março 31, 2012

Força e delicadeza; peso e leveza: um vídeo de Marisa Monte para alegrar os corações


Enviado por  em 25/09/2011
Confira o novo clipe da Marisa Monte "Ainda Bem" com participação do lutador Anderson Silva.

Título: Ainda Bem
Artista: Marisa Monte
Participação: Anderson Silva

PICICA: Sensibilidade, suavidade, serenidade e sensualidade. Maria Monte, cheia de "esses", num vídeo com o surpreendente Anderson Silva, para @s leitor@s do PICICA.

"Dilma: na capa da Veja e nua na tribo!", por Ricardo Targino

Dilma: na capa da Veja e nua na tribo!

PICICA: "O Brasil pós-Lula é um país conectado na novidade e nutrido do desejo permanente de ser outro. Aqui, ser outro sempre significou sermos cada vez mais parecidos com quem nós realmente somos. Outro Brasil. O lulismo bebeu justamente na fonte desse imaginário. Sua força, super pop, reside na dimensão da possibilidade real de mudança. Do país condenado ao atraso, do balneário das corruptas e servis elites nacionais, passamos a viver no Brasil do imaginário lulista que é muito mais parecido com o que ele realmente é: uma fábrica de esperanças.
Durantes estes 15 meses de governo Dilma Rousseff, entretanto,(...)



Por Ricardo Targino*
Desde a vitoriosa campanha eleitoral de Dilma Rousseff, o panorama das lutas políticas pelo mundo alterou-se substancialmente. Nos últimos meses, movimentos de enorme lastro em todo planeta articularam-se ao redor das redes. A partir da Praça Tahir, da Porta do Sol e do OccupyWallStreet, essa nova articulação global teve seu auge no dia 15 de outubro, com grandes manifestações que derivaram em vários acampamentos em importantes cidades do mundo, naquela que foi a maior manifestação conjunta da história da humanidade: mais de 870 cidades ao redor do globo aderiram ao protesto.
Neste momento, um novo chamado varre as redes sociais: um nova mobilização global no dia 12 de maio. Nos EUA, a primavera promete ser de novas e grandes manifestações situando a disputa política no coração do capitalismo financeiro internacional. O OccupyWallStreet já vem fazendo o que chamam de ‘spring training’ e as eleições presidenciais tendem a tornar mais significativos os protestos. Por lá, é grande o esgotamento do modelo bipartidarista. Aos olhos nus, a cena política institucional americana está dominada pelo lobby das grandes corporações e a distância entre a política oficial e o cidadão comum é imensa. Diante da crise, o discurso dos ativistas do OcuppyWallStreet tem enorme impacto e as ações crescem. É por isso que vem recaindo sobre estes protestos uma violência policial cada vez mais desproporcional, a tal ponto que em NY diversos conselheiros do governo local passaram publicamente a fazer críticas ao Departamento de Polícia e a exigir as garantias constitucionais do livre exercício do direito de assembleia e reunião. Na Espanha, a primavera recomeçou com greve geral e mais de um milhão nas ruas. Em Portugal a dura repressão só fez crescer a organização do movimento. E o calor dos protestos ganha o planeta inteiro.
Aqui no Brasil, um setor importante do ativismo que vinha se articulando desde os governos Lula passou a atuar de modo mais organizado justamente na dura campanha travada nas redes pela eleição de Dilma Rousseff. Blogueiros, artistas, produtores de cultura, líderes comunitários, gente da comunicação e do direito, do movimento de saúde pública, ONGeiros de todo tipo, ambientalistas, LGBT’s, galera da bike e do skate, tribos diversas com um ponto de encontro comum: a internet. As redes tornaram-se uma das mais ativas arenas do debate e da ação política também no Brasil. Aqui elas ainda possibilitaram duas coisas realmente novidosas na idiossincrasia nacional: tanto uma afirmação da diferença (e o respeito ao Outro que ela obriga), como o surgimento de novas condições para o exercício cada vez mais prático da cidadania (em sua acepção mais republicana, no sentido da participação nos rumos da vida imediata). Convém lembrar que toda articulação política que venha no sentido de combater privilégios e preconceitos, provocando a ampliação do espaço do exercício do poder, constitui um avanço de nossa sociedade rumo à plena democracia. São inúmeros os movimentos organizados que já atuam de modo diferenciado, funcionam como redes, espalham informação, compartilham posições, preparam-se para agir. Diante da decadência dos partidos e do descrédito na via institucional da política, estes movimentos têm-se apresentado como uma alternativa concreta de ação. Isso prova que a cultura digital é também uma nova cultura política. Uma cultura política erguida horizontalmente.

