAMENtO
É informado que a entidade recebia recursos da Secretaria Estadual de Assistência Social
(Seas), mas não se sabe afirmar se os recursos ainda estão sendo repassados.

PROPOSTA DE CUIDADO
A CT não adota a política de redução de danos, prega a abstinência.
O programa funciona em regime intensivo, em que as adolescentes ficam 1 (uma) semana na instituição e 1 (uma) semana com a família, durante o período de 5 ou 6 meses.
Os responsáveis fazem a substituição por balas, doces, além do chá de alface, que, segundo informações da monitora, funciona como calmante natural.
A proposta da instituição é a abstinência total, além do diálogo e do testemunho (apresentação das histórias de vidas das monitoras que já enfrentaram questões relacionadas ao álcool e a outras drogas).
Nesse questionamento, é possível perceber que não há conhecimento estruturado sobre a proposta metodológica da CT, o que dificulta o acesso e o conhecimento da metodologia empregada no cuidado oferecido às pessoas internadas.
Após o café da manhã, são realizadas as atividades de organização e higienização dos quartos.
Às terças-feiras, são realizados os atendimentos psicológicos e, às quartas-feiras, os atendimentos do Serviço Social, além de palestras informativas.
Após o almoço, há o descanso e, posteriormente, atividades de artes e palestras.
Após o lanche da tarde, as adolescentes têm atividades de lazer.
Após o jantar são realizados cultos religiosos ou encontros com os pastores da entidade.
O gerenciamento de conflitos é feito por meio do diálogo.
Não foi identificado espaço de uso exclusivo para a Psicologia.
A psicóloga que presta serviços à entidade realiza os atendimentos no espaço do escritório da unidade.
Não há arquivo de prontuários de acordo com o estabelecido na Resolução CFP nº 1/2009.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Monitora.
Responsável técnico pela entidade (pelo projeto terapêutico). Segundo informações da monitora responsável, há cinco pessoas trabalhando na CT, mas ela não dispunha das
informações de carga horária e regime de trabalho.
Trabalha com voluntários.
Há cinco técnicos – com ensinos fundamental e médio – que atuam na entidade.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES APONTADAS NA PROPOSTA DE CUIDADO
Condições indignas de assistência: infestação de piolho.
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Uso de mão de obra não remunerada e metodologia de cuidado contrária às normas
do Ministério da Saúde (eles são responsáveis apenas pela limpeza dos quartos).34
Os internos não possuem acesso à rede de educação.
Indícios de internação compulsória, pela família, pela Secretaria de Assistência Social
(Seas) e pelo Juizado da Infância.
Punição através de castigo: são obrigados a auxiliar na limpeza da cozinha e ocorre a
supressão de atividades de lazer.
Apropriação indébita de documentos e objetos.
São aceitas usuárias homossexuais, mas não é permitido o contato na instituição.
A abstinência sexual é estimulada, devido à política da instituição.
Não podem se comunicar com a família durante os quatro dias em que permanecem na CT. A comunicação é permitida apenas às quintas-feiras, dia em que retornam para casa.

  PROJETO VIDA

CAPACIDADE: 38 pessoas.
NÚMERO DE INTERNOS: 36.
SEXO: Masculino.
FAIXA ETÁRIA: 12 a 55 anos.
LOCALIZAÇÃO: Pau Rosa-AM (área rural de difícil acesso).

MANTENEDORA/FINANCIAMENTO
Entidade pertencente à Sociedade Beneficente Cristã do Amazonas.
Possui convênio com a Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), mas o responsável não sabia precisar o número de vagas oferecidas ao convênio.
A entidade possui voluntários que desenvolvem atividades no local.
Os usuários informaram que o valor pago mensalmente pode chegar até R$ 700,00.
No contrato está previsto que, caso não haja o pagamento, o usuário é retirado da CT.
Há recebimento de doações de alimentos.
Há solicitação à família de enxoval, material de consumo e lanche dos usuários.

