agosto 31, 2007

20 anos de luta antimanicomial

Foto: Rogelio Casado - I Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial, São Paulo-SP, 2004

O ex-deputado federal Paulo Delgado, autor da Lei 10.216, de 6 de abril de 2001 (Lei de Saúde Mental), colocou seu mandato à disposição do movimento social por um sociedade sem manicômios e entrou para a história. No ano em que se comemora 20 anos de luta antimanicomial, minha homenagem a este político brasileiro corajoso que não se intimidou em defender os direitos civis e políticos dos portadores de transtorno mental, numa época em que ainda estava em vigor uma tese anacrônica: louco não dá voto. Uma lição contra a omissão. Uma lição a favor de um outro processo civilizatório onde a loucura possa caber na nossa cultura.

30/08/2007
Saúde promove encontro amanhã para comemorar 20 anos de Luta Antimanicomial
Da Redação

Será realizado em Bauru, amanhã, encontro comemorativo aos 20 anos de Luta Antimanicomial, que tem como tema "A liberdade é uma coisa de louco, também". O evento, que será no auditório de Sala de Aulas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), começa às 8h e reunirá representantes de Bauru, Assis e Botucatu.

O encontro é uma realização da prefeitura de Bauru (Secretaria Municipal de Saúde), Unesp (Faculdade de Ciências/Departamento de Psicologia) e Conselho Regional de Psicologia (Subsede Bauru), com apoio da Empório de Comunicação.

Durante o evento, também serão discutidos detalhes do Encontro Nacional de Saúde Mental, que será realizado no mês de dezembro em Bauru.

O objetivo é discutir as perspectivas de implementação da Luta Antimanicomial nas políticas públicas de saúde mental, buscando paradigmas para além das práticas surgidas no Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Há 20 anos, Bauru começava a discutir com a sociedade a saúde mental e questionar o papel dos manicômios brasileiros. Foi uma opção de liberdade, defesa dos direitos humanos e resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais, feita no 2.º Congresso de Trabalhadores da Saúde Mental, em 1987.

Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, foi aprovada a Lei Federal 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, que redirecionou o modelo assistencial em saúde mental.

Atualmente, a política de saúde mental no Brasil visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo.

Além disto, incentiva a constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, cultura e lazer.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o País possui atualmente 1.011 Caps e o número de leitos em manicômios caiu 23% entre 2002 este ano. Os números são comemorados pelos integrantes da Luta Antimanicomial.

Fonte: http://www.jcnet.com.br/editorias/detalhe_geral.php?codigo=111895

César Maia quer proibir funcionamento dos pré-vestibulares comunitários nas escolas públicas municipais


ABAIXO-ASSINADO CONTRA A PROIBIÇÃO DO PREFEITO CESAR MAIA AO FUNCIONAMENTO DOS PRÉ-VESTIBULARES COMUNITÁRIOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS

AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O Prefeito da nossa cidade, de maneira triste e lamentável, proibiu os pré-vestibulares comunitários de funcionarem nas escolas públicas municipais. Esse projeto funciona há mais de uma década na nossa cidade e conta com dezenas de núcleos que, através de aulas gratuitas, preparam alunos pobres oriundos da rede pública para o vestibular. Com essa proibição, cerca de 12.000 jovens por ano ficarão sem essa única oportunidade de ingressarem no ensino superior. Os jovens pobres e excluídos de hoje são o futuro da nossa sociedade. Esse projeto já tirou jovens da pobreza e da exclusão social e os colocou na universidade. Ele não pode parar. Precisamos pressionar o Prefeito. Precisamos fazer com que ele volte atrás. Desta forma, resistindo a tal atitude e buscando garantir o direito fundamental à educação de centenas de jovens, contamos com sua ajuda para juntos forçarmos o Prefeito a agir em conformidade COM OS PRECEITOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, DA SOLIDARIEDADE SOCIAL E, ACIMA DE TUDO, DO DEVER DO ESTADO EM ZELAR PELA EDUCAÇÃO. ASSIM SENDO, NÓS, ABAIXO-ASSINADOS, NOS SOLIDARIZAMOS COM A CAUSA ACIMA CITADA E SOLICITAMOS QUE A PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO SUSPENDA ESSA PROIBIÇÃO AOS PRÉ-VESTIBULARES COMUNITÁRIOS.

***

NOTA: Taí uma causa nobre. Causa que não se restringe aos cariocas. É de todos os brasileiros. Pelo menos daqueles que estão cansados de ver estados irmãos virando as costas para seus vizinhos. A proibição do Prefeito César Maia ao funcionamento dos pré-vestibulares comunitários é uma afronta aos brasileiros pobres. Essa luta é nossa!

Se quisermos um outro futuro para a nossa sociedade, a hora é essa. Precisamos alcançar, até o dia 15 de setembro, a marca de 20 mil assinaturas. Divulgue para os seus amigos.

Assinar é fácil assinar. Entre no endereço abaixo, cliquer no botar "Sign" e preenchar com os dados pedidos. A orientação é do próprio Ministério Público.

Conseguidas as assinaturas, elas serão "juntadas" na Ação Civil Pública que a promotoria está preparando contra essa absurda proibição.

Assine e divulgue.

Link para o abaixo-assinado on-line:
http://www.PetitionOnline.com/160572

Vamos juntos construir um futuro melhor para a nossa sociedade demonstrando a força do povo contra um prefeito que se acha dono dos espaços públicos!

agosto 29, 2007

Plebiscito popular

A VALE É NOSSA - O plebiscito pela anulação da privatização da Vale do Rio Doce é semana que vem !!!
O plebiscito pela anulação da privatização da Vale do Rio Doce é semana que vem !!!

Mas, a Grande Mídia esconde o Plebiscito.

Diferente do comportamento que teve no ano passado no Plebiscito sobre o Desarmamento, a Grande Mídia do Brasil, este ano omite o acontecimento do Plebiscito sobre a anulação do Leilão da Vale do Rio Doce, num clara demonstração de que realmente a Comunicação deste país tem dono e seus donos tem posicionamentos políticos claros, são a favor da redução do Estado, da privatização das empresas públicas e dos serviços essenciais à nossa população, como Saúde, Educação e Segurança.

Como a TV aberta não tem divulgado o Plebiscito da próxima semana, os movimentos que apóiam a anulação deste leilão tem feito manifestações em todo o país, e a divulgação alternativa, está sendo feita na internet, por correntes de e-mail e no Youtube.com.

Obtenha mais informações vendo o Vídeo que está disponível no Youtube, faça parte desta corrente e divulgue estas informações:

A VALE É NOSSA !!!

Vídeo Parte 1 de 3:
http://br.youtube.com/watch?v=LM6oph1muCI

Vídeo parte 2 de 3:
http://br.youtube.com/watch?v=qBEK1Wup0dw

Vídeo Parte 3 de 3:
http://br.youtube.com/watch?v=GfwlYZeVjF4

FAÇA PARTE DESTA LUTA !!!

VOTE PELA ANULAÇÃO DO LEILÃO QUE PRIVATIZOU A VALE DO RIO DOCE E PARTICIPE DO GRITO DOS EXCLUÍDOS DESTE ANO, QUE TRAZ COMO TÍTULO: A VALE É NOSSA !!!

Saudações de luta,

Fernando Lopes
Membro do Centro Acadêmico de Odontologia da UFPB
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Odontologia

agosto 28, 2007

Encontro com Milton Santos: um filme de Silvio Tendler

Silvio Tendler - Foto: Felipe Fittipaldi

Encontro com Milton Santos
ou
O Mundo Global Visto do Lado de Cá


Um filme de Silvio Tendler
89 min. - 2006 - plano - dolby

Distribuição:

Caliban Produções Cinematográficas LTDA
R. Augusto Severo, 292 / 603
Glória - 20021-040 - RJ
Tel: (21) 2508-6871
e-mail: executivo@caliban.com.br

APRESENTAÇÃO

O filme aborda o tema da globalização sob uma perspectiva da periferia, de cidades, países, continentes, tendo como base uma entrevista feita em janeiro de 2001 com o geógrafo Milton Santos, um dos principais expoentes do pensamento brasileiro do século XX.
Imagens nacionais e internacionais [1] apresentam este mundo de hoje em que a antiga batalha entre capitalistas e comunistas foi trocada pelo conflito entre ricos e pobres, entre grandes empresas e ¾ da população mundial. Diversos momentos da história recente ilustram esse novo conflito: a nova divisão internacional do trabalho, com a exploração de mão-de-obra barata por empresas milionárias; os muros que separam os países pobres dos ricos; a privatização de setores estratégicos, como a água, em diversos países.
Milton Santos explica que a informação é o coração da globalização. É através dos sistemas de comunicação que as grandes empresas estabelecem atualmente os seus domínios. Mas é também através da comunicação que pode se dar a mudança rumo a um futuro mais humano. As novas tecnologias de informática-eletrônica, apropriadas, cada vez mais, por pequenos grupos, podem trazer à luz fatos antes conhecidos, e até mesmo desconhecidos pela maior parte das pessoas, sob um novo olhar, um novo ponto de vista.
Dessa forma o filme é também uma homenagem aos cineastas que filmam seus bairros, suas histórias de vida e as lutas dos mais pobres por dignidade.
Imagens de arquivo, entrevistas, filmagens atuais, computação gráfica [2], narrações contextualizantes e uma bela trilha sonora completam esse filme. Esse “Encontro com Milton Santos” é um chamado para que saibamos filtrar as informações que nos chegam e comecemos a interpretar o mundo com nossos próprios olhos (ver créditos com lista de entrevistados e imagens utilizadas).

SINOPSE

Tendo uma entrevista com o geógrafo Milton Santos como ponto de partida e referência, o documentário expõe um pensamento sobre a globalização, necessária e desejada. Discute as distorções impostas aos países pobres que pagam injustamente pelo crescimento da economia dos países ricos e as conseqüências provenientes dessa lógica do capital, que amplia as diferenças ao invés de redistribuir as riquezas. Por outro lado, tenta mostrar um novo mundo, também sinalizado pelo professor Milton Santos, onde a união entre as “novas técnicas” e “os de baixo” podem fazer um futuro mais distinto para a humanidade.

Milton Santos é um intelectual que, por suas idéias e práticas, inspira o debate sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo. Seu pensamento é, sobretudo, uma aula de cidadania.


* Melhor Filme pelo júri popular no Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, em 2006

FICHA TÉCNICA

Direção: Silvio Tendler

Produção Executiva: Ana Rosa Tendler
Assistência de Direção, Produção e Pesquisa: André Alvarenga
Montagem: Bernardo Pimenta
2ª Assistência de Direção, Produção e Pesquisa: Miguel Lindenberg

Roteiro: Claudio Bojunga, Silvio Tendler, André Alvarenga, Daniel Tendler, Ecatherina Brasileiro e Miguel Lindenberg

Narração: Beth Goulart, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Matheus Nachtergaele e Osmar Prado.

Trilha Sonora Original: Caíque Botkay
Participação Especial: Zélia Duncan (cantando “Terra” de Caetano Veloso)
Participações Extras: Hapax, B’Negão e “X”

Edição de Som: Ricardo Cutz
Mixagem: Rodrigo Maia

Computação Gráfica: Ecatherina Brasileiro (coordenação)
Execução: Adão Santana, Silvia Guimaraens, Rodrigo Rosa, Will Alves
Desenhos: Hélio Jesuíno

Câmeras: André Alvarenga, André Carvalheira, Césare Kohlschitter, Guilherme Estevam de Souza, João Paulo Duarte, José Manoel Amorim, Leonardo Bittencourt, Marcelo Mac, Marcelo Coutinho, Marcelo Garcia, Miguel Lindenberg, Paula Damasceno, Stefan Kolumbam, Silvio Tendler e Thiago Lima

Finalização e Transfer: Link Digital

Copiagem e legendas: Labocine

SILVIO TENDLER – DIREÇÃO


Nascido em 1950, no Rio de Janeiro, o cineasta Silvio Tendler com “encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá” dá seqüência à sua vitoriosa carreira como documentarista, iniciada com Os Anos JK, uma Trajetória Política (1976-1980).

O início de sua formação acontece num curso de cinema promovido pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, que lhe possibilita entrar em contato com grandes clássicos do cinema mundial. Em Paris, torna-se mestre em Cinema e História pela Sorbonne e faz curso de cinema aplicado à Ciência Social com o Jean Rouch, célebre antropólogo e teórico do cinema-verdade.

Volta ao Brasil em 1976, trazendo na bagagem o documentário como opção estética. Começa a produção de seu primeiro longa-metragem sobre o ex-presidente Juscelino Kubitschek – no entanto, Os Anos JK, uma Trajetória Política só ficaria pronto quatro anos depois. Bem recebido pelo público, o filme de Tendler leva 800 mil espectadores aos cinemas – fato inédito para um documentário –, ganhando, também, o prêmio Margarida de Prata, da CNBB.

A seguir, Tendler muda o foco, dirigindo um documentário sobre Os Trapalhões. Em O Mundo Mágico dos Trapalhões o cineasta junta seu inato poder de comunicação à popularidade do grupo de humoristas, realizando um filme alegre e irreverente, uma grande folia cinematográfica. Dessa vez, 1 milhão e 800 mil espectadores lotam os cinemas.

Retornando ao documentário político, Tendler mergulha nas motivações que geraram o golpe militar de 64. Jango (1984) retrata a conturbada época do governo João Goulart, que possibilitou a ascensão dos militares ao Poder. Mais uma vez, recebe o prêmio Margarida de Prata, da CNBB, e, também o Prêmio Especial do Júri, melhor filme do Júri Popular, melhor trilha sonora no Festival de Gramado. E coloca um milhão de espectadores nas salas de exibição. Tendler comprova que é um cineasta sensível, criterioso, bom de tema e bom de público.

Dono de um currículo exemplar – produz e dirige longas e curtas-metragens, vídeos institucionais, culturais, de treinamento, programas de tv –, Silvio Tendler é um cineasta voltado exclusivamente à pesquisa e à preservação da memória audiovisual do país. Tanto assim que mantém o maior acervo particular de filmes do Brasil com mais de cinco mil títulos, que documentam a história do país nos últimos 40 anos.

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Também conhecido como cineasta dos sonhos interrompidos, Silvio Tendler é antes de tudo um humanista. Seus filmes são um verdadeiro resgate da memória nacional e inspiram seus expectadores a uma reflexão sobre os rumos do Brasil, da América Latina e do mundo em desenvolvimento.

Em seu extenso currículo acumula 7 longas metragem, incluindo o recém terminado “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”. Trabalhou em seu primeiro longa-metragem aos 25 anos, “La Spirale”, realizado por um coletivo organizado pelo cineasta francês Chris Marker, sobre o Chile, e é autor dos 3 filmes de maior bilheteria do cinema documentário brasileiro.

O primeiro recordista foi o “Os Anos JK, Uma Trajetória Política”, com 800 mil expectadores. O segundo foi a maior bilheteria: 1 milhão e 800 mil expectadores, mas Tendler não considera este sucesso um feito seu por se tratar de um documentário sobre os recordistas nacionais de bilheteria, Renato Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias., “O Mundo Mágico dos Trapalhões”.. O terceiro filme foi “Jango” com 1 milhão de expectadores.

Além destes são 15 médias metragem e incontáveis curtas, sobre políticos, pensadores, guerrilheiros e importantes momentos da História brasileira. Entre esses podemos destacar: “Josué de Castro”, “Marighella”, “Oswaldo Cruz”, “Doutor Getúlio, Últimos Momentos” e “Memória e História em Utopia e Barbárie”.

Os prêmios são muitos 1 Kikito (Gramado) e prêmio de Melhor Montagem pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) para “Os Anos JK”, 3 Kikitos e 1 Coral (Festival de Havana) com o “Jango”, 3 Candangos (Brasília) com o “Glauber, o Filme”. São 5 Margaridas de Prata (CNBB), Trieste (Itália) pelo conjunto da obra, Golfinho de Ouro, entre muitos outros.

Tendler tem um jeito muito peculiar de fazer cinema. Entre a gestação de uma idéia, sua execução e finalização muitas vezes contam-se décadas. Tem sempre vários projetos em mente e vai tocando todos ao mesmo tempo placidamente. Coleta materiais de arquivo aqui, entrevista pessoas ali, descobre uma música inspiradora, vai agrupando materiais, contatos... até que, como que um vulcão, percebe que já não há mais tempo a perder, as idéias começam a salpicar uma atrás da outra. Então, começa a fase frenética de montagem... enquanto continua a coletar mais materiais, formula o roteiro, tudo ao mesmo tempo. “É como se o lago plácido da etapa anterior fosse sacudido por uma erupção sub-aquática, um repentino maremoto. E de repente o filme está pronto.” (escreveu Orlando Senna).

O resultado é fenomenal. Os documentários que saem de sua lavra são o resultado da consciência e da irreverência de um cineasta humanista, de um artista que quis entender profundamente o seu tempo. Seus documentários iluminam o entendimento do ser brasileiro e das personalidades que marcaram a História nacional.

PALAVRAS DO DIRETOR

Conheci o professor Milton Santos em 1995 quando dirigia o filme “Josué de Castro – Cidadão do Mundo”. O brilhantismo do professor impressionou-me e eu, até então, um leigo em questões de geografia, passei a acompanhá-lo com a maior atenção.
Aos poucos fui abrindo meus olhos para o que acontecia em torno do processo de globalização. Como todos, ansiava por um mundo sem fronteiras e também mais solidário, humano e menos desigual.

A perversidade gerada neste processo de globalização e a resposta que vinha das ruas à minha perplexidade foi conceituada como “Globalitarismo” – mistura de globalização com totalitarismo -, definição criada pelo professor Milton Santos.

Em nossos encontros, falávamos sempre em fazer uma entrevista. Só acordei de fato para a urgência de registrá-lo, quando o professor, doente, não pôde vir ao Rio de Janeiro para uma conferência que eu pretendia filmar. Percebi, então, que era o momento de ir a São Paulo.

Realizei, em 4 de janeiro de 2001, a última entrevista audiovisual do professor, geógrafo e filósofo, precocemente abatido por um câncer em junho de 2001. Nela, Milton Santos manifesta todo o seu ideário político e cultural.

A partir da geografia, Milton Santos realiza uma leitura do mundo contemporâneo que revela as diversas faces do fenômeno da globalização: suas fábulas, seus malefícios e suas possibilidades. Ao desnudar os processos que engendram as perversidades deste mundo global “confuso e confusamente percebido”, torna-se evidente que sua sustentação só se dá devido à imposição de um pensamento único.

O Brasil dos anos JK foi marcado pelo surgimento de uma cultura de classe média – como Cinema Novo, Bossa Nova e Teatro de Arena –, que caminhou em direção ao popular, integrando-se a Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Keti, João do Vale... A globalização, no entanto, surge no pensamento do professor, entre outras vias de análise, para retratar novos movimentos culturais e populares que se contrapõem à cultura de consumo imediato. Agora, o novo vem da periferia. Como exemplo de uma cultura que surge dos “de baixo”, o professor cita o movimento Hip-Hop. É na evidência das contradições e dos paradoxos que constituem o cotidiano desta globalização que Milton Santos enxerga as possibilidades, já em andamento, de construção de uma outra realidade. Inova, portanto, quando, ao invés de se colocar contra a globalização, propõe e aponta caminhos para uma outra globalização.

Silvio Tendler - Diretor

SOBRE MILTON SANTOS

Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, em 1926. Neto de escravos e filho de professores, foi alfabetizado em casa pelos pais.

Formado em direito, jornalista de profissão, foi para a França em 1958 quando se tornou doutor em geografia. Publicou 40 livros e assinou centenas de artigos. Morou e lecionou na França, Tanzânia, Venezuela, Estados Unidos e Canadá. Em 1978, Milton retornou ao Brasil e na década de 90 se tornou uma das principais referências nacionais na luta contra o projeto neo-liberal.

Em seus livros, Milton pensou a economia espacial, a urbanização latino-americana, a pobreza urbana e vislumbrou uma utopia para o século XXI na condição de geógrafo no Terceiro Mundo.

ENTREVISTA COM DIRETOR

Por que Milton Santos?
O geógrafo Milton Santos é um dos mais importantes intelectuais do século XX. Pensou o mundo de forma humanista. Pensou a Geografia do ponto de vista dos países do hemisfério sul apontando as desigualdades perturbadoras que distribuem os bens extraídos da terra de forma perversa concentrando riqueza e disseminando pobreza.

Por quê a opção por fazer um filme sobre globalização e não uma biografia sobre o professor Milton Santos?
Milton Santos inaugura uma nova fase da minha filmografia. Sempre fiz filmes sobre personalidades importantes para se entender uma época histórica passada. Com o Milton Santos optei por apresentar uma discussão sobre o presente e os rumos para o futuro.

Não deve ter sido fácil, portanto...
Nunca é fácil. Mas este em especial. Como tratamos de fatos atuais, a cada minuto da edição éramos surpreendidos com notícias novas que mudavam tudo. A eleição do Evo Morales, na Bolívia, os distúrbios da França, com queima de carros, a decisão americana pela construção do muro, na fronteira com o México...

Por que resolveu abordar estes assuntos dentro do tema globalização: os sem terra, os sem teto?
O modelo de desenvolvimento adotado a partir da globalização – final dos anos 80 - além das desigualdades geradas com a multiplicação de pobreza mundo afora também está acelerando em ritmo vertiginoso a destruição do planeta. Os expulsos da terra pela exploração mecanizada e pela grande concentração de terras em mãos do agro-negócio e nas terras não cultivadas dos latifúndios, expulsa para a periferia das cidades enormes contingentes humanos que engrossam a população dos sem-teto, dos sem trabalho, dos que sobrevivem como camelôs aumentando a porcentagem dos que sobrevivem na economia informal. São esses os principais insatisfeitos com a globalização. Esse movimento dos “sem” é um resultado da globalização. Essas pessoas começam a se apropriar do que lhes foi expropriado. Alguém tem que falar disso.

No filme você tocou no tema crise da água. O que este tema traz para se discutir a globalização?
A água será o grande drama do século XXI. Com a depredação ambiental acelerada nas cinco últimas décadas uma grave crise de água se avista. Dois cenários se desenham para o futuro: o primeiro, que já vem ocorrendo, é o das transnacionais, que defendem a privatização dos recursos hídricos. O segundo cenário é o defendido pelos setores populares, que defendem a água como um bem coletivo de interesse público e, portanto controlado pelo Estado, visando uma distribuição solidária entre todos.

E isso não vem ocorrendo só com a água, não é?
Não, apenas a água tem um apelo maior por ser um bem fundamental à sobrevivência cotidiana. Mas a mesma lógica vale para o uso de todas as técnicas modernas desenvolvidas pela humanidade e que como disse o professor Milton Santos “foram seqüestradas por um punhado de empresas”. Na forma atual essas técnicas têm servido para o aumento das desigualdades, com exploração de mão de obra barata no hemisfério sul, por exemplo. Utilizadas dentro de uma lógica solidária essas mesmas técnicas poderiam melhorar a qualidade de vida de todos e poderíamos viver uma outra globalização.

O que você espera com este filme?
Acredito que o cinema tenha uma função política. Acredito que o cinema também tenha como missão discutir a sociedade, que funcione como caixa de ressonância e que amplie o número de pessoas que participem deste debate.

Quais foram suas principais referências para fazer o filme?
Os meus gurus do cinema são Chris Marker, Santiago Alvarez, Joris Ivens, Vladimir Carvalho, Geraldo Sarno, Paulo Rufino, Sérgio Muniz, Thomas Farkas que e todos que ousaram fazer cinema documentário no Brasil nos anos 60, pós-golpe militar.

A cada dia se amplia a noção do cinema com entretenimento. Você realmente acredita no cinema político. Ainda há um espaço para isso?
Mais do que nunca o cinema tem uma importância política. É só olhar hoje a produção cinematográfica mundial para ver que o cinema político amplia seu espaço na grande indústria. Só no Brasil que a estética da telinha invade a telona e os exibidores e distribuidores pressionam neste sentido e o espectador brasileiro vai se embrutecendo moldando o padrão de consumo no que ele está habituado a ver na tv. Mas não devemos desistir de discutir o mundo, a vida, a sociedade através do cinema.

Existem alternativas hoje?
Claro que sim. Temos que mudar os critérios de avaliação de sucesso ou fracasso de um filme. Considerar apenas o circuitão como único parâmetro de resultado e a bilheteria comercial significa condenar previamente a arte, a vanguarda, a cultura e a experimentação. Na avaliaçào tem que ser considerados critérios de circuitos alternativo, pontos de cultura atingidos, cinemas de bairro, cineclubes, etc e todas as modalidades de difusão. O custo de lançamento de um filme de grande bilheteria dá ao filme grande visibilidade mas inviabiliza o sucesso comercial do ponto de vista do negócio. Resumindo: os filmes fazem grandes bilheterias, mas raramente se pagam.

Quanto tempo você levou fazendo este filme?
Penso este filme há mais de dez anos quando conheci o professor Milton Santos em Paris em 1995 quando o entrevistei para um filme que fazia sobre Josué de castro e a Geografia da Fome. Me impressionei com a clarividência do professor. Foi a entrevista mais difícil de cortar em toda minha vida de cineasta pelo brilho e lucidez de seu raciocínio. Neste encontro nos prometemos fazer algo juntos. O tempo foi passando e o professor foi se tornando o grande Quixote nesta luta contra a perversidade da globalização. No final de 2000 soube que o professor estava gravemente doente e percebi a que teria que ser naquele momento. Fui a São Paulo em 4 de janeiro de 2001 quando ele me recebeu com todo o carinho e deu seu depoimento. Naquela entrevista comprometeu-me com este projeto.

Por que ele te comprometeu?
Eu fiz aquela entrevista completamente sem recursos. Fui a São Paulo, de ônibus, com um assistente e um amigo paulista gravou com uma velha câmera digital completamente superada. Era o que tínhamos. O professor falava com verve e convicção. Aquela situação foi me angustiando. Em dado momento perguntei: “O senhor poderia dar um exemplo concreto do que lhe leva a ter esse otimismo?” Ele apontou a camêra e disse: “eu creio que a sua profissão é a mais nitidamente representativa dessa formidável contradição em que o mundo vive (...) Hoje, com uma pequena aparelhagem informática-eletrônica, com meios limitados, também se faz opinião, também se produzem coisas centrais na re-eleboração da história”. A parir daí virou compromisso. Foram cinco anos entre ruminar a idéia e realizar o filme.

Qual a importância dos entrevistados além de Milton Santos?
Foram mais de 40 entrevistados, entre colegas, discípulos, amigos, contemporâneos, intelectuais de outros paises, que falaram sobre o Milton e sobre a globalização. Destas entrevistas retiramos as informação essenciais, que juntamente com a pesquisa dos livros do Milton e outros sobre o tema, ajudaram a elaborar o roteiro do filme.

Que nomes você pode citar?
O geógrafo francês Paul Claval, os geógrafos brasileiros Maria Adélia Aparecida de Souza, Maria Auxiliadora, Roberto Lobato Corrêa, Manoel Correia de Andrade, Carlos Walter Porto-Gonçalves, o arquiteto Manoel Lemes, discípulo de Milton, a arquiteta Ana Fernandes, viúva de Miltinho, seu primeiro filho, além do sociólogo português, Boaventura Souza Santos, do lingüista estadunidense Noam Chomsky, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, do escritor senegalês Boubacar Diop; cineastas independentes como Adirley Queiroz e Carlos Pronzato, o índio Burum Ailton Krenak, sem-tetos e sem-terras.

Como você selecionou os entrevistados?
Comecei pelos colaboradores mais próximos, depois pelos discípulos dele, amigos de juventude, colegas de jornalismo – Milton Santos também foi jornalista – outros cientistas, militantes anti-globalização, gente que conheceu bem seu pensamento, sua personalidade, sua forma de ser e agir. Foi uma pesquisa que me colocou em contato com muita gente interessante, Brasil afora. Hoje tenho orgulho de integrar a família Milton Santiana, tudo gente do bem. Estou muito feliz por ter me aproximado desta grande figura, o professor Milton Santos.

O que este filme significa para você?
Uma chance de repensar a vida, de perceber que um outro mundo é possível, de fato.

A que público se destina?
Não estou preocupado com bilheteria. Aliás, os filmes feitos com recursos públicos deveriam estar mais preocupados em discutir o país, a vida e o mundo. Quero que as pessoas vejam o mundo injusto em que vivemos e acreditem que é possível melhorar a vida de todos; que o progresso pode ser outra coisa. O cinema é fundamental como arma nesta batalha das idéias.

DEPOIMENTOS SOBRE O FILME

“Silvio: Que belo filme você fez. Mais uma vez, você retrata uma época, retratandouma personalidade - e, no caso, que personalidade!Parabéns.Um abraço Luis Fernando”
(Luis Fernando Veríssimo, escritor.)

“Porque Milton Santos?? Poucos indivíduos - até "geógrafos"- tiveram a lucidez ,a inteligência e a capacidade de se expressar de maneira tão contundente como o Milton Santos, e revisto agora no magnífico filme do Silvio Tendler. Os problemas levantados e soberbamente explicados por Milton Santos são cada vez mais atuais e não podemos deixar de pensar neles TODOS OS DIAS! Este é o fato que me ficou na memória do filme.I mpossível deixar de comparar todos os dias com o que se passou, acontece hoje e....infelizmente acontecerá amanhã! Cabe-nos vigiar e lutar contra o que vem por aí.Salve Milton Santos e Silvio Tendler! T.F.”
(Tomas Farkas, fotógrafo e cineasta.)

