PICICA: "[...] nada pior do que quem argumenta que, apesar de tudo, é
preciso no final votar na Dilma, com “voto crítico”. Esse tipo de
“governismo crítico” chega a ser pior do que o governismo convicto, já
que, no final das contas, legitima pela via do realismo político todas
as opções do governo, porque não haveria alternativa. Porque é o “menos
pior”, por medo da direita, por medo.
Talvez, diante de tantos impasses e insuficiências, tenhamos chegado
num ponto em que seja preciso ser menos evasivo nas eleições, e mais
corajoso em sair do conforto e não ter medo de errar, mais mobilizado
pela alegria de construir, de levantar acampamento dos terrenos mentais
com que justificamos a nossa impotência, e assumir um momento histórico
em que as alternativas podem ser construídas e tensionadas. E, assim,
não ser irresponsável dando o voto de confiança a quem já provou que não
merece."
No final das contas, não votar Dilma
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É uma tremenda falácia dizer que não existe alternativa a votar na Dilma nas eleições. É verdade que Aécio e Eduardo Campos são alternativas péssimas e eu jamais votaria neles. Mas existe, sim, uma alternativa à política conservadora, às vezes ultraconservadora, do governo Dilma em termos de direitos: indígenas, LGBT, direito à cidade, legalização do aborto, drogas, segurança pública, democratização da mídia. Essa alternativa poderia ser ocupada pelo próprio governo Dilma, abrindo-se aos movimentos e lutas.
Mas o governo Dilma vai continuar se recusando a ser essa alternativa, enquanto continuarmos votando nele, sobretudo com o argumento que não há alternativa. Porque ele só vai se preocupar em ser essa alternativa, quando precisar ser essa alternativa, quando perceber uma força e uma tensão sociais tão grandes, que ele tenha de ser essa alternativa. Mas, apesar de mil ressalvas, mil e uma voltas argumentativas, continuarmos no final das contas votando em Dilma, o governo fica bem confortável, entende que não precisa enfrentar a direita de verdade e encampar o desafio de ser a alternativa a si próprio.
Por isso, nada pior do que quem argumenta que, apesar de tudo, é preciso no final votar na Dilma, com “voto crítico”. Esse tipo de “governismo crítico” chega a ser pior do que o governismo convicto, já que, no final das contas, legitima pela via do realismo político todas as opções do governo, porque não haveria alternativa. Porque é o “menos pior”, por medo da direita, por medo.
Talvez, diante de tantos impasses e insuficiências, tenhamos chegado num ponto em que seja preciso ser menos evasivo nas eleições, e mais corajoso em sair do conforto e não ter medo de errar, mais mobilizado pela alegria de construir, de levantar acampamento dos terrenos mentais com que justificamos a nossa impotência, e assumir um momento histórico em que as alternativas podem ser construídas e tensionadas. E, assim, não ser irresponsável dando o voto de confiança a quem já provou que não merece.
Em 2014, é não votar nem no Aécio nem no Eduardo Campos e nem na Dilma.
Fonte: Quadrado dos Loucos
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