PROPOSTA DE CUIDADO
A unidade cita o Programa “Amor Exigente” e o livro Código da Inteligência, de Augusto Cury, como referencial para a proposta metodológica.
Não foi identificada articulação estruturada com Políticas de Assistência Social, mesmo tendo convênio com a Seas.
Os internos informaram que o gerenciamento de conflitos é realizado pelo pastor responsável e pelo monitor, que recebe orientações do pastor responsável. O monitor entrevistado declara que não há capacitação técnica para o gerenciamento de conflitos.
Os usuários desempenham atividades laborais, dividindo-se em equipes para os cuidados com a horta, com os animais que são criados no local, com a casa e o preparo dos alimentos.
A participação nas atividades diárias não é obrigatória, mas, caso haja recusa, os responsáveis da unidade tentam estimular a participação, por meio do diálogo.
Quando as regras da CT são desobedecidas, há a tentativa de sensibilização por meio do diálogo, mas é prevista a suspensão de atividades de lazer e o aumento de algumas das atividades laborais.
Atendimento psicológico não é oferecido.

EQUIPE DA INSTITUIÇÃO
Tem responsáveis legais, um deles é pastor. Tem responsável técnico. Há voluntários que desenvolvem atividades no local.
Uma pessoa ex-usuária dos serviços da instituição atua como monitor e uma pessoa usuária será contratada como motorista.
Há dois funcionários contratados pela instituição, sem carteira assinada, sendo consultores que se revezam no acompanhamento dos usuários, 24 horas por dia. Sua formação é o ensino fundamental. Não há profissionais com formação em ensino superior trabalhando na entidade.

RECOMENDAÇÕES PARA QUE SEJAM APURADAS AS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES APONTADAS NA PROPOSTA DE CUIDADO
Condições indignas de assistência (os quartos não possuem janelas e, com isso, não há iluminação natural nem ventilação adequada. Higienização inadequada).
Uso de mão de obra não remunerada e metodologia de cuidado contrária às normas do Ministério da Saúde.
Desrespeito à escolha ou ausência de credo.
Punição através de castigo: supressão de atividades de lazer e aumento da carga de trabalho.
Apropriação indébita de documentos.
Os medicamentos são armazenados em uma caixa, guardada nos pertences do responsável pela unidade.
A estrutura física da entidade apresenta condições precárias de funcionamento. As pessoas internadas relataram que dormem em redes, camas e até em colchões no chão, pois não há camas para todos.
Os internos reclamam da falta de acompanhamento psicológico e de acompanhamento médico. Há um interno com Hepatite C e outro que foi submetido a avaliação psiquiátrica, em função da medicação consumida, entretanto não recebem acompanhamento sistemático.
Não há equipe de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros e/ou técnicos de enfermagem) responsável pelo manuseio e pela administração de qualquer medicamento.
Durante a internação, os internos não têm acesso a seus documentos de identificação (RG, CPF, etc.), que ficam em poder da instituição no escritório central, em Manaus.
Somente os familiares podem visitar os usuários, quinzenalmente.
Passeios dependem da avaliação do pastor responsável.
Não foi identificada uma política estruturada de redução de danos. Quando questionado, o responsável informou que a CT faz uso de uma mistura de álcool, água e uma erva que não soube identificar. Quanto às crises de abstinência, responsável relatou ser utilizado o medicamento Risperidona, prescrito pelo pastor representante legal da unidade e administrado para os internos.
Indícios de situações de constrangimento e vexatórias: homossexual saiu da instituição por pressão do pastor responsável

Fonte: Relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos: locais de internação para usuários de droga

Lançamento do Programa Estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência "Viver Melhor"


"Conselho Federal de Psicologia denuncia tortura e abusos contra usuários de drogas em clínicas" (Outras Palavras)

PICICA: "Denúncias que insistentemente chegam ao Observatório de Saúde Mental e Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia fizeram-nos tomar a decisão de abordarmos, neste ano, a questão das drogas como disparador de nossa inspeção. Tema que vem sendo entendido neste país como “epidemia”, forjado a partir de ideais advindos de uma natureza descontextualizada política e historicamente. Tema que insiste em vincular “tratamento” à noção de castigos ou penas advindos de um ideal normativo que não suporta a transgressão como parte de um devir humano, reduzindo à condição de objeto e privado da cidadania os sujeitos-alvos das ações impostas."
Conselho Federal de Psicologia denuncia tortura e abusos contra usuários de drogas em clínicas