“Há tempos não me emocionava com um filme. Ontem, depois de ver a obra-prima criada por você, fiquei a pensar que a única globalização que gostaria de ver nesse mundo tão cheio de desigualdades que vivemos, é saber que ele passou em cada escola, em cada universidade, desse Planeta Terra.”
(Odilon de Barros Pinto Junior, jornalista)

“Um filme necessário. (...) o filme Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá. De Silvio Tendler, foi apaludido de pé. (...) nem é preciso dizer que Tendler acertou em cheio na escolha do tema que maturou por 10 anos. Também merece mérito pela preciosidade do registro (o último) de um dos mais importantes intelectuais do país, morto em 2001.”
(Correio Brasiliense em 29/11/2006 por Lúcio Flávio, jornalista)

“Encontro com Milton Santos”, de Silvio Tendler, é um filme fundamental pois resgata toda a dimensão intelectual do maior pensador negro que o Brasil já teve. É um documentário de grande atualidade e esperança de dias melhores para a humanidade, na medida em que coloca na tela a discussão do mundo globalizado, pela ótica humanista e convincente de Milton Santos. Um acontecimento digno de registro e que constitui um ponto positivo para o realizador e publico baiano, é o fato da exibição do filme na 33ª. Jornada Internacional de cinema da Bahia ter despertado um interesse extraordinário, poucas vezes visto ao longo de mais de trinta anos do festival.”
(Guido Araújo, cineasta e diretor da Jornada Internacional de Cinema da Bahia.)

“Primeiramente queremos parabenizá-los pela obra fantástica que foi exibida no Circo Voador ontem. Nos emocionamos muito, refletimos e ao mesmo tempo, nos foi dado um injeção de gás para que continuemos os nossos trabalhos. Gostaria de ressaltar, como na pergunta feita por várias pessoas, com relação a distribuição do filme. Colocamo-nos à disposição e gostaríamos de saber se há a possibilidade de liberar o filme para que seja exibido em escolas municipais, estaduais e federais em nosso Projeto Cinemativa.”
(Jana Guinond, Ong Estimativa)

“O Silvio é um realizador que não tem vergonha de se comunicar com grandes platéias (...). Ele parte dos mitos e sai em busca dos homens que existem dentro desses mitos. Só que na busca dele, quando ele deixa o que há de mais humano desses mitos em evidência, ele não nega o que há de mítico nessas figuras (...). Eu acho que é isso que torna o cinema dele tão importante.”
(Rodrigo Fonseca, jornalista, debate no Circo Voador).

“Seu filme “Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá” consegue transmitir os renovadores e amplos conceitos do humanismo que a reflexão de Milton Santos expressa através do que ele mesmo resume como "globalitarismo", tendo você conseguido - em certo sentido - ir mais fundo que o La Hora de los Hornos.”

(Sergio Muniz, Cineasta).

TRILHA SONORA

“Um filme plural, como requer o pensamento de Milton Santos, teve em sua música múltiplas tendências, da mesma forma que nós, habitantes deste planeta. As questões vitais, suscitadas pelas imagens escolhidas por Silvio Tendler, remetem a um presente "cheio de som e fúria", e as colaborações de BNegão e Hapax foram fundamentais para esta denúncia musical. Um filme com a coragem de polemizar sobre a melhor maneira de nos governarmos, cobrando novos vetores de convivência, questionando a "pureza" dessa tal democracia. O filme aponta para um futuro que vem do chão, das organizações populares que começam a ter, afinal, direito a uma comunicação direta entre si e a uma cobrança radical aos "podres poderes", para citar Caetano - autor da música cantada lindamente por Zelia Duncan -, que encerra o filme e nos devolve a Terra da forma que a desejamos: lírica, parceira, inexplicável.”

(Caíque Botkay, autor da trilha sonora do filme)


“De fato, se desejarmos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização”.

“Num mundo que vive de retórica, acho que não custa nada a gente estudar para encontrar retórica oposta. Nós reclamamos contra os totalitarismos... nazismo, fascismo... e caímos noutro, noutras formas de totalitarismo, essa atual.”

“Eu creio que a chamada mídia, ela tem um papel de intermediação que a gente talvez não possa dizer que é inocente, mas não parte dela realmente, ou não é dela o poder. O poder é de um pequeno número de agentes internacionais da informação estreitamente ligados ao mundo da produção material, ao mundo das finanças o que controla de maneira extremamente eficaz a interpretação do que está se passando no mundo.”

“Acho que há uma multiplicidade de fenômenos de baixo que a gente não dá importância. A gente dá mais importância para a chamada violência. Então, os jornais falam da violência dos bairros. Tem bairros mal falados porque violentos. Mas as outras formas todas de manifestação que são propriamente culturais, mas que não aparecem como, com essa aura de cultura que é reservada, digamos assim, a parcelas já privilegiadas que fazem cultura, os outros fazem outras coisas. A gente não admite dizer imediatamente que o que eles fazem é cultura.”

“O problema que me parece importante com a globalização é, digamos, a segmentação da formulação dos códigos éticos. Quer dizer, há uma ética dos poderosos, que não chega a ser ética, e há uma outra ética dos que não tem nada, como também, há uma ética dos que desesperados é... Tomam o caminho do que a gente chama de violência.”

“Ah, sim, sim. Acho que a humanidade está destinada. Na realidade nunca houve humanidade, agora que está havendo. Acho que está é que é a coisa, então nós estamos fazendo os ensaios do que será a humanidade, nunca houve.”

“A gente descobriu uma coisa importante, é que a gente produz muito mais comida do que pode comer (...). A questão da fome não é a questão de produção de alimentos, é questão de distribuição (...). Isso a gente viu, quando de certas epidemias de fome na África e na Ásia, os Estados Unidos se
recusando a dar ajuda alimentar se certas condições políticas não fossem preenchidas. No caso do próprio Brasil, se há uma parte da população que não come corretamente, isso é culpa unicamente da forma como nós organizamos a sociedade.”

“Creio que as condições da história atual permitem ver que outra realidade é possível. Essa outra realidade é boa para a maior parte da sociedade. Nesse sentido, a gente é otimista. A gente é pessimista quanto ao que está aí. Mas é otimista quanto ao que pode chegar.”

[1] Como o já consagrado “Corporation” de Mark Achbar, Jeniffer Abbott e Joel Bakan; “Rap, o canto da Ceilândia”, do brasileiro ex jogador de futebol Adirley Queiroz; “Dias de Carton” de Verônica Souto, dentre outros (ver créditos do filme).
[2] Fotos de Cristiano Junior, fotos da Coleção de Emanuel Araújo, fotos de Custódio Coimbra, Cássio Vasconcellos, Américo vermelho, Evandro Teixeira, Alcyr Cavalcanti, entre outros. Desenhos de Hélio Jesuíno (ver créditos do filme).

Silvio Tendler leva Milton Santos para as telas de cinema

Milton Santos - PubliFolha
Estamos lançando o novíssimo filme de Silvio Tendler: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá. A estréia nacional será dia 17 de agosto, nas seguintes cidades: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília.

O filme aborda a globalização sob a perspectiva do mundo subdesenvolvido. Tem como base entrevista com o geógrafo Mílton Santos, feita em janeiro de 2001. Mílton Santos é um dos principais expoentes do pensamento crítico brasileiro do século XX. Suas análises são, sobretudo, aulas de cidadania.

Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá venceu, em 2006, Festival de Brasília na categoria Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular. O que revela a popularidade do filme de Sílvio, sempre direto e objetivo, mas sem perder de vista a profundidade e importância dos temas.

Daí estarmos neste momento nos dirigindo a entidades e formadores de opinião. O objetivo é debater, no contexto globalizado da contemporaneidade, outras possibilidades de realização de sociedades com especificidades como a brasileira.

Acreditamos que, por meio de encontros, correio eletrônico, Pontos de Cultura, universidades e associações, seja possível romper a barreira cultural imposta pelo cinema americano.

Nosso desejo é que este filme e o pensamento do professor Milton Santos sejam vistos, lidos e discutidos pelo maior número de pessoas possível. Queremos estimular ampla discussão em torno de outro projeto para a sociedade brasileira: mais autônomo dos interesses hegemônicos, mais próximo de nossos interesses particulares. Afinal, era isso que Milton Santos nos convidava a fazer.

Contamos com seu apoio.
Martha Twice
Produtora

CALIBAN PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS
55-21-2508-6871 / 55-21-9478-6674
producao@caliban.com.br http://www.caliban.com.br/

Identificação Sexual

Intersecção Psicanalítica do Brasil

Simpósio do Rio de Janeiro


IDENTIFICAÇÃO SEXUAL

14 e 15 de setembro de 2007

Ipanema Plaza Hotel: Rua Farme de Amoedo, nº. 34,
Ipanema, Rio de Janeiro.

PROGRAMA

6ª Feira - 14/09


17:30 às 19:00

Mesa redonda interdisciplinar: Identificação Sexual

Maria Luiza Heilborn (Antropóloga)

Jorge Serapião (Médico)

Mauro Nicolau Junior (Juiz de Direito)

Inês Ribeiro (Psicanalista)

Sábado – 15/09

09:00 às 10:15

Identificação Sexual em Freud e Lacan: Anotações

A escolha do objeto... – Mary Ruth Pedrosa

Traço unário – Elza Caloba

A lógica fálica - Miriam Nogueira Lima

Leitor/debatedor – Marcos Comaru

10:30 às 11:45

Identificação e Identidade

"Da primeira identificação" de Jacques Laberge

Leitor/debatedor – Orestes Sales

Feminino: Uma identidade que não identifica – Arlete Mourão

Dia Internacional da mulher: tem a palavra V. Exa. – Iara Beltrão Gomes

A desidentificação: algumas conseqüências – Rita Mendonça

12:00 – Intervalo

14:00 às 15:15

Sexualidade e Erotismo

A criança, a sexualidade e as identificações – Luiza Bradley

Comentários sobre a Aimée de Lacan – Ana Lucia Falcão

Graças a Deus eu não comi meu pai – Rachel Rangel

A Sexualidade no Manicômio – Sandra Autuori

15:30 às 16:45

Homossexualismo e Transexualismo

(B)oca (V)irgem: homossexualidade e adolescência – Marisa Brito

Homossexualidade Masculina e a identificação ao pai - Rosana Aguiar

Transexualismo e a questão da identidade – Doris Rinaldi

O discurso sexual e o discurso amoroso resistem ao discurso do analista – Isabel Considera

16:45 às 17:15

"Finneganwakando"

Mesa para lançamento do livro Joyce-Lacan O Sinthoma:
Ana Lúcia Bastos Falcão, Jaques Laberge, Luiza Bradley, Miriam Nogueira Lima, Silvia Ferreira.

17:30 - Confraternização
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Identificação sexual: O que a psicanálise tem a dizer sobre isso?

Tem a dizer principalmente que a identidade sexual se determina mais por uma questão lógica do que biológica. Na contemporaneidade com o desenvolvimento técnico-científico tem sido possível mudar a aparência das pessoas acentuando-se algumas características, retificando-se outras a partir de determinados padrões estéticos, até o ponto de se alterarem radicalmente os caracteres sexuais dos corpos, promovendo uma mudança de sexo. Será que a questão da anatomia pode triunfar deixando de lado o enigma da identidade sexual e do real do gozo sexual? Esses fenômenos colocam em discussão os conceitos de identificação sexual e identidade sexual e mobilizam profissionais de diversas áreas do conhecimento. Na aula de 20 de Janeiro de 1971 do Seminário "De um discurso que não seria do semblante", Lacan afirma: "A identificação sexual não consiste a crer-se homem ou mulher, mas ter em conta que há mulheres, para o rapaz, de que há homens, para a moça. E o que é importante, nem é tanto o que eles sentem, é uma situação real, permitam-me, que para os homens, a moça é o falo. E é o que os castra. Que para as mulheres, o rapaz, é a mesma coisa, o falo, e é isso que as castra também, porque elas não adquirem senão um pênis e isso é falho (raté). O rapaz e a moça em primeiro lugar, eles não correm riscos senão pelos dramas que desencadeiam, eles são o falo durante um momento. Eis o real. O real do gozo sexual enquanto é destacado como tal é o falo, em outros termos o Nome do Pai, identificação destes dois termos tendo em sua época escandalizado algumas (ou piedosas) pessoas."

Esperamos ter no Simpósio a oportunidade de debater essas questões, contando com a participação de profissionais de outras áreas do saber. Inscreva-se, participe! Venha debater conosco essa questão !
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Ficha de Inscrição.

Nome:..................................................................................................................
Endereço:....................................................................Cidade ............................... UF...........Cep:...............................
Tel/Fax:.................................................... Cel:........................................................
Email:......................................................
Profissão:...........................................Especialização:.........................................

Taxa de participação: Até 05/09: Estudantes de graduação: R$55,00 Profissionais: R$115,00
A partir de 06/09 e no local: Estudantes de graduação R$80,00 e profissionais: R$160,00

Depositar na conta Banco do Brasil Agencia 0525-8, C/C 21638-0
Enviar o recibo do depósito e a ficha de inscrição preenchida para o tel./fax (21) 2266-3967.

(SERÃO FORNECIDOS CERTIFICADOS DE PARTICIPAÇÃO)

Mais informações e inscrições no site: www.interseccaopsicanalitica.com.br
E-mail: ipbbras@interseccaopsicanalitica.com.br

agosto 27, 2007

28 DE AGOSTO


28 DE AGOSTO
AS MULHERES OCUPARÃO O LARGO 13 EM DEFESA DA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO!
Comitê de Luta pela Legalização do Aborto-SP
27/08/2007 às 10:39

NESSE DIA 28 AGOSTO DE 2007 ESTAREMOS REPETINDO A DOSE NO LARGO TREZE, ÀS 10 HORAS NO LARGO 13 DE MAIO(em frente à igreja), EM SANTO AMARO

Crucificada pela sistema!
Uma Condição para a autonomia das mulheres!
Uma responsabilidade do Estado com as mulheres!

Desde o dia 28 de maio, dia mundial de luta pela saúde da mulher, quando foi lançado o Comitê de Luta pela Legalização do Aborto, as mulheres têm se manifestado todos os meses em defesa de sua autonomia e do direito ao seu próprio corpo. Isso porque esse Comitê tem organizado diversos atos pela legalização do aborto todos os dias 28 em diferentes pontos da cidade de São Paulo.

Amanhã, dia 28 de agosto, haverá mais um. Vai ser no Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, a partir das 10h. É muito importante que consigamos reunir muitas mulheres, para organizarmos uma boa panfletagem e travarmos um bom diálogo com a população. É preciso afirmar que as mulheres estão em luta para que o Estado garanta seus direitos.

Locais para pegar ônibus que vão para o terminal Santo Amaro: Praça da Bandeira, Av. Consolação, Av. 23 de Maio, Largo da Batata, terminal Jabaquara, Ana Rosa, Conceição, o ônibus 856R (Socorro via Lapa).

Legalizar o aborto!
Uma Condição para a autonomia das mulheres!
Uma responsabilidade do Estado com as mulheres!

Comitê de Luta pela Legalização do Aborto
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/08/392130.shtml

H.Dias voltou a brilhar no "Momentos de Jazz"

Quem não ouviu, perdeu. H. Dias, na ausência de Humberto Amorim, mais uma vez assumiu o comando do programa "Momentos de Jazz", pela Rádio Amazonas FM, entre 20h00 e 22h00 deste último domingo.

Os féis ouvintes do programa foram brindados com a seguinte programação:

1. BENNY GOODMAN QUARTET
A)SEVEN COME ELEVEN
B)SAY IT ISNT SO
C)I'VE FOUND A NEW BABY
D)SOMEBODY LOVES ME
E)WHO CARES

2. JOHN PIZZARELLI-MEETS THE BEATLES
A)ELEANOR RIGBY
B)AND I LOVE HER
C)WHEN I'M 64
D)OH DARLING
E)GET BACK

3. ARTURO SANDOVAL & LATIN TRAIN
A)LA GUARAPACHANGA
B)ROYAL PONCIANA
C)THE LATIN TRANE

4. AFRO LATINO
A)MAMBO YO YO-Ricardo Lemvo & MAKINA Loka (congo)
B)YAY BOY-Africando (Senegal)
C)EL SON DE LLAMA-Orquestre Baoba de Dakar
D)GALO NEGRO-Sam Magwana Angola

O bicho pegou, mano.
Agora se liga aí: hora dessas o H.Dias volta. Você não pode perder.

agosto 26, 2007

"A morta / P.E.M."

Divulgação
“A MORTA / P.E.M.”
Concepção, Direção e Coreografia de Francisco Rider


“M./P.E.M.” é dança teatro instalação performance; “M./P.E.M.” não é dança teatro instalação performance. O processo de construção desse espetáculo, tem como referencial teórico/prático o estudo e a experimentação que Francisco Rider fez nos dez anos em que viveu em Nova Iorque, nas linguagens da dança, teatro físico, improvisação, performance art e abordagens somáticas.

Alguns tópicos permearam o processo de criação da “M./P.E.M.”: Nonsense dos dizeres/falas do homem contemporâneo, o consumo exacerbado, a indiferença pela dor/grito do outro, a moda imposta pela mídia e o acúmulo de objetos/coisas no micro e macro espaço do homem, coisificando-o.

Intérpretes/Colaboradores: Francemberg Santos, Mayara Dellacarmo, Agnaldo Martins, Damares D’arc, Francisco Rider
Participação: DJ Marcos Tubarão
Concepção Visual: Franscisco Rider
Concepção Sonora: Franscisco Rider e DJ Marcos Tubarão
Poema: Glauco Mattoso
Texto: Criado pelos intérpretes
Figurino: Criado pelos intérpretes a partir de uma idéia de Francisco Rider
Construção da instalação cênica: O elenco

Local: Teatro Américo Alvarez
Rua Ramos Ferreira, nº. 1572 – Centro
Situado entre a Avenida Joaquim Nabuco e Rua Major Gabriel
(92) 3622-0879 e 3622-3277

Aos sábados: 01, 08, 15, 22 e 29 de setembro de 2007
19:00 (porta abre às 18:30)
Entrada franca
*espetáculo adulto, favor não trazer crianças.

Projeto aprovado por edital de ocupação dos espaços administrados pela Secretaria Estadual de Cultura: Teatro da Instalação, Teatro Amazonas e Teatro Américo Alvarez.

Mais informações: 8121-5684 Francisco Rider

agosto 25, 2007

Projeto determina oferta de leitos psiquiátricos em hospitais

Hospital Psiquiátrico pintado por Vincent Van Gogh

O mundo seria melhor se os hospitais psiquiátricos - quase todos de dimensões gigantescas - passassem a funcionar como hospitais gerais, mantidos os leitos necessários para atender casos de transtornos mentais mais graves que não possam ser atendidos em CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). No Amazonas, em Manaus, a substituição do hospital psiquiátrico por um hospital de clínicas já faz parte das ações programáticas do governo estadual. O cronograma só atrasará se a municipalidade não conseguir implantar uma rede mínima de CAPS, competência que lhe é atribuída por legislação infraconstitucional. Não queremos mais outros Van Gogh's internados em hospitais psiquiátricos desnecessariamente.

*****

PROPOSIÇÃO
Projeto determina oferta de leitos psiquiátricos em hospitais
Marinella Peruzzo Agência de Notícias 08:30 - 24/08/2007
Edição: Sheyla Scardoelli

Hospitais deverão disponibilizar leitos a doentes mentais

A falta de leitos nos hospitais gerais para pacientes com sofrimento psíquico levou a deputada Stela Farias (PT) a reapresentar projeto de lei da colega Miriam Marroni. "É um tema de absoluta pertinência uma vez que após toda a luta que se empreendeu no país para não se ter mais manicômios, observamos uma defasagem muito grande na oferta de leitos psiquiátricos nos hospitais gerais", explicou a deputada.

O projeto (PL 319/2007) estabelece que "os hospitais gerais no Estado, tanto os em construção quanto os já instalados, deverão oferecer serviço de atendimento aos pacientes que padeçam de sofrimento psíquico, disponibilizando os leitos psiquiátricos necessários em consonância ao disposto na legislação da Reforma Psiquiátrica, e em conformidade com as deliberações dos Conselhos Estadual, Regionais e Municipais de Saúde".

Reforma psiquiátricaA Lei Federal 10.216, de 6 de abril de 2001, também conhecida como Lei Paulo Delgado ou Lei da Reforma Psiquiátrica, instituiu no país um novo modelo de tratamento dos transtornos mentais. A intenção da medida foi humanizar esse tratamento, de modo que a internação fosse o último recurso - e ainda assim, cercado dos devidos cuidados e do respeito à cidadania do paciente. O processo de "desospitalização" se daria a partir da criação de serviços ambulatoriais, como hospitais-dia ou hospitais-noite, lares protegidos e centros de atenção psicossocial (CAPs).

A lei proíbe a internação em instituições com características asilares, como hospícios e manicômios, determina a necessidade de autorização médica para internação e exige a notificação compulsória do Ministério Público, no prazo de 72 horas, em caso de internamento contra a vontade expressa do paciente. No Rio Grande do Sul, a legislação sobre o tema é mais antiga. Em 1992, foi aprovada a Lei 9.716 - Lei Marcos Rolim -, que determina a abertura de leitos em hospitais gerais para acolher portadores de sofrimento psíquico, contrapondo-se ao modelo de isolamento dos pacientes em manicômios.

RepercussãoO coordenador da Comissão de Direitos Humanos do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Sami El Jundi, afirma que a reforma psiquiátrica determinou o fechamento da estrutura hospitalar existente, mas não garantiu uma rede alternativa e por isso critica o projeto. "O que ele faz é obrigar os hospitais a fazerem algo que eles não fazem hoje não porque não queiram, mas porque não há condições de fazê-lo, ou seja, o Estado e a União pagam mal por leito - quando pagam", disse. "O que era facultativo (pela Lei Marcos Rolim) passa agora a ser obrigatório".

A deputada Stela Farias afirma, no entanto, que a postura antimanicomial e a oferta de leitos psiquiátricos nos hospitais gerais são uma luta histórica já aprovada no Estado e no país e apoiada por inúmeras entidades. Ivarlete Guimarães de França, integrante do Fórum Gaúcho de Saúde Mental, acredita que a abertura de leitos psiquiátricos nos hospitais gerais, além de combater a discriminação aos portadores de sofrimento mental, garante uma atenção integral à saúde. "Se o paciente tiver outro problema - diabete, por exemplo - não terá de ir à outro hospital para ser atendido", explicou. A presidente da Comissão de Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia, Vera Pasini, observa que a projeto preenche uma lacuna na legislação vigente.

O psiquiatra e diretor de Normas da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), Renato Breda, considera necessária a ampliação da rede de ambulatórios dos centros de atenção psicossocial e a contratação de mais psiquiatras. Na sua opinião, as emergências dos hospitais gerais deveriam atender a todo tipo de doente, inclusive aqueles com problemas psíquicos. "Pelo menos 1% da população apresenta problemas mentais graves, como esquizofrenia e transtorno de humor, que exigem assistência médica", afirmou. "É uma questão de decisão política e de recursos para atender melhor as pessoas com problemas mentais", completou.

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Fax. (51) 3210-2798
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Seminário Internacional sobre Políticas Públicas e Processo de Trabalho em Saúde Mental

O Seminário Internacional sobre Políticas Públicas e Processo de Trabalho em Saúde Mental será um grande momento de discussão e reflexão para mentaleiros e não mentaleiros (pena que quase sempre o Brasil profundo fica de fora). Acontecerá na USP nos dias 3, 4 e 5 de outubro e é gratuito. As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas com antecedência.

Clique no folder para ler em detalhes a programação, participantes e dados para inscrição.

A dica é de Selma Lancman.

agosto 24, 2007

Caso Ximenes: Um ano depois, governo começa a cumprir sentença da Corte Interamericana

Damião Ximenes

Boletim Eletrônico da Justiça Global
22 de agosto de 2007 - Edição Especial
www.global.org.br

Caso Ximenes: Um ano depois, governo começa a cumprir sentença da Corte Interamericana

O Brasil começou a cumprir a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o caso Damião Ximenes Lopes. Condenado e um ano após a sentença, o governo brasileiro reconheceu a sua responsabilidade na morte de Ximenes e indenizou os familiares da vítima na última sexta-feira, dia 17.

Condenação do Brasil é um marco na luta pelos direitos humanos no país

A sentença da Corte Interamericana fez de Damião Ximenes o símbolo da Luta Antimanicomial e um marco na luta pelos direitos humanos no Brasil. A decisão da Corte fortalece também a jurisprudência internacional como um mecanismo para constranger o Estado, além de exigir a eficiência dos procedimentos internos para o estabelecimento de justiça e da garantia dos direitos. Potencializa ainda o processo de luta das organizaçõespopulares e entidades de defesa de direitos humanos na denúncia das violações dos direitos políticos, sociais, culturais e de saúde pública no país.

Vítima morreu após tortura e espancamento em clínica conveniada ao SUS

Era uma sexta-feira, 1º de outubro de 1999, quando Albertina Ximenes Lopes, mãe de Damião, o deixou na Casa deRepouso Guararapes, na pequena cidade de Sobral. Era um dia normal de consulta, mas o médico não estava presente. Como Damião, portador de transtorno mental, apresentava um estado de saúde fragilizado pelos fortes remédios, D. Albertina decidiu deixá-lo no local. Ao retornar à clinica, na segunda-feira, dia 4, a mãe de Damião foi informada que o filho não poderia receber visitas. Desconfiada, D. Albertina forçou sua entrada e andou pelo pátio gritando pelo nome do filho.

Modelo manicomial produz cotidiano de violência e maus tratos

O caso de Damião Ximenes se insere dentro do histórico de violência e maus tratos produzido pelo aparato psiquiátrico no século XX. No Brasil a prática psiquiátrica, durante boa parte deste século, esteve baseada na internação dos pacientes dentro do modelo asilar onde pessoas com transtornos mentais ficavam dependentes ou mesmo "prisioneiras" da instituição psiquiátrica. Nesses locais a opressão e a violência fazem parte do cotidiano. Não foram raros os casos de morte e tortura dentro dessa forma de assistência. Os mais gritantes são dos manicômios judiciários onde, no lugar de tratamento, existe a violência institucionalizada.

Tratamento cruel resultou em outras mortes

Embora emblemático em razão da representatividade na luta pelos direitos humanos no Brasil, Damião Ximenes Lopes não é o único caso de impunidade dos responsáveis pela morte de pessoas portadoras de transtornos mentais. Em Juiz de Fora, município de Minas Gerais, por exemplo, Wanderley Sobrinho Alves de Oliveira, 53 anos, portador de esquizofrenia, morreu no dia 22 de setembro de 2000 no Hospital Dr. Penido. A causa mortis foi distúrbio hidroeletrolítico grave, decorrente de queimadura em quase todo o corpo.

Expediente:
Publicação da ONG Justiça Global - Brasil
Com colaboração: Rafael DiasAngélica Basthi
Jornalista Responsável Mtb. 20.916

www.global.org.br
Tel. (55) 21 2544-2320
Fax: (55) 21 2524-8435

A divisão do bolo hidrelétrico

Hidrelétrica de Itaipu - Brasil
A divisão do bolo hidrelétrico

Escrito por Rodolfo Salm
23-Ago-2007


Delfim Netto, em artigo publicado na edição de 1º de agosto do jornal Folha de S. Paulo, definiu a poluição das termoelétricas e seu prejuízo para o meio ambiente como exemplo de conseqüência não-intencional da ação bem-intencionada dos ambientalistas em sua “luta ingente” que atrasa projetos hidrelétricos. Observou que há uma relação muito estreita entre o crescimento do PIB e o consumo de energia e que o crescimento econômico é, em última instância, o “aumento da produtividade do trabalho que resulta da energia externa utilizada no trabalho dos equipamentos que a ajudam na produção”.

“Tudo é energia”, completou, citando até a força de trabalho do ser humano, que seria “a conversão da energia dos alimentos que o cidadão consome”. Argumentou que a quantidade de energia de que dispomos na natureza é constante, não podendo ser “criada nem destruída”, e que esta é uma fatalidade termodinâmica que “não pode ser alterada por nenhuma pajelança, por mais politicamente correta que seja”. Concluiu, por fim, que depende de decisão nossa escolher a melhor forma de organizar a energia dispersa na natureza para pô-la “à nossa disposição” pelo “bem-estar da sociedade”.

Falávamos aqui do clima atual de raiva contida contra as demandas ambientalistas nos grandes veículos de mídia, quase sempre marcada por críticas indiretas ao movimento. O artigo de Delfim é o exemplo perfeito disto, com um texto recheado com promessas de “crescimento” e “desenvolvimento” que se esquiva de esculhambar escancaradamente quem luta pela preservação da Natureza, para fazê-lo por via indireta, maliciosamente valendo-se de verniz social. Isto não por causa do argumento termodinâmico ou da concepção de desenvolvimento e sua relação com a demanda energética, ambos verdadeiros e que poderiam levar a conclusões diferentes das que ele tira. Mas o professor se faz de sonso quando escreve “nossa disposição” e “bem-estar da sociedade”, como se, em se tratando de história econômica, tanto o “nós” quanto a “sociedade” fossem blocos monolíticos homogêneos. O discurso do guru do novo-petismo remete-nos à sua máxima histórica, dos anos 1970, como ministro da ditadura, de que deveríamos esperar o “bolo” do desenvolvimento econômico primeiro crescer, para só então pensar em dividi-lo. Ambos, na verdade, artigo e frase, refletem a sua despreocupação com a “distribuição” (aparentemente ele tem o hábito de comer todos os bolos, sozinho). Já se passaram cerca de 30 anos de sua fatídica frase, o bolo cresceu, continua crescendo e a divisão está cada vez mais precária.

A verdade escamoteada é que, dada a magnitude das transformações ambientais causadas pelos grandes projetos hidrelétricos, em cidades inteiras por vezes todos os habitantes, do boa-vida vagabundo ao capitalista dono de supermercado, acabam perdendo. Isto é evidente na cidade de Porto Nacional, no Tocantins, à beira do rio de mesmo nome, hoje inundado pelo lago da represa da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, situada cerca de 100 km rio-abaixo, na cidade de Lajeado.

A região, predominantemente de cerrados abertos, com arbustos de baixa estatura, é marcada nesta época do ano, que corresponde ao “verão” local, por temperaturas bastante elevadas e pela secura e insolação inclementes. O calor é infernal das dez da manhã às seis da tarde, período durante o qual o bom-senso faz o visitante refugiar-se no seu quarto de hotel, com o ventilador ligado no máximo. Deslocando-se coisa de quatrocentos quilômetros, para qualquer latitude, o clima melhora. Isto porque, para o sul, aproximamo-nos da região de Goiás, que ainda é algo afetada pela entrada de frentes-frias e, para o norte, da zona que já recebe a umidade da floresta amazônica.

Naquele contexto, um rio magnífico do porte do Tocantins, com cânions, corredeiras e praias de areia branca, tem uma importância fundamental, pelo seu poder de atração para o homem. Bem, na verdade esta importância vem diminuindo. Diz a lenda que a cidade (que se chamava Porto Real até a proclamação da república) foi criada por ex-garimpeiros sobreviventes de massacres promovidos por índios que passaram a estabelecer atividades comerciais com Belém através do rio. Com a construção da rodovia BR-153, nos anos 1970, o fluxo de pessoas e mercadorias passou para a via terrestre e a cidade perdeu seu papel de destaque como entreposto comercial hidroviário. Mas ainda tinha o rio, cujas praias atraíam visitantes das redondezas, e até de localidades distantes, na seca, movimentando a economia local até 1998-2001, com a construção da barragem, que representou o segundo grande golpe na economia local. Com o enchimento do lago, os turistas desapareceram. O fluxo de embarcações foi bloqueado e, pasmem, apesar da importância histórica e estratégica do rio Tocantins, as obras da eclusa de Lajeado, que permitiriam a retomada deste fluxo, estão paradas e sequer são contempladas pelo PAC.

Delfim está certo quando diz que “tudo é energia” e que ela não pode ser criada ou destruída. A conclusão óbvia que se tiraria daí é que este modelo de crescimento infinito é, em si, inviável. E, para piorar, o crescimento nem é feito de forma que todos lucrem igualmente com seus efeitos.

A potência instalada de 902 mega-watts da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães é a energia que foi tirada do rio, da cidade e da economia da cidade de Porto Nacional. Energia que refazia as praias a cada estação e que renovava a água continuamente. Energia que hoje falta nas águas das praias artificiais criadas à margem do lago. Assim, sua areia acumula detritos. Latas e sacolas plásticas bóiam na água parada, dando-lhes um aspecto pouco convidativo. São poucas as pessoas, mesmo dentre os habitantes locais, que se arriscam a sentar na areia ou entrar na água. Energia que foi subtraída da vida local sem lhe oferecer nada em retorno.

Então, só lhes resta declamar nostálgicos: “Praia Porto Real...te amarei até debaixo d´água....e para sempre...sei que nunca voltarás... mas estarás guardada nas lembranças de quem a visitou, curtiu e viveu os amores e aventuras da ilha” (de Menino Piaba do Tocantins). De noite, com a sua iluminação pública de forma geral deficiente e suas residências humildes, a cidade ainda é, essencial e ironicamente, escura. Triste metáfora de parte da realidade do “desenvolvimento” impulsionado pelas hidrelétricas.


Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi.
E-mail: rodolfosalm@terra.com.br ; rodolfosalm@terra.com.br

Fonte: Correio da Cidadania

Concurso literário de contos e poesias

Miroslav Klivar, 1979
5º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS / 2007
http://www.guemanisse.com.br/
mailto:editora@guemanisse.com.br

Objetivando incentivar a literatura no país, dando ênfase na publicação de textos, a GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA. promove o 5º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE CONTOS E POESIAS, composto por duas categorias distintas:
a) Contos;
b) Poesias,
o qual será regido pelo seguinte

REGULAMENTO

1. Podem concorrer quaisquer pessoas, desde que os textos inscritos sejam em língua portuguesa. Os trabalhos não precisam ser inéditos e a temática é livre.

2. As inscrições se encerram no dia 18 de setembro de 2007. Os trabalhos enviados após esta data não serão considerados para efeito do concurso, e, assim como os demais, não serão devolvidos. Para tanto será considerada a data de postagem (correio e internet).

3. O limite de cada CONTO é de até 6 (seis) páginas e o de cada POESIA é de 2 (duas) páginas. Os textos devem ser redigidos em folha A4, corpo 12, espaço 1,5 (entrelinhas) e fonte Times ou Arial.

4. As inscrições podem ser realizadas por correio ou pela internet da forma seguinte:
a) Via postal (correio): os trabalhos podem ser enviados em papel, CD ou disquete 3 ½ para Guemanisse Editora e Eventos Ltda. CAIXA POSTAL 92.659 - CEP 25.953-970 - Teresópolis – RJ;
b) Internet: os trabalhos devem ser enviados, em arquivo Word, para o e-mail editora@guemanisse.com.br

5. Tanto os CONTOS quanto as POESIAS devem ser remetidos em 1 (uma) via, devendo, em folha (ou arquivo) separada, conter os seguintes dados do concorrente:
nome completo / nome com o qual assina a obra (não é pseudônimo);
categoria a que concorre / data de nascimento / profissão
endereço (com CEP) / e endereço eletrônico (e-mail).

6. Cada concorrente pode realizar quantas inscrições desejar.

7. Para a categoria CONTOS, o valor de cada inscrição é de R$ 20,00 (vinte reais), podendo o autor inscrever até 2 (dois) textos por inscrição. Para a categoria POESIAS, o valor de cada inscrição é de R$ 20,00 (vinte reais) podendo o autor inscrever até 2 (dois) textos por inscrição. Os valores devem ser depositados em favor de GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA, na Caixa Econômica Federal, Agência 2264, Oper. 003 Conta Corrente Nº 451-7 ou no BRADESCO, Agência 2801-0, Conta Corrente Nº 8582–0.

8. Os comprovantes de depósito (nos quais os concorrentes escreverão o nome) devem ser remetidos para Guemanisse Editora e Eventos Ltda. pelo correio, pela internet (escaneados) ou para o fax (0XX – 21) 2643-5418 (lembramos que os moradores da Cidade do Rio de Janeiro devem discar o código de área). Nenhum valor de inscrição será devolvido.

9. Os resultados serão divulgados pelo nosso site http://www.guemanisse.com.br/pela mídia e individualmente (por e-mail) a todos os participantes, no dia 17 de dezembro de 2007.

10. Cada Comissão Julgadora será composta por 3 (três) nomes ligados à literatura e com reconhecida capacidade artístico-cultural. Ambas as Comissões podem conceder menções honrosas ou especiais.

11. As decisões das Comissões Julgadoras são irrecorríveis.

12. Para cada Categoria (Contos e Poesias), a premiação será nos seguintes valores:
a) Premiação em dinheiro:
1º lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais) e publicação do texto em livro;
2º lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais) e publicação do texto em livro;
3º lugar: R$ 1.000,00 (mil reais) e publicação do texto em livro.
b) Premiação de publicação em livro:
Os textos premiados, inclusive os que forem agraciados com menção honrosa, serão publicados em livro (sem ônus para seus autores, inclusive de remessa postal) e cada um destes autores receberá dez exemplares, em troca do que cedem os direitos autorais apenas para esta edição específica que não poderá ultrapassar a tiragem de 2.000 (dois mil) exemplares. Os exemplares restantes desta edição serão preferencialmente distribuídos por bibliotecas e escolas públicas.

13. A inscrição no presente concurso implica na aceitação plena deste regulamento.

Duciomar no banco dos réus

Foto publicada no Blog do Paraense
Duciomar no banco dos réus !!!!

O prefeito de Belém, Duciomar Costa, responderá a ação penal por ter desviado recursos da saúde, destinados ao combate á dengue, para comprar carros para a Guarda Municipal de Belém. Esta é a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em sessão realizada no dia de ontem.Enquanto a Guarda desfilava pela cidade com seus carros novos para os comerciais institucionais da Prefeitura, o povo de Belém convivia com um dos maiores índice de dengue do país.

Leia mais em www.blogdoparaense.blogspot.com

agosto 23, 2007

Nota de Repúdio à Política Militar de Minas Gerais e à Companhia Vale do Rio Doce!

Foto publicada no site da UNE/UBES
Nota de Repúdio à Política Militar de Minas Gerais e à Companhia Vale do Rio Doce!

Quarta-feira, dia 22 de agosto de 2007, um grupo de cerca 250 integrantes dos movimentos populares e estudantis fizeram um protesto pacífico em escritório da Vale do Rio Doce, em Belo Horizonte, com o objetivo de denunciar o roubo ao povo brasileiro com a privatização da Vale. A manifestação integrava parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Educação Pública.

A truculência da Política Militar

> A PM agiu com excesso de força física, algemou 126 manifestantes (dentre eles diversos menores) e abusou de poder com humilhações e retratações aos manifestantes;
> Diversos policiais fizeram apologia à volta da ditadura militar!

As Mentiras da Vale do Rio Doce

> A manifestação foi pacífica, não houve cárcere privado e os manifestantes não agrediram qualquer funcionário da Vale;
> A ação não foi manipulada por MST e MAB, mas construída por diversos movimentos que estão na luta pela Reestatização da Vale;
> A Vale incriminou 5 manifestantes por PERSEGUIÇÃO POLÍTICA sem qualquer prova concreta de crime;

A Campanha para reestatização da Vale do Rio Doce

> A Vale foi vendida por 3,2 bilhões, mas seu valor estimado era de 92 bilhões de reais;
> O avaliador (Banco Bradesco) participou diretamente do leilão e comanda a maior parte das ações da empresa;
> A privatização passou para multinacionais o controle de todas as riquezas mineiras do país, além de imensa malha ferroviária e outros bens fundamentais para a soberania do Brasil!

O que queriam os manifestantes

> Uma coletiva com a imprensa para chamar a sociedade para a LUTA PELA REESTATIZAÇÃO DA VALE e para BARRAR OS AVANÇOS DO NEOLIBERALISMO no Brasil!
> Lutar por mais verbas para a educação, acesso do povo à educação pública de qualidade, fim do vestibular e passe livre estudantil!

SOLIDARIEDADE AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MANIFESTANTES DETIDOS INJUSTAMENTE!!!

VAMOS TODOS E TODAS PARTICIPAR DO PLEBISCITO PELA REESTATIZAÇÃO DA VALE E CONTRA REFORMAS NEOLIBERAIS!!!

DE 1 A 9 DE SETEMBRO!

Antônio David
Executiva Nacional dos Estudantes de Filosofia (ENEF)
http://www.enef. cjb.net
Tel: (11) 7669-2593
msn: antonio_contraponto @yahoo.com. br
http://www.brasildefato.com.br/

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NOTA: Para entender a questão da privatização da Companhia Vale do Rio Doce leia Privatização da Vale será revista na Justiça

Novas tecnologias em diálogo


ENCONTRO DE ACOMPANHANTES TERAPÊUTICOS
Os mentaleiros do Rio Grande do Sul enfrentam a onda conservadora da contra-reforma psiquiátrica, que varre o estado, com criatividade. Não é pra menos. O Rio Grande do Sul é o estado que menos investe em saúde: míseros 4% do seu orçamento são destinados aos cuidados necessários para com a vida humana. E, ainda por cima, a administração pública resolveu descomprometer-se com a saúde mental. Dá-lhe, gauchada!

agosto 22, 2007

Movimentos sociais se unem para questionar o papel das concessões de rádio e TV


Quando a Rádio Comunitária Santo Dias foi fechada pela Anatel em Fortaleza no ano de 2004, tentou-se identificar se ela estava ligado ao "coronelismo eletrônico". Não estava. Ah, bão! Então, tá!
Movimentos sociais se unem para questionar o papel das concessões de rádio e TV

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Coletivo Brasil de Comunicação Social – Intervozes e outros movimentos sociais realizam no dia 05 de outubro uma série de debates sobre mecanismos de fiscalização para a distribuição e renovação de concessões de canais de TV e rádio.

Nesta data, vence o prazo de validade das concessões de cinco filiais da TV Globo, mais a concessão da Record, Band, TV Gazeta e TV Cultura (todas em São Paulo), entre outras. Segundo o coordenador do Intervozes, João Brant, a idéia é questionar o fato de que essas emissoras, apesar de utilizarem uma concessão pública, não respeitam os critérios estabelecidos pela constituição.

“O quadro das concessões no Brasil é um quadro de velho-oeste, é uma várzea, é uma barbárie. A própria questão da renovação, não há critérios para renovação, em nenhum momento há uma avaliação se essas emissoras observaram ou não os próprios preceitos constitucionais, são as próprias emissoras que assinam a declaração dizendo que não constituem monopólio ou oligopólio. O espectro é público, as concessões são públicas, mas quem menos é ouvida nessa história toda é o público.”

Os movimentos pretendem debater também o chamado “coronelismo eletrônico” que seria o domínio dos meios de comunicação no Brasil por apenas alguns grupos, os quais possuem ligação ou são dominados por políticos.

O último levantamento realizado pela Agência Repórter Social em 2006 mostrou que mais de um terço dos 81 senadores possuem concessões de emissoras de rádio ou TV. O Ministério das Comunicações, a Anatel, o Congresso Nacional e o Senado Federal nunca vetaram a renovação de alguma concessão de rádio e TV pertencente a esses grandes grupos.

De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.
17/08/07

Fonte: Rádio Agência Notícias do Planalto

agosto 21, 2007

PAC: Comunidades indígenas do Amazonas terão água tratada até 2010

PAC: Comunidades indígenas do Amazonas terão água tratada até 2010

Comunidades ìndigenas do Centro-Sul, Nordeste e do Amazonas vão ter água potável até 2010. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevê R$ 16 milhões para atender 80 comunidades indígenas em 23 estados brasileiros. No Amazonas, apenas 7% das aldeias possuem água potável.

Segundo o presidente da Fundação Nacional da Saúde, Danilo Fortes, as crianças vão ser as maiores beneficiadas com a água potável, pois não estarão mais suscetíveis a doenças causadas por água contaminada.

Somando a isso, a Funasa realiza um programa de vigilância alimentar, o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), que atende cerca de 50% das aldeias indígenas no Brasil e faz acompanhamento nutricional das crianças de zero a cinco anos de idade. "Fazemos distribuição de cestas básicas para que as mães dêem os nutrientes necessários para que a criança cresça saudavel". Fortes argumenta que em breve será possível se igualar a porcentagem de crianças indígenas saudáveis com a da população não indígena. "Eu estou muito otimista com esse avanço por que acho ser uma forma de dar uma resposta direta a essa situação que ainda se encontra com os índios brasileiros", conclui.

Na região do Amazonas a Funasa pretende atender 90% das aldeias. As obras vão englobar um sistema de captação da água da chuva que atenderá também as comunidades ribeirinhas que sofrem com a seca em algumas épocas do ano. "Inclusive no Amazonas como tem água abundante da foz do rio da bacia hidrográfica nós vamos fazer um projeto de captação com a água da chuva", afirma o presidente da Funasa.

Para o deputado Praciano (PT/AM), o Amazonas é o Estado que posssui a maior população indígena do BRASIL, mas sempre foi tratado com descaso pelo Governo Brasileiro e é hora de levar melhorias que qualidsade de vida para os 100 mil índios que moram o Amazonas. " É absurdo que apenas 7% das aldeias de índios possua água potável" disse.

As obras já começaram em alguns estados. No último dia 12, índios da aldeia Yawalapiti, no Alto Xingu (MT), começaram a receber água tratada na porta de suas casas. O projeto faz parte de uma seleção de obras divulgadas nesta semana e que vai atender municípios com até 50 mil habitantes que apresentam altas taxas de mortalidade infantil.

O guardador e os pássaros

ZERO HORA

Porto Alegre, 19 de agosto de 2007. Edição nº 15338

Artigo
O guardador e os pássaros
MARCOS ROLIM/ Jornalista

"Bipo, o guardador" pode ser considerado um parente distante de "Eremildo, o Idiota", criação de Elio Gaspari. Antes de tudo, a ironia, costuma dizer. O apelido veio logo na primeira internação psiquiátrica. "Transtorno bipolar", foi o diagnóstico original. Vieram outros depois, vários. Mas o apelido ficou. O "guardador" foi um anexo, que surgiu na rua, não no manicômio. É que Bipo trabalha cuidando dos carros dos "padrinhos" e das "madrinhas", pelas cercanias do Tribunal de Justiça. Cidadão responsável, oferece contribuição nada desprezível à segurança pública. Outros assim e as estatísticas de furto e roubo de veículos despencariam em Porto Alegre. "Aqui os caras não aparecem, padrinho. Quem chegou se deu mal", diz com o orgulho dos especialistas. Não que Bipo seja violento. Pelo contrário. Sua força é o raciocínio e o que ele dispara são palavras.

Observador atento da realidade e leitor obcecado, Bipo viu os outdoors com a palavra "Loucura" espalhados pela cidade. Ficou curioso, é claro. Só foi entender a história quando uma frase sugerindo mais leitos psiquiátricos apareceu logo abaixo da palavra aquela. Bipo está convencido de que a campanha não é paga pelo Simers, mas por Machado de Assis. "De loucura eu entendo, padrinho. Isso é coisa de Simão Bacamarte, pode anotar." É que Bipo acredita muito na medicina e acha que médicos não recomendam a internação de drogaditos em hospitais psiquiátricos. Preferem que casos graves de dependência química, pelo menos, sejam encaminhados a hospitais gerais, onde intercorrências clínicas não se transformam em óbitos. Em uma das vezes em que esteve internado em prestigiado manicômio local, viu o que ocorreu com um jovem em crise de abstinência de cocaína. O garoto teve parada cardíaca e a providência da tal instituição que prefere ser chamada de "hospital psiquiátrico" foi ligar para o Samu. Nem precisa falar o que aconteceu com o menino. Se perguntarem ao Bipo, ele dá o nome da instituição e o endereço.

Casos menos graves de dependência química devem e podem ser tratados pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps- ad), especializados no tema. Bem, mas aí, diz Bipo, a prefeitura de Porto Alegre deveria implantar muitos Caps. Há verbas do governo federal pra isso. Mas o pessoal prefere culpar a Lei da Reforma Psiquiátrica. Misterioso?

Para Bipo, tudo se passa como na cena do Grande Truque, o filme de Christopher Nolan. O mágico faz desaparecer o passarinho diante dos olhos fascinados da criança. O que a criança não sabe é que a ave foi esmagada mesmo. Por isso "desapareceu". É aqui que surge Bacamarte, o personagem de O Alienista, pedindo mais leitos psiquiátricos quando o que deseja, realmente, são mais hospitais psiquiátricos. A "ave" que se quer esmagar é a Lei da Reforma, que nunca mandou fechar um só leito; que, pelo contrário, mandou abrir leitos - só que em hospitais gerais - e que disseminou Caps por todo o Estado, criando uma rede de atenção que, exceção feita a Porto Alegre, tem lidado com a loucura muito melhor que qualquer outra experiência anterior. "Mas, então - perguntei - , por que a lei é atacada? "Porque loucura deles, padrinho". "Como assim? " "Se não derrubarem a lei, não podem construir a Casa Verde, compreendeu? O outdoor é só a mágica. Loucura mesmo é caminhar pra trás". E saiu assobiando... como um passarinho.