Pós-Lula
O Brasil pós-Lula é um país conectado na novidade e nutrido do desejo permanente de ser outro. Aqui, ser outro sempre significou sermos cada vez mais parecidos com quem nós realmente somos. Outro Brasil. O lulismo bebeu justamente na fonte desse imaginário. Sua força, super pop, reside na dimensão da possibilidade real de mudança. Do país condenado ao atraso, do balneário das corruptas e servis elites nacionais, passamos a viver no Brasil do imaginário lulista que é muito mais parecido com o que ele realmente é: uma fábrica de esperanças.
Durantes estes 15 meses de governo Dilma Rousseff, entretanto, os ‘trend topics’ da cena política tem causado constrangimentos e mostrado a enorme distância entre Brasília e o Brasil das redes e do ativismo. No campo dos direitos civis, avanços substanciais vindouros do STF, como o reconhecimento da união gay e do direito de manifestação no caso da Marcha da Maconha certamente ampliam as garantias democráticas. O gesto do STF, porém, viu-se acompanhado pela articulação de lobby’s do tipo evangélico e o homofóbico que tem atuado para impedir que mais políticas democráticas possam ser implementadas. Diante da agenda dos direitos LGBT’s, o governo Dilma tem cedido ao lobby conservador ao ponto do movimento ter recentemente declarada inimiga da causa gay a Presidenta da República. O mesmo vem ocorrendo em relação à agenda ambiental. Na queda de braço entre a sustentabilidade e o modelo predatório do crescimento que pretendem as grandes corporações, empreiteiras, ruralistas e agro-especuladores, os setores conservadores também têm obtido vitórias. O constrangimento nas redes em relação ao código florestal e à construção de Belo Monte ainda não provocou nenhuma sinalização clara do governo apesar da enorme discussão que tem levantado. Dentre os demais ‘trend topics’ da política, há ainda temas como o marco regulatório da mídia e o plano de banda larga, ambos marcados pela lentidão ou pela hegemonia do poder econômico das corporações que têm tentado frear o estabelecimento de políticas públicas mais que necessárias. No caso do marco regulatório da comunicação, os passos dados para o início de uma consulta pública só aconteceram pela determinação da sociedade civil organizada, com o governo a reboque. No caso do Plano Nacional de Banda Larga, o projeto tornou-se uma dupla carroça: pelo serviço que oferece e pela lentidão na implantação do programa. Ao não entender que internet e banda larga são infraestrutura necessária ao desenvolvimento, o governo vacila até mesmo no projeto de aceleração do crescimento econômico.
É cada vez mais amplo o setor do lulismo e do petismo que já reconhece uma distância enorme entre a gestão de Dilma e os anos de governo Lula. Surgem temores de que o medo ou a força do dinheiro tenham vencido a esperança e deixem deserta a defesa do legado de Dilma diante de um novo embate eleitoral.

Quem sustenta Ana de Hollanda?
Há um elemento chave para pensarmos o governo Dilma afim de melhor compreendê-lo: a crise sistemática e estrutural do Ministério da Cultura. A cultura tornou-se elemento central de valor no capitalismo contemporâneo. Muitos pretendem isentar Dilma das responsabilidades pela mudança de rumo do MinC, alegando o tradicional descaso dos políticos em relação à cultura. Não parece ser o caso de Dilma. Nos dois governos Lula, o MinC tornou-se vanguarda mundial no que toca ao desenvolvimento de arrojadas políticas para resituar a questão do direito autoral frente ao modelo proprietário e fordista que representava um entrave à lógica do compartilhamento e da universalização do acesso ao conhecimento que nortearam o MinC de Gil e Juca. Daí vem a questão: o recuo do MinC para políticas proprietárias que operam com um conceito de cultura do século XIX não seria política de governo endossada por Dilma? Os mais diversos governos do mundo, sob o argumento de garantir os direitos de autor, dentro da lógica anacrônica (ana-lógica) das corporações, tem feito esforço no sentido de impor restrições à internet e ao compartilhamento. O Brasil vinha se destacando no cenário internacional justamente por apresentar uma política muito mais condizente com as condições atuais do intercâmbio da produção simbólica e, principalmente, por tentar responder ao seu enorme déficit interno de distribuição dos bens culturais e universalização do acesso ao conhecimento.
Para entender a crise do MinC é importante relembrar algo: Gil e Juca, durante os dois governos Lula, modificaram a lógica desse ministério. Onde antes havia um balcão, criou-se uma ferramenta de mudança. Onde antes os recursos se concentravam em poucas mãos passou-se a compartilhá-los entre o maior número possível de agentes. E a injeção não foi apenas de dinheiro. Seu caldo de cultivo é super fértil: surgiram novos sujeitos do processo político brasileiro. São eles que vêm chegando ao centro da cena e impondo o embate com a Ministra. Gente exercendo cada vez mais plena participação cidadã. Senhores de seu poder político local e global, um enxame enorme que vai dos mestres de cultura popular aos hackers.
Dilma elegeu-se no discurso da continuidade. Gravou vídeos comprometendo-se, por exemplo, com a continuidade e ampliação dos Pontos de Cultura de Lula. Enquanto o MinC, por política do Planalto, vem destinando milhões para as Praças do PAC, endereçando dinheiro às empreiteiras (como se o Brasil precisasse mais desse tipo de infraestrutura que de equipamento humano) o Programa Cultura Viva vem sendo liquidado na asfixia orçamentária. Enquanto se implanta pela América Latina afora, aqui os Pontos de Cultura são uma das maiores vítimas da gestão da filha de Sérgio Buarque de Hollanda, quem certamente lhe teria já feito um duro puxão de orelha. Dilma, entretanto, sustenta Ana e a mudança de rumo do MinC. Porque, Presidenta?
Para mostrar-se pouco sensível com os milhares que aderiram aos diversos manifestos pedindo correção de rumos no MinC? Para ser inflexível com os intelectuais, gente como Marilena Chauí? Ou para dar-nos o recado de que este NÃO É nosso governo?
O que se passa no Ministério da Cultura não é fofoca ou má-fé, como quer fazer entender a ministra. Ali há um estelionato eleitoral! Apesar do compromisso eleitoral de Dilma, pratica-se uma política de ruptura com o MinC de Lula. O constrangimento para um homem como Juca Ferreira ter que vir a público advertir do retrocesso é muito grande para o próprio ex-ministro, para o seu governo e para seu partido! Mas Dilma parece determinada a não ceder a esta pressão! A mesma Dilma que tem cedido aos evangélicos, aos ruralistas, às pressões de acomodação política da base do governo no Congresso. Mas ceder à sociedade, por quê?
Há ainda as suspeitas relações entre o ECAD e MinC de Ana de Hollanda. É gravíssimo que se confirme que o ECAD opera no Ministério e muito mais grave seria descobrir que o ECAD tem entrada na Casa Civil ou no Palácio do Planalto.
Aos agentes da cultura e suas redes lhes resta o recurso dos manifestos e cartas abertas. Vimos muito disso nestes 15 meses sem qualquer sinalização do Planalto. Os setores mais poderosos desta disputa, o ECAD, as majors da indústria cultural e os coronéis da velha pirâmide da produção artística também exercem sua pressão pela manutenção da ministra e de sua política. Alguns deles inclusive têm vindo à público manifestar seu apoio. José Neumane Pinto, por exemplo, recentemente publicou no Estadão uma defesa de Ana de Hollanda. O mesmo Neumane que afirmou: “Lula conseguiu colocar no lugar dele quem ele quis, um poste (Dilma), que ele pode manipular da maneira dele.”
Não é por acaso que ao redor da defesa do MinC atual se reúnam setores da sociedade que se opunham a Lula e ao projeto encabeçado por ele. Foram estes setores que ganharam espaço no Governo Dilma. Setores dos quais o projeto estratégico do PT torna-se cada vez mais dependente. Setores que se utilizam do lobby para a pressão política. Convém lembrar que como denunciam os movimentos globais o lobby é espaço propício para os cartéis e quadrilhas que se servindo do tráfico de influência garantem a hegemonia de suas posições, seus privilégios e seu lucro. Boa parte destes setores há bem pouco tempo atrás eram vistos pelo próprio PT como representantes do ‘atraso’ e do ‘complexo de vira-latas’.
Entre as redes, os pontos de cultura, os intelectuais, artistas, ONGs, ambientalistas, os gays e umas quantas outras tribos a escolha da presidenta Dilma tem sido Ana de Hollanda, o ECAD, os ruralistas, as empreiteiras e o sistema financeiro. Até o movimento sindical, berço do PT, aumenta as críticas ao governo. Na sistemática crise do MinC, Dilma ratificou sua escolha seguidas vezes e agora contra setores históricos do PT, medalhões da talha de Marilena Chauí. Mas o Brasil votou pela continuidade de um projeto. Elegemos o projeto de reforma democrática. Elegemos ser cada vez mais parecidos com quem nós realmente somos. E isso ninguém poderá modificar facilmente sem que o Brasil reaja.
Os 99%
Os vídeos que circulam pela internet convocando os protestos globais do dia 12 de maio trazem a imagem de Dilma que aparece na edição junto a outros chefes de governo de importantes economias do planeta. O ativismo global bota o dedo na ferida: o governo federal tem assumido cada vez mais a cara que vimos estampada na capa da Veja. No governo Dilma, para as redes sociais e para os setores da cultura, o projeto popular vem perdendo o espaço conquistado com Lula. Sem o toque de Midas do ex-presidente, e sem seu grande carisma, os gestos de Dilma frente às tantas agendas da rede vão distanciando setores que fizeram uma corajosa campanha por sua eleição… A decepção ganha força e corre o risco de transformar-se em antipatia rapidamente.
Oito anos de governo popular e uma eleição vitoriosa nos permitiram o acúmulo de forças. Lula gosta de agradar as maiorias. Dilma, entretanto, parece determinada a atender os “petit comité”. Quanto a nós? Nós somos os 99%. A pergunta deste momento histórico em todo o planeta é justamente essa: até quando o 1% seguirá dando as cartas? No Brasil podemos nos perguntar: estaria o governo Dilma se tornando uma virada de mesa do 1% que pretende retomar o terreno perdido nos avanços democráticos da Era Lula?
O motor da luta política no Brasil, seus inúmeros ativistas e militantes, cibernéticos ou old style, construíram seu imaginário no afeto com Lula. Lula-Macunaíma! Nos Estados Unidos, o novo ativismo também tem ainda laços afetivos com Obama. Obama o primeiro negro, Lula o primeiro operário e Dilma a primeira mulher. No discurso de todos: mudança. Mas até a noção de mudança se altera quando realidade se impõe. As praças e acampamentos da aldeia global vêm dando o recado: não basta falar, é preciso SER a mudança.

É por isso que aqui no Brasil, onde a metamorfose é vocação natural, o cenário político também pode ser alterado rapidamente. Somos o imponderável, como as redes e seus fenômenos. Essa imponderabilidade enorme, essa deriva, o estar entre a “delícia e a desgraça”, pode nos fazer esperar as eleições para impor questionamentos, apontar as rupturas de confiança e articular as alternativas, mas pode também adiantar nas ruas o embate político, reconfigurar o campo da disputa democrática à velocidade dos megabytes. Vem sendo assim em diversas primaveras pela aldeia global. Foi assim inclusive frente a governos de cores mais avermelhadas, como os socialistas espanhóis com sua posterior derrota nas urnas, ou com o próprio governo Obama obrigado a responder às ruas de Manhattan e seus ecos por todo o país.
Para nossa alegria a decisão mais importante expressa pelo Brasil na eleição de Dilma é que nós estamos decididos a ser ‘Outro Brasil’. Seja lá que opção Dilma faça, quer corrija rumo e marche junto com os setores mais progressistas ou quer opte pelas cartas dadas pelo 1%, a opção do Brasil já foi feita: nós seremos cada vez mais parecidos com aquilo que somos. Seremos o país que já decidimos ser. Avançaremos com as reformas democráticas e com a ampliação da democracia com ou sem o clima favorável no governo, com ou sem o PT, tendo um Ministério da Cultura articulado nas políticas inovadoras ou paralisado no despreparo e na retaguarda política.
Avançaremos porque somos os 99%. Porque somos legião. Já não esperamos pela mudança. Fazemos a mudança. Somos a mudança. E não esquecemos.

Somos um enxame que para erguer sua doce colmeia de sonhos faz um barulho enorme. E este barulho se agiganta!

*Ricardo Targino é cineasta e ativista dos movimentos de cultura e comunicação. Foi coordenador-geral da ENECOS (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social). Dirigiu o premiado curta Ensolarado e prepara para o próximo mês as filmagens de Quase Samba, sua estreia na ficção de longa-metragem. Esteve nos últimos meses em NY acompanhando as atividades do OccupyWallStreet.
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Fonte: Trezentos 

Pambazuka Press: 50 anos de erros estratégicos dos dirigentes africanos; O problema fundamental de Angola; A pobreza e a cor da pobreza no Brasil

ARTIGOS PRINCIPAIS

Concentração e lógica de poder

Mario Paiva (2012-03-16)

A recente remodelação efectuada pelo Presidente da república, José Eduardo dos Santos não trouxe grandes novidades, com excepção da reposição de algumas peças do xadrez, confirmando o que temos vindo a dizer: a concentração quase absoluta de poderes no próprio PR e num grupo restrito de personalidades tidas como indefectíveis.

Esclarecendo as coisas

João Melo (2012-03-29)

O meu artigo da semana passada irritou alguns oponentes radicais e sectários do actual governo angolano. Outros “opinion makers” locais, que realizam o mesmo esforço de equilíbrio que tenho procurado manter em relação à situação global do nosso país – o que, como disse no texto anterior, não é fácil em tempos de crispação política -, foram alvo da mesma reacção, a qual, em muitos casos, atingiu a fúria, a grosseria e a indigência argumentativa. Um ou outro desses adversários do governo tentou reagir com ironia, como os que alegaram que a constituição angolana não prevê “contramanifestações”.

Como inventar a democracia do amanhã face ao desafio da farsa democrática

Samir Amin (2012-03-03)

Ante o que ele chama de a “farsa democrática”, Samir Amin levanta uma questão essencial: “Renunciar à [ao processo de] eleição?” A resposta é negativa, porém induz a nova interrogação: “Como associar as novas formas de democratização – ricas e criativas – permitindo assim que se faça da eleição uma prática diferente daquela concebidas pelas forças conservadoras?” Para Amin, este é o desafio.

Senegal: O partido Y en a marre (isso é o bastante) fecha de novo sob Wade

Tidiane Kassé (2012-03-03)

8 de fev. de 1012, por Tidiane Kassé, análise de “eleição” A principal fraqueza do processo democrático na África está em vias de desestabilizar o Senegal. Como aconteceu recentemente no Togo, na Costa do Marfim ou na República Democrática do Congo, a corrida presidencial chegou numa das “democracias modelos” do continente, abrindo as linhas de fratura que impelem o país em direção de profundezas ainda insuspeitas

Assunto: 50 anos de erros estratégicos dos dirigentes africanos: o exemplo da banana

Jean-Paul Pougala (2012-03-03)

A História registra que o Tratado de Roma instituindo a Comunidade Econômica Europeia foi assinado em 25 de março de 1957. O que não figura nos livros da História é o fato de que essa assinatura fora inicialmente prevista para 21 de março de 1957 e que ela foi portanto adiada por quatro dias. Sim, os livros de História, (todos escritos por europeus) não se atentam para esse detalhe, tão importante para um africano. Convém assim rastrear as memórias deixadas por algumas personalidades presentes nesta cerimônia para descobrir que a data fora adiada 4 dias por causa da banana. Sim, eu sei que isso pode parecer risível, mas trata-se de caso muito sério, pois representa o início de uma estratégia global cujo objetivo maior era a de perenizar a economia colonial mesmo depois das independências africanas. Foram necessários 4 dias de negociação para se determinar como a economia de renda colonial, a serviço de certos países, iria perseverar mesmo com a nova união ainda em formação. Na Itália havia de fato um monopólio de Estado sobre a banana proveniente de sua colônia, a Somália. E na França, depois de 1932, havia uma espécie de força-tarefa para prover a nação com a banana proveniente de suas colônias: Camarões, Costa do Marfim, Madagascar, Martinica e Guadalupe.

COMENTÁRIOS E ANÁLISES

O Juiz que Marca Golos

Alfredo Muvuma (2012-03-29)

Na praxis angolana não é habitual o Chefe de Estado receber titulares de entidades públicas para com eles discutir as suas necessidades orçamentais. É o Conselho de Ministros quem, por regra, distribui o Orçamento Geral do Estado pelas diferentes entidades. Aliás, se analisado à luz daquele pano de fundo, o encontro do Presidente da República com a líder da CNE foi totalmente despropositado, uma vez que a dotação para a Comissão Nacional Eleitoral já está contemplada no Orçamento Geral do Estado para o presente ano fiscal, que, como se sabe, também já foi aprovado pela Assembleia Nacional. Nos termos desse instrumento, a CNE está a governar-se com um orçamento equivalente a cerca de US$ 156 milhões.

O problema fundamental de Angola

Marcolino Moco (2011-08-22)


cc Wikimedia
Neste artigo, Marcolino Moco analisa o governo de Eduardo dos Santos, no que concerne aos aspectos relacionados a corrupção, pobreza e o pacote eleitoral, bem como a dança das cadeiras em alguns cargos eleitorais, em especial o afastamento do último governador de Luanda.

O que quer a Nato da Líbia?

Helder Castro (2011-07-06)


cc Daveeza
Neste breve artigo de análise, Helder discute o papel de ainda autoridade de Kadhafi e a influência que ele ainda tem sobre as forças na África.Ele destaca o papel do presidente da África do Sul, Jacob Zuma em formar uma aliança pelo fim dos conflitos na Líbia.

O terrorismo eduardista e as respostas adequadas

Paulo Bernardo (2011-07-06)


cc Ben
Mais um artigo da blogsfera angolana que levanta a voz contra o eduardismo no governo do MPLA. Há uma demanda por uma comunicação de verdade que assola o país. Em muito breve as vozes caladas em angola irão explodir para o mundo.

A pobreza e a cor da pobreza no Brasil

Luiza Bairros (2011-05-17)


cc A C
Luiza Bairros é a nova ministra da Secretaria de Reparação e Igualdade Racial do Brasil, neste texto ela discute sobre a cor da pobreza neste país bem como fornece ao leitor uma visão ampla e critica sobre a história do negro no Brasil. Ela alerta a população brasileira o fato de que existe uma premência e uma continuidade da cor - preta - negra - na faixa de maior exclusão social brasileira, tal como comprovado pelo Censo de 2010.Urge uma compreensão política e governamental sobre a condição da população negra no Brasil.

Radioagência NP: Greve geral em Belo Monte; Movimento Levante Popular e o fim da polícia racista e violenta; Documentos sobre conflitos de terra


DESTAQUE
Greve geral em Belo Monte: morre um trabalhador e condições de trabalho seguem piorando 
(1’43” / 403 Kb) - Os trabalhadores da construção da usina de Belo Monte começaram uma greve geral nos canteiros da obra. A paralisação dos 5 mil operários iniciou após a morte do operador de motosserra Francisco Orlando Rodrigo Lopes, no canteiro do Sítio Pimental, na última quarta-feira (28), e se expandiu para os demais locais da obra.

ENTREVISTA
“A ideia de não punição dos militares permanece na polícia violenta e racista”
(5’54” / 1.35 Mb) - O Movimento Levante Popular da Juventude, que reúne jovens do campo e da cidade de todo o país, organizou uma série de manifestações no último dia 26 de março. O tema era pela Comissão Nacional da Verdade e pela punição de torturadores, assassinos, estupradores e delatores da ditadura civil-militar brasileira.

MAIS ÁUDIOS
Viúva de Apolônio continua atenta à conjuntura política, e lança livro 
(2’16” / 532 Kb) - A Editora Fundação Perseu Abramo lança, neste sábado (31) o livro “Renée France de Carvalho - Uma Vida de Lutas”. O evento ocorre no Memorial da Resistência, local que abrigou a antiga sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo (Deops).

Mineradora acelera obras sem reassentar famílias 
(1’59” / 471 Kb) - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acusa a mineradora Anglo Ferrous de não cumprir os termos de um acordo no qual se compromete a reduzir os impactos socioambientais no Município de Conceição do Mato Dentro (MG). A empresa está implantado uma unidade de exploração de minério de ferro, a Minas-Rio.

Documentos que relatam conflitos pela terra no Brasil estão disponíveis na internet
(1’22” / 324 Kb) - A Comissão Pastora da Terra (CPT) está disponibilizando todos os relatórios Conflitos no Campo Brasil, que foram produzidos desde 1985. O livro, publicado anualmente – desde 1985 – pela entidade registra os conflitos por terra que ocorrem no Brasil. As obras dão destaque para violência, como despejos e expulsões, e os números da violência contra pessoa, como assassinatos, ameaças de morte e prisões.

DICA DA SEMANA
Conheça os perigos dos transgênicos para a saúde
(1’25” / 332 Kb) - Frequentemente, ambientalistas e produtores rurais alertam sobre os riscos que os alimentos transgênicos representam para saúde e o meio ambiente. Cada vez mais presentes na mesa dos consumidores, esses produtos fazem parte de uma complicada cadeia produtiva, além de tornar os antibióticos ineficazes para os seres humanos e causar alergias.

"Greenblatt sobre Shakespeare", por Fernando Mota Lima

Greenblatt sobre Shakespeare
Apesar dos ataques do radicalismo acadêmico, Shakespeare reina solitário no centro do cânone da literatura universal.

por Fernando da Mota Lima (30/03/2012)


"Como Shakespeare se tornou Shakespeare", de Stephen Greenblatt
PICICA: "Imaginem que até Freud foi enredado num desses contos de vigário ou recriação mítica do autor depois de tomar conhecimento da obra de Thomas Looney, que sintomaticamente significa doido. Este senhor, um obscuro professor inglês, trabalhou obsessivamente durante muitos anos para afinal publicar uma obra na qual intenta provar que o verdadeiro autor das obras de Shakespeare seria o conde de Oxford. Freud engoliu essa invenção com tanta intransigência que morreu acreditando nela. Hoje ninguém mais leva a sério as interpretações delirantes de Looney e outros “reinventores” de Shakespeare. A propósito, Harold Bloom expõe uma interpretação engenhosa para a credulidade de Freud em O cânone ocidental. O leitor curioso pode cotejá-la com o ensaio de Peter Gay, “Freud e o homem de Stratford”, incluído em Lendo Freud."

Como convém ao espírito do tempo, a supremacia de Shakespeare também se manifesta no mercado. Em Stratford-upon-Avon, sua cidade natal, o nome Shakespeare serve para vender tudo: canetas, camisetas, citações da sua obra impressas em toalhas, diários, agendas, lojas e livros. Uma poderosa rede de instituições culturais acentua essa glória para além do consumo estrito de mercadorias. Além de uma companhia teatral exclusivamente consagrada à montagem da sua obra, a Stratford Shakespeare Company (também a Royal Shakespeare Company, sediada em Londres), existem o Stratford Shakespeare Institute e o Stratford Shakespeare Centre. Importaria salientar que, diferentemente de instituições similares no Brasil, estas concorrem, através de incessantes pesquisas e estudos, para ampliar o conhecimento e a difusão da obra e vida de Shakespeare. As brasileiras, que não têm nenhuma relação com Shakespeare, friso, servem no geral como fonte de prestígio social, parasitismo cultural e ação entre amigos.
Apesar dos ataques procedentes do radicalismo acadêmico, Shakespeare reina solitário no centro do cânone da literatura universal. O mercado editorial, assim como o conjunto da produção acadêmica, ratificam esse juízo. Também o teatro, seu domínio primário e supremo, e o cinema. Mesmo no Brasil, onde é tão pouco estudado e encenado, são lançadas novas biografias que se somam às muitas escritas ao longo de séculos. Recentemente resenhei neste site As guerras de Shakespeare, de Ron Rosenbaum. A esta obra poderia acrescentar, sem intenção de proceder a um levantamento que o leitor pode facilmente fazer acessando os sites especializados, Frank Kermode, em A linguagem de Shakespeare, Celeste Davidson, em Quem foi William Shakespeare?, Claude Mourthe, em Shakespeare. Por fim, encurtando a lista e chegando ao que mais importa para esta resenha, Stephen Greenblatt, Como Shakespeare se tornou Shakespeare.
Stephen Greenblatt é o grande representante do Novo Historicismo, corrente teórica baseada na subordinação da obra e do autor às condições históricas. Objetiva assim interpretar ambos, a obra e o autor, no contexto cultural dentro da qual se situam. Greenblatt tornou-se a grande referência desta teoria ao propor sua formulação inicial em The forms of power and the power of forms in the Renaissance (1980). Essa teoria nega autonomia aos agentes sociais, portanto também ao autor, que acaba reduzido a expressão do sistema ideológico vigente. Isso explica a hostilidade observável entre Greenblatt e Harold Bloom, outro celebrado crítico de Shakespeare. Suas perspectivas críticas são tão antagônicas que acabam transpostas para o plano da hostilidade pessoal. Isso me parece explicar o fato de que um não cita o outro, a não ser indiretamente como objeto de ataque.
Mas importa já de início ressaltar que Greenblatt, diferentemente de tantos teóricos ininteligíveis, escreve uma biografia legível, de leitura muito fluente, cujo estilo expositivo prende de imediato o leitor. Como os muitos biógrafos que já se debruçaram sobre Shakespeare e seu tempo, ele reconstitui a vida do grande dramaturgo retomando as fontes documentais no geral já bem estudadas e combinando-as com largos voos especulativos.
A vida e a obra de Shakespeare têm muito de obscuro, já que no seu tempo não se documentavam as vidas, mesmo de pessoas famosas. Aliás, diga-se que a Inglaterra do tempo era relativamente avançada nesse sentido. Foi isso o que tornou possível a sobrevivência de certo volume documental relativo a Shakespeare e sua obra. Mas o mito de tal forma se sobrepôs ao homem real através da história que seria um exercício detetivesco, algo à maneira de Sherlock Holmes, retraçar as muitas fraudes e supostas descobertas do autor real escondido sob a obra. Basta que se lembre que a obra de Shakespeare já foi atribuída a Francis Bacon, e a Edward de Vere, conde de Oxford. Os autores dessas façanhas, aliás admiravelmente estudados numa das mais importantes obras dedicadas a Shakespeare e sua vida (The genius of Shakespeare, de Jonathan Bate), são conjuntamente identificados como os anti-stratfordianos, isto é, os que negam a Shakespeare, nativo de Stratford-upon-Avon, a autoria da obra que o colocou no centro do cânone literário.
Imaginem que até Freud foi enredado num desses contos de vigário ou recriação mítica do autor depois de tomar conhecimento da obra de Thomas Looney, que sintomaticamente significa doido. Este senhor, um obscuro professor inglês, trabalhou obsessivamente durante muitos anos para afinal publicar uma obra na qual intenta provar que o verdadeiro autor das obras de Shakespeare seria o conde de Oxford. Freud engoliu essa invenção com tanta intransigência que morreu acreditando nela. Hoje ninguém mais leva a sério as interpretações delirantes de Looney e outros “reinventores” de Shakespeare. A propósito, Harold Bloom expõe uma interpretação engenhosa para a credulidade de Freud em O cânone ocidental. O leitor curioso pode cotejá-la com o ensaio de Peter Gay, “Freud e o homem de Stratford”, incluído em Lendo Freud.
Borges sintetiza a complexidade da obra de Shakespeare, já revestida dessas recriações míticas, ao afirmar que ele é todo mundo e ninguém. Devido a estas e muitas outras razões, Shakespeare continua a inspirar paixões, a dar emprego, pesquisa e fortuna a muitos acadêmicos. Um dos mais ilustres e devotados, o já citado Harold Bloom, sustenta a tese de que ele inventou nossa humanidade. Depois de Jesus Cristo, insiste Bloom, não há personagem mais seminal do que Hamlet. Ser ficcional, produto da imaginação transfundida em palavra, Hamlet traduz a complexidade da condição humana de forma absolutamente original, ou a inventa e dissemina no alvorecer da cultura moderna. É por essas e outras que críticos como Ron Rosenbaum atacam Bloom afirmando que ele pretende deificar Shakespeare. De fato, Bloom levou a bardolatria, o culto a Shakespeare, a um extremo tal que, como escreve textualmente, converteu a obra de Shakespeare em escritura secular, ou correspondente secular da Bíblia.
O que é bem curioso nessa indústria que continua produzindo biografias de Shakespeare é a opacidade dessa figura que os biógrafos perseguem. Repisando uma obviedade que alguns leitores ignoram ou desconsideram, Shakespeare viveu numa época isenta do culto da celebridade que hoje converte qualquer jogador de futebol ou arranhador de guitarra em Deus da mídia. Melhor dizendo, o status do ator e do autor de teatro no seu tempo era equivalente ao de vagabundos, de seres socialmente subordinados e portanto dependentes de patrocínio da nobreza ou do clero, expostos aos caprichos e variações da lei que a qualquer momento, por força de doenças contagiosas ou de pressões puritanas, poderiam ter as portas do teatro fechadas.

-- O autor --
Stephen Greenblatt e muitos outros biógrafos demonstram o quanto Shakespeare também se singularizou ao converter sua condição socialmente subordinada em uma extraordinária experiência de ascensão social. Sabendo astutamente tirar proveito dos meios de patrocínio disponíveis à época, além das relações de competição impostas à atividade teatral, sua vida, até onde está irrefutavelmente documentada, foi um triunfo social. À diferença de outros grandes dramaturgos contemporâneos (bastaria pensarmos na trajetória atribulada e no desfecho chocante de vidas como as de Christopher Marlowe e Robert Greene), ele acumulou bens e prestígio sociais excepcionais para homens de sua condição.
Pondo sua teoria em prática, Greenblatt empenha-se em reconstituir as condições sociais do tempo para explicar Shakespeare, inclusive as muitas zonas obscuras de sua vida. Fiel a esse propósito, levanta documentação e hipóteses interpretativas relativas à escolaridade de Shakespeare, ao clima religioso dentro do qual se formou, dilacerado pelas lutas religiosas entre o catolicismo e a religião imposta por Henrique VIII e posteriormente por Elizabeth I. Shakespeare viveu em meio à ferocidade da guerra religiosa: conspirações, lutas pela sucessão no poder político, torturas e supressão impiedosa da tradição católica que durante séculos esteve no centro da tradição inglesa. Greenblatt também ressalta a influência que as festas populares e religiosas exerceram sobre a formação de Shakespeare e sua obra. Essa tradição popular de procedência medieval, tão viva na obra de Shakespeare que resiste aos princípios oriundos do teatro grego clássico, sobreviveu durante décadas aos controles rigorosos impostos pela Reforma.
Um dos problemas que salientaria na biografia escrita por Stephen Greenblatt prende-se à recorrência das especulações com que visa preencher os claros da vida de Shakespeare. Enquanto outros biógrafos, é o caso de Jonathan Bate, conferem franca prioridade à obra, Greenblatt subordina a vida à obra, na medida em que intenta explicar aquela de acordo com elementos selecionados desta. Fiel ao espírito da sua teoria, subordina ambas, vida e obra, às condições sociais do tempo. Acrescentaria que essas condições sociais do tempo, recompostas dentro do espírito da teoria que adota, são frequentemente hipotéticas. Ademais, quando documentalmente comprovadas, é no mínimo duvidoso que sejam suficientes para explicar indivíduos excepcionais como Shakespeare.
Concluo com uma citação relativamente extensa visando ilustrar o que anotei no parágrafo precedente. O leitor decerto observará que ele especula, especula e por fim sensatamente repõe Shakespeare de volta a seu lugar supremo, o teatro, único que o explica na medida em que podemos explicá-lo:
Ele recorreu, sem dúvida, a conceitos e termos legais, mas também era notavelmente receptivo a conceitos teológicos, médicos e militares. Teria ele se envolvido também, diretamente, com algumas dessas profissões? Como jovem sem muitas perspectivas, poderia ter se alistado no exército, para lutar uma guerra suja nos Países Baixos – ou isso é o que alguns foram levados a pensar, impressionados com o domínio de Shakespeare sobre o jargão militar. A partir do evidente fascínio que sentia por viagens marítimas, ele bem poderia ter arrumado um lugar num navio para a América – “Buscar novos mundos”, como disse Sir Walter Ralegh, “pelo ouro, pelo prazer, pela glória”. Mas a probabilidade estatística de retornar de aventuras desse porte era mínima. E nenhuma dessas possíveis profissões explicaria a trajetória que o teria levado de Stratford a Londres. Com efeito, todas elas parecem apenas distanciá-lo do lugar que mais importa em sua vida: o teatro.
Qual afinal o sentido de tanta especulação através de profissões hipotéticas e viagens fantasiosas? Shakespeare acaso precisaria exercer a profissão de militar ou viajar pelos mares para justificar seu domínio do jargão próprio a essas profissões e formas de experiência social? Confesso preferir o livro de Jonathan Bate acima citado e infelizmente inédito no Brasil. Tecido com erudição impressionante e exemplar clareza crítica e expositiva, ele encontra na própria obra o que Greenblatt e outros estudiosos buscam sem sucesso fora do autor e da obra.
::: Como Shakespeare se tornou Shakespeare :::
::: Stephen Greenblatt (trad. D. Garschagen e R. Guerra) :::
::: Companhia das Letras2011456 páginas :::
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Fernando da Mota Lima
Professor aposentado de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.

Fonte: Amálgama