O Conselho Federal de Psicologia (CFP) divulgou nesta segunda-feira o relatório da 4ª inspeção nacional de direitos humanos, com foco nos locais de internação para usuários de drogas. A realidade apresentada é a mesma que vem sendo denunciada há tempos, sem que medidas efetivas sejam tomadas pelos governos – que, pelo contrário, seguem incentivando as comunidades terapêuticas e as clínicas particulares que visam lucro como instrumento do tratamento da dependência de drogas, lícitas e ilícitas.


O documento completo pode ser visualizado clicando aqui (Relatorio_Inspecao_Direitos_Humanos ), e abaixo reproduzo sua introdução.


“As Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia elegem dois dispositivos – além de intervenções cotidianas envolvendo campos problemáticos que “se impõem” como pauta – para fazer funcionar suas discussões: a Campanha Nacional de Direitos Humanos e as Inspeções Nacionais em unidades de privação de liberdade.

O que têm em comum as unidades psiquiátricas (2004), as unidades de cumprimento de medidas socioeducativas (2006), as instituições de longa permanência de idosos (2007) e as atuais unidades de acolhimento (ou recolhimento?) de usuários de álcool e outras drogas? Que liberdades são privadas e quais direitos são violados no cotidiano de suas práticas?


Assumindo a prática da normalização, muitos de nós somos capturados pela engrenagem da máquina fundamentalista e reproduzimos modelos que aprisionam e mortificam modos singulares de existência.  Negar-se a ocupar esse lugar significa construir estratégias de resistência a esses dispositivos de controle, que sirvam para abrir caminhos a processos outros de singularização.


Conhecer a realidade das unidades que hoje elegemos como foco deste trabalho é uma tarefa que transcende a visita de estabelecimentos e estruturas. Reconhecemos que a potência da inspeção está em interrogar a emergência de discursos e práticas, que se apresentam muito mais por formas sutis rotuladas como proteção e cuidado do que pela superlotação e maus tratos aparentes, como percebemos em outras unidades de aprisionamento.


Denúncias que insistentemente chegam ao Observatório de Saúde Mental e Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia fizeram-nos tomar a decisão de abordarmos, neste ano, a questão das drogas como disparador de nossa inspeção. Tema que vem sendo entendido neste país como “epidemia”, forjado a partir de ideais advindos de uma natureza descontextualizada política e historicamente. Tema que insiste em vincular “tratamento” à noção de castigos ou penas advindos de um ideal normativo que não suporta a transgressão como parte de um devir humano,  reduzindo à condição de objeto e privado da cidadania os sujeitos-alvos das ações impostas.


A potência da prática do psicólogo, compromissada com a produção de direitos humanos, está na problematização da violência e exclusão produzida na sociedade. Os diversos modelos de aprisionamento produzem efeitos no mundo, que podemos (e devemos) colocar em análise. A individualização da problemática em questão configura-se como uma armadilha, pois entende que há um sujeito errado a ser corrigido. Uma alternativa possível está no reconhecimento de tal produção coletiva e do caráter político das práticas que se articulam a discursos de proteção e de cuidado. Questionar respostas políticas que são produzidas antes mesmo de serem formuladas como perguntas. Produzir redes de conversa e interrogação, apontando que a urgência do tema não pode prescindir da amplitude de nossas discussões.


A Inspeção Nacional, coordenada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, foi executada em setembro de 2011, envolvendo os atuais vinte Conselhos Regionais de Psicologia, que simultaneamente, em 25 unidades federativas do país, inspecionaram 68 unidades, contando com o apoio de inúmeros parceiros locais.


As Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, assim, tornam públicos seus estranhamentos para que transformemos nossas indignações em lutas coletivas capazes de construir um exercício diário de invenção de um mundo onde caibam todos.



Humberto Verona
Presidente do Conselho Federal de Psicologia



Pedro Paulo Gastalho de Bicalho
Coordenador da Comissão Nacional de Direitos
Humanos do Conselho Federal de Psicologia